Voting: Choice,Conditioning and Constraint.

Por Marcondes de Sousa Araujo Junior | 18/10/2015 | Sociedade

Os autores William L. Miller and Richard G. Niemi acomodam uma carreira académica e profissional implacavelmente rica. Além da cooperação em diversas revistas na área de ciência política e periódicos internacionais tem uma extensa obra publicada no âmbito da história contemporânea, do viés político, tanto nacional e internacional, e das relações internacionais. os autores revelam que o escopo basilar desta obra é chamar a atenção para a maneira pela qual as escolhas dos eleitores são condicionadas pelo ambiente e pelos meios de comunicação e constrangida por sistemas eleitoral e partidário. Este não é, entretanto, sua finalidade exclusiva, não obstante os autores explanam outros pontos de relevancia para a ciência política, no que proporam analisar, com as seguintes abordagens: interesses; valores; identificações; identificação partidária: uma predisposição especial; fatores de curto prazo; condicionamento; restrições; o número e a natureza de opções disponíveis; o impacto dos sistemas eleitorais sobre as escolhas dos eleitores; ticket-splitting em múltiplos sistemas de voto; identidades partidárias. William L. Miller and Richard G. Niemi desenvolvem esse estudo com base em uma afirmação: é um modelo de "eleitores limitados e condicionados", em que as escolhas dos eleitores são limitados pelo sistema eleitoral e da gama limitada de opções de votos disponíveis e condicionadas pelo contexto social e geográfico em que os eleitores estão inseridos e pela maneira em que a política lhes é apresentado. contudo, isso não elimina a liberdade de escolha dos eleitores, mas restringe de maneira severa, e, geralmente, muito mais severamente do que os eleitores conscientemente reconhecem. Os autores fomentam uma análise crítica dos principais acontecimentos supra citados, procurando apontar e fortalecer um raciocínio condutor que fortaleça os pressupostos desse axioma enunciado, e serve de suporte à abordagem, cujo o objetivo, segundo os autores é chamar a atenção para a maneira pela qual as escolhas dos eleitores são condicionadas pelo ambiente e pelos meios de comunicação e constrangida por sistemas eleitorais e partidários. Assim sendo, eles colocam dois pontos importantes dentro dessa abordagem, predisposições de longo prazo e de fatores de curto prazo. aquela com o sentido de predisposições a longo prazo fazem com que os eleitores reflitam seus interesses, valores e identificações, e isso descreve o componente da segurança nas inclinações de voto. Ja os fatores de curto prazo se explica, com enfase a novas questões politicas de uma determinado contexto; novos ou antigos candidatos, e variações na cobertura da mídia ou o comportamento e desempenho do dia-a-dia dos politicos e seus partidos que podem explicar a mudança de voto. Este capitulo 8 da obra foi dividido em partes extremamente relevantes, pois seguem uma logica racional que proporciona pleitiar os escopos já supracitado, contudo a uma sequência de ideias que propociona o entendimento aos leitores menos familiarizados com os temas em estudo. desta maneira, os autores explicam de maneira quase pedagogica os temas. Dentro desse viés os autores explicam o sentido de ‘interesses", começando por alertar que as eleições e a organização derivado do poder governamental, ajuda a definir o equilíbrio de interesses entre os diversos setores da sociedade do centro a periferia, residentes urbanos e rurais, ricos e pobres, homens e mulheres, trabalhadores públicos e do setor privado, e aqueles com diferentes religiões, origens linguísticas, raciais ou étnicos. assim, surge uma divisão social votante com direito a voto que retrata interesses econômicos, religiosos, linguísticos, étnicos e outros Ja para o autor Evans (1999) a votação ou as opções são definidas pelas elites políticas, e não apenas em termos de partidos disponíveis, mas também em termos de interesses políticos e seus programas realizado por essa elite. A conclusão principal, no entanto, foi que o voto de clivagem foi significativamente mais fraco do que no passado. Talvez tão significativo como a força de qualquer clivagem especial foi o fato de que alguns países parecia dividida por clivagens sociais enquanto outros foram relativamente pouco afectados por eles. Em outro ponto os autores William L. Miller and Richard G. Niemi explicam a importancia dos valores onde que a ideologia ou valores fornecem uma base para inclinações a longo prazo. Os eleitores podem se identificar ao longo do tempo com ideologias partidarias ou com os valores, com ou sem qualquer expectativa de vantagem para si ou para qualquer um de um determinado grupo social. Pois os próprios partidos politicos são historicamente associados com valores específicos, tais orientações proporcionam uma base para predisposições de um voto a longo prazo. De tal modo concordamos com os autores William L. Miller and Richard G. Niemi quando deduzem que os valores podem viabilizar uma base particularmente significativa para a votação e escolha na ausência de fortes clivagens sociais ou de partidos com identidades de longa data. Assim como o autor Toka (1998: 607) afirma que "preferências de valores" fornecem uma base mais sólida para suportar clivagens nas democracias relativamente novas da europa oriental. Então partilhamos da ideia de que mesmo quando as elites criam diferentes partidos nas eleições sucessivas e, por conseguinte, impedem que os valores sejam incentivados, no que diz respeito as opções partidárias estáveis, os valores podem ainda estabelecer uma base mais coerente e contínua para votar. Os autores em outro ponto, relevante deste capitulo abordam que as identificações psicológicas propocionam ainda uma outra base de propensào a longo prazo. Aqui, "Identificação Psicológica" significa alguma ligação emocional profundamente realizada e duradoura, por vezes, sem quaisquer valores. segundo o autor, a identificação pode ser por pura emoção. William L. Miller and Richard G. Niemi foram assertivos ao considerar que o conceito mais diretamente político de identificação partidária foi visualizada como semelhante ao conceito de identificação religiosa. isto é, lealdades confessionais e lealdades políticas muitas vezes começam com a socialização e influência da família e de outras pessoas. Fazendo, assim, uma analogia entre a fé religiosa e a ‘fé” partidaria. Os autores vão mais além, quando colocam que os eleitores podem se identificar com os políticos conhecidos e carismáticos ou com governos há muito tempo estabelecidos. Mas há momentos e lugares onde os políticos, particularmente operadores históricos, duram muito mais tempo do que os seus partidos ou as suas políticas (Brasil – Luis Inacio “Lula” da Silva, por exemplo). Em tais circunstâncias, os eleitores podem avaliar as novas políticas e novos candidatos não de acordo com a qual o partido apoia-los, mas sim de acordo com a qual o líder estão mais familiarizados a apoia-los. No entanto, faz se esclarecer que nas democracias mais consolidadas, a identificação partidária é o mais aspecto significativo da identidade política e, como tal, tem um lugar especial no estudos deste capitulo. Entretanto, em nosso entender, o autor deveria ter enfatizado, ou mesmo explorado mais sobre o papel do poder carismatico em que o candidato ou o lider politico exerce sobre o eleitorado, como destaca o Max Weber: “Assim, por exemplo, o estado se apresenta como uma forma de dominação social e política sob vários tipos ideais (dominação carismática, dominação pessoal burocrática, etc.), cabendo ao cientista verificar sob qual tipo encontra-se o caso particular investigado” . O poder, para Weber, pode legitimar-se de três formas, uma estatuída, uma consuetudinária e outra afetiva, respectivamente as dominações: legal, tradicional e carismática. E assim ressaltasse o poder carismatico pelo ponto de vista Max Weber, pois para ele é aquele devido ao apreço puramente dito, à admiração pessoal ao dominador e a seu carisma, ou seja, suas qualidades, seus poderes. Os tipos mais puros são com o dominador na posição de profeta, herói guerreiro ou demagogo. É importante distinguir que a origem do poder é intrínseca às qualidades do líder, seus apóstolos não o obedecem por sua posição ou cargo, ou mesmo pela tradição, mas pura e simplesmente por suas qualidades, tendo esse carisma desaparecido assim desaparece também sua dominação. Assim entendemos que fosse colocado aspectos sociologicos, a partir de autores como o citado Weber, esse topico ficaria mais enriquecedor, uma vez que o poder carismático existiu em todas as épocas da humanidade, subsistindo lado a lado com os estatutos e constituições, em certos casos sobrepondo-os, ou evoluindo para um a legitimação estatuída, caracterizando o poder legal. É o caso do estrátega Péricles em Atenas, do Duce Mussolini, e do Führer Adolf Hitler, todos esses antes mesmo de serem legalmente instituídos de poder já o tinham por seu carisma. Mas claro que isso não torna a leitura desse paragrafo enfadonha, pelo contrario, percebe-se uma didatica pedagogica em explicar o capitulo, deixando sempre o leitor familiarizado com o texto. Mais uma vez, em nosso entender, fica claro o pressuposto dos autores, ao afirmar que identificação partidária também pode prever quais os indivíduos são mais ou menos susceptíveis de participar na política; identificadores fracos são mais propensos abster-se de votar por completo. Em novas democracias, no entanto, os níveis de identificação partidária parecem ser crescente a partir de uma base baixa. Schmitt e Holmberg (1995: 107) mostraram que a identificação partidária nas novas democracias da UE (Portugal, Grécia, e Espanha) aumentou a uma taxa anual de metade de um por cento ao ano a partir de uma baixa inicial de 53%. Também há discordância sobre se a causa do declínio da identificação partidária nas democracias maduras é sociológico ou político. A explicação sociológica salienta o "processo autónomo de mudança sócio-estrutural”. Cidadãos pós-materialistas "que podem atuar como indivíduos. Tal explicação é suportada nos Estados Unidos pelo fato de que o partidarismo diminuiu pouco entre os eleitores mais velhos, mas acentuadamente nas gerações mais jovens (Miller e Shanks 1996). relacionado a isso está a personalização pós-1960 da política nos Estados Unidos. Também há discordância sobre se o declínio dos níveis globais de identificação partidária que são um prenúncio de instabilidade política mundial. William L. Miller and Richard G. Niemi fazem uma síntese assaz pertinente acerca dos fatores de curto prazo, pois, desde a introdução da nomenclatura “Identificação Partidária” no vocabulário da ciencia política, ninguém duvidava de que os fatores de longo prazo desempenham um papel importante nas decisões de voto e das campanhas eleitorais. Mudanças de líderes pode ter um efeito e igualmente dramática não apenas nos sistemas presidencialistas. Mas os líderes podem ter um papel significativo na definição do que significa um partido os ingredientes específicos (eventos de campanha, informações dos candidatos) são mais frequentemente esquecido rapidamente, mas as avaliações dos eleitores, não obstante, refletem o seu impacto. Mais interessante, talvez a partir de uma perspectiva comparativa tem sido a evidência de que fatores institucionais afetam a relação entre as políticas económicas, fatores e decisões de voto. Powell e Whitten (1993: 398) observaram ou que a atribuição de responsabilidade para o desempenho económico do governo fortemente reflete a natureza da formulação de políticas na sociedade e a coerência e controlar o governo pode exercer sobre essa política. Consideramos que o assunto deveria ter sido tratado com outra profundidade, ou mesmo com exemplos graficos, um leitor menos inteirado desta matéria é pouco esclarecido sobre as motivações que levaram os paises a assumir posições distintas ao longo do tempo, e novamente poderia ter citado Países da América Latina, e talvez colocado graficos, pois ficaria mais enfatico o que autor propos. Os autores explicam que o condicionamento, mesmo que os eleitores possam ter a liberdade de escolher entre os partidos ou candidatos, as escolhas dos eleitores estão inconscientemente condicionado por vários tipos de influencia. Além da família, os mais importantes são duas influências muito diferentes, mas igualmente invisíveis: primeiro, a mídia e sua publicidade que são, naturalmente, e facilmente visíveis. Em segundo lugar, o contexto em que o sociogeográficos eleitores vivam. Recentemente, no entanto, um número cada vez maior de ambos e estudos de levantamento sugeriram que os meios de comunicação de fato persuadem os eleitores (miller, 1991; tambores 1993; zaller 1992, 1996). Aqui mais uma vez pode-se fazer uma critica aos autores, pois o contexto politico na America Latina é marcado pela influência da Mídia, como é o caso do Brasil, onde os donos das principais emissoras de televisão estão concentradas nas mãos de nove familias, onde por vezes pode-se observar que a midia brasileira é por vezes muito tendenciosa, assim também é na Argentina e Chile. Além disso, e isto fica mais próxima da noção de midia-condicionada, que aparentemente os fenômenos não estão livres de influência da mídia. Por exemplo, enquanto os meios são, em certa medida repórteres neutros de estatísticas económicas não interpretadas ou simplesmente o mecanismo de transmissão de opiniões de especialistas (mackuen et al. 1992; zaller 1992: cap. 12), eles também injetam um elemento independente nos notíciarios, como destacamos os caso da América Latina. A influência da mídia é provável que seja mais forte, onde há um consenso sobre como os fatos devem ser interpretados. Dunleavy reclama que "Devemos ser menos preocupados sobre a tentativa de medir o impacto político alcançado por qualquer fonte de mídia, tais como dar atenção a um único jornal e concentrar-se sobre a influência da mídia para que as pessoas tenham sido expostos" (1985: 110). Enquanto que um desafio metodológico grave vai muito além das preocupações mais estreitas encontrados na maioria da literatura sobre votação, é, contudo, tem que se destacar o papel dos meios de comunicação como um fator de condicionamento nas escolhas dos eleitores. A partir desta perspectiva mais ampla, Shapiro (1992:. P. 9) apresenta uma evidência considerável no que diz respeito a manipulação da opinião, em grande parte atribuível a cobertura da mídia. O ambiente onde o eleitor vive tem um impacto particularmente significativo na maneira de votar, porque tende a intensificar a escolha partidária sempre que as pessoas do mesmo tipo vivem e trabalham em estreita proximidade. Pode-se observar que o partidarismo de esquerda em áreas da classe trabalhadora já estaria em um viés mais inclinado para a esquerda, e intensificado partidarismo de direita em áreas mais ricas que já estão mais inclinados para a direita. Os autores de forma clara e concisa explanam que além disso, as redes de discussão afetam a consistência de atitudes e a estabilidade das escolhas de voto: Na ausência de redes de reforço para discussão politica e encontros com ativistas do partido, as pessoas são quase tão susceptível de mudar o seu voto entre duas eleições adjacentes como a repeti-lo. Partindo para outro ponto desse capitulo os autores colocam que as "restrições” são visíveis, elas permanecem de forma externa, e eles incentivam os eleitores a fazerem uma distinção consciente entre preferências partidárias e escolhas de voto. Algumas restrições sobre a escolha dos eleitores são impostas pelo sistema eleitoral, outros pelos partidos. Mas a escolha nunca é infinita. A escolha do eleitor também é limitada pelo número e as disponíveis opções partidarias e de candidatos, e por acordos de coalizão feita pelos partidos. Os autores sobressaem a importância sobre o número e a natureza das opções disponíveis, para se tornar uma opção realista disponível, para que um novo partido possa surgir seria preciso de um financiamento em larga escala, um amplo acesso aos meios de comunicação, um favorável sistemas de sistema eleitoral, presidencial isentos, centenas, senão milhares de candidatos pessoalmente credíveis. Da mesma forma, as elites do partido podem afetar na votação, no que diz respeito ao comportamento, reduzindo ou suprimindo outras clivagens de voto. Ainda que só tenha dedicado um breve comentario sobre o assunto tão interessante, consideramos que o fez de forma muito agradável e conseguida, justificando uma leitura aturada. Para os autores um estudo rigoroso do impacto dos sistemas eleitorais sobre as escolhas dos eleitores mais frequentemente de sistemas eleitorais permanecem inalterados por longos períodos, ou são alterados para satisfazer as ambições da elite governante. Assim, o sistema eleitoral que determina as escolhas dos eleitores, e não o contrário. Deixando pistas para quem abraçar essa tarefa e indo, em nosso entender, de encontro aos objectivos a que se propôs neste capitulo. Os autores, na parte identidades partidárias, pensam em termos de atitudes comportamentais políticas, para eles a identificação partidária tem uma enorme importância neste modelo. A identificação partidária foi concebida para caracterizar a orientação afetiva dos indivíduos perante os partidos políticos, a qual pode ser positiva ou negativa e ter graus variáveis de intensidade (campbell e outros, 1980: 121-122). Tais identidades têm a função de ligar os indivíduos ao sistema político e partidário, contribuindo para a sua estabilidade, nomeadamente através da diminuição da propensão dos sujeitos para a volatilidade eleitoral. As identidades partidárias desenvolvem-se sobretudo através da socialização primária, especialmente por via da família. Mais, tendem a reforçar-se ao longo da vida, tanto mais quanto o sentido de voto dos indivíduos for sendo sistematicamente consistente com a respectiva identificação. Segundo o autor, a partir dos anos 60 e 70, vários estudos documentaram um declínio das proporções de indivíduos que declaravam identificar-se com qualquer partido, quer na europa, quer nos EUA (ver schmitt e holmberg, 1998). Por outro lado, a identificação partidária passou a ser um elemento cada vez menos importante nas escolhas dos eleitores. Segundo alguns autores, as tendências de declínio da identificação dos eleitores com os partidos políticos não são extensíveis a todas as democracias ocidentais. Os autores William L. Miller and Richard G. Niemi conseguem transmiti com clareza a relação de que as análises efetuadas revelaram que as identidades ideológicas acusam muito menor erosão do que as partidárias. Ou seja, enquanto a identificação dos cidadãos com os partidos políticos decresce quase sempre em todos os países, ou mantêm-se estáveis na larga maioria dos casos analisados: sete em onze. Portanto, enquanto a teoria do desalinhamento partidário parece aplicar-se a todas as democracias pós-industriais em análise e mesmo em alguns dos novos regimes da europa do sul, embora nestes últimos casos em muito menor medida e de uma forma não totalmente conclusiva, o mesmo não se pode dizer das identidades ideológicas. A evolução destas parece depender, em larga medida, de fatores específicos a cada país. Inclinamo-nos a pensar que estes fatores remetem, nomeadamente, para oscilações na polarização ideológica ao nível da oferta partidária, já que, pelo menos em termos sincrónicos, este é o fator mais importante para explicar os impactos dos três componentes. Consideramos estar perante um excelente capitulo que atingiu plenamente os objetivos a que se propôs, e que enunciamos no início desta recensão crítica. Ponderamos, no entanto, que os autores poderia ter explanado mais sobre os partidos, eleitores, tendencias e outras vertentes dos paises da America Latina, como ja citado anteriormente, pois são democracias consolidadas, como é o caso do Brasil e do Chile, entretanto esta constatação, por um lado não tira a exelencia do trabalho feito pelos autores, devido à enorme "bagagem" académica e política dos autores tem, que legitima a meditação do leitor e arrebata a irreverência intelectual de quem escreveu a obra.