Vivendo A Ação De Pedagogas Em Ações Sociais Do Corpo De Bombeiro Militar De Pernambuco.

Por Iágrici Lima | 05/09/2008 | Educação

Palavra – chave: educação formal, educação não formal, Pedagogia, Bombeiros.
1. Introdução
Após uma apresentação realizada por bombeiros numa escola da rede municipal de Jaboatão a crianças do ensino fundamental, alunas do curso de Pedagogia desenvolveram, junto a Universidade Federal de Pernambuco, um projeto de extensão que intervisse num trabalho realizado pelo Corpo de Bombeiro Militar de Pernambuco (CBMPE), que são as palestras e visitas , auxiliando na elaboração, execução das palestras, assim como nas atividades desenvolvidas durante as visitas do público ao espaço interno dos grupamentos . Com o andamento do projeto de extensão, dá-se uma necessidade pessoal de investigar como ocorre a ação do Pedagogo em espaços externos a escola e que impacto essa ação causa a esse espaço, sendo especificamente o Corpo de Bombeiro Militar de Pernambuco para essa pesquisa.
A escolha de um ambiente militar para a pesquisa, deu-se através do andamento do projeto de extensão, tendo em vista que já estava sendo um projeto desenvolvido por uma equipe de Pedagogas no Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco, como também outro elemento importante para escolha de esse espaço foi o conhecimento de que essa instituição desenvolve uma atividade educativa, as palestras e visitas, que ao serem observadas no início do projeto de extensão, apresentaram a ausência de aspectos pedagógicos necessários para que esse tipo de atividade tenha um significado para o público que assiste as apresentações.
Articular teoria e prática, integrar os saberes científico-tecnológicos bem como associar os conhecimentos específicos da formação profissional e os saberes implícitos advindos das experiências sociais e profissionais à sua prática, relacionando-os e adequando-os aos lugares em que trabalham são alguns dos desafios a serem enfrentados pelo Pedagogo em sua atuação, se for levado em conta que na sociedade atual os avanços na comunicação, na informática e outras mudanças tecnológicas e científicas, têm influenciado os novos sistemas de organização do trabalho e das relações profissionais, os quais requerem cada vez mais que os processos de educação se realizem para além dos muros das escolas e, isso conseqüentemente, têm implicado numa redefinição dos espaços de atuação do Pedagogo e dos seus saberes.
Verificamos, assim, um momento social, em que o pedagógico perpassa toda a sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não-formal, criando formas de educação paralela, desfazendo praticamente todos os nós que separavam escola e sociedade, ou seja, um novo modelo de sociedade onde a educação tem um papel fundamental para o desenvolvimento humano, tecnológico e econômico, levando a um surgimento de propostas desafiadoras para que o Pedagogo inclua novas abordagens metodológicas, assim como novos conteúdos sociais vinculados a esse modelo original.
É interessante constatar que essa valorização que a educação tem recebido atualmente requer um profissional com múltiplas competências, o que nos remete ao Pedagogo e sua ampla formação que o torna um profissional capaz de atuar em diversos ambientes mostrando que essa mudança no perfil de Pedagogo advém da concepção atual que a educação não formal recebe, sendo considerada segundo LIBANEO (2002) como uma forma de educar e construir, diferente do trabalho realizado na escola, mas nem por isso menos importante.
Se levarmos em conta que as atividades educacionais na modalidade não formal, são de grande importância, assim como se refletirmos que nas palestras e visitas realizadas pelos bombeiros não há um olhar específico de um profissional preparado para tal atividade , encontramos uma justificativa para examinar a ação do Pedagogo no Corpo de Bombeiro Militar de Pernambuco e o que essa atuação ocasiona de novo a esse ambiente tendo em vista a formação de disseminadores de educação preventiva.
2. O Pedagogo e a Pedagogia.
Há séculos existe entre muitos estudiosos da educação, um discernimento de que Pedagogia é o modo de ensinar e o pedagógico, seria o modo de fazer o ensino acontecer. Segundo LIBÂNEO (2002), esse entendimento é simples: educação e ensino dizem respeito a crianças inclusive porque “peda”, do termo Pedagogia, é do grego “paidós”, que significa criança. Logo, ensino se aponta a crianças, então quem ensina para crianças é Pedagogo e para ser Pedagogo, ensinador de crianças, é preciso fazer um curso de Pedagogia.
Porém afirmar que o curso de Pedagogia dá-se apenas para formação de professor é simplista e reducionista, pois de fato a Pedagogia se ocupa, com a formação escolar de crianças, com processos educativos, métodos, maneiras de ensinar, mas, antes disso, ela tem um significado bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa.
Essa visão dos significados e representações das finalidades da educação, que supervalorizam a organização e a instrução e subestimam os destinos e valores educativos, apequenam e alteram a identidade da Pedagogia, fazendo-a distanciar de seus ideais político-transformadores e encerrando-a nas salas de aula, onde seu papel passa a ser apenas o de racionalizar ações para qualificar a eficiência do ensino, na perspectiva instrumental. Neste sentido a Pedagogia vai sendo subsumida à docência e assim, como enfatiza LIBÂNEO (2000), a formação pedagógica vai significando, cada vez mais, a preparação metodológica do professor, e, cada vez menos, campo de investigação sistemática da realidade educativa.
De acordo com as Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia, a formação do Pedagogo traz a importância da docência na Educação Infantil, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos do Ensino Médio na modalidade Normal e em cursos de Educação Profissional, nas áreas de serviço e apoio escolar, mas também levanta a relevância da ação do Pedagogo em outras áreas onde estejam previstas ou se façam necessários conhecimentos pedagógicos como:
§ Planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não-escolares;
§ Produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não-escolares. (Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia – 2005)
Ainda seguindo as Diretrizes Curriculares, pode-se considerar o Pedagogo como o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e a processos de transmissão, assimilação de saberes e modo de ação, tendo em vista objetivos de formação humana previamente definidos em sua contextualização histórica. Segundo LIBÂNEO (2002) esse entendimento permite a abordagem sobre três tipos de Pedagogos:
§ Pedagogos lato sensu, se ocupam de domínios e problemas da prática educativa em suas várias manifestações e modalidades. São incluídos, aqui, os professores de todos os níveis e modalidades de ensino;
§ Pedagogos stricto sensu, sendo aqueles especialistas que, com a contribuição das demais ciências da educação e sem restringir sua atividade profissional ao ensino, trabalham com atividades de pesquisa, documentação, formação profissional, educação especial, gestão de sistemas escolares e escolas, coordenação pedagógica, animação sócio cultural, formação continuada em empresas, escolas e outras instituições;
§ Pedagogos ocasionais, que dedicam parte de seu tempo em atividades conexas à assimilação e reconstrução de uma diversidade de saberes.
Diante da abordagem de quem é o Pedagogo e qual a sua função, é necessário de igual modo especificar um conceito sobre o que é a educação e qual seu papel na sociedade. Segundo Brandão, citado por Cadinha (2006, p. 23) afirma que:

“Não há uma única forma, nem um único modelo de educação... Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nos envolvemos pedaços da vida com ela, para aprender, para ensinar, para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação”.

A educação é um processo contínuo que ocorre durante a vida e tem como tarefa conduzir e tornar produtivo o desenvolvimento humano, sendo mediadora entre teoria e prática, entre o sujeito e a sua interação com o meio ambiente. Sendo que as mudanças relacionadas às concepções sobre educação e Pedagogo, ocasionam desafios os quais o Pedagogo precisa superar como reorganizar seu tempo de trabalho, trabalhar em equipe, se envolver com a comunidade, atualizar-se constantemente, tornando-se um pesquisador, investigador da realidade local articulando-a com os conhecimentos disponíveis e oferecendo espaços de reflexão à comunidade sendo facilitador da produção de conhecimento e de busca de soluções. Com todos esses novos desafios, o professor deixa de ser compreendido como aquele que evita os riscos e controla o processo educativo, e passa a ser um orientador inserido num projeto social não burocrático, passando a promover espaços públicos marcados pelas diferenças, na busca da construção de uma unidade moral que garanta a liberdade dos indivíduos e de seus direitos.
Mesmo em um momento onde o aprendizado se faz extremamente necessário assim como a ação de um profissional capacitado para a realização de atividades coerentes com o que tem sido solicitado, o Pedagogo ainda é visto como o profissional que deve atuar apenas na instância escolar, reduzindo assim conseqüentemente o papel da Pedagogia, todavia é essa abrangência que traz a oportunidade de percebermos vários tipos de educação, como também vários campos de ação para o Pedagogo e seus conhecimentos.
3. Educação formal, não formal, informal e a ação do Pedagogo.
À medida que a educação da escola se mistura a educação que ocorre na sociedade, o processo educativo é adotado como uma condição essencial para que os indivíduos tenham acesso aos serviços disponíveis na sociedade, sendo dessa forma, relevante pensar sobre como e onde a educação pode ocorrer de forma a trazer aspectos indispensáveis para que ocorra “o aprendizado”, sendo esse tão importante para o indivíduo quanto ser social, sendo indispensável também refletir sobre as instâncias que desenvolvem a educação e seus paradigmas; a educação formal, não formal e informal.
A educação não-formal pode ser definida como toda a atividade educacional preparada, fora do quadro de aparelhos formais para proporcionar tipos de instrução a subgrupos da população, sendo mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática, não precisando seguir necessariamente um sistema seqüencial podendo ainda ter uma duração variável, concedendo assim aos que a recebem, tempo para verificar a aprendizagem. Segundo Gadotti (2005 p. 2), a educação não formal, não se estabelece em negação à educação formal. Antagonicamente ela apenas se sustenta sobre um espaço diferente de ser realizada, mas constituí-se de uma modalidade educativa de natureza intencional, assim como a formal.
Em 1990 surge a intencionalidade educativa a partir dos movimentos de educação popular e de todo um contexto que antecedeu a promulgação da Lei n° 8.69 de 13 de julho do mesmo ano – o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Esse documento preconiza a educação como princípio formativo de sujeitos, minimizando, portanto, o caráter de contenção e prevenção de delitos e exposição a situações de risco. Nessa perspectiva as instituições em fins lucrativos passam a atuar diante de um novo paradigma: desenvolver a educação em tempo integral para crianças e adolescentes como sujeitos de direitos que necessitam de uma educação capaz de lhes garantir uma educação sem restrições. Apenas após a consolidação do Estatuto, que preconiza a educação como princípio formativo de sujeitos, as instituições que desenvolvem esse tipo de atividade passam a atuar na perspectiva de um novo paradigma, onde a educação deve garantir o desenvolvimento integral de um cidadão, sendo pra isso necessário delimitar metas e objetivos. Muda-se então o caráter da educação não formal, antes vista e associada à informalidade.
Segundo Gonh (2006 p. 3) esse paradigma de educação não formal cria um processo com quatro campos ou dimensões, que correspondem às suas áreas de abrangência. O primeiro envolve a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; o segundo, a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e /ou desenvolvimento de potencialidades. O terceiro, a aprendizagem e exercício de práticas que capacitem os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltados para a solução de problemas coletivos cotidianos. E o quarto é a aprendizagem dos conteúdos de escolarização formal escolar.
Ao contrário da educação não formal, a educação formal corresponde a toda atividade educacional organizada, sistematizada tendo como objetivo oferecer ensino a grupos sociais e seguindo uma diretriz educacional organizada centralizada, como o currículo, com estruturas hierárquicas através de órgãos fiscalizadores. Já a educação informal, está intrinsecamente relacionada às aquisições de conhecimento que não acontecem somente nas escolas e universidades, mas nos locais de trabalho, nas cidades, nos movimentos sociais, nas associações civis, nas organizações não-governamentais, dentre outros, sendo processual e incidindo durante toda a vida.
Segundo LIBÂNEO (2002 p. 7) são através desses espaços não formais que se constitui mais um aspecto do objeto de estudo da Pedagogia, pois se a educação é um exercício humano e social é complicado delimitar apenas um ambiente para que ela ocorra. Podemos dessa forma compreender as palestras e visitas como uma ação educativa não formal, sendo mais um campo de estudo e ação para a Pedagogia, tendo em vista que aspectos pedagógicos necessários se fazem ausentes.
De modo geral as atividades de educação não formal acontecem fora da sala de aula formal, mas por meio de uma ação docente e isso nos traz mais uma vez a necessidade de uma intervenção educativa e planejada. Por essas e outras razões é que o Pedagogo se torna o profissional capacitado para a realização de atividades que realmente sejam concretas e promovam o aprendizado de forma significativa.
4. O Corpo de Bombeiro Militar de Pernambuco enquanto um espaço realizador de educação não formal.
Em 1996, o Corpo de Bombeiro Militar de Pernambuco inicia um projeto denominado BOMBEIROS NAS COMUNIDADES, onde tal trabalho era dividido em 4 (quatro) áreas, quais sejam:
· Bombeiro comunitário (ato de ministrar palestras “in loco” nos vários setores da comunidade);
· Agentes comunitários (trabalhos junto a prefeituras, para a conscientização de adultos) e;
· Bombeiros na escola (trabalho junto às comunidades, onde o profissional passaria cerca de uma semana à disposição de escolas públicas, ministrando aulas de acordo com um calendário de atividades) e;
· Bombeiro mirim (onde os bombeiros recrutavam garotos nas diversas comunidades e os traziam para dentro dos quartéis e construíam conhecimentos de bombeiros, de modo que o garoto fosse, realmente, um bombeiro mirim).
Com a realização desse projeto, os bombeiros começam a ministrar palestras em diversos campos e de diversas formas, sem ser necessariamente nos quais haviam sido delimitados a princípio, escolas e outros espaços. A título de abertura, essas apresentações seguiam um modelo de aulas por faixa etária, que definiam quais os materiais didáticos, meios auxiliares à instrução e equipamentos seriam necessários para o desenvolvimento das atividades; todavia, por questões administrativas ou até mesmo por falta de orientação da área pedagógica, o projeto foi esquecido, restando, apenas, as palestras do bombeiro comunitário, que são realizadas mesmo com a ausência de inúmeros aspectos relevantes para a efetivação desse serviço. Porém assim como inúmeros outros profissionais, o bombeiro recebe uma formação técnica o que dificulta que as palestras e visitas, mesmo sendo uma atividade educativa de relevância social, sejam dinâmicas e que cumpram a finalidade com que foram constituídas, ou seja, trazer uma instrução expressiva através da qual o público recebedor das palestras possa utilizar as informações apreendidas e construídas em diversas situações de momentos diários.
A educação preventiva é abordada em diversos estudos, que trazem a importância desse trabalho, não apenas em países que demandem a necessidade de complementar a educação escolar, mas em todos os lugares possíveis promovendo a prevenção. Um desses estudos é apresentado através da UNESCO que concebe a educação preventiva como o desenvolvimento de uma consciência crítica favorecendo adoção de atitudes e práticas as quais evitem situações que incidam riscos e vulnerabilidades.
Da mesma forma os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem a importância do trabalho com atitudes e procedimentos mostrando em que contexto esse deve ser realizado, trazendo conhecimentos úteis e que possam ser utilizados no dia-a-dia, pois são conteúdos que se referem a como atuar para atingir um objetivo.
“O trabalho com procedimentos requer uma série de ações ordenadas e não aleatória, havendo necessidade de que se realize um trabalho planejado, no qual se leve em consideração, informações sobre os indivíduos sociais. (PCNs, 1997. P. 49)”.

Nas palestras e visitas, um dos objetivos de acordo com o projeto “Bombeiro nas comunidades”, é promover a aprendizagem que segundo Antunes (2002), a aprendizagem pode ser definida como uma mudança relativa de comportamento que resulta da experiência. Logo podemos afirmar que essas experiências vividas ao longo da vida de um indivíduo proporcionam um aprendizado único onde cada qual absorve de uma maneira e a coloca em prática visando aprimorar sua realidade. Entretanto, as palestras e visitas mesmo tendo um papel importante, passaram a ser cumpridas num caráter analógico onde não se levava em conta o público pra quem seria desenvolvida tal atividade, tão pouco a linguagem e o material didático, o que acarreta uma atividade educativa sem significado, pois o acesso as informações torna-se complexo.
Visando auxiliar a realização desse serviço, abrangendo o atendimento a população levando informações importantes que ajudem os indivíduos a prevenirem acidentes ou consigam pôr em prática, noções de primeiros socorros, a ação das Pedagogas chega ao espaço do CBMPE e verificar como essa ação ocorre e o que essa ação trouxe a esse ambiente é o norte dessa pesquisa.
5. Metodologia:
Para a elaboração desse artigo, foi observado um projeto de extensão denominado “O pedagógico em ações sociais das instituições militares” , realizado por alunas de Pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco no Corpo de Bombeiro Militar de Pernambuco, logo essa pesquisa esteve inserida numa experiência em curso, onde foram implantados novos elementos para obtenção de dados que subsidiasse a compreensão de como ocorre à ação do Pedagogo num ambiente externo a escola, sendo esse espaço nesse caso especificamente o Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco.
Os participantes da pesquisa resumem-se a dois grupos, sendo um de 20 (vinte) militares, com formação entre ensino fundamental (completo e incompleto) a pós-graduação, e outro formado por 9 (nove) alunas de Pedagogia que corresponde a equipe executora do projeto .Além de inserir a pesquisa para a produção desse artigo na execução do projeto de extensão, outros procedimentos utilizados para a coleta de dados foram a observação estruturada/ participante, assim como entrevistas semi-estruturadas com o intuito de levantar questões inerentes do trabalho realizado e necessário para a compreensão da atuação do profissional Pedagogo em ambientes que não seja a escola. Lüdke e André (1986 p. 41) afirmam que a observação possibilita um contato estreito com o fenômeno pesquisado, conhecendo as perspectivas e concepções dos sujeitos, assim como também a entrevista tem um papel importante, pois através dessa técnica é permitido o tratamento de assuntos de natureza complexa além de atingir assuntos que não poderiam ser atingidos por outra técnica de coleta de dados.
Com a justificativa de que o questionamento sobre o trabalho do Pedagogo com a educação não formal surge juntamente com a realização do projeto de extensão, fez-se necessário acompanhar desde a preparação do que as pedagogas estavam propondo aos militares, como também a execução das ações, visando perceber como as pedagogas atuariam, suas concepções e objetivos sobre esse tipo de trabalho, qual o interesse na realização e como se deu a escolha do ambiente. Da mesma forma, fez-se necessário acompanhar palestras e visitas antes da intervenção com a finalidade de compreender quais as percepções dos bombeiros acerca da educação e do trabalho realizado por eles nas apresentações. As observações das oficinas ocorreram de maneira estruturada e participante , tendo como finalidade examinar o trabalho desenvolvido pelas das pedagogas junto aos militares e que ocorreram no mês de setembro, tendo como campo de realização o 3° Grupamento de Bombeiros localizado na Rua Arão Lins de Andrade, Bairro de Prazeres, município de Jaboatão dos Guararapes. Vale salientar que como o projeto de extensão estendeu-se a toda corporação do CBMPE, limitamos nossa amostra a esse grupamento, tendo em vista que diante do contingente a ser analisado seria possível trabalhar as informações e trazer conclusões sobre as ações realizadas no quartel.
Durante as observações foram analisados no trabalho das pedagogas, elementos como o planejamento, levando em conta as atividades, os textos trabalhados, as dinâmicas realizadas, que tipo de debates seriam levantados, a interação com o grupo de militares e os objetivos para cada um desses elementos, enquanto que para os militares as observações seriam relacionadas à participação nos debates e atividades propostas, a atenção e o interesse no trabalho da equipe do projeto, e ainda a atuação em palestras após as oficinas, visando perceber se a ação das pedagogas surtiu algum efeito dentro do trabalho de palestras e visitas.
As entrevistas foram primeiramente realizadas com os militares, no intuito de que as ações das pedagogas não intervisse no discurso dos militares acerca das idéias que eles concebiam sobre educação, enquanto que com as Pedagogas as entrevistas foram realizadas após as oficinas com a finalidade de propiciar primeiro a vivência para que após pudessem relatar as impressões apreendidas por elas. É importante ressaltar que os questionamentos para ambos os grupos foram elaborados de forma semelhante com o objetivo de perceber as “semelhanças e diferenças” de idéias para esses profissionais em torno da educação.
Para registrar as observações, assim como a entrevista, foi usada, máquina fotográfica e gravadores. As transcrições das entrevistas e das oficinas levantaram aspectos relevantes que durante as observações não puderam ser apreendidos.
Com relação a categorização e análise dos dados, foram alcançadas as classificações homogeneizando as respostas dadas pelos grupos e comparando as colocações com os fatos ocorridos durante as oficinas, no intuito de subsidiar a análise de como as Pedagogas atuaram num ambiente militar e que tipo de significado teve esse trabalho para ambos os grupos.
6. Apresentação e Análise dos Resultados
As observações e entrevistas tiveram como objetivo levantar dados para nortear a construção do artigo visando trazer o debate sobre a importância do profissional Pedagogo em diversos ambientes externos a escola. Outro ponto importante dos dados é a forma como as ações desenvolvidas se mostram e trazem percepções do trabalho desenvolvido pelas Pedagogas com o grupo de militares. Ao reler e analisar todos os dados levantados resolveu-se iniciar a apresentação e análise dos dados com as entrevistas realizadas antes da intervenção, em seguida a intervenção proposta no projeto de extensão, mostrando a ação propriamente dita e de que maneira o trabalho de palestras e visitas passa a ser estruturado após a intervenção, assim como todas as percepções dos militares sobre o trabalho das Pedagogas e as idéias relacionadas à educação.
6.1 – O entendimento dos militares e Pedagogas acerca da educação e educação não formal.
Se levarmos em conta que ao longo de sua formação como ser humano e social, os indivíduos apreendem tradições, conceitos e valores, podemos compreender que em qualquer questionamento, esses indivíduos irão alocar em sua resposta aspectos de tudo o que subsidiou sua formação. Aproximando-se dessa diversidade em conceitos que a educação possui, Libâneo (2002 p. 7) afirma que:
“A educação é um conjunto dos processos, influencias, estruturas e ações que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais visando a formação do ser humano.”

Dessa forma, compreende-se a razão das dessemelhanças nas respostas dos grupos quando perguntados acerca de “O que é educação?”. Para os militares 38.8% percebem a educação como transmissão ou troca de conhecimentos, assim como 38,8% compreendem a educação como a essência da formação humana. Outros 11,11% afirmam que a educação é a instrução de pessoas para que as mesmas exerçam a cidadania de uma forma responsável, enquanto que 5,5% vêem que a educação é a solução para que um país ascenda e seja reconhecido como potência e ainda 5,5% percebem a educação como transformação e construção.
No grupo de Pedagogas, 55,5% afirmam que a educação é um ato de instruir seja na sala de aula ou na vida e para a vida; 22,22% compreendem que a educação é uma prática histórica que consiste na proliferação de conhecimentos socialmente exigidos; enquanto que outros 22,22% entendem que a educação não pode ter uma única definição, tão pouco ser vista como única, porém como várias compreensões de educação que se complementam e tem o papel de humanizar o homem.
À medida que lemos as respostas percebemos que os conceitos de educação estão influenciados do cotidiano, da formação que receberam, dos paradigmas em que acreditam e isso de certa forma contribui para a função que exercem como educadores, papel esse que ocasiona a sociedade uma perspectiva de fortalecimento para as atividades educativas, a medida que os profissionais estão levando conhecimentos e interagindo com a população propiciando o aprendizado. Para os grupos há uma eqüidade quando todos conseguem admitir que a educação é importante, seja por uma razão ou por outra, mas de fato é interessante quando o grupo de militares percebe que educam e a importância dessas atividades, as palestras e visitas, para a sociedade. Podemos ver isso claramente na fala do militar exposta abaixo:

“A educação acontece no trabalho, na rua, na igreja e em outros lugares. E a partir do momento que recebemos ou que repassamos informações, conceitos e valores, somos sim educadores” (Soldado Vieira) “.

LIBANEO (2001. p. 12,13) afirma que no campo da ação pedagógica extra escolar, existem profissionais que exercem sistematicamente atividades pedagógicas e que conseqüentemente desenvolvem um papel de mediador e educador. Especificamente nesse caso, na realização das palestras e visitas os bombeiros desenvolvem uma atividade educativa e por fim exercem um papel de intercessor do conhecimento, porém não da mesma forma, tão pouco com o mesmo olhar do Pedagogo. Esse fato de que os militares se percebem como educadores, demonstra que o trabalho de educação realizado por eles, desempenha uma função importante e por isso requer uma reflexão sobre a organização necessária em qualquer tipo de atividade educativa, como os aspectos, planejamento, a rotina de atividades, o conteúdo, a linguagem direcionada ao público alvo e o material didático .
Antes da intervenção a percepção dos militares sobre a educação consistia num ponto de vista de qualquer cidadão que compreende a importância da educação, mas não como de um profissional que lida com atividades educativas e isso é demonstrado durante as oficinas, onde a equipe de Pedagogas pôde observar que alguns militares por terem um certo grau de experiência nas palestras utilizam “brincadeiras” para tornar as atividades mais atrativas, porém essas mesmas “brincadeiras” além de não tornar a apresentação interessante, são colocadas de forma a trazer relação com elementos sexuais o que não faz parte de uma atividade educativa.
Logo, compreende-se que, levar o olhar do Pedagogo a outros ambientes externos a escola se faz necessário, pois a educação atualmente alcançou um patamar de necessidade que durante anos já vem sendo exposto em várias reformas educacionais. Dessa forma, levar conhecimentos pedagógicos a um ambiente que desenvolve atividades educativas e por fim fazer com que essas pessoas percebam a importância do serviço que prestam é o trabalho que veremos a seguir nas observações das oficinas.
6.2 - Levando o pedagógico para o ambiente militar.
Nos dias 14, 21 e 28 do mês de setembro, foram realizadas as oficinas no 3° Grupamento de Bombeiros, já mencionado na metodologia como ambiente de nossa amostra. As oficinas foram planejadas pela equipe de pedagogas, com o objetivo de trabalhar elementos essenciais a uma atividade educativa, levantados por elas durante a primeira parte do projeto que consistia na observação das palestras e visitas. Percebendo a equipe de Pedagogas que as apresentações, ou seja, as palestras e visitas, não tinham uma elaboração prévia o que acarretava um déficit de subsídios pedagógicos necessários para a realização dessas atividades, escolheram trabalhar esses aspectos ausentes na atividade educativa realizada através das exposições dos bombeiros .
Iniciando as oficinas foi apresentado ao grupo de militares o projeto e qual a finalidade do mesmo, assim como também as Pedagogas que formavam a equipe executora do projeto.
Foi proposto um tema que nortearia o desenvolvimento geral das oficinas: A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO DOS BOMBEIROS PARA A SOCIEDADE CIVIL e sub - temas que traziam particularidades para cada uma das oficinas associadas aos eixos que a equipe de Pedagogas queriam trabalhar, como: A primeira oficina trazia o sub tema “A adequação da linguagem ao público alvo”, onde através das teorias de Vygotsky, a equipe de Pedagogas trabalhou a Zona de Desenvolvimento Proximal e a importância da linguagem para a mediação e construção do conhecimento. A segunda oficina o sub-tema “Princípios básicos para trabalhar com grupos”, trouxe aspectos necessários para o trabalho com grupos como a individualidade de cada um no grupo, o papel do educador no trabalho com grupo, os limites e vínculos e ainda os vários perfis dos grupos. A terceira oficina trouxe como sub-tema “O planejamento” onde foi enfatizada a importância desse elemento tanto para as atividade do nosso cotidiano, quanto para o trabalho de um educador. As oficinas foram programadas e divididas em três momentos: Um primeiro, onde era colocada uma música, e feita uma reflexão sobre a mesma; No segundo uma dinâmica e a leitura de um texto e o terceiro momento que culminava numa apresentação criativa do que foi trabalhado durante as oficinas.
Um diferencial desse trabalho para inúmeros outros realizados num ambiente externo a faculdade, sejam em projetos de extensão ou em trabalhos realizados por Pedagogos fora da escola, é que esse espaço se constitui em bases hierárquicas, militarismo, o que a princípio poderia representar um obstáculo para o trabalho construtivista das Pedagogas. Porém foi proposto pelas Pedagogas que fossem esquecidas todas as patentes e que nos momentos das oficinas todos estivessem ali como instrutores que realizam palestras e visitas e, portanto seria o público para quem o projeto foi destinado.
Outro elemento interessante é que esse projeto iniciou debates acerca da educação onde os militares levantavam questionamentos e faziam colocações sobre seu trabalho, o relacionamento dos Bombeiros com a população e o que isso acarretava para o trabalho de palestras e visitas. O desprendimento e a flexibilidade da equipe de Pedagogas proporcionaram um rompimento com a hierarquia já citada anteriormente como um entrave e assim cada um pode abordar aspectos e conceitos que faziam parte da sua construção de sujeito, de sua educação.
Uma das maiores fontes de queixa entre os militares é a falta de apoio por parte da instituição, tendo em vista que as solicitações para a realização das palestras e visitas são aceitas, mas não é disponibilizado tempo para que os bombeiros planejem, tão pouco, se dispõe de materiais didáticos para a execução das palestras, o que acarreta atividades realizadas sem a organização necessária e ainda trazendo outro fator extremamente prejudicial as apresentações, a má vontade e a falta de dedicação dos militares.
Mesmo durante a realização das atividades criativas, foi possível perceber que essa ausência de materiais didáticos, o que representa um dos maiores pontos de críticas, não é um problema, pois à medida que foi disponibilizado um tempo para que eles criassem as atividades, essas foram realizadas com êxito por todos os grupos de militares. Logo podemos concluir que se a instituição cedesse um tempo para que esses profissionais planejassem suas apresentações, as palestras e visitas poderiam ser realizadas com mais êxito.
6.3 – Os pontos de vista dos Militares e Pedagogas acerca das ações desenvolvidas por profissionais da educação no Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco.
Com o intuito de constatar a ação do Pedagogo num espaço não formal, militar, assim como também se essa intervenção trouxe algum elemento novo para o serviço de palestras e visitas, foi perguntado aos dois grupos (militares e Pedagogas) o que poderia ser destacado como mais importante e significativo no trabalho realizado pelas Pedagogas dentro do espaço militar do CBMPE, e apenas para as Pedagogas foi indagado de que forma elas perceberam que contribuíram para o aprimoramento da realização das palestras e visitas.
As respostas aparecem da seguinte forma: 38,18% dos militares destacam o repasse dos conteúdos e a aplicação das atividades de forma responsável e interessante; outros 27,77% garantem que o auxilio trazido até o CBMPE através das oficinas, visando melhorar a sociedade é o aspecto mais interessante; e ainda 22,2% colocam como elemento mais importante da ação das Pedagogas a forma inovadora de trabalhar e 16,66% destacam como item mais relevante no trabalho das Pedagogas, o conhecimento específico levado até o grupamento, a auto confiança e a interação com o grupo de militares.
Com relação às respostas dadas pelas Pedagogas, é interessante expor que todas fazem referência a abordagem feita durante as oficinas sobre a importância do serviço desenvolvido pelos Bombeiros nas palestras e visitas, pois a medida que as Pedagogas trabalhavam a importância das palestras e visitas, os militares compreendiam a relevância de um olhar diferenciado para educação quando lidamos com a sociedade em atividades educativas. Outros 66,66% percebem como mais importante no trabalho desenvolvido nos grupamentos, a didática oferecida como forma de levá-los a pensar sobre a necessidade dos aspectos educativos, e ainda 33,3% afirmam que o mais importante dessas ações desenvolvidas nos grupamentos foi o fato de vivenciar uma experiência extra-escola aonde a gratificação vem através da possibilidade de trabalhar aspectos que são importantes para uma atividade desenvolvida por eles, porém que eles não tinham conhecimento até a intervenção das Pedagogas.
Percebendo que a ação do Pedagogo se ocupa do estudo da educação em suas várias modalidades e, da prática educativa concreta que se realiza em todos os aspectos que forma uma sociedade (ações educativas), compreendemos sua importância em inúmeros locais. No instante em que alguns militares destacam como aspecto mais importante do trabalho das pedagogas, a autoconfiança, o querer ajudar, a responsabilidade e a forma inovadora de trabalhar, percebemos que em certos ambientes os aspectos educacionais tão trabalhados com os Pedagogos durante a sua formação, ainda se fazem ausentes e distantes, o que nos remete mais uma vez a refletir sobre a importância de Pedagogos em outros ambientes que não sejam necessariamente a escola e que realizem atividades educacionais.
À medida que um ambiente como os grupamentos de bombeiros, uma instituição militar, realizadores de uma atividade educativa, concebe a importância da atividade que realizam e acolhem as orientações de um grupo de Pedagogas, percebemos que a educação extrapolou os limites da escola e que projetos sociais auxiliam os ensinamentos escolares específicos aos quais a escola não detém.
Esse espaço não escolar vem fortalecer a idéia de que a educação não formal tem sua importância e não atua em contravenção da escola, apenas traz mais um ambiente onde a educação pode ocorrer e para que ocorra de forma qualitativa faz-se necessário um profissional capacitado, com um olhar diferenciado sobre a relevância da educação.
Durante as entrevistas, muito se foi colocado sobre a escola como o espaço de transmissão de conteúdos exigidos socialmente e que num espaço não formal o conteúdo é delimitado de acordo com o que será oferecido, sem burocraticamente seguir uma fórmula. Descobrir esses campos de ação para o Pedagogo tem se tornado interessante, pois traz aos estudantes do curso de Pedagogia mais um caminho a seguir, sem que seja necessariamente o ambiente escolar.
LIBANEO (2001 p. 12) coloca que é preciso distinguir o pedagogo especialista do pedagogo docente, pois em um leque amplo de atividades educativas existem até aqueles que por desenvolverem atividades sistemáticas educativas, desempenham o papel de pedagogos, ficando claro que a contemporaneidade mostra uma “sociedade pedagógica”, revelando amplos campos de atuação pedagógica, isso nos é demonstrado através do trabalho pelos bombeiros ante as palestras e visitas.
Obviamente não cabe imaginar que o curso de Pedagogia venha a incluir a formação de todos os profissionais que realizam atividades educativas, mas que não tem a devida formação, porém poderíamos prever para esses profissionais, formas de capacitação, cursos de aperfeiçoamento ou atualização, dentro de atividades de extensão universitárias, até mesmo retirando a visão de que a universidade é lugar do ócio e que o conhecimento produzido se torna patrimônio da instituição e não da sociedade.
6.4 – As palestras e visitas após as oficinas realizadas no 3° Grupamento de Bombeiros.
Após a realização das oficinas, ainda foram observadas palestras do grupo de militares participantes das oficinas, com o objetivo de verificar se todas as informações repassadas de fato levaram os bombeiros a construir algum conhecimento partindo dos princípios pedagógicos trabalhados durante as oficinas. É importante relatar que durante as oficinas, a aplicação e o cuidado dos militares com tudo o que estava sendo abordado trouxe uma expectativa para equipe de Pedagogas, de que daqueles momentos em diante, as palestras e visitas seriam trabalhadas de forma diferenciada. E toda essa perspectiva de mudança começou a ocorrer nas palestras e visitas ministradas pelo grupo d militares que participaram das oficinas, o que vem ratificar que as ações das Pedagogas desenvolvidas nessa instância militar, teve um papel importante que no geral foi o de modificar as velhas concepções de que aquele trabalho realizado com o público externo aos quartéis, poderia ser realizado de qualquer forma, com qualquer intenção, de qualquer maneira.
Nas primeiras palestras pós-oficinas, foi observado que além de planejar tempo, assunto, métodos de linguagem, também foram preparados minuciosamente o material didático, como também foram usados métodos trabalhados pelas Pedagogas com a equipe de militares como o contrato didático. Faz-se necessário narrar que diante dessas alterações as Pedagogas concluíram seu trabalho nesse Grupamento, com o sentimento de que a formação oferecida na Universidade Federal de Pernambuco a essas profissionais, as capacitou para desenvolver trabalhos nos mais diversos ambientes, fazendo com que a educação não se restrinja apenas ao ambiente escolar, mas que possa ser compartilhada e oferecida com qualidade também em espaços extra escolares.
7. Conclusões:
Estar num ambiente diferente da escola e realizar um trabalho diferenciado de uma aula, trabalhando com outros educadores, proporcionou um grande aprendizado a equipe de Pedagogas. Se levarmos em conta que o ambiente ainda apresentava um agravante que era o fato de ser um espaço militar, impregnado de autoritarismo, de uma cultura dominante e hierarquias, esse aprendizado torna-se ainda mais valioso.
Porém essa prática não trouxe benefícios apenas a equipe de Pedagogas, mas também aos militares que puderam aprender que realizam um trabalho educativo não formal, que já havia sido planejado pelo CBMPE, mas que por falta de inúmeros elementos veio a deixar de acontecer da forma como havia sido esquematizado, ficando apenas as palestras e visitas convencionais, da mesma forma como a importância desse trabalho e de idealiza-lo num formato coerente, da mesma maneira tantos outros aspectos e assuntos abordados, que de alguma forma transformaram concepções, conceitos, criando responsabilidades.
Os indícios da importância do aprender, ocorre na nossa interação com o outro, fazendo com que essa influência mútua traga a mediação do aprendizado que estamos construindo. O que acontece conosco é que se o que aprendemos não tem sentido, não atender alguma necessidade, não “apreendemos”. O que aprendemos tem que “significar” para nós. Alguma coisa ou pessoa é significativa quando ela deixa de ser indiferente. Esquecemos o que aprendemos sem sentido, o que não pode ser usado logo, é coerente trazer esse sentido da importância da educação nas palestras e visitas, fazendo com que a utilização do conhecimento construído, aconteça por parte da população de uma forma consciente.
Gadotti (2005 p.3) afirma que as novas tecnologias da informação criaram novos espaços do conhecimento e agora além da escola outros espaços podem fornecer educação, propiciar aprendizado. Percebendo então através dessa fala que o Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco através das palestras e visitas desenvolvem uma atividade extra escolar educativa, compreende-se a importância do profissional Pedagogo nesses ambientes, tendo em vista que esse profissional esteve sendo formado por mestres e doutores, estando debatendo acerca de práticas e processos educacionais, refletindo sobre temáticas sociais e capacitados para orientar atividades educativas, mesmo que essas atividades sejam realizadas fora do ambiente escolar.
É notório que o Pedagogo já realiza ações externas ao espaço escolar em capacitações, projetos de prefeituras e governos, ONGs, etc, porém ampliar esse leque de espaços para ação desse profissional não quer retirar a responsabilidade do Pedagogo para com a docência, mas leva-lo a perceber que sua ação pode intervir de forma benéfica e relevante em diversos ambientes. Por exemplo, uma das discussões pertinentes nesse caso é o fato de o Pedagogo atuar em locais que antes se faziam fechados para esse profissional, como empresas, quartéis.
Vivenciar três dias de ação de uma equipe de Pedagogas e perceber que de alguma forma as ações ali realizadas trouxeram um novo significado para o trabalho de palestras e visitas, fez com a que a formação de anos se tornasse nova e que trouxesse com ela novos aprendizados.
Ainda é restrito crer na ação pedagógica e na atuação do pedagogo em outros ambientes não formais. Porém essa perspectiva de crescimento da educação não-formal e na atuação do pedagogo é relevante, precisando ser trabalhada com seriedade. Se essa busca por novos horizontes na docência é necessário, faz parte dos saberes desse profissional continuar indagando, sobre o sentido do que estão fazendo na atividade educativa e onde é necessário melhorar, aprimorando assim a significação da educação enquanto processo de ascendência social.
Nesse contexto atual onde se faz relevante promover a educação, é importante também trazer essa discussão sobre de que forma o Pedagogo pode atuar ante a sociedade, sem reduzir seu trabalho na escola, mas também não restringindo essa ação apenas a esse ambiente. Não se trata aqui de querer que o curso de Pedagogia adote a “moda do momento”, a “pedagogia empresarial” e faça desse apenas seu único norte, todavia que esse mesmo curso que atraí a tantos e forma um profissional capaz de planejar e discutir os rumos da educação aborde também a ação do Pedagogo fora da escola.
8. Referências Bibliográficas:
ALMEIDA, Arnóbio José de WASHINGTON, Vieira de Barros. Implementação das Instruções de Manutenção e Atualização do efetivo do CBMPE, segundo os padrões da NBR Iso 10015: “Diretrizes Para Treinamento”. Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais Bombeiros Militares. Jaboatão dos Guararapes, 2005
ANTUNES, Celso. Novas maneiras de ensinar, novas formas de aprender/ Celso Antunes- Porto Alegra: Artmed: 2002.
ARAÚJO, Meyre Lúcia de.RIBEIRO, Maria Souza. RIBEIRO, Luzia Souza. Atuação do Pedagogo em espaços não escolares. Revista Acadêmica Alfa. Outubro de 2004.
BRANDÃO, Carlos R. Ousar utopias: da educação cidadã à educação que a pessoa cidadã cria. In: AZEVEDO, José Clóvis de, GENTILLI, Pablo, KRUG, Andréa e SIMON, Kátia (orgs). Utopia e democracia na educação cidadã. Porto Alegre: UFRGS/SME, 2000, p. 449-462.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:Temas Transversais/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997. 164p.
CBMPE. Desenvolvido pelo Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco. 1887-2007. Apresenta informações gerais sobre a instituição. Disponível em: < http://ww2.sds.pe.gov.br/cbmpe/frme-bomb-acorp.html> acesso em 21 de agosto de 2006.
DUARTE, Newton. As pedagogias do “aprender a prender” e algumas ilusões da assim chamada sociedade do conhecimento. Revista Brasileira de Educação. 2005
GADOTTI, Moacir. A questão da Educação formal/não-formal. INSTITUTE INTERNATIONAL DES DROITS DE L’EFANT (IDE). 18 a 22 de outubro de 2005. Suíça.
GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: avaliação de políticas públicas. Educacionais. Rio de Janeiro, v.14, n.50, p. 27-38, jan. /mar. 2006.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogo, para quê? 5ed. São Paulo: Cortez, 2002.
LOPES, Izolda. Pedagogia empresarial: uma nova visão da aprendizagem na organizações/ Izolda Lopes...[et al.]. – Rio de Janeiro: o autor, 2006.
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar/ Philippe Perrenoud: Trd. Patrícia Chitoni Ramos – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
PERRENOUD, Philippe. Ensinar na urgência, decidir na incerteza/ Philippe Perrenoud; Trad. Cláudia Schilling – Porto Alegre: Artmed Editora 2001.
PERRENOUD, Philippe. Construir as competências desde a escola/ Philippe Perrenoud; Trad. Bruno Charles Magne – Porto Alegre: Artes Médicas Editora 1999.
PIMENTA, Selma Garrido. (Coord.). Pedagogia, Ciência da Educação? São Paulo: Cortez. 1996.
REVISTA ACADEMICA ALFA. São Paulo. Mensal. Disponível em: acesso em 21 ago.2006.
RIBEIRO, Amélia Escotto do Amaral. Pedagogia empresarial: atuação do Pedagogo na empresa – Rio de Janeiro: Wak, 2003 – 144 p.; 21 cm.
SHÖN, Donald A . Educando o profissional reflexivo: um novo design par ao ensino e aprendizagem/ Donald A. Schön; trad. Roberto Cataldo Costa – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 200.