Usina hidroelétrica no Rio Tapajós. Loucura ou lezeira total?

Por Romão Miranda Vidal | 26/05/2012 | Crônicas

USINA HIDROELÉTRICA NO RIO TAPAJÓS. LOUCURA OU LEZEIRA TOTAL?

Na surdina como ladrão que age na calada da noite, para roubar algo precioso, sem que ninguém saiba, mesmo pertencendo a um bando de facínoras, o governo brasileiro tenta desesperadamente, uma ação silenciosa, qual câncer que se atinge vários órgãos via metástase, ao planejar a construção de mais uma usina na bacia amazônica.

Desta feita agiu em silêncio e pressionou órgãos ambientais ligados ao governo federal a autorizar estudos iniciais, para a construção da hidroelétrica no rio Tapajós. Vamos entender como estudos iniciais o Plano de Trabalho, que se encarregará da coleta ou do estudo estatístico. No mês de abril o IBAMA autorizou a abertura de uma picada de 33,5 quilômetros para coleta dos elementos da biodiversidade. Como se pode mensurar a biodiversidade em uma área de 33.500 metros lineares por 1,5 metros de largura? Provavelmente com auxílio de cálculos matemáticos.

O governo federal pretende matar o rio Tapajós. Estudos indicam a construção de cinco (5) usinas. As duas primeiras Jatobá e São Luiz do Tapajós.

Usou o governo mão da Medida Provisória 558 de 6 de janeiro e alterou as reservas legais, reduzindo suas áreas para facilitar o escoamento das águas que serão represadas.

Este tipo de ação, que beira o desespero do governo federal, em acelerar todos os procedimentos, cobrando agilidade, pressionando o IBAMA para que libere o mais rápido possível as Licenças Ambientais, para que no encerrar do ano de 2013 promova o leilão da primeira hidroelétrica do Tapajós é algo estranho no ar.

Para os entendidos em política esta é a grande estratégia política do PT, para angariar contribuições aos candidatos a cargos majoritários.

A grande pergunta que a Geologia deverá responder. Esta coleção de água represada, para a construção da usina de São Luiz em uma área de 722,22 quilômetros quadrados irá ou não afetar as camadas inferiores do solo amazônico. Para os ambientalistas a somatória das cinco (5) usinas causará que tipo de dano ambiental. Quais as conseqüências em termos climáticos, uma vez a somatória final será de 2.000 quilômetros quadrados a serem inundados. E a ictio-fauna? Na bacia de influência do rio Tapajós, existem espécies de peixes endêmicas e a construção das cinco (5) represas simplesmente contribuirá para a sua extinção, dando lugar a peixes de águas fundas.

E vem a grande pergunta final.

Será este o preço a ser pago pela Natureza, para que em nome do progresso, faça-se uso desta matriz energética, que em nada irá contribuir para o macro desenvolvimento regional? E mesmo que o fosse com a construção de indústrias na área de influência do complexo Hidroelétrico do Tapajós, quais as matérias primas ou quais os Arranjos Produtivos Locais que existe ou existirão?

É uma forma escamoteada do governo federal instigar empresas nacionais e internacionais a participarem deste leilão no final de 2013, para que as vencedoras, contribuam para o Caixa Dois do partido no poder.

Quanto as Reservas Legais, as etnias, a fauna, a flora, a ictiofauna serão colocados em último plano, pois existe o interesse maior de negar o direito da Natureza sobreviver.

Infelizmente esta é uma situação anômala que cabe a cada cidadã e cidadão deste Brasil tão agredido ambientalmente, tomar uma posição firme, obrigando o governo federal a desistir deste crime ambiental, com resultados duvidosos.