Velhos Tempos!
Por Jose Wilamy Carneiro Vasconcelos | 27/04/2017 | PoesiasMinha Sobral de velhos tempos
Tenho saudade d’aquele tempo
De criança com pé no chão,
Brincando de chicote queimado; amarelinha.
Na imortal, Praça do São João,
Do menino travesso batendo bola.
Nas quadras do Jeromão.
Saudade da minha Cidade Januária
Terra de Dom José: Maior benfeitor,
De Renato Aragão: Didi Mocó
De Domingos Olímpio: escritor.
Do Barão de Sobral: José Júlio
E Visconde de Sabóia: O maior doutor.
Nas noites invernosas
Da úmida calçada molhada,
Tirando o cai no poço.
Uma eterna namorada,
No cair das águas frígidas
De minha singela morada.
Dos vizinhos de minha rua
Na mercearia do Sr. Roseno,
No balcão: drops, cocada e quebra-queixo.
Com venda de querosene,
A quitanda tem de tudo.
Pra formiga e pernilongo: Há veneno.
Saudade D’aquele tempo!
De criança, só de roupão,
Das famílias nas calçadas.
Correndo só de calção,
Ouvindo as anedotas
Do Zé Madeira, Sr. Melo e Sebastião.
Do grupo Escolar
Da Antiga Praça do Siebra,
Ao desfile do Dia Sete,
Do português de Dona Genebra.
Vestindo calça azul e branca,
Do povo, nas praças; a espera.
Dos amigos Jansen, Iweltman, Gilson
No racha do casarão do Sr. Manés
Da Escola TOPO GIGIO,
Do refresco com pastéis.
Saudade desse tempo!
Da Fábrica de Mosaico do Dedéis.
Do tempo de banco imobiliário
De copo e caipira na mão
Feitos de carteiras de cigarro,
Outros, jogando o pião
Na calçada do Padre Gonçalo.
Os amigos, clamando em voz alta
Aos vencedores: Campeão!
Das oiticicas no Rio Acaraú
Na Ponte Othon de Alencar,
Nas profundezas das águas.
Matando a fome com Juá,
Descendo às margens do rio.
Nas ribanceiras a atracar.
Dos doutores da rua
Do farmacêutico Françoar,
Da enfermeira Matilde.
Da família do Senhor Carcará,
Das siriguelas de Dona Clotilde
Das groselhas, no muro do Baltazar.
Saudade! Da diretora Dona Laíz
Do Imortal Grupo Escolar,
Do cheiro e pó de madeira,
Da serraria do Senhor Ribamar.
Do compadre Luiz Aquino,
Nas férias no Caracará.
Das tertúlias na Rua do Oriente
Da churrascaria Curtição,
No cantinho com luz negra
Do churrasco, no CHICÃO.
Do Salão de beleza da Fátima
Do primo, Chico Lampião.
Do barulho de sua ambulância
O motorista: Chico Fonteles,
Dos coqueiros do Benedito Frota.
Do curral do Miguel Teles,
Cedinho, o leite mungido.
O capataz; caboclo Meireles
Do lojista, Chagas Mouta
Do Senhor Antônio capoteiro,
O Zé Ivan, amigo traquino.
Do Artur, o engenheiro,
Do pescador, Zé do Carmo
E do Zé Bode; Carvoeiro.
Dos Melos, o barulho dos tratores
O som do rádio, do Zacarias Sena,
Do Cerzinha, Roger, Petrônio.
Da beata Iracema,
Dos meus amigos doutores
No Cine Alvorada: Ávido Cinema.
Da colossal Tamarineira
No entardecer de verão
Remanescendo as calçadas,
Da Matriz Nossa Senhora da Conceição
Nas ruas, as cavalgadas,
Dos leigos, rumos à procissão.
Em destaque, a eclesiástica Sobralense
Padre Lira, e Sadoc: O escritor,
De Dom Expedito e imortal Padre Osvaldo
De Zé Linhares; o mantenedor
Padre Mororó: físico, botâmico e poeta,
Do Santo Pe. Ibiapina, beatificado com fervor.
Saudades dos velhos tempos
Dos carnavais, a bailar,
Nos desfiles de rua
Das prosas na mesa dum bar.
Da turma do ginasial
Do famoso Grupo Escolar.
Do tempero da vovó
De comida caseira; do famoso baião,
Milho verde, tapioca e queijo,
Do fogo à lenha.Toucinho no fogão.
Dos feriados em família,
Na festa de São Pedro, Antônio e São João.
Saudade da antiga Caiçara
Na imponente Rua da Estação,
Do majestoso trem a assoviar
Na espera, a descomunal multidão.
Com destino: Ipú, Granja e Camocim,
No século XIX, era grande a emoção.