Uso de Cocaína na Gravidez

Por cristina cruz rustichelli | 29/09/2013 | Cursos

Uso de Cocaína na Gravidez.

Autoras : Cristina Rustichelli e Taiana Viana

O processo gestacional é um período vivenciado e idealizado pelamulher no qual há o crescimento e desenvolvimento fetal, tendo a gestante um vínculo eterno com seu feto, começando pela ligação entre o cordão umbilical e posteriormente pelo laço de amor entre mãe-bebê.

A exposição da gestante ao consumo das drogas ilícitas, em especial a cocaína, é um problema que atinge o mundo inteiro e que merece total atenção pela equipe de saúde, pois este consumo desenfreado da cocaína pela população obstétrica causa complicações tanto para a gestante quanto para o feto, sendo essas complicações multifatoriais.

Para Silva e Tocci (2002, p. 52):

A administração de um agente químico durante a gravidez, mesmo com finalidade terapêutica, pode provocar alguma alteração no equilíbrio gestacional. Qualquer droga ou substância química administrada a gestante é capaz de cruzar a placenta (esse transporte placentário começa a partir da quinta semana) a menos que ocorra alguma destruição ou alteração na sua composição. A integração (droga – feto) pode resultar em uma maior ou menor exposição dos órgãos conceptuais a estas substâncias. A própria droga e seus produtos de metabolização podem perturbar o bom desenvolvimento embrionário ou fetal podendo levá-lo a morte ou a alterações importantes.

  OS EFEITOS COLATERAIS CAUSADOS PELO CONSUMO DA COCAÍNA NA GESTANTE

Padrão Alimentação

Os efeitos colaterais decorrentes do consumo da cocaína pela gestante, a nível alimentar, são a perda do apetite, resultando na perda de peso e posterior anorexia.

A alimentação da gestante é um fator muito importante para o bom desenvolvimento da gestação, pois tudo o que é ingerido pela gestante vai, consequentemente, para o feto por via placentária. Por isso para que o feto tenha uma boa condição de saúde a gestante deve seguir as orientações relativas à sua alimentação. Mas ao entrar em contato com a cocaína, essa gestante passa a desenvolver quadro de anorexia, com perda de apetite e perda de peso, prejudicando o bem-estar dela e do seu feto devido à diminuição do aporte de nutrientes e da deficiência vitamínica.

A anorexia é um distúrbio alimentar que pode ser desencadeado devido a vários fatores, dentre eles está o consumo da cocaína, pois esta droga provoca alterações neuroquímicas cerebrais, especialmente nas concentrações de serotonina e noradrenalina, levando a paciente a alcançarem um grau extremo de desnutrição (Ministério da Saúde, 2004).

Segundo Siqueira e Fabri e Fabri (2011), por ter um efeito anorexígeno, as gestantes que consomem a cocaína acabam por desenvolver uma desnutrição severa devido a supressão do apetite, resultando na redução do porte de nutrientes para o feto.

Para Kolling et al. (2007), o consumo da cocaína pode acarretar muitas complicações para o organismo de quem a utiliza, dentre eles destaca-se a perda de peso com deficiências vitamínicas.

Padrão Cardiovascular

A cocaína é responsável por inúmeros efeitos colaterais a nível cardiovascular. Pois ao atuar diretamente no SNC, a droga passa a circular por tudo o corpo da gestante atuando no sistema cardiovascular, causando com isso a hipertensão arterial, taquicardia, dissecção da aorta e vasoconstricção, arritmias cardíacas, angina, dor torácica, IAM e trombose.

A hipertensão arterial e a taquicardia decorre do consumo da cocaína que aumenta a liberação e diminui a captação neuronal da noradrenalina provocando desta forma o aumento na pressão arterial e na frequência cardíaca (Plavnik, 2002).

De acordo com Siqueira e Fabri e Fabri (2011), o consumo da cocaína durante a gestação está associado com a hipertesão arterial e a taquicardia materna.

A dissecção da aorta e a vasoconstricção é um problema cardiovascular muito delicado e sério. A dissecção da aorta consiste em um rasgo na parede da artéria aorta que se não for realizado o atendimento adequado e a tempo pode levar à morte rapidamente. O mecanismo de dissecção da aorta pelo consumo da cocaína ainda não é bem esclarecido, mas sabe-se que essa patogênese acomete as usuárias da droga (Rigou et al., 1997).

Rodríguez et al. (2007) diz que a cocaína é responsável pelas alterações cardiovasculares denominadas hipertensão arterial, dissecção da aorta e vasoconstricção, este último se desenvolve mediante ao estímulo que a cocaína exerce nos receptores α-adrenérgicos.

O efeito da cocaína nas artérias coronárias é de promover uma potente vasoconstricção, estreitando as artérias e causando a diminuição da perfusão coronária, podendo causar quadros de arritmias cardíacas e IAM (Plavnik, 2002).

As arritmias cardíacas são perturbações que alteram o ritmo ou a frequência dos batimentos cardíacos. Elas podem ter várias causas, sendo importante para este estudo o consumo da cocaína. É um problema que pode levar a morte.

O consumo da cocaína associado às arritmias cardíacas que na maioria dos casos são transitórias, resolvendo após a completa metabolização da substância e de seus metabólitos. O potencial arritmogênico da cocaína acontece através da indução de um estado normal para hiperadrenérgico, podendo produzir ou exacerbar arritmias (Rodríguez et al., 2007).

A angina de peito ou angina pectoris é uma dor no peito em decorrência do baixo abastecimento de oxigênio (isquemia) ao músculo cardíaco. Esse evento está associado a vários fatores, em especial ao consumo da cocaína. O aumento na frequência cardíaca e na pressão arterial pode ser acompanhado por dor precordial do tipo isquêmico decorrente da vasoconstricção coronariana (Plavnik, 2002).

Pereira et al. (2010) diz que os dependentes da cocaína tem um risco maior de apresentar angina e lesões vasculares isquêmicas tais como a vasoconstricção.

A dor torácica é um sintoma que pode ser atribuído a diversas complicações, mas é mais frequente após o consumo da cocaína. Tal consumo efetuado de forma regular aumenta consideravelmente os riscos de IAM que consiste em um processo de necrose de parte do miocárdio devido à falta de aporte de nutrientes e oxigênio.

O IAM é um evento raro na gestação, porém quando há o consumo da cocaína pode vir a acontecer. Quando acomete a gestante é frequentemente no terceiro trimestre da gestação, estando relacionado ao aumento do consumo de oxigênio pelo músculo cardíaco devido à ação da cocaína no SNC, com o aumento da contratilidade e frequência cardíaca, associada a uma elevação da pressão arterial devido ao efeito vasoconstritor da droga. Estes efeitos vão originar uma maior necessidade de oxigênio para o miocárdio, uma vez que há a redução do fluxo sanguíneo coronariano por um período suficiente que desencadeie um IAM (Tedoldi, 2005).

Bosch et al. (2010) diz que os pacientes que consomem a cocaína podem apresentar dor torácica e por consequência vir a desencadear um IAM.

As complicações cardiovasculares por consumo desenfreado da cocaína incluem as arritmias cardíacas, angina e IAM, sendo as arritmias e o IAM as principais causas de morte associada a essa droga (Ríos e Rubio e Valenzuela, 2008).

A cocaína apresenta também efeitos trombogênicos, promovendo a ativação e agregação das plaquetas, aumentando a deposição de fibrina, provocando alteração dos fatores de coagulação e disfunção endotelial, predispondo assim a formação de trombos (Rodríguez et al., 2007).

Segundo Tedoldi (2005), a trombose poderia estar associada ao estado de hipercoagulabilidade fisiológica da gestação ou à concomitância de uma hipercoagulabilidade prévia, porém, quando a gestante é usuária da cocaína, esta droga promove o aumento da agregação plaquetária formando os trombos.

A cocaína desenvolve efeitos colaterais graves que podem conduzir a morte, sendo eles: vasoconstricção, dor no peito e aumento da frequência cardíaca (Contreras et al., 2010).

Padrão Complicações Obstétricas

As complicações obstétricas decorrentes do consumo da cocaína acarreta consequências não só para a gestante, mas também para o feto. Os efeitos colaterais deste padrão são: contratilidade uterina anormal e vasoconstricção uterina com redução do fluxo sanguíneo para o útero.

Segundo Rezende (2005 apud LOPES e ARRUDA, 2010, p. 81), “a placenta humana é um dos anexos embrionários constituída por uma fina camada de células trofoblásticas que separa os vasos sanguíneos maternos e fetais, favorecendo as trocas entre os dois sistemas circulatórios”. Sendo assim, a vasoconstricção uterina com redução do fluxo sanguíneo para o útero acontece na gestante, mas acomete também o feto pela diminuição do fluxo placentário.

O consumo da cocaína pela gestante causa alterações na fisiologia materna. De acordo com Siqueira e Fabri e Fabri (2011), o funcionamento normal da gestação é alterado pelo consumo da cocaína que faz com que a gestante passe a desenvolver vasoconstricção que leva a diminuição do fluxo sanguíneo uterino e a contratilidade uterina anormal.

A cocaína é capaz de causar efeitos colaterais graves para o binômio mão-feto, pois sua ação vasoconstrictora diminui em 40% o fluxo sanguíneo uterino e acaba por favorecer a contratilidade uterina anormal, desencadeando inúmeros problemas para o desenvolvimento fetal (Silva e Tocci, 2002).

Padrão Mental

Os efeitos colaterais que a cocaína provoca nas gestantes, a nível mental são: euforia, agitação psicomotriz, disforia, insônia, ansiedade, irritabilidade, alucinações, delírios, psicose, paranoia, depressão e tentativa de suicídio.

A ação da cocaína no cérebro provoca a sensação de prazer, ansiedade, poder absoluto e grandiosidade perante a vida e a todas as pessoas. Porém ao aumentar e consumir frequentemente a droga, esta aumenta seus efeitos e passando a ser ruins, dentre eles destacam-se a paranoia (sensação de perseguição) exacerbada vendo inimigos em todos os lugares, alucinações, delírios e depressão (SENAD, 2011).

Para Glauser e Queen (2006), os principais efeitos psicológicos e psiquiátricos decorrentes do consumo da cocaína são a euforia, agitação psicomotriz, insônia, irritabilidade, ansiedade e a psicose.

O consumo prolongado da cocaína pode provocar insônia, irritabilidade, depressão, paranoia, alucinações, delírios, além do transtorno psicótico, esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e transtorno de personalidade (anti-social) (Kolling et al., 2007).

Segundo Montalvo e Lorea (2007), as complicações psiquiátricas desenvolvidas a partir do consumo da cocaína, a longo prazo, é o transtorno de personalidade e os efeitos colaterais decorrentes desse abuso da droga são depressão, disforia e tentativa de suicídio.

De acordo com Orsi e Oliveira (2006), as dependentes da cocaína apresentam um nível de ansiedade e depressão.

Os transtornos mentais podem ser decorrentes do consumo abusivo da cocaína, fazendo com que a usuária apresente como efeitos colaterais deste consumo disforia, irritabilidade, depressão, pensamentos suicidas, levando-as as tentativas de suicídio (Lopes e Coutinho, 1999).

 Padrão Muscular

 Quando há o consumo da cocaína pela por qualquer usuária, em especial a gestante, há a impregnação, rigidez, paralisia e posterior deterioração da musculatura corporal. Além desses efeitos colaterais propiciados pela cocaína, há também a ocorrência dos movimentos involuntários de alguns músculos (“tics”) que aparece como um efeito que é rapidamente associado à desorganização causada pela droga no SNC da usuária.

De acordo com Kolling et al. (2007), a cocaína quando é consumida cronicamente pode vir a acarretar na usuária desordens motoras (“tics”) da musculatura do corpo, em especial, músculos do rosto, podendo ocorrer posteriormente a rigidez e paralisia muscular.

A rabdomiólise consiste no comprometimento da musculatura esquelética decorrente da lesão do tecido muscular, ou seja, o músculo esquelético é danificado pela ação da cocaína que atua de duas formas: diretamente nos miócitos ou através da isquemia muscular secundária à vasoconstricção devido ao bloqueio pré-sináptico da dopamina e da noradrenalina (Rodríguez et al., 2007).

 Padrão Neurológico

 A cocaína por atuar diretamente no SNC da gestante é responsável por causar vários efeitos colaterais dentre eles destacam-se a hipertermia, cefaleia, midríase com visão borrada, hemorragia intracraniana, convulsões e AVC que podem levar a morte da usuária.

Para Carlini et al. (2001), após o contato com a droga, o SNC fica superestimulado aumentando os riscos de convulsões e AVC. Além desses efeitos colaterais há também a dilatação das pupilas (midríase) e hipertermia.

A hemorragia intracraniana e o AVC são os efeitos colaterais mais graves, a nível neurológico, decorrentes do consumo da cocaína. Estes efeitos acontecem devido ao rápido aumento da pressão arterial após a administração da droga, juntamente com a auto-regulação cerebral deficiente, podendo precipitar hemorragia espontânea. Já a convulsão, quando ocorre com frequência, pode evoluir para o estado de mal epitético, podendo levar a morte quando associado à hipertermia e a hemorragia cerebral (White e Lambe, 2003).

Plavnik (2002) diz que a cocaína atua como vasoconstritor causando AVC, hemorragia intracraniana, hipertermia, cefaleias. A hipertermia ocorre devido ao estreitamento que possibilita as crises adrenérgicas no organismo da usuária levando ao aumento da temperatura corporal após o consumo.

Segundo Kolling et al. (2007) e Rodríguez et al. (2007), a cocaína é responsável pelos seguintes distúrbios neurológicos: AVC, convulsões, cefaleia e hemorragia intracraniana.

 Padrão Respiratório

 Os efeitos colaterais decorrentes do consumo da cocaína, a nível respiratório, são: dificuldade respiratória podendo evoluir para uma insuficiência respiratória, crise asmática, edema pulmonar, hemorragia alveolar difusa, bronquite e bronquiolite.

A cocaína vem causando graves problemas pulmonares resultando numa deficiência nas trocas gasosas e na difusão do monóxido de carbono (CO) que, associado ao desenvolvimento de um edema pulmonar seguido de hemorragia pulmonar pode deixar a usuária da droga em uma situação de saúde grave (ABP, 2006).

A dificuldade respiratória vivenciada pela usuária após o consumo cocaína é um período de sensação ruim que pode evoluir para uma insuficiência respiratória, ou seja, quando o sistema respiratório faz a troca de gases de forma inadequada devido ao efeito da cocaína no organismo da gestante. Isto faz com que os níveis de oxigênio e dióxido de carbono arteriais não sejam normais.

Segundo Carlini et al. (2001), as complicações pulmonares mais associadas ao consumo da cocaína são o crise asmática, edema pulmonar, hemorragia alveolar difusa, bronquite e bronquiolite.

Para Boghdadi e Henning (1997 apud GAZONI et al., 2006), pode ocorrer edema pulmonar de causas cardiogênica ou não cardiogênica. A não cardiogênica acontece devido à ação direta da cocaína aumentando a permeabilidade endotelial capilar. Já a cardiogênica decorre a partir da falência do ventrículo esquerdo, ocasionada pelo aumento da resistência vascular periférica e pela incapacidade de manter um débito cardíaco adequado devido aos efeitos simpáticos da droga.

O consumo da cocaína é responsável por causar insuficiência respiratória, crises asmáticas e edema pulmonar (Rodríguez et al., 2007).

 EFEITOS COLATERAIS CAUSADOS PELO CONSUMO DA COCAÍNA NO FETO

 Padrão Complicações Perinatais

 As complicações perinatais decorrentes do consumo da cocaína são graves no que diz respeito à manutenção do bem-estar do feto na vida intrauterina, sendo DPP, trabalho de parto prematuro, aborto espontâneo, redução do fluxo sanguíneo placentário, retardo de crescimento fetal, malformações congênitas e morte uterina os efeitos colaterais desta droga.

Para Ramírez et al. (2000), a cocaína produz várias complicações entre elas estão aborto espontâneo, DPP e morte fetal. Quanto ao crescimento fetal (retardo de crescimento fetal) ocorre em grande parte devido redução do fluxo sanguíneo placentário com aos distúrbios de oxigenação fetal.

As malformações congênitas são um dos efeitos colaterais mais graves para o feto, pois ele fica com seu desenvolvimento gestacional incompleto devido a presença da cocaína no organismo da gestante que age de forma intensa no metabolismo e no crescimento do feto.

Lopes e Arruda (2010) diz que a exposição da gestante à cocaína pode levar a mesma a adquirir complicações perinatais, destacando-se a redução do fluxo sanguíneo útero-placentária na qual repercute no retardo de crescimento intrauterino, DPP, abortamentos, partos prematuros, morte uterina e as malformações congênitas do sistema geniturinário e cerebral (microcefalia).

As complicações mais comuns ocorridas em gestantes usuárias da cocaína são o DPP o qual ocorre à redução na produção de Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG) levando a um risco maior de abortamento espontâneo entre 20-24 semanas, malformações congênitas em diversas estruturas do organismo (cardiovascular, cerebral e visual), retardo de crescimento intrauterino, trabalho de parto prematuro e vasoconstricção com redução de 40% do fluxo sanguíneo placentário causando hipoxemia no feto (Silva e Tocci, 2002).

De acordo com Rodríguez et al. (2007), a cocaína consumida pela gestante é responsável por provocar complicações graves dentre elas estão a DPP, o aborto espontâneo, o parto prematuro, as anormalidades congênitas e o retardo de crescimento fetal.

O consumo da cocaína faz com que haja a vasoconstricção com consequente diminuição da chegada de oxigênio e nutrientes para a placenta ocasionando vários problemas no desenvolvimento fetal, além do aborto espontâneo, DPP, trabalho de parto prematuro, retardo de crescimento intrauterino e as malformações congênitas (Siqueira e Fabri e Fabri, 2011).

A cocaína tem efeitos prejudiciais sobre a gravidez, independentemente da via de administração. O feto acaba por sofrer sérias complicações decorrentes do consumo desta droga pela gestante, pois a cocaína apresenta um poderoso efeito vasoconstritor que faz com que haja a redução do fluxo sanguíneo placentário, parto prematuro e morte fetal. A desnutrição geralmente presente na gestante usuária da droga afeta de forma direta no crescimento fetal e a combinação entre o trabalho de parto prematuro e o retardo de crescimento intrauterino é muito comum nos fetos dessas gestantes (Ochoa e Peñuñuri, 2010).

 Padrão Neurológico

 Os efeitos colaterais decorrentes do consumo da cocaína pela gestante acometem vários compartimentos do organismo dela e do feto, mas o principal deles é o SNC, pois este é o grande responsável pelo controle e comando de todo o organismo.

As intercorrências resultantes da droga estão diretamente relacionadas ao estágio de desenvolvimento do SNC, sendo assim, a ocorrência das hemorragias intracranianas sub-aracnoideanas, sub-epiridimarias, intraventriculares, as lesões cavitárias de gânglios da base, lobos frontais e fossa posterior e o infarto cerebral depende do momento em que o feto é exposto à ação da cocaína.

Segundo Volpe (1992), há um grupo de lesões que acomete o SNC do feto exposto à droga que são as lesões destrutivas, ou seja, os infartos cerebrais que ocorrem principalmente na região da artéria cerebral média, além das lesões cavitárias e as hemorragias intracranianas, sub-aracnoideanas, sub-epiridimarias e intraventriculares.

Para Siqueira e Fabri e Fabri (2011), a vasoconstricção causada pela cocaína é responsável pela ocorrência de infartos cerebrais e hemorragias intracranianas, sub-aracnoideanas, sub-epiridimarias e intraventriculares.

As lesões cerebrais dos fetos expostos à cocaína são graves e podem comprometer todo o desenvolvimento gestacional, dentre essas lesões destacam-se o infarto cerebral e as lesões cavitárias de gânglios da base, lobos frontais e fossa posterior (Lopes e Arruda, 2010).

 Padrão Respiratório

 A cocaína é responsável pela redução do aporte de oxigênio para o feto. Isto ocorre devido à vasoconstricção materna e fetal, fazendo com que o feto passe a desenvolver um desequilíbrio de gases levando a sérios efeitos colaterais, dentre eles a hipoxemia, asfixia e acidose fetal que podem resultar na morte fetal.

Rezende (2005 apud LOPES e ARRUDA, 2010) diz que a hipoxemia consiste na baixa concentração de oxigênio no sangue arterial. Já a acidose fetal tem sido definida como pH < 7,20 no sangue de artéria umbilical. O mecanismo que faz com que haja esses dois efeitos colaterais no feto começa quando a cocaína consumida pela gestante atinge diretamente a vasculatura fetal, desencadeando a vasoconstricção, assim, com a diminuição do fluxo sanguíneo uterino começam a surgir problemas secundários, são eles: insuficiência útero-placentária, hipoxemia e acidose fetal.

A hipoxemia fetal é agravada pela anemia, hipertermia e acidose maternas. O consumo da droga durante a gestação está associado também à hipertensão arterial, taquicardia e vasoconstricção que acarreta na redução do fluxo sanguíneo, com possibilidade de desenvolver hipoxemia e asfixia fetal (Tedoldi, 2005).

Segundo Ochoa e Peñuñuri (2010), o consumo da cocaína está diretamente relacionado à ocorrência de redução do aporte de oxigênio e asfixia fetal.

Lidar com a temática o consumo da cocaína durante a gestação não é uma tarefa fácil. O enfermeiro deve ter uma visão ampla sobre o assunto para poder prestar uma assistência de qualidade a essas gestantes usuárias da cocaína, pois a enfermagem é uma profissão que tem como foco o cuidado ao ser humano seja de forma individual ou coletivo, realizando ações de promoção de saúde, prevenção de doenças, reparação e reabilitação da saúde.