Vantagens E Desvantagens Dos Alimentos Orgânicos Para O Consumo Humano
Por José Robério de Sousa Almeida | 26/09/2008 | ArteAna Cecília Chaves Mourão1; José Robério de Sousa Almeida2
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[1] - Graduando em Ciências Biológicas, UECE/ FAFIDAM, Limoeiro do Norte - Ceará;
[2] - Professor do curso de Ciências Biológicas, UECE/ FAFIDAM, Limoeiro do Norte - Ceará.
1.INTRODUÇÃO
Alimento orgânico ou natural são alimentos cultivados sem uso de agrotóxicos sintéticos, adubos químicos, fertilizantes solúveis, hormônios, sulfas aditivos de rações animais, drogas veterinárias convencionais e demais produtos elaborados sinteticamente, tendo como uso os fertilizantes orgânicos e controle naturais contra insetos e ervas daninhas.
Os sistemas orgânicos de produção são alternados para o cultivo dos alimentos no qual são utilizados de acordo com a rotação de culturas, consorciação de plantas, controle biológico para manejo de pragas e doenças, cobertura do solo, aproveitamento do resto de lavouras, de estercos animais, de leguminosas, de adubos verdes e de resíduos orgânicos, buscando interação de forma equilibrada entre o homem, o planeta, a água, os seres vivos e a natureza.
Segundo Digest (1998, p. 40): "A noção de alimento nutritivo produzido por métodos naturais atrai os consumidores preocupados como os efeitos sobre a saúde de pesticidas, hormônios de crescimento, antibióticos e outros produtos químicos sintéticos usados por agricultores."
Digest (1998) explica que os benefícios dos alimentos orgânicos para o consumo humano compreendem o movimento em direção a uma alimentação saudável que esta crescendo. Há poucos anos, os alimentos orgânicos só podiam ser encontrados em lojas de produtos naturais ou em mercados e feiras de pequenos agricultores. Hoje todos os gêneros alimentícios desde carne, frango e ovos caipiras, a legumes, verduras e frutas, alem de vinhos, são comercializados junto com produtos convencionais em supermercados e lojas de produtos alimentares.
São vantagens também dos alimentos orgânicos, os métodos naturais de agricultura, pois restauram os nutrientes do solo; os produtos animais não têm resíduos de hormônios antibióticos por serem criados em um ambiente natural, sua qualidade é superior a de alimentos convencionais; a genética da planta, o clima, a irrigação e a época da colheita têm um impacto muito maior no conteúdo nutricional do que o tipo de fertilizante usado; são mais saborosas as frutas e legumes orgânicos; a carne de galinha, porco e boi produzem uma carne mais magra e mais saborosa em comparação com os criados industrialmente; são menores as chances de conterem pesticidas, corantes e outros produtos químicos. Existem também outras vantagens, por exemplo, o fato de que os selos de certificação (Figura 1) tornam a produção orgânica tecnicamente mais eficiente, à medida que exige planejamento e documentação criteriosos por parte do produtor. Outra vantagem é a promoção e a divulgação dos princípios norteadores da Agricultura Orgânica na sociedade, fornecendo ao produtor o conhecimento dos adubos orgânicos para facilitar o cultivo orgânico de uma horta (Tabela 1) ao mesmo tempo colabora para o crescimento do interesse pelo consumo de alimentos orgânicos.
Por controvérsia os alimentos orgânicos entram em desvantagens em termos de sua produção e consumo humano em comparação aos alimentos tradicionais por terem uma produtividade menor e custos mais caros; por deteriorizarem mais rapidamente e podendo apresentar doenças naturais como vírus e fungos potencialmente prejudiciais aos seres vivos e por alguns possuírem mensagens promocionais confusas e ambíguas em loja de alimentos orgânicos. As frutas e legumes tendem a ser menores e podem apresentar manchas na casca devido a ataques de insetos e a cor pode não ser uniforme e tão intensa quanto a alcançada através da utilização de corantes ou ceras.
Conforme Digest (1998, p. 41): "Alguns alimentos naturais colocam a saúde em grande risco e devem ser evitados, por exemplo, leite e derivados não pasteurizados podem abrigar organismos que causam tuberculose e outras doenças graves."
O objetivo desse trabalho foi conhecer os alimentos orgânicos no que diz respeito às vantagens e desvantagens desses alimentos para o consumo humano; destacar os principais adubos orgânicos para o seu cultivo e conhecer alguns selos de certificação dos produtos orgânicos.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada por meio da leitura de revisão literária do livro alimentos saudáveis, alimentos perigosos: guia prático para uma alimentação saudável, por dados obtidos na agenda do produtor rural do Banco do Nordeste e através da pesquisa na internet.
As figuras dos selos de certificação dos alimentos orgânicos foram tiradas através de imagens pela internet.
A tabela dos principais adubos orgânicos foi extraída da agenda do produtor rural.
3. RESULTADOS
O selo de certificação (Figura 1) de um produto orgânico identifica a procedência do alimento e garante ao consumidor a certeza de estar levando para a casa um produto isento de contaminação química. Garante também que esse produto é o resultado de uma agricultura capaz de assegurar qualidade do ambiente natural, qualidade nutricional e biológica de alimentos e qualidade de vida para quem vive no campo e nas cidades.
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ABIO |
ACS |
ANC |
APAN |
BCS |
CHÃO VIVO |
CMO |
COOLMÉIA |
É de grande importância a certificação para o mercado de orgânicos, pois além de permitir ao agricultor orgânico diferenciar e obter uma melhor remuneração dos seus produtos protege os consumidores de possíveis fraudes.
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ECOCERT |
FVO |
IBD |
IMO |
MINAS |
OIA |
SAPUCAÍ |
SKAL |
TECPAR |
Figura 1. Principais selos de certificação que garantem ao consumidor a certeza de estar levando para casa produtos orgânicos.
Os adubos orgânicos (Tabela 1) esclarecerem ao produtor ou qualquer pessoa que preferem cultivar a sua própria horta como utilizá-lo da melhor forma a fim de conhecer a natureza benéfica de cada um tanto para os nutrientes do solo quanto para as plantas e animais.
Tabela 1. Os principais adubos orgânicos para cultivar a horta.
NOME DO ADUBO |
CARACTERÍSTICA/ COMPOSIÇÃO |
Palhas |
São resíduos de plantas que entram em senescência; são bons reservatórios de potássio; as palhas de gramíneas incorporadas ao solo melhoram suas propriedades físicas e biológicas, por isso são recomendadas no preparo inicial de solos desgastados; as palhas de leguminosas são mais ricas em nutrientes minerais que as de gramíneas, se decompõem muito rapidamente, sendo boa fonte de nitrogênio. |
Serragem e maravalha |
A composição química da serragem e da maravalha (lâminas muito finas de madeiras) é a mesma da madeira que as originou, geralmente muito rica em energia e pobre em nitrogênio; ricas em lignina (contrastando com as palhas); não são aconselhadas para cobertura morta, pois tendem a formar blocos quando molhadas. |
Esterco de aves |
As aves não produzem urina, por isso, seu esterco é mais rico em nitrogênio que o de ruminantes ou suínos; o esterco de frangos galinhas é rico em nitrogênio e fósforo, mas pobre em celulose, por isso sua decomposição é rápida, liberando-se em poucos dias a maior parte dos nutrientes; em culturas de ciclo longo, o seu aproveitamento tende a ser maior em cobertura do que como adubação. |
Esterco de ruminantes |
O conteúdo de nitrogênio do esterco dos animais a pasto é menor d que com suplementação animal; a maior parte do esterco disponível pode ser usado curtido, compostado ou cru; o curtimento do esterco é seu envelhecimento sob condições não controladas; a compostagem é um aperfeiçoamento do curtimento natural, podendo-se adicionar palhas e outros resíduos vegetais; os estercos curtidos ou compostos são usados como adubo, variando entre 20t/ha e 40t/ha. |
Esterco de suínos |
Como os ruminantes, os suínos separam a urina das fezes; pela natureza de sua alimentação, as fezes são mais ricas em nutrientes e mais pobres em matéria orgânica que as dos ruminantes. A matéria orgânica presente é de decomposição rápida, portanto, o esterco de suíno é mais um alimento para a planta que para o solo. |
Adubos verdes |
A escolha do adubo verde deve ser feita buscando-se especialmente: 1) a máxima produção de biomassa; 2) o balanço de N, e 3) controle de pragas, doenças e invasoras. Quanto ao manejo do adubo verde, a época de corte e sua incorporação (ou não) dependem do objetivo visado. Quando o objetivo é aumentar o teor de húmus no solo, é preciso aumentar a massa de raízes e a quantidade de material orgânico sobre o solo. |
Húmus de minhoca |
As minhocas são criadas em canteiros sobre composto previamente preparado; com o tempo; o material desses canteiros é peneirado. O produto que fica é o húmus de minhoca. A minhoca transforma tudo que devora em um rico adubo. Além disso, movimentando-se na terra, ela melhora a circulação de água e ar dos terrenos. Os excrementos das minhocas aumentam de 3 a 11 vezes a quantidade de P assimilável e de K e Mg trocáveis no solo e elevam, ainda, de 5 a 10 vezes o teor de nitrato e de 30% o de Ca, diminuindo a acidez do solo. |
"Coquetel" |
Uma consorciação de gramíneas e leguminosas para adubação verde (milho, guandu, mucuna-preta, labe-Iabe, calopogônio, feijão-bravo, feijão-de-porco, girassol etc.); as sementes são misturadas em um recipiente e, após preparo do solo, semeadas a lanço numa densidade de 100 quilos por hectares; não precisa fazer adubação nem capina; a diversidade de plantas estimula ao máximo a reciclagem dos nutrientes disponíveis. |
Farinha de Rocha |
Nome dado às rochas moídas ou trituradas para uso agrícola; recupera os solos empobrecidos, desequilibrados e que perderam seus constituintes minerais; as melhores rochas para fazer recuperação de solos são as básicas: ricas em minerais ferromagnesianos e em micronutrientes de grande valor para os solos, plantas e animais. Ex.: MB-4, |
4. CONCLUSÃO
Com a realização da pesquisa, observou-se que a demanda dos consumidores pelos alimentos orgânicos está cada vez maior devido a preocupação com a saúde; a proteção do meio ambiente; a busca de sabor e frescor nos alimentos consumidos que tem qualidade superior a dos alimentos convencionais. Nesse sentido a variedade dos produtos orgânicos também aumentou, podendo ser encontrados em lojas de produtos naturais, mercados e feiras de pequenos agricultores. As seguranças dos alimentos naturais de origem animal e vegetal garantem através dos selos de certificação o esclarecimento a todos os consumidores e os motiva para juntar-se ao crescente número de pessoas que estão redescobrindo as recompensas do cultivo de alimentos em sua própria horta.
5. REFERÊNCIAS
DIGEST, R; ALIMENTOS SÁUDAVEIS, ALIMENTOS PERIGOSOS. 1ª ed. Londres, Inglaterra: Editora by The Reader's Digest Association Limited, 1998. 400p.
EQUIPE PLANETA ORGÂNICO; Quem certifica, [online]. Disponível em: http://www.planetaorganico.com.br/qcertif.htm, acesso em 02 de agosto de 2008.
MOACIR, Darolt; O consumidor de produtos orgânicos, [online]. Disponível em: http://www.consumidororganico.hpg.ig.com.br/, acesso em 02 de agosto de 2008.
NORDESTE, B.; Banco do Nordeste: Agenda do Produtor Rural; Editora Célula de Produção Gráfica, 2008. 271p.