Volta, Maria

Por Reinaldo Bui | 13/04/2013 | Poesias

Primeiro ato

Acorda galo, passsaros,

Acende a vela, o sol, a luz

Reza, a esperança, a tristeza

Faz café, o pão sofrido, a vida dura

Leva para Maria, a doença, o isolamento

Conversa com ela, resta algum sonho?

Segundo ato

Caminho da roça

O roçado

O calor

Os calos

A bóia fria

Mais chuva, por favor!

O calor, o calor

Terceiro ato

Ah, Maria

Quanto trabalho

Esperança que um dia

De volta minha Maria

Lembra da cumadre Francisca

Um dia ouviu

Aquele povo da capital

Que passou por aqui

Você num quis nem saber

Aquele dia

Voltei do roçado

Francisca era outra

Havia mudado

Havia brilho em seus olhos

As palavras que ouviu

Algum resultado

O padre proibiu

Ficou revoltado

Você se afastou, Maria

Ela nem se abalou

Estava feliz da vida

Aquele livrinho preto

Que o povo da cidade deixou

Ela não largava por nada

Até aprendeu a ler

Para saber tudo o que estava escrito

Por isso ela era feliz?

Quando Francisca morreu

Deixou muita saudades

Foi a derradeira vez que a vi

Estava muito tranqüila

Parecia que dormia

Sua feição alegria

Você se lembra Maria?

Ultimo ato

Fala comigo Maria.

Não brinca comigo não

Você não parece que está dormindo

Parece que ainda sente dor

Maria não me deixe agora

Ainda não consegui um doutor

Minha fé e minha esperança de nada valeram

Não consegui todo dinheiro

Esperei em vão

Fala comigo Maria

Você não parece estar dormindo

Fui buscar o livrinho de Francisca, já voltei

Estava guardado naquele baú

Com um caderninho

e sua fotografia

Vou ler o livrinho de Francisca pra você

Quero ver você feliz como Francisca estava

Maria, fala comigo

Alguém, por favor me ajude aqui...

Eu não sei ler.