Viva Magalhães Pinto !
Por josé maria couto moreira | 03/03/2016 | CrônicasViva Magalhães Pinto !
José Maria Couto Moreira*
Viva, é pouco, reviva Magalhães Pinto !
Anda a incomodar a consciência lúcida dos mineiros a notícia de que o zeloso Ministério Público teria remetido à Assembleia Legislativa uma solicitação para que aquela Casa vote a reversão do nome do hoje Estádio Governador Magalhães Pinto para o designativo comum, já propriedade do jargão popular, de Estádio Mineirão.
A justificativa é tíbia, e não encontra escoras na generosidade do mineiro, perseguindo o autor a causa absolutamente ridícula de que o ilustre mineiro, que ergueu aquele gigante, não é merecedor da homenagem, porque teria participado do processo revolucionário brasileiro.
A bem da verdade, aquela personalidade efetivou a eclosão do movimento de março de 1964 como chefe civil daquela providencial e corajosa iniciativa cívico-militar, e nela pontificou até quando entendeu que a institucionalização da dita revolução desgarrava-se dos rumos que seu bravo comandante civil havia pregado, então de normalização da ordem social, anarquizada pelo governo decaído.
Desculpa-se o aforamento precipitado da moção, só atribuível à ignorância dos fatos posteriores à revolução e da irrepreensível conduta pública e pessoal do deputado, do governador, do senador e do chanceler Magalhães Pinto, que figura como personagem sem reparos na galeria dos homens de Minas.
Os contemporâneos à atividade parlamentar e privada do sempre lembrado líder mineiro testemunharam a sua dedicação aos mais altos e legítimos interesses do Estado e do país. O dr. Magalhães Pinto, provindo de família humilde, servo da austeridade e da ética, construiu uma instituição financeira de abrangência nacional, sólida e modelar, introdutor que foi, no Brasil, do chamado “crédito pessoal” na atividade bancária, isto é, os empréstimos deveriam vincular-se muito mais ao valor pessoal do mutuante do que a seu eventual patrimônio, como a dizer que a disciplina de vida e as características do comportamento se incluíam no exame do crédito, quase um atestado abonador do trabalho e da integridade na concessão dos mútuos, tudo perdido, infelizmente, pelos que secundaram o fundador, entre os quais, os filhos.
Na vida pública, o dr. Magalhães Pinto era homem filiado aos máximos valores republicanos, e, na política, não exerceu atos senão os que rigorosamente se filiassem à doutrina aclamada de Milton Campos, da austeridade, da ética e do respeito à coisa pública.
Outro feito pioneiro que desvanece a memória de Magalhães Pinto no plano administrativo, sempre atento ao bem estar do servidor público, foi a justa garantia da paridade, atribuindo-se então a esta classe, mais lembrada em estações eleitorais, a certeza de que o aposentado gozaria da revisão de seus proventos igualados ao do pessoal ativo, protegendo-o do dragão da inflação.
Assinala também a vida pública do eminente mineiro sua decisiva adesão ao emblemático Manifesto dos Mineiros, surgindo ali o jovem democrata, exercitando os albores de um soldado da liberdade.
*Advogado