Vida e Obra de Peter Wilhelm Lund

Por Thamirys Freitas Teixeira | 14/07/2016 | História

VIDA E OBRA DE PETER WILHELM LUND

Por: Thamirys Teixeira 

1.1 – Vida de Peter Lund

Peter Wilhelm Lund, nascido em 14 de Julho de 1801 e falecido em 25 de Maio de 1880, natural de Copenhague, Lund era filho de ricos comerciantes de lã. Bacharel em Letras e medicina, se interessou pela zoologia e botânica, foi um dos naturalistas dinamarqueses mais importantes do século XIX. Devido a uma tuberculose, Peter Lund, seguindo recomendações médicas, chegou ao Brasil em 1826 em busca de um clima seco e quente [1,2,3,4].  

1.2 – Trajetórias de Peter W. Lund

Estabeleceu-se em Niterói e então fez pesquisas durante três anos sobre a flora e a fauna, com atenção especial para as formigas. Em janeiro de 1829 embarcou de volta à Europa, levando suas anotações, após foi para a Alemanha, França e Itália [2].

Em 1832, então com a idade de 31 anos, Dr. Lund decide retornar ao Brasil para prosseguimento das suas pesquisas. Havia, também, o medo de que mais um inverno rigoroso lhe abalasse novamente a saúde [2].

Partindo do Rio de Janeiro, Peter e seu sócio, o botânico alemão Ludwig Riedel, começam uma longa jornada que passou por: São Paulo, São Carlos de Campinas, Vila Franca, Catalão, Paracatu, Curvelo, Lagoa Santa, Sabará e Ouro Preto. Mas, um fato acontecido em Curvelo mudou completamente o destino dele, Lund conheceu Peter Clausen, um compatriota que morava na localidade e que o levou até à Gruta do Maquiné [2].

No dia 23 de novembro de 1834, chegaram à capital da província de Minas Gerais, Ouro Preto, era o fim da expedição para Riedel que retornou ao Rio de Janeiro para escrever a conclusão de suas pesquisas, porém Lund estava decidido retornar à Gruta de Maquine e à região de Lagoa Santa. A partir de então, os projetos de botânica foram abandonados e suas pesquisas se concentrariam na história da evolução da terra [2].

1.3 - Principais Obras

Em 10 anos Peter Lund pesquisou as grutas calcárias brasileiras no entorno de Lagoa Santa, como a gruta de Maquiné, e seus muitos achados e descobertas conduziram a explicações completamente novas para o aparecimento e a evolução da Terra, da flora, da fauna e do ser humano [1,6].

De acordo com a revista Ciência Hoje, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em artigo de Raquel Aguiar, o pesquisador descobriu mais de 12 mil peças fósseis nas cavernas de Lagoa Santa (MG), que permitiram escrever a história do período pleistocênico brasileiro, o mais recente na escala geológica [3].

Das suas escavações ao longo dos anos, puderam ser identificadas diversas espécies de animais, como: cavalos (Equus amerhippus neogeus e Hippidion principale); uma série de preguiças terrícolas gigantes (Catonyx cuvieri, Eremotherium laurillardi e Nothrotherium maquinense); carnívoros como o tigre-dentes-de-sabre (Smilodon populator) e o cachorro das cavernas (Protocyon troglodites); capivara gigante (Neochoerus sulcidens); o tatu gigante (Pampatherium humboldti) e o macaco (Protopithecus brasiliensis), além do homem fóssil sul-americano [3].

Peter ainda fez diversas observações a respeito de ossadas humanas petrificadas, encontradas em grutas do Brasil, cerca de 30 indivíduos misturados a fósseis de animais. Do ponto de vista antropomórfico os fósseis descobertos eram distantes dos indígenas americanos e próximos dos negroides, suas características físicas eram homogêneas, o que indica seu isolamento genético. Essa identidade configurou o perfil daquele que ficou conhecido como o Homem de Lagoa Santa, o que revelou a presença humana no local há mais de 10 mil anos [2,3,4].

Peter montou diversas coleções zoológicas, que foram remetidas ao Museu de História Natural da Copenhague [7]|.

1.4 - Trecho de obra e citações

"A admirável paisagem destes prados tinha atraído, havia muito, a atenção dos primeiros habitantes do Brasil. Os selvagens nômades da tribo dos caiapós, segundo penso, ali fixaram sua residência a acharam abrigo nas grutas; sob as abóbadas deste imponente rochedo. Entusiasmados pela beleza da paisagem circunvizinha, ensaiaram representar os objetos que mais lhes davam na vista. O pé do rochedo está coberto de seus desenhos, que, tão primitivos quanto a imaginação que guiou a mão de seus autores, nem por isso interessam menos ao filósofo que deseja conhecer as produções do espírito no seu mais baixo grau de desenvolvimento". (Peter W. Lund, 2ª Memória Sobre as Cavernas do Brasil).

“É notável seu conhecimento e os relativamente poucos erros, sobretudo se levarmos em conta o isolamento na pequena Lagoa Santa." (Cástor Cartelle, paleontólogo e professor da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG).

1.6 – Homenagens e títulos

Além de pai da Paleontologia Brasileira, deu nome a um distrito, uma praça e uma escola estadual em Lagoa Santa [2].

2 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Peter Lund ainda contribuiu para a posterior aceitação da teoria da evolução e Darwin, seus métodos científicos de P. W. Lund eram caracterizados por um registro sistemático e descompromissado, e através desse consequente cuidado ele pôde descobrir uma pré-história que, de longe, superou as expectativas de seus colegas. O objetivo de seu trabalho não era somente encontrar tantos ossos quanto fosse possível, mas fornecer uma descrição minuciosa das espécies encontradas e sua relação de parentesco com as espécies tanto extintas como presentes [1].

Peter era muito estimado pelos habitantes da pequena vila de Lagoa Santa, ao morrer, distribuiu seus bens entre o filho e algumas pessoas que o serviram. Lund viveu na mesma casa até a morte, nos fundos, construiu um barracão para preparação e estudo de fósseis. Ao lado do túmulo, marcado por uma lápide de mármore negro, foi erguido um monumento a Lund e a Eugene Warning por iniciativa da Academia Mineira de Letras - hoje tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional [7].

3 - REFERÊNCIAS

[1] HOLTEN, B.; STERLL, M. Peter Lund e as grutas com ossos em lagoa Santa. Fapemig, 2011; 336. Acesso em: http://www.descubraminas.com/Upload/Biblioteca/00 00269.pdf

[2] PAULA, S. de; SANTOS, R. dos. Os ossos do ofício: as importantes descobertas científicas de Peter Lund no Brasil. São Paulo: Tradição Planalto, 2005.

[3] GOVERNO DE MINAS GERAIS – CONHEÇA MINAS. Quem foi Peter Wilhelm Lund. Acesso em: https://www.mg.gov.br/governomg/portal/c/governomg/conheca-minas/turismo/56 81-parques-e-grutas/53458-quem-foi-peter-lund/5146/5240

[4] UFCG. Peter W. Lund. Acesso em: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/PeteWiLu. html

[5] Imagem do livro Tempo passado - mamíferos do pleistoceno em Minas Gerais, de Cástor Cartelle (Belo Horizonte: Palco, 1994).

[6] Registros de Peter W. Lund sobre a região do Carste de Lagoa Santa, Minas Gerais: possibilidades para o turismo pedagógico e científico. Acesso em: http://www.sbe.com.br/ptpc/ tka_v5_n1_025-033.pdf.

[7] O pai da paleontologia e arqueologia no Brasil - Peter Lund reconstituiu em Lagoa Santa a história do pleistoceno nos trópicos. Acesso em: http://www.lagoasanta.com.br/ homem/historia _lund_raquel_aguiar.htm