Uma Rosa E Um Jardineiro

Por Leo Jansen | 26/08/2008 | Contos

Antes não havia jardim.

Pobre rapaz, ainda não se reconhecia assim: jardineiro. Rosa era uma sementinha que levada pelo vento  tratou de se assentar no terreno vazio, mal cuidado e até então estéril do pobre rapaz. Em pouco tempo a tal semente germinou e brotou, revelando sua beleza nata e também a verdadeira vocação do terreno outrora sem valor, sem sentido...

 

Pobre rapaz sequer teve chance de resistir àquela pureza, perfume e beleza tal que o apresentou a sensações novas, in-des-cri-tí-veis. Rosa mostrou-se viçosa, linda, de simples perfeição. Aceitou com prazer os cuidados do agora  "jardineiro". Este, não se cabia de contentamento, dizendo e mostrando a todos o seu maior tesouro. Rosa, como era de se esperar, cada vez mais se tornava bela, viva, perfumada e à todos quantos  conhecia, conquistava - rendidos diante de tanta graça. O que antes não passava de uma sementinha, havia se tornado a mais bela das belas, querida e desejada por todos.

 

Pobre rapaz,  viveu dias de glória cuidando da linda Rosa e essa o recompensava com sua companhia dedicada, plena de viço, beleza, perfume... Ela o encorajava. Foram se passando as estações e Jardineiro e Rosa, por se conhecerem tão bem, passavam pelos outonos, verões e até invernos com valentia. Mesmo quando todos achavam que morreria Rosa, esta permanecia forte,  pois  Jardineiro sabia do que Rosa precisava. Quando Jardineiro esmorecia, deixava de lado sua Rosa, esta o cativava, reconquistava sua atenção e desvelo.

 

Até que num dia de outono, Rosa se foi... Ao Jardineiro disse “adeus”, deixou-lhe um último beijo perfumado.
O último.

Foi-se sua Rosa. Já não se chama Jardineiro, Pobre rapaz. Não tem mais nome, nem rosa, nem jardim...

Esta Flor Princesa, que fizera de sua vida um  jardim, que lhe mostrara o que é “ser”, o que é “ter”, tornou-se ausência, um misto de tristeza profunda e gostosa saudade.

 

Pobre rapaz, não entristeça seu coração!  Aceite a natureza das Rosas.

Elas são assim,  em algum momento precisam ir e se vão...