Uma vez a Revolução Estabelecida: Razão e Realidade não mais lutaram juntas

Por Eunice Fagundes | 13/03/2017 | Filosofia

A Pós Modernidade e a Contemporaneidade abriram trincheiras profundas na Filosofia, após o fim do Feudalismo e a Ascensão da Burguesia; A Razão não mais será a mesma, todo o Absolutismo agora está à ruir; Kant um divisor de águas; pois em sua simplicidade e critica ele questiona a Razão como sendo apriorística e a Realidade uma sentença a posteriori; O Cientificismo ganhará cada vez mais terreno e a Teologia vai estabelecer seu território; Fé e Razão buscaram seus campos de ação e atuação no pensamento humano. O Irracionalismo se fará presente e a Espiritualidade se lançara como uma porta de religação do Homem com o Cosmo.

Ao lembrarmos de que o percurso da Filosofia sobre a vida do Homem sobre a terra deu-se aliado a História dos povos simultaneamente. Entre guerras e conflitos travados entre regiões e religiões, construíram o Pensamento destes também. E a Ideia Central da questão até hoje ainda não respondida pelo Homem Ocidental e também não formalmente concluída por Deus acerca do propósito de ambos existirem e disputar espaço como experiência estética de vida e a transvalorização de todos os valores.

O que levou Kant a dizer que sua época não era ainda uma época esclarecida, mas em via de esclarecimento, ao afirmar que os homens atingem essa etapa por si sós, lentamente, desde que não cedam a covardia e à preguiça, não se deixem tutorar, nem sejam impelidos a atingi-la mediante artifícios e pelo emprego da força. Estabelecendo que a Liberdade é o espaço adequado ao esclarecimento por que seu fundamento nasceu do ímpeto do Homem e assim sendo estará sempre em busca de si mesma no Espaço-Tempo da Humanidade seja esta em que época esteja ameaçada.

“Nossa época é a verdadeira época da crítica, à qual tudo tem de submeter-se. A religião, mediante a sua santidade, e a legislação, mediante a sua majestade, querem comumente subtrair-se a ela. Mas então provocam contra si justa suspeição e não podem reclamar reverência sincera, que a razão outorga somente àquilo que pôde suportar o seu exame livre e público.

Crítica da Razão Pura,Kant,Prefácio,1ªEd,Nota,a12

Kant conferiu importância excepcional à descoberta da Antinomia da Razão; quanto a Metafísica, quanto a Ética  reservando ao Entendimento o papel da faculdade de conhecimento, tornando as ideias metafísicas instrumentos metodológicos de avaliação do progresso da experiência, chamando- com isso “idéias regulativas” da razão; e negando por outra o caráter contraditório das ideias cosmológicas, por exemplo de liberdade e necessidade entre si, pela atribuição de uma dupla significação ao conceito de objeto: como fenômeno e como coisa-em-si, tornando com isso possível a aplicação daquelas ideias à prática moral. Este entendimento Kantiano regulará daí para frente também toda ideia de lógica formal e estará presente de forma consistente nas ideias de Frege, no século XIX e XX. Kant percebeu que as ideias Metafísicas não tem fim; permitindo trevas e contradições, da qual nos permite inferir, sendo esta subjacente a tudo, portanto no entender dele deve haver erros latentes; mas se diz também incapaz de descobri-los; afirmando que os princípios que emprega já não reconhecem a pedra de toque da experiência, por transcenderem o limite de toda experiência.  Como exemplo trazemos aqui as ultimas palavras de Socrátes  como um ultimo pedido a Critias; onde pede que este pague-lhe uma dívida que não terá tempo de saldá-la; dando assim seu ultimo suspiro; deixando-nos entreaberto como a uma indagação os valores de Amizade, Escolha; Obediência e muitos outros; se a dívida foi paga ou não. E a arena destas discussões sem fim chama-se Metafísica.

Seguido a Kant trazemos ao palco da Pós Modernidade o Francês Augusto Comte já que este não é uma corrente filosófica, mas acompanha todas elas porque promove e estrutura o ultimo estágio destas ao qual a humanidade teria atingido, fundado e condicionado pela Ciência. Comte usa o termo Filosofia como Aristóteles usava, pois atribuía a esta a definição de Sistema Geral do conhecimento humano, e o termo “positivo” significando o real por oposição ao “quimérico”, o “útil” em oposição ao “ocioso”, a “certeza” em oposição a “indecisão”, o “preciso” em oposição ao “vago”; O termo significando ainda o “contrário de negativo” e a “Tendência de substituir sempre o Absoluto pelo Relativo, traduzindo a proposta de organização Moral e Intelectual da Sociedade. Este ainda afirma ter descoberto uma grande lei fundamental  que este chamará o Reino dos três poderes: segundo a qual o espírito dos indivíduos, assim como a espécie humana e as próprias ciências ao longe dos tempos descreveram um movimento histórico que atravessa um “estado teológico” e um “estado metafísico” antes de chegar ao terceiro e ultimo o “estado positivo”; termo fixo e definitivo no qual o espírito humano encontra a ciência. E ainda estabelece assim como Aristóteles critérios para a Classificação das Ciências a saber:

  1. A ordem cronológica de seu aparecimento;
  2. A complexidade crescente de cada uma das ciências;
  3. A sua generalidade decrescente;
  4. A dependência mútua.

Este inaugura por assim dizer também as bases da Sociologia, afirmando que esta significa o ponto de partida da moral, da política e da religião por estabelecer em sua parte estática social a harmonia prevalecente entre as diversas condições de existência e estabelecimento da ordem social; como também impões dinâmica social quando investiga o desenvolvimento ordenado da sociedade; estudando a Lei dos três Estados e estabelecendo as Leis do Progresso.

Em outra vertente Hegel, o mais importante do Idealismo Alemão é um dos que mais influenciou o pensamento de sua época e o desenvolvimento posterior da Filosofia pois seu pensamento extremamente complexo desenvolveu-se devendo ser compreendido sobretudo como uma ruptura com a filosofia Kantiana, pois este partiu de uma reflexão sobre os grandes eventos históricos como a Revolução Francesa e as guerras napoleônicas, que marcaram a época em que viveu. Para este a análise da consciência  tornando-a como dada e analisando-a em abstrato parte da necessidade de examinar, em primeiro lugar as etapas de formação desta; tanto do seu sentido subjetivo no individuo, quanto em seu sentido histórico ou cultural, representado pelo desenvolvimento do espírito. A Filosofia de Hegel é dialética, mas não um método; deve ser concebida como o real em si, a contradição deste constituindo-se assim a essência das próprias coisas. Para ele o conflito em si é nada mais que a antecipação de alguma forma; apenas uma parcela da verdade sobre o real que será ao findar a soma do Conjunto da Obra. O Sistema filosófico de Hegel pode ser visto, assim, como constituído de dois pontos de partida distintos: A Fenomenologia do Espírito  que é sobretudo a descrição de uma dialética própria do Espírito que a transporta até o começo do Filosofar, construindo o caminho que a consciência humana percorreu para chegar até o espírito absoluto; é o movimento próprio da consciência finita em busca de sua infinitude. E a Ciência da Lógica que é, sobretudo Didática do ser; ontológica ou ciência da ideia pura. Para ele, ela tem por objetivo o pensar, não como simples abstração ou pensamento subjetivo, arbitrário mais sim enquanto expressão mais rica do verdadeiro; em Hegel ela tem como um dos principais fundamentos a negação, tomada ela mesma por positiva ; ou o que se pode dizer que a contradição não pode ser vista como nulidade , no caso abstrato; mas sim como a possibilidade de um novo conteúdo também determinado. Este resultado é um conceito  mas rico do que o negado ou o contraposto na medida que ele é a unidade das determinações presentes em um e em outro.

Em outra linha partiu Schopenhauer considerando o mundo de nossas experiências como “Representação; ao procurar como simples aparência  em direção a realidade verdadeira. O absoluto para ele é descoberto por auto-intuição da vontade, chegando depois a vontade única como ser verdadeiro. Na concepção de Schopennhauer não é do mundo que parte a vontade que anima à todos como teorizava Hegel; mas sim individual; a visão deste nasce da vontade do  sujeito para o mundo que o absolutiva.

Marx em ruptura com a concepção idealista Hegeliana funda o materialismo histórico segundo o qual as relações sociais são determinadas pela satisfação das necessidades da vida humana, não sendo apenas uma forma dentre todas as outras da atividade humana, mas a condição fundamental de toda a história. Marx observa que a Economia e a Política são fatores importantes na relação de produção; sendo para tanto ambas a base de todo estudo sobre a evolução e condição humana na vida social e cultural do homem, na concepção deste a Filosofia tem como tarefa a critica tem como objetivo a transformação da realidade. Muitas correntes filosóficas se desenvolveram a partir do pensamento de Marx e de seu principal colaborador Engels; entretanto não se restringe a analise teórica, mas busca formular os princípios de uma prática política voltada para a revolução que destruiria a sociedade capitalista para construir uma sociedade sem classes, chegando assim por acesso do povo ao fim do Estado. O pensamento Marxista influenciou tanto em sua época quanto na contemporaneidade muitos pensadores até nossos dias; isso faz com que várias dessas correntes se denominem “neomarxistas”, na medida em que constituem tentativas de desenvolvimento e adaptação do pensamento de Marx a nossa realidade.

Kierkegaard como pensador do existencialismo contemporâneo profundamente marcado por angustias pessoais e familiares às quais o levou a um rompimento com o pensamento coletivo e inaugurando o que há de individual humano e trágico. Combateu o Hegelianismo e a Metafísica especulativa, por seu caráter abstrato e sua busca universal defendendo a necessidade de uma Filosofia Existencial. Para ele o homem é um ser que se caracteriza pelo desespero que se origina das contradições de sua existência e de suas distâncias de Deus.

“O homem é uma síntese de infinito e de finito, de temporal e de eterno, de liberdade e de necessidade”

Kierkegaard, O Desepero Humano

Este formula uma doutrina de três níveis de consciência: O Estético na qual o indivíduo busca a Felicidade no prazer, cuja fugacidade, entretanto leva ao desespero inevitável. O Ético em que procura alcançar a Felicidade pelo cumprimento do dever, sendo, no entanto condenado ao eterno arrependimento por suas faltas. O Religioso em que o homem busca Deus entretanto a verdadeira fé é a angustia da distância de Deus. Na contemporaneidade influencia diretamente Heidegger e a Corrente Existencialista.

Nietzsche inaugura uma nova formula de pensar a Filosofia, exatamente porque ele não busca a formulação de um sistema teórico, mas a experiência estética de vida, afirmando a como superior ao pensamento conceitual. Sua argumentação não deve ser compreendida como a descoberta de outra verdade, mas substituir a crença da verdade por ele rejeitada. A aparência por ele é vista como única realidade radical, sua metafísica é uma perspectiva estratégica que serve para pontuar as possíveis interpretações e não como uma Verdade. Para ele a vontade de potência desdobra-se através de vários instintos que são forças desembocando na criação de métodos científicos, de teorias do conhecimento, de crenças no sujeito, na unidade, na verdade. Para ele trata-se de fato de mecanismo ilusório encaminhados não para o conhecer, mas para adquirir poder sobre as coisas, atribuindo um sentido lógico dogmático. Em Nietszche o homem não atinge o conhecimento das coisas, mas sim designa sobre elas entendimento próprio. Ele procede a uma inversão de valores, considerando tudo o que foi tratado pela Tradição Filosófica desde Sócrates, Platão e Aristóteles com fundamental, essencial, importante, justamente o seu contrário, destacando o dispensável, o erro e a decadência como forma de um valor moral não apenas de conhecimento mas de transformação; ele mostra que a verdade foi associada ao Bem e ao Belo; e o erro e a mentira se associou a ideia de Mal; no entanto foi sempre na decadência  do confronto que o homem buscou verdades morais muitas vezes adaptáveis; mas não necessariamente verdadeiras. Deus em Nietszche é Morto; já que não atua nas decisões do Homem que sempre se norteou em sua tragédia equilibrando-se através da História Cristão Ocidental entre o princípio de Bem e Mal.

Freud um seguidor de Brentano que afirma ser a consciência não apenas da vontade como nos afirmava Sphopenhauer, mas também o resultado de uma vivência e por assim dizer esta também resulta da intencionalidade; e é nela que se encontra o objeto; da qual não precisa exatamente de existir; mas agir sobre esta; para tanto seguiu sua teoria voltada a Psiquiatria e na Psicologia encontrou seu sentido; para a Filosofia sua revelação do inconsciente como lugar de nossos desejos reprimidos, origem dos nossos sonhos  e fonte de nosso imaginário; provocou um profundo questionamento da tradição filosófica racionalista  que definia o homem precisamente por sua consciência  e racionalidade; e este inaugura  o conceito de Inconsciência; relembrando o gênio que ativa as percepções em Descartes, confundindo-o e produzindo efeitos sobre a consciência, totalmente comum a natureza humana; forçando por sua vez a revisão da conceituação filosófica do pensamento, da razão, da consciência e da vontade; como também e através desta uma análise da cultura e da sociedade; fazendo com que o homem pense em seus estudos sobre a relação entre a ordem social e a culpa; onde segundo ele encontra a própria gênese da sociedade. Em grande plano a entra da Psicanálise na Filosofia inaugurou um novo sistema de verificação das relações do homem com seu meio; uma revisão do próprio conceito de interpretação; indicando daí para diante as Relações da linguagem e seus signos em geral com o inconsciente e o desejo do homem, uma busca aos mitos, mostrando uma técnica interpretativa própria, uma  Tekné, no sentido grego visando apenas o conhecimento prático com objetivo específico sem relação com a Teoria.  

Husserl por sua vez criador da Fenomenologia desenvolveu sua Filosofia como reação contra o psicologismo e o naturalismo; retomou de Brentano seu mestre o conceito aristotélico de “intencionalidade”, entendido aqui como a direção da consciência ao objeto, ao real, que é definidora da própria consciência e que será um dos conceitos chave de sua teoria, pois para ele os objetos se definem precisamente como correlatos dos estados mentais, não havendo distinção possível entre aquilo que é percebido e nossa percepção, sendo esta ultima sensorial. A experiência em Husserl é subjetividade transcendental e atua nos modos de operar da consciência, fortemente influenciado por Kant; operou influencia direta em Heidegger e Scheler; e indiretamente em Merleau- Ponty

O ser e o Tempo obra inacabada de Heidegger, da qual se afasta da fenomenologia de seu mestre Husserl caminha no sentido da reflexão sobre o sentido mais profundo da existência humana, bem como sobre as origens da metafísica e o significado de sua influência na formação do pensamento ocidental; procurando recuperar a importância fundamental da questão do Ser; que na tradição do pensamento moderno dera lugar a problemática do Conhecimento e da Ciência; busca ele uma forma mais direta portanto a destruição da ontologia tradicional para recuperar o sentido original do Ser. Para ele a existência só pode ser compreendida a partir da análise do Dasein, o ser aí,  humano aberto a compreensão do próprio ser, para tanto este retoma a questão da verdade, examinando-a em relação aos conceitos de ser e conhecer, para estabelecer a sua gênese e seu sentido, sendo apenas permanente em um pensamento o caminho como método que este perfaz em busca de sua linguagem, onde faz morada. Este re-inaugura o grande filosofo desbravador Hegel e inspira Sartre posteriormente que afirma:

“Eu sou na medida em que o outro me reconhece como tal. (Sartre,Jean Paul, O ser e o Nada)

E Heidegger não é menos incisivo afirmando que o Homem é originalmente, ser-com, a relação eu-tu é compreendida a partir do nós como dimensão “coletiva” do homem e não se acrescenta a um eu inicialmente solitário.

 

 

Em outro seguimento a Filosofia faz uma analise da linguagem; pois acredita que os problemas filosóficos possam e devam ser resolvidos por meio de uma análise da linguagem, devendo esta preocupar-se com o esclarecimento das expressões linguísticas e mais abstratamente com questões sobre a significação, a verdade, a referência. Para tanto o termo A Priori ganha força, pois este não depende de uma verificação na experiência, como acontece com a ciência. Um de seus maiores expoentes, defensores do Logicismo, Frege considera que a Matemática pode ser reduzida à lógica e ao platonismo ao definir números e relações matemáticas como objetos existentes autonomamente, independente de nosso pensamento. Essas reflexões abriram caminho para o desenvolvimento da Filosofia da Linguagem de tradição Analítica influenciando especialmente Russell, Carnap e Wittgenstein na contemporaneidade.

Para tanto conforme Wittgenstein o termo “Jogo de linguagem” deve salientar que o falar é uma parte da atividade ou até uma forma de vida.

“Comandar, e agir segundo comandos; Descrever um objeto conforme aparência ou conforme medidas; Produzir um objeto segundo uma descrição(desenho); Relatar um acontecimento; Conjecturar sobre o acontecimento; Expor uma hipótese e prová-la; Apresentar os resultados de um experimento por meio de tabelas e diagramas; Inventar uma história; ler. Representar teatro; Cantar uma cantiga de roda; Resolver enigmas; Fazer uma anedota; contar; Resolver um exemplo de calculo aplicado; Traduzir de uma língua para outra; Pedir, agradecer, maldizer, saudar,orar;

(L Wittgenstein, Investigações Filosóficas, in Col.Pensadores, São Paulo, Abril Cultural, 1979, p.18-9)

Entre as visões da Modernidade encontramos vários seguimentos Filosóficos na Contemporaneidade; segundo Bachelard ao se candidatar-se a cultura científica para dizer a filosofia, esta despertou o espírito do pensador nunca jovem e até bastante velho, pois tem a idade de seus preconceitos. Para este ter acesso a ciência é rejuvenescer-se espiritualmente, é aceitar uma mutação brusca que deve contradizer um passado. Se não houver questão não há passado. Nada é óbvio, nada é dado, Tudo é construído; como que se lembrando de Nietzsche e o abismo onde o homem se encontra. Para tanto este introduz o Conceito de Corte Epistemológico, reivindicando como método um modo de Construção de sentido entre o Comum e Científico.

Bergson com seu pensamento fortemente espiritualista trava seu conhecimento entre o fio da navalha entre o senso comum e o cientificismo ao desenvolver uma perspectiva dualista, opondo o espírito à matéria, formula pois este um princípio Vitalista, o Elã Vital  rejeitando o materialismo, o mecanicismo e o determinismo; propõe este a Criatividade e não a seleção natural como princípio explicativo da Evolução. Valorizando a Intuição como mecanismo contra o intelecto, dizendo que este é incapaz de apreender a realidade em seu sentido mais profundo e de explicar nossa experiência, para este esta ultima é imediata, da qual o tempo real participa no sentido de duração (durée); e não é continuo e sim entrecortado entre a imediatez do momento presente; o que acontece muda instantaneamente toda a realidade e assim vem sendo desde a pré-história tendo por conta da Moralidade a Religião Estática como defesa contra a natureza hostil marcadora do tempo no espaço dos acontecimentos.

Em outro espaço filosófico Bentham introduz a Doutrina Utilitarista que do ponto de vista moral considera a utilidade como principal critério da atividade; esta trata da Felicidade pensada, donde segundo este o modo de uma economia política ou em termos de gestão do capital-vida contrariando  o socialismo de Marx mais legalizando a Moral e as Leis; Bentham  escreve que a natureza colocou o homem sob o império de dois mestres soberanos: O Prazer e a Dor; para tanto reconhece em seu princípio de utilidade essa sujeição e a supõe como fundamento do sistema que tem por objetivo erigir com a ajuda da Razão e da Lei o edifício da felicidade; afirmando que o importante é que o homem procure calcular como obter o máximo de felicidade com um mínimo de sofrimento. Elabora este todo um plano de organização arquitetural das prisões a fim de submeter os prisioneiros a uma vigilância permanente e poder reinseri-los no Sistema  Produtivo. Este agiu de forma  precisa sobre a filosofia na contemporaneidade de Foucault, no entanto pouco se informa sua relação; mas que desenvolveu um pensamento próprio criativo identificado inicialmente como Estruturalismo da qual este questiona em sua obra as palavras e as coisas, a noção de sujeito e a ideia de ciências humanas. No entanto mais dar voltou-se a Nietzsche  que chamou de genealogia introduzida em seu Vigiar e Punir, como uma análise histórica de como o Poder pode ser considerado explicativo da produção dos saberes identificando-se  nas varias instancias da vida social e cultural com o Estado. Da qual Foucault derivou a microfísica do poder.

Num cenário diferente além-mar; ou seja, do outro lado do continente europeu  o utilitarismo de Bentham cria sua nova vertente Moral e donde Peirce, W.James e Dewey; defendendo o Empirismo de seus predecessores ingleses no campo da teoria do conhecimento valoriza a prática mais do que a teoria e considera que devemos dar mais importância às consequências e os efeitos da ação do que a seus princípios e pressupostos. Para o Pragmatismo o critério de Verdade deve ser encontrado nos efeitos e consequências de uma ideia, em sua eficácia, em seu sucesso, para tanto sua validade encontra-se na concretização dos resultados que se propõe obter.

 Chegamos a conclusão e aos pensadores atuais onde a Razão agora bastante fragmentada sobre a ação do individuo já instalado e a Realidade dilacerada e líquida ao qual o Mundo agora se submete já que duas Guerras Mundiais vieram nortear todo o Conjunto da Obra da Modernidade na Contemporaneidade e da qual Sartre, Habermas, Horkheimer, Adorno e Marcuse, Weber, Lukács, Arendt , Derrida e Foucault tentam  dentre o conjunto de interações, impasses e dispersão no contexto social reunir novas perspectivas na relação do Homem com a Razão e a Realidade bastante pulverizadas, procurando em um contexto de Grandiosidade a Diversidade e na Relação com o Planeta uma nova saída para a sociedade humana onde se encontra sempre presente a eminência de outra terceira guerra compondo como síntese de toda essa fragmentação; engessando aterrorizadamente novos filósofos a buscar na Globalização uma maior integração  e na plasticidade novas relações do pensamento do homem ocidental com o oriente; já que as relações econômicas  e de comunicação como nunca necessitam hoje tanto da lógica associada a metafísica quanto a ciência e a comunicação como modo de estabelecer relações de convivência e a introspecção de novas culturas na constrição de um Mundo decididamente Humano.

 

 REFERÊNCIAS

 

ALVES, Rubem. Filosofia da Ciência; Introdução ao jogo e as suas regras, 3ª Ed., Ed.Loyola, 2001

DURANT, Will. A História da Filosofia, 1ª Ed, Rio de Janeiro, Ed. Nova Cultural, 1991

HICKS, Stephan R.C. Explicando o pós-modernismo: Ceticismo e Socialismo de Rousseau a Foucault, 1ªEd, Ed.Callis, 2011

JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 3ª ed. Ed. Zahar, 2001.

LAHR, C. Manual de Filosofia, 7ª Ed, Cidade do Porto, Portugal, Ed. Livraria Apostolado da Imprensa, 1958

REZENDE, Antonio. Curso de Filosofia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas, 1ªEd, Ed. Nova Cultural, 1999