VEGETAIS EPÍFITOS E PARASITOS: COMPREENDER PARA NÃO ERRAR
Por Tarcísio Viana de Lima | 19/01/2022 | EcologiaVEGETAIS EPÍFITOS E PARASITOS: COMPREENDER PARA NÃO ERRAR
Tarcísio Viana de Lima[1]
RESUMO
As plantas são classificadas ecologicamente em função da maior ou menor capacidade de tolerância ou intolerância à radiação solar e a disponibilidade da água no ambiente. Entretanto, dois importantes grupos de vegetais são separados, não pelas influências que esses fatores mesológicos exercem, mas pela estratégia comum a ambos, que é apoiarem-se em outros vegetais para conseguirem os recursos necessários ao crescimento e desenvolvimento. Contudo, para alcançarem êxito atuam de forma oposta, ou seja, um grupo, representado pelas epífitas, age harmonicamente ao se instalar sobre outra planta; e outro grupo, constituído por parasitas, atua negativamente ao subtrair recursos dos seus hospedeiros. Embora esses comportamentos sejam elucidados em trabalhos científicos e bibliografias especializadas, ainda é evidente, até mesmo entre profissionais da área ambiental, o equívoco, e sua replicação, de generalizar as epífitas como parasitas. Portanto, o objetivo deste breve manuscrito é esclarecer da forma mais simples possível como se comportam os vegetais epífitos e os parasitos.
Palavras-chave: Holoepífitos; Hemiepífitos; Holoparasitos; Hemiparasitos.
- INTRODUÇÃO
Um dos erros mais frequentes verificados sobre classificação ecológica das plantas, cometido até por alguns profissionais da área ambiental, é o enquadramento dos vegetais epífitos na categoria de parasitos.
Esse equívoco, muitas vezes detectados até em dublagens de documentários ecológicos que pontualmente comentam a respeito de plantas que usam outras como suportes, provavelmente seja decorrente da limitada quantidade e dificuldade de acesso as referências bibliográficas que se dedicam a disponibilizar um capítulo exclusivo sobre as diferentes categorias ecológicas das plantas e suas características peculiares que permitem separá-las em grupos específicos.
Diante desse tradicional impasse, o objetivo deste manuscrito é descrever, resumidamente, aspectos conceituais e algumas das principais características que permitem separar esses dois grupos de plantas encontradas, sobretudo, em ecossistemas tropicais desempenhando papel relevante no contexto da comunidade.
- DESENVOLVIMENTO
- Epifitismo
Derivado de epífita, termo proposto por Charles-François Brisseau de Mirbel, em 1815, no trabalho Éléments de physiologie et de botanique, para indicar “planta que vive sobre outra” (epí = em cima de, sobre; phyto = planta); o epifitismo se enquadra como relação interespecífica do tipo inquilinismo, onde um vegetal cresce e se desenvolve na estrutura de outro, denominado de forófito (foro = sustentar, apoiar; phyto = planta), sem ocasionar, nesse caso, danos, uma vez que não emite estruturas apressoriais ou haustoriais, cuja função, além da fixação, é absorver ou “sugar” seiva. Logo, todos os vegetais epífitos, por não retirarem recursos alimentares, ou seja, nutrientes (Nadkarni, 1994), são independentes dos forófitos, usando-os apenas para, estrategicamente, posicionarem-se no sentido de captar, sobretudo, luz solar e umidade adequada para a sobrevivência.