Vida
Por Nara Junqueira | 24/04/2008 | PoesiasNada virá além da chuva fina na vidraça
Nem os pássaros que ontem rompiam comigo a madrugada
Nem a lua confidente das minhas longas amarguras.
Não ficou um só desejo de avançar sobre o oceano
Que me separa das gentes com quem brinquei um dia.
Nem um músculo meu se atreve a abraçar novos momentos.
Sei que estou só como nasci e me criei
Aprendi na carne que uns nascem para a guerra solitária
De viver a vida ao largo de mesas da vizinhança.
Estarei só até que o guarda apite a partida
E deixarei para trás esta tenebrosa aventura de estar num mundo em desarranjo.
E chegada a hora não cantarei saudade
A realidade me abateu em pleno vôo.
Nada deixo e nada levo além da certeza de uma existência de luta e desencanto.