VIDA QUE TE QUERO MAGIA

Parece magia,
você coloca um pedaço de galho na terra,
nasce planta,
joga um caroço,
nasce planta,
esbarra numa flor,
nasce planta.
Se não for mágico,
não sei mais o que pode ser.

Claro que há ciência!
Mas a ciência
ainda não tem ciência de tudo.
Aonde a ciência não entende,
nasce magia.
A magia é filha do imaginário
em comunhão com a fantasia.

A magia já está feita,
é a vida.
Nós só a traduzimos,
inventamos com seus temperos
e fazemos novas leituras.

A ciência depôs a magia,
a tecnologia depôs a magia.
Agora, estamos nós,
grudados numa tela
que se finge mágica.

O grave é que acreditamos
nessa falsa magia.

Será que reencontraremos nossa magia?
Será que a tecnologia nos lobotomizou?

Salve a magia, salve!

Num canto qualquer desses olhos que me leem,
há um silêncio que você não sabe onde é que fica.
Um silêncio onde está guardado todos os seus segredos,
cada lágrima e sorriso.
Desse silêncio, salta na tua mente, sem explicação,
uma voz que conversa contigo.
Uma voz vinda de um num sei onde
que faz as frases rolarem soltas
como num tobogã em sua mente.

Esta voz estará cada vez mais nítida
quanto mais você estiver puro.
Aqui, pureza tem a ver com emoção.
Quanto mais suas emoções estiverem sujas, presas
e se reproduzindo indefinidamente,
menos você pode ouvir essa voz.
O que você ouve,
quando está ferido emocionalmente,
é o burburinho da mente,
não a voz.

O que é mágico?
Essa voz.
De onde ela vem?
Vem de nós.
Há muito tempo
contamos histórias pra essa voz.
Ela guarda tudo.
A experiência de cada um
acrescenta a essa voz.
É uma internet biodinâmica
que criamos ao redor de nós.
Um campo de conhecimento,
só que em proporções inimagináveis
à nossa percepção atual.

Ainda mais nessa faze de topeiras,
absorvidos escarafuchando a tecnologia.

Para sentirmos a magia,
temos que reacendê-la.
Ela estará sempre lá, disponível.
Nós que viramos as costas
ou abrimos o peito.
De qualquer jeito
cabe a nós.

Rosam