URUARÁ: CESTO DE FLORES

Por Djalmira Sá Almeida | 08/09/2010 | Adm

CESTO DE FLORES

Resumo:Pesquisa realizada sobre historia de Uruará, tendo como Fonte o livro "Uruará: memória do povo" do irmão lassalista Waldemar wollmann, escrito em dezembro 1994; e o livro "25 anos e presença lassalista no norte e nordeste do Brasil", do irmão Edgard Hengemule, FSC, da gráfica e editora La Salle ?canoas, RS -2000 e entrevistas com os primeiros pioneiros de Uruará. Trabalho de Comunicação e Expressão do Curso de Administração da Faculdade de Itaituba. Orientadora: Djalmira de Sá Almeida - EQUIPE: MÁRCIA IUNG BOHRY, JÚLIO CEZAR BOHRY,HELTON STORCH BOHRY,EDNA DOS SANTOS IUNG,RAYLANE DOS SANTOS RODRIGUES,BETHANIA SILVA FERREIRA.
Uruará, um município do estado do Pará, localizado ao longo da Rodovia Transamazônica, mais precisamente no km 180, no trecho entre os municípios de Altamira e Itaituba, surgiu a partir do PIN - Plano de Integração Nacional e do Projeto de Colonização do INCRA, na década de 70, onde para cá foram trazidos grandes números de migrantes de várias regiões do País. Uruará, palavra de origem indígena que significa "CESTO DE FLORES", pertence à mesorregião Sudoeste Paraense e à microrregião de Altamira.
Uruará, uma cidade vencedora, que ao longo dos seus quase 32 anos de vida já teve sua história marcada por vários acontecimentos históricos e personagens inesquecíveis, que por longos anos viveram ou ainda vivem em suas maravilhosas terras, exploradas e cobiçadas por muitos aventureiros
Em 1972 chegaram a Uruará os primeiros colonizadores, mas se passaram um, dois, três anos e nada acontecia o próprio INCRA desmatou apenas um hectare para construir quatro casas de moradia e um almoxarifado para atender seus agentes. Mas dois hectares foram desmatados para construir a nossa amada Escola Melvin Jones na época com apenas 185 alunos (Construída por Lions Internacional). A escola tinha como diretora a professora Zita Pfiz uma das lideres da comunidade, um grupo de pessoas, liderado por ela e outros funcionário da Escola Melvin Jones, que se julgavam com direitos começaram com o trabalho de medição e divisão da tão sonhada cidade. A construção das casas foi planejada e a primeira casa a ser construída foi a da Diretora Zita, pois ela e sua família ocupavam uma das poucas salas de aula da escola Melvin Jones. A partir da escola aumenta a atração de novos habitantes, visando à educação de seus filhos. Juntamente com o crescimento da cidade, cresceram também os entusiasmos de seus moradores em busca de maiores desenvolvimentos. Grupos organizados começam aparecer, a busca por melhorias se torna o objetivo árduo daquele povo. O sonho durou pouco, pois o INCRA pediu que parasse tudo e desocupassem as terras, todos se espantaram e obedeceram rapidamente, a única que não obedeceu foi a Zita Pfiz, que junto com irmão Waldemar wollmann lutou contra a decisão do INCRA, em 12 de outubro de 1978 o Sr. Odair Jerônimo Parvlashi, executor traz a liberação da área para executarem o que ali está. Sonho realizado nasce Uruará.
Ainda no final da década de 70, chegam a agrópolis Uruará, mais professores oriundos da instituição religiosa La Salles e outros que se fixaram e ingressou a luta educacional, implantando o ensino fundamental em Uruará.Tudo era difícil, transporte quase não tinha e se chovesse ficariam vários dias nas estradas de Altamira a Uruará, onde vinhas grande parte dos alimentos, combustíveis e medicamentos. Como em qualquer cidade, em Uruará não foi diferente aos poucos foram sendo instalados os comércios, farmácia, as associações, serrarias, posto de gasolina, tornando mais fácil a vida dos que aqui viviam As primeiras famílias receberam um salário do governo durante os seis primeiros meses, porque diziam que apos esse período o colono já deveriam ter produto para vender e consumir. Após esse período abandonados a própria sorte nos trabalhos. Entregue aos caprichos da natureza e suas determinação por vencer, tiveram muitas dificuldades principalmente com alimentação e moradia.
A primeira serraria a ser instalada em Uruará foi em 1978. Era do Senhor Francisco Milanski e família, após essa já tiveram varias que aqui se estabeleceram, podendo se disser que hoje é uma das fontes da economia do local e estendendo para a agricultura e pecuária.
Em 1979 Uruará ganha uma torre de telecomunicações, tanto para telefone como para televisão, tornando-se uma cidade comunicáveis ao resto do mundo. Decorridos mais dez anos chegaram às parabólicas e com isso ganhou ar de cidade grande, desde então Uruará, não parou mais de crescer, formou se cooperativas, as serrarias e vários órgão públicos se instalaram, povos de todos os cantos dos pais passaram a viver e admirar essa cidade vitoriosa que surgiu do nada. Já no inicio da década de 80 os ânimos estavam voltados para a emancipação política, pois não aceitavam mais ser rígidos pelo município de Prainha, devido a distancia e o não atendimento as necessidades do município. A maior de todas as conquistas foi realizada no dia 13 de setembro de 1987. O plebiscito com vistas à emancipação. Toda comunidade foi imobilizada. Votaram 70% dos eleitores, aproximadamente 4.500 votos. Houve apenas 23 votos contrários á independência político-administrativa do município de Uruará. Foi fundado o novo município. Em 1988 com uma área de 10.666 quilometro quadrado e 18.186 habitantes. Agora havia a finalidade de solidificar as estruturas políticas, econômicas e educacionais que desse a base de sustentação do promissor município. Após a criação do município de Uruará, buscou-se implantar a Educação, trazendo para seus município o Ensino Médio, dando oportunidade de qualificação aos filhos daqueles que acreditaram e permaneceram nesta terra.
No mesmo ano, 15 de novembro foram realizadas a primeira eleição municipal para prefeito e vereadores de Uruará. Os candidatos a prefeitos eram três, Antonio gerando Lazarini, Alcides (o rei do cacau) e Irineu Novakoski, o barbudo. O senhor Antonio Geraldo Lazarini, que era candidato pelo partido do PMDB teve sua vitória garantida, após grandes esforços e vários comícios (na época regada a muito churrasco e shows ao vivo). O desfile da vitoria foi algo inesquecível na história política de Uruará, tinha sons de todos os tipos, zabumbas, tambores, panelas, foguetes e rojões que voaram pelos ares misturando se com a poeira das estradas de chão da bela Uruará.O comércio parou para ver passar triunfante aquele que foi eleito primeiro prefeito. Muitos gritavam e aplaudiam outros receosos e apreensivos, desejavam que ele desempenhasse um bom governo e mudassem a realidade de desse novo município.
Podemos dizer que ele e os vereadores Dedé Marizeira, Adair Vargas, Devanir João Bonde, Cirilo Nicolodi, Zé Mario Lazarini Arnildo Costa, Gonçalo Miguel, Carmona Rodrigues e José Carlos Lisboa fizeram um bom governo e deram grande ajuda nas conquista de melhoria para Uruará. Mas quatro anos passa rápido e logo veio o segundo prefeito o senhor Jailson rocha Brandão, e seu vice, Joel Camilo da silva (um dos pioneiros e farmacêutico respeitado de Uruará), que deram continuidade nos projetos do prefeito Antonio Lazarini e conseguir novas conquistas para o povo. Após os quatro ano de governo de Jailson Brandão, Antonio Lazarini volta ao poder eleito novamente pelo partido do PMDB, encerrando então sua carreira política e contribuição para com o povo desta cidade. O tempo passou e Mario Lobo um comerciante local e eleito pelo povo para ser o novo governante de Uruará no ano de 1998 a 2002, hoje temos um novo Uruará, sob o governo de Eraldo Pimenta, prefeito pelo segundo pleito consecutivo, repleto de casas, comércios, avenidas, bairros, escolas, vicinais, postos de saúde, povos e culturas de todo Brasil. Uruará já foi considerada uma das mais belas cidades do para, temos um lugar de destaque entre outras cidades dessa região, não mais passamos por despercebidas, fazemos parte no mapa do Brasil e nossas florestas e rios são cobiçadas e exploradas por muitos países.
Uruará tem muitas belezas entre elas podemos destacar os rios, Uruará, Iriri, Trairão e Tutuí, e seus afluentes, formam uma rede hidrográfica de pequeno porte, se considerado as proporções hidrográficas da Amazônia. Sua beleza é inacreditável e a vasta espécie de peixes e fonte de renda e alimento de muitas famílias que vivem as suas margens O Município apresenta níveis topográficos expressivos, notadamente na faixa sul, com topografia tubuliforme e colinosa, aonde esses níveis chegam a alcançar centenas de metros, tornando assim possíveis a navegação e o transporte de madeiras e gado de corte para outros lugares. Pois a exportação desses produtos e bastante explorado nessa região do Pará.
Conversando com alguns dos primeiros pioneiros, que aqui ainda vivem e que formaram seus patrimônios nesta terra. Em destaque temos o senhor Pedro Camilo Sita que chegou em 1982 para Uruará e ajudou a formar o Conselho de Desenvolvimento Comunitário de Uruará- CODECUR, do qual se tornou vice presidente.
Perguntamos ao senhor Pedro Camilo Sita:
? Em que ano o senhor chegou a Uruará?
R: Em 20 de marco de 1982.
? Havia muitas famílias por aqui, quando vocês chegaram a Uruará.
R: Umas 30 famílias e alguns barracos de madeiras.
? Qual o motivo que levou o senhor e sua família vir para Uruará?
R: Com a promessa de ganhar muito dinheiro, com as plantações de cacau e criação de gado, pois a agricultura era a sensação do momento. Eu minha
? O que significou para a população de Uruará a emancipação em 1987?
R: foi uma luta dos moradores na época, contamos com a ajuda de vários amigos, Milton barros, Francisco Milanski, Ângelo Debiase, Remi Fistarol, Antonio roque Lopes, Boleslal Dorabiato, Pedro Birro, Pedro Camilo Sita e outros, todos nós acreditávamos que Uruará viraria uma cidade, que todos que vieram para região gostavam de trabalhar e queriam produzir para Uruará crescer.
? Porque escolheu Uruará para viver?
R: apaixonei-me por este lugar, também por ser uma região sadia de terra boa, acreditei em Uruará.
? Em que ano o senhor chegou a Uruará?
R: Em 20 de marco de 1982.
? Havia muitas famílias por aqui, quando vocês chegaram a Uruará.
R: Umas 30 famílias e alguns barracos de madeiras.
? Qual o motivo que levou o senhor e sua família vir para Uruará?
R: Com a promessa de ganhar muito dinheiro, com as plantações de cacau e criação de gado, pois a agricultura era a sensação do momento. Eu e minha esposa Ruth e meus filhos ainda plantamos 10, 000,00 mil pés de cacau os quais cultivo até hoje.
? Como o senhor ver Uruará hoje após 32 anos de existência?
R: Antes tínhamos mais esperança sobre Uruará. Hoje se tornou mais difícil viver aqui não sabe o que vai acontecer daqui para frente, cada dia fica mais difícil trabalhar e viver em nossa própria cidade. Mas, ainda acredito no crescimento e evolução desta nova Uruará.
Um fato importante me chamou a atenção na conversa que tivemos com o senhor Pedro Camilo, disse que no seu ferro de boi tem as siglas (SI) pensei que seriam pelo sobre nome Sita, mas não significa sonho de infância, pois sonhava criar muitos bois. Sonho em parte realizado seu Pedro é proprietário do primeiro e único frigorífico da cidade.
Outro pioneiro e também colaborador do município de Uruará é o senhor Pedro Birro. No dia 03 de setembro do corrente ano, ele nós contou um pouco da sua luta e conquistas de Uruará. Chegou à cidade em outubro de 1972, mas precisamente no km 211 ele e um amigo o engenheiro Mario Ohacha vieram fazer um serviço para o INCRA, nesta época não havia casas em Uruará, e nem moradores, apenas em 1973 começaram a chegar algumas famílias que se abrigavam em barracos construídos por eles mesmos, de barro e cobertos de palhas. A primeira casa de madeira foi construída, pelo senhor Antonio Mineiro, era a da professora Zita Pfiz, e no mesmo ano Pedro Birro trouxe sua família para viver em Uruará.
No livro, Uruará Memória do povo do professor e irmão lassalista Waldemar Wollmann escrito em dezembro de 1994, ele nos traz fotos e personagens importantes dessa historiam. Seu livro vem mostrar as lutas e vitorias de um povo simples, corajosos e determinados que na década de 70, enfrentou um dos maiores desafios de suas vidas, construir uma cidade no meio da mata Amazônia, nossa equipe ficou paralisada ao saber que também somos filhos, netos de alguns desses desbravadores de Uruará. A Sra. Ignez Debiase é lembrada como uma das pioneiras de Uruará e também proprietária do primeiro posto de gasolina e de uma das madeireiras da região e a primeira diretora da Escola Melvin Jones também citada no livro, a senhora Zita Pfiz.
Queremos parabenizar os desbravadores desta cidade, que se formou do nada e hoje é sinônimo de luta e determinação para muitos.
Mas, infelizmente Uruará vive hoje na incerteza do amanhã, estamos passando por uma crise, que não tem data para terminar, o IBAMA instalaram-se em nossa cidade, tornando quase impossível trabalhar, muitos pais de família se encontram desempregados, pois a maior fonte de emprego da região são as madeireiras, que estão fechando suas portas, pois as mesmas se encontram na ilegalidade, ou seja, sem projetos de manejos para serrar e extrair madeiras. Precisam que as autoridades tomem uma providência e resolva o problema desse povo que lutou tanto por essa cidade.