Você comemora suas conquistas?
Por Evaldo Costa | 23/10/2009 | CrescimentoVocê ainda se lembra da primeira realização importante de sua vida? Recorda-se da sensação que sentiu logo após ela ter ocorrido? Você sorriu e vibrou muito, e na primeira oportunidade pegou o telefone e contou para a pessoa mais especial que conhecia, não foi mesmo?
Eu ainda não esqueci como foi gratificante a minha primeira realização importante: a minha primeira venda. Fiquei tão entusiasmado que parecia até que havia ganhado uma fortuna na loteria. Mas, foi mesmo algo formidável, pois eu tinha em torno de dez anos de idade e trabalhava lavando carros e garagens das casas para ter algum trocado para ir ao cinema e comprar balas e doces na cantina do colégio.
Todos os anos havia festas juninas na praça que ficava bem em frente à casa da minha avó, com quem eu morava. Daí, ao final da tarde, as pessoas montavam as barracas para que tudo estivesse pronto depois da missa das dezenove horas, quando a festa “esquentava”. Neste dia, eu trabalhei ajudando na montagem de uma barraca. À noite, as pessoas foram chegando e a festa ficou bem animada. Havia duas pessoas vendendo doces, bebidas e vários outros apetrechos no local que eu ajudei a montar. Fiquei, a certa distância, o tempo todo com olhar fixo, esperando ser convidado para ajudar.
No dia seguinte, repeti a rotina, só que desta vez não havia mais tantas pessoas e as vendas escassearam. Daí, eu me aproximei e disse ao dono da barraca: “Sr. Antônio, eu posso vender muitas coisas se me permitir oferecer as mercadorias pela festa”. Ele, que já devia saber do meu interesse, olhou-me com admiração e revelou: “Evaldo, admiro o seu interesse, mas a festa está com pouca gente. Além disso, se alguém se interessar, poderá vir até aqui e comprar”. Olhei para ele com enorme entusiasmo e insisti: “tudo bem, mas eu garanto que venderei bastante. É só confiar em mim”.
Diante de minha insistência, ele virou-se, apanhou alguns objetos “encalhados”, entregou-me e disse: ”Então vamos ver. Pode vender cada um por um cruzeiro. Se o cliente pedir desconto pode dar até quinze centavos de desconto”. Na verdade, não foi tão fácil quanto eu imaginava. Eu achei que teria sucesso, pois observava outros garotos maiores fazendo vendas seguidas. Só que eu não tinha experiência em vendas, era um pouco tímido, não sabia argumentar e, para piorar ainda mais, tinha receio de abordar as pessoas para oferecer os produtos.
O tempo parecia passar muito mais rápido que o normal. Eu já havia rodado a praça uma dúzia de vezes sem conseguir uma única venda sequer. No fundo, eu esperava que alguém viesse a mim e comprasse minhas mercadorias. Eu estava tão desapontado, que durante as caminhadas ao me aproximar da barraca onde me ofereci para ajudar, desviava o caminho. Eu não podia acreditar no que estava acontecendo. A festa chegava ao final, às pessoas começavam a recolher-se e eu tendo que retornar sem as vendas que havia afirmado conseguir.
A decepção era enorme. Quando tudo parecia perdido, me abasteci com coragem que não sei de onde veio e caminhei em direção a uma família que começava a deixar o local. Percebendo a minha intenção de abordá-los, desviaram-se discretamente e seguiram. Eu tive a sensação de mais um fracasso. A cabeça curvou-se para baixo e os ombros despencaram-se como se houvesse uma tonelada sobre eles.
Para minha felicidade, ao final do grupo caminhava lentamente uma amável senhorinha. Eu mal podia acreditar quando ela parou bem de frente para mim e com sorriso apaziguador, disse: “deixe-me ver isso. Quanto custa?” Eu estava muito nervoso e disse apressadamente o valor. Ela então com voz dócil disse-me: “Me dê um para cada”. Eram sete pessoas e eu tinha dez peças. Enquanto ela pegava o dinheiro eu perguntei. “A senhora quer aproveitar e levar essas outras três que sobraram para presentear mais alguém? A senhora paga mais duas e eu lhe dou a terceira de brinde.”
Ela olhou-me com amável sorriso e concluiu: “garoto esperto, hein! Gostei de você e vou aceitar a sua oferta”. Deu-me dez cruzeiros e eu tinha que lhe dar um Cruzeiro de troco. Daí, eu coloquei a mão no bolso para apanhar algumas poucas moedas. Ela voltou a sorrir com ar bondoso e finalizou: “fica com o troco para tomar um sorvete”. Eu agradeci muito e saí em disparada para a barraca, a fim de entregar o dinheiro e, claro, mostrar que eu consegui realizar a minha missão.
Agora eu volto a lhe perguntar: quando obtém uma realização você ainda se emociona na mesma intensidade da primeira conquista? Será que você já não tem mais motivos para alegrar-se tanto? Se não comemora mais, algo está errado. Devemos considerar que nenhuma conquista é igual as demais, daí uma razão para agirmos como se fosse a primeira. Ralph Waldo Emerson costumava dizer: "Escreva em seu coração que cada dia é o melhor dia do ano."
O que aprendi de lá para cá? Que devemos estudar, praticar, preparar para então, partir para nossa missão. Se não agirmos assim, acabamos caindo na falsa ilusão de que já sabemos tudo e daí não haverá motivos para comemoração. Então eu volto a lhe perguntar: qual é o maior jogador de futebol da atualidade? Quantos gols ele já fez? Ele continua comemorando os seus triunfos? Então porque não comemorar os nossos? Afinal de contas, nos ensina o mestre Zig Ziglar: “Outras pessoas ou coisas podem parar você temporariamente, porém você é o único que pode fazer isso permanentemente”.
Evaldo Costa
Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
Escritor, consultor, conferencista e professor.
Autor dos livros: “Alavancando resultados através da gestão da qualidade”, “Como Garantir Três Vendas Extras Por Dia” e co-autor do livro “Gigantes das Vendas”
Site: www.evaldocosta.com
Blog: http://evaldocosta.blogspot.com
E-mail: evaldocosta@evaldocosta.com