Uma Visão Dinâmica do Bullying e os Processos Percepção e Emoção No Contexto Escolar
Por Stella Rabelo Colares | 07/12/2016 | PsicologiaResumo
Este artigo irá abordar como tema central o bullying, relacionando-o aos processos psicológicos básicos de emoção e percepção. Ele foi dividido em: introdução, aonde será mostrado a relevância do trabalho, sua globalização e generalização e objetivos específicos, discutindo sobre o que é o bullying e gerais do trabalho, analisando e aplicando técnicas de entrevista, integrando os processos psicológicos básicos à prática profissional; metodologia, que irá mostrar o método usado pelos entrevistadores, que foi pesquisa qualitativa e entrevista semi-aberta, onde as entrevistas foram transcritas e usadas para análise, supervisionado pela professora de prática integrativa II do curso de psicologia da Unifor; resultados e discussões, nessa parte foi desenvolvido o tema, junto com a emoção e percepção, tendo como base as entrevistas e os teóricos; considerações finais, onde será finalizado as questões, destacando resultados mais relevantes da pesquisa desenvolvida, mostrando o olhar dinâmico sobre o tema e como o trabalho foi significativo.
Introdução
Este artigo trata-se de um trabalho da disciplina de Prática Integrativa ll do curso de psicologia, disponível pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). O tema escolhido para a realização do trabalho foi o bullying, que se refere à todas as formas de atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos, causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa.
A importância desse trabalho é mostrar como categorizá-lo em seu desdobramento na sociedade devido à grande globalização hoje em dia, generalização do tema e mostrar como o alvo das pessoas que estão sofrendo bullying está enorme.
A motivação inicial para a realização do trabalho com esse tema específico, foi devido ainda ser um assunto muito discutido e abordado no cotidiano do aluno e na área escolar. Este trabalho tem como objetivo geral analisar e aplicar as técnicas de entrevista, a observação dos processos psicológicos básicos e integra-los à prática profissional, e como objetivo específico discutir sobre o que é o bullying, como as pessoas estão lidando com esse assunto e sua conscientização, e o que ele pode acarretar no futuro do estudante.
Os processos psicológicos básicos escolhidos foram a percepção e a emoção. Na percepção, a pessoa integra todo seu pensamento e quando organizado ela consegue interpretar e se questionar sobre suas experiências pessoais, como ela se imagina nessa situação. Na emoção, pois é um tema que afeta bastante o emocional e o indivíduo vai ter que trabalhar suas emoções em relação ao bullying. Nessa prática foram feitas entrevistas em campo e o tema escolhido foi relacionado com os processos psicológicos básicos. Os principais teóricos presentes neste artigo são Gaskell e Bauer (2002), Duarte e Barros (2005), Hockenbury e Hockenbury (2001), Huffman, Vernoy e Vernoy (2003), Meier e Rolim (2013).
Metodologia
No presente artigo foi realizado uma pesquisa qualitativa, que tem um objetivo para ampliar o conhecimento e desenvolver conceitos mais elaborados sobre um assunto. "A entrevista qualitativa, pois, fornece os dados básicos para o desenvolvimento e a compreensão das relações entre os atores sociais e a sua situação." (GASKELL e BAUER, 2002, p. 65). A finalidade real da pesquisa qualitativa é explorar as opiniões e as diferentes representações sobre o assunto em questão.
Toda entrevista é uma forma de interação, onde tem troca de ideias a partir da fala. O instrumento de coleta de dados foi a entrevista semi-aberta, que faz parte da pesquisa qualitativa que traz certos questionamentos básicos com o propósito de deixar cada pergunta mais aberta para o possível entendimento do entrevistador, estimulando respostas mais completas.
O roteiro exige poucas questões, mas suficientemente amplas para serem discutidas em profundidade sem que haja interferências entre elas ou redundâncias. A entrevista é conduzida, em grande medida, pelo entrevistado, valorizando seu conhecimento, mais ajustada ao roteiro do pesquisador. (DUARTE e BARROS, 2005, p.66).
Houve a supervisão da Ms. Roberta Maria Fernandes Cavalcante, professora de Prática Integrativa ll, no qual foi elaborado um roteiro com perguntas destinadas à quatro pessoas divididas em dois grupos, dois psicólogos escolares e duas pessoas do senso comum. O trabalho foi realizado de Setembro a Novembro de 2016. As entrevistas foram gravadas e transcritas para análise. Por fins éticos de pesquisa, os nomes dos entrevistados e das escolas serão resguardados.
Resultados e Discussões
A psicologia têm como sua base os processos psicológicos básicos, aprendizagem, inteligência, linguagem, percepção, sensação, emoção e memória, que são usados para o entendimento da mente humana e estão presentes na vida cotidiana. O psicólogo pode usá-los para a psicoterapia, procurando interpretar e descodificar o que o cliente traz, relacionando seu relato com os processos.
Será aprofundado neste artigo os processos de percepção e emoção. Segundo Hockenbury e Hockenbury (2001) a percepção acontece quando integramos, organizamos e interpretamos as informações sensoriais de forma significativa. No que se refere ao conceito de percepção, os psicólogos afirmaram que:
Eu já tenho uma visão em relação à criança, do que é essa percepção em relação ao outro, mas na prática será o que é perceptível e como realmente conduzir cada criança. Existe também a capacidade de cada um de estar. (Psicólogo escolar 1)
Quando se fala de percepção, se fala de perceber o mundo... Perceber as coisas... E essa percepção ocorre no exterior e ai, também se fala de autoimagem, de se ver, de se construir, é um olhar pra dentro que vai começando exatamente na fase do espelho.Que você vai deixando de se ver fragmentado e passa a se ver como um todo e a partir desse olhar é que você também constrói sua auto-imagem e essa construção, esse conhecimento de si, vai ta fortalecido ou não, dependendo de como você vai construir o seu papel, os seus papéis. (Psicólogo escolar 2)
Nas falas citadas acima, percebe-se uma divergência nas ideias, devido às experiências individuais, pois enquanto o primeiro psicólogo tinha uma opinião ligada à infância, aos primeiros anos de vida, o outro psicólogo mostrou uma opinião de quando o estudante é mais formado psicologicamente e já consegue se auto perceber no mundo. O senso comum conseguiu desenvolver o conceito de percepção, afirmando:
Percepção é, que através dos sentidos, do olhar, do ver e do sentir. E do dia a dia, é aquilo que a gente consegue notar, consegue entender e consegue interpretar. (Senso Comum 1)
Segundo Huffman, Vernoy e Vernoy (2003), emoção diz respeito aos sentimentos ou respostas que resultam de atividade fisiológica, pensamentos e crenças, avaliação subjetiva e expressões corporais. A emoção está mais ligada ao afetivo e não ao racional, quando questionados sobre o que é emoção, os psicólogos conceituaram:
A emoção é realmente como a criança se sente... Não é só como a criança se sente, porque não é interno, ela exala de uma forma muito clara, então é perceptível como a criança ta emocionalmente quando ela morde ou quando ela ta mais chorosa. (Psicólogo escolar 1)
Valores pessoais de cada um... Vêm muito dos processos de relação e desse papel que é construído, papel que é construído em cada instância das minhas relações[...] Que o homem adoece e se cura através das emoções, então é nessa emoção que ele vai esta inserido, para adoecer nessa relação e se curar também. (Psicólogo escolar 2)
Nos comentários acima, os psicólogos concluíram que a emoção vai além do sentir, ela é construída na relação com o outro. A emoção vem do sujeito, porém o outro reforçará essa construção do emocional no individuo. O tema escolhido para conectar-se à emoção e à percepção no artigo foi o bullying, que é um dos assuntos mais discutidos na atualidade, que acontece principalmente na áreaescolar. Esse tema precisa ser abordado, por questões dos relacionamentos abusivos encontrados desde à infância até o ensino médio, afetando assim, como o estudante e a sociedade o vê. Entretanto, encontra-se diferentes opiniões de como categorizá-lo e observa-se a banalização do mesmo:
Hoje em dia as pessoas banalizaram bullying, passam a achar que qualquer coisa passa a ser bullying. Geralmente precisa de mais de duas pessoas, um grupo de pessoas, atingindo o outro indefeso. Segunda coisa, pra ser bullying precisa ter mais de um episódio e lógico, precisa ter o agressor e o agredido. E ai, da mesma forma que às vezes umas pessoas falam erroneamente que foram, que teve uma situação de bullying, da mesma forma, às vezes não chega ao bullying real... Que assim, eu trabalho com adolescentes e na adolescência isso é muito mais bem elaborado, na infância, às vezes isso é muito mais claro nas brincadeiras. Na adolescência isso é mais bem elaborado, então as formas de agredir, às vezes não só fisicamente, mas principalmente emocionalmente. Por exemplo, tem um grupo que é popular da escola e ele escolhe uma vítima, escolhe uma pessoa pra atingir né e aquela pessoa vai ser um alvo deles em todos os momentos que eles quiserem extravazar de alguma forma. Eles vão encontrar aquela pessoa pra fazer isso... E aquela pessoa inicialmente ela pode até querer se inserir ao grupo, porque como é complicado pra adolescente a questão da inclusão e exclusão, então ele vai sofrer muito, mas ele também pode querer se inserir no grupo, participando desse grupo, saindo com esse grupo, fica no recreio com esse grupo mas ele é o alvo e começa a não querer vim a escola, começa a chorar sem razão, às vezes pode desencadear outras coisas, como uma angústia profunda. (Psicólogo escolar 2)
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