Vote em mim.

Por Alexandre de Freitas | 02/08/2010 | Política

Há exatos quatro anos em São José do Rio Preto, cidade na qual eu nasci e morei por muito tempo, o cenário político se não fosse idêntico era muito semelhante com o atual, apesar dos mais de duzentos quilômetros de distância que separam as cidades as propostas política eram análogas.
Candidatos enriquecem seus passados com feitos dignos, virtudes raras e todas essas qualidades que esperam de um político. As coisas ruins, algum desvio de conduta até aqueles erros que qualquer simples mortal pode cometer são excluídos dos seus passados. Nas épocas de eleições eu sempre admiro. Nossa! Com tem gente boa no mundo, eu nem percebia.
Nos últimos dias veio-me à memória um artigo de um jornalista conterrâneo que propunha uma candidatura, no mínimo, diferente. O suposto candidato só falava a verdade, não fazia promessas e não moldava o passado para ser confundido com um ser perfeito. Afinal, devemos esperar de um político honestidade e envolvimento com o seu cargo público, tendo responsabilidade com aquilo que pertence à comunidade e administrando bem o dinheiro que não lhe pertence; entre outras. Não imaginamos santos nas esferas legislativas e executivas, queremos seres humanos comuns, responsáveis e, principalmente honestos, no mais amplo sentido dessa palavra.
Lembrando do meu conterrâneo, que há quatro anos já propunha uma candidatura de uma pessoa que só dizia a verdade, venho também propor uma suposta candidatura. Onde o fictício candidato para ter o meu voto teria que dizer:
"Caros eleitores! Preciso do voto de vocês para melhorar minha situação financeira. Apesar de ter nascido em família rica e sempre ter muitas mordomias, que a maioria não tem, quero continuar desse jeito, pois não me imagino pobre.
Sou casado há vinte cinco anos, tenho dois filhos e uma filha. Um dos meus filhos se envolveu com drogas, a minha filha já se casou quatro vezes. Por algum tempo tive um relacionamento extra conjugal, era uma mulher mais nova, e... sabem como é, não é fácil resistir. Depois que meu casamento entrou naquela monotonia, igual ao de muitos, sempre brigávamos, porém depois que minha mulher também arrumou um amante as coisas melhoraram.
Entretanto, apesar desses problemas pessoais que tive e ainda tenho, não deixei faltar nada para minha família, sempre trabalhei e nunca adquiri algum dinheiro indevido. Por isso peço seu voto. Não escondi nada do meu passado, errei e posso errar, mas se por acaso eu ganhar saberei administrar com muito empenho e honestidade aquilo que nos pertence. Dessa forma, insisto. Vote em mim. E que Deus tenha piedade de nós."
Artigo publicado originalmente no jornal: A Notícia, de Orlândia-SP. 27 de agosto de 2004, debate p. A-2.