A capa de
Na África Selvagem: uma emocionante história real (Wildflower ? an extraordinary life abd untimely death in África, tradução de Roberto Franco Valente, Zahar), mostra uma jovem mulher alimentando um hipopótamo com dois outros animais próximos aos seus pés, com uma imagem estilizada da paisagem queniana.
A primeira vista, poderemos pensar que a fotografia seja uma montagem para alavancar a curiosidade dos leitores. Entretanto a foto transmite a realidade de uma naturalista de renome mundial, a cineasta e ambientalista Joan Root, em um dia normal em seu lar. Uma vida que assistiu à perda da verdadeira natureza selvagem do continente africano e que batalhou para salvar o que pode, protegendo diversos animais em sua casa, no Quênia.
O autor, o veterano jornalista
Mark Seal escreve uma biografia de uma vida realmente extraordinária. Como editor da Vanity Fair e colaborador de muitos dos mais importantes periódicos norte-americanos, como o The New York Times, a Time, e a Playboy, se interessou por uma reportagem sobre uma ambientalista que foi baleada em sua casa, morta a tiros por dois assaltantes. Um acontecimento que o intrigou; teria sido um assalto comum ou um assassinato a sangue-frio encomendado dos inimigos que aquela senhora tranqüila já com 69 anos fizera em seus esforços pela preservação da vida selvagem? Imbuído pelo inabalável respeito à verdade, Seal passou a investigar a trágica morte e descobriu a história daquela mulher.
Esposa de Alan Root, um dos maiores cineastas de documentários da vida selvagem entre os anos 1970 e 1980, indicada ao Oscar por um filme narrado pelo lendário Orson Welles, Joan viveu junto à sua amada África e com o marido. Juntos se tornaram figuras míticas: o público viajava com eles, quer estivessem desbravando exóticos lagos com ferozes crocodilos e hipopótamos, voando sobre o Kilimajaro em balões ou sendo perseguidos, espancados, mordidos, feridos ou picados por todo tipo de criatura, enquanto filmavam, dirigiam, corriam ou nadavam pelo continente africano. Alan era o gênio criativo de filmes inovadores como , e Joan era a coluna vertebral dessa genialidade toda, apoiando e planejando a criação de cada novo documentário, até mesmo arriscando sua própria vida.
Na África Selvagem apresenta uma bem estruturada pesquisa, com entrevistas e testemunhos, à leitura de cartas e do diário pessoal de Joan deram a biografia um valor instigante. Em primeiro por apresentar a vida de um casal que inovou na cinematografia, em segundo pela história de amor entre o casal e por último como está sendo rápido o desaparecimento da vida selvagem africana.
A vida pessoal do casal Root e o desenvolvimento da carreira cinematográfica ? é palpável sentir a emoção que as viagens causaram no casal, assim como o fim provável do casamento e da parceria são os aspectos mais interessantes, por retratar como leitura íntima de um sentimento que nunca acabou como aborda o belo prólogo que Seal apresenta o amor incondicional que ela sempre teve pelo ex-marido. Entretanto, a descrição do período que Joan ficou sozinha, e as circunstâncias pessoais e políticas que levaram ao assassinato torna-se um ensaio de notícias e testemunhos judiciais intercaladas com homenagens às qualidades pessoais da ambientalista.
Aborda também em forma de denúncia, de que forma o comércio de flores no mundo está causando na África. Um abrir de olhos para muitos daqueles que compram se saber de onde foram cultivadas as flores encontradas nos mercados do planeta.
CURIOSIDADE: A atriz Julia Roberts contracenará o papel de Joan no cinema, segundo o site Cinema com rapadura: "O objetivo do filme é mostrar a movimentada vida de Root, que ficou conhecida também por realizar documentários com seu marido por todo o mundo. Depois de divorciada, Root voltou ao Quênia, onde começou a querer salvar o Lago Naivasha." Estaremos no aguardo, enquanto isso leiam o livro.
SERVIÇO
Zahar
ISBN:978-85-378-0242-7
272pp
R$ 36,00