UMA REFLEXÃO SOBRE: INCLUSÃO E A ESCOLA

Por Rahyra Rocha Dedeco | 08/02/2017 | Psicologia

RAHYRA ROCHA DEDECO

RESUMO

 

O presente trabalho tem, como tema, uma reflexão sobre, inclusão e a escola. O artigo consiste em uma revisão bibliográfica, de caráter exploratório, acerca do tema apresentado. Tem-se como objetivo, compreender como funciona a inclusão dentro de nossas escolas. O trabalho tem importância para profissionais e estudantes da área da psicologia e educação, tendo, como foco, corroborar para uma melhor e mais ampla compreensão do assunto apresentado. 

  1. INTRODUÇÃO

A inclusão é vista como tabu, para muitos de nossa sociedade, com o passar dos anos e dos direitos de crianças portadoras de problemas no desenvolvimento, nossa sociedade começou a se dar conta que estas crianças e jovens, também deveriam estar nas nossas escolas. Mas para muitos pais de crianças com problemas do desenvolvimento, era difícil perceber a necessidade de seus filhos conviverem com outras pessoas, assim muitas vezes não querendo e nem entendendo o porquê seus filhos estão na escola, muitos não queriam que eles estivessem ali, achando que a escola é simplesmente uma “babá” para eles.

Com a mudança da nossa educação e dos direitos das crianças, a inclusão está ganhando um novo olhar, hoje nossas escolas estão preparando-se mais para recebê-los com sus dificuldades, sabe-se que temos um longo caminho a percorrer, vemos que  nossos professores não saem preparados das nossas universidades, para ensinar crianças com problemas no desenvolvimento, mas cabe a nós tentar mudar isso. Dando um maior suporte a nossos filhos, netos, etc, para que entendam e ajudem seus colegas que por algum motivo tenham uma maior dificuldade.

Assim torna-se essencial que possamos pensar em como trabalhar com nossas crianças e jovens, quais são as nossas possibilidades. Jerusalinsky (2007) coloca que quando o sujeito sente-se capturado e que lhe demandam amor, eles podem reagir de varias formas. Ver a possibilidade em tudo que o sujeito faz é essencial para quem trabalha com problemas do desenvolvimento.

Este artigo tem como objetivo compreender como funciona a inclusão dentro de nossas escolas, através de uma revisão bibliográfica, trazendo como eixo uma reflexão sobre, inclusão e a escola, seguindo das considerações finais e referências bibliográficas.

 

  1. UMA REFLEXÃO SOBRE: INCLUSÃO E A ESCOLA

 

A criança possui seu primeiro contato social com a família, na qual era seu ponto de referência, quando uma criança passa a ir para a escola seus pontos de referência com o social são seus colegas e professores, por isso é importantíssimo que as crianças criem laços com uma pessoa na qual confiem. O trabalho precisa ser complementar e interdisciplinar, para que assim as diferenças sejam entendidas, compreendidas, atendidas, elaboradas e minimizadas, para que desta forma não haja exclusões e discriminações no ambiente escolas e na vida social como um todo (JERUSALINSKY E PÁEZ, 2013).

Pensar a inclusão, primeiro temos que pensar em fazer uma adequação nos currículos de nossas escolas, e pensar como essas crianças estão colocadas nas instituições e se ela realmente faz parte da escola ou se incluíram ela por “ordens”. Para Páez (2013) as adequações curriculares é a grande questão, pois não é somente a escola que precisa ser inclusiva, mas sim a nossa sociedade como um todo, crianças, jovens, tem que estar integrados a escola, acompanhados, incluídos, para assim ter êxito no objetivo de integrar-se na educação, mas integrar não é mandar uma criança/jovem a escola, mas sim, orientar, conduzir, educar.

A escola só será integradora quando os profissionais que lá estão, apoiarem-se, o autor coloca que o principal para a escola é trabalhar em equipe, desta forma trabalhando interdisciplinarmente. As instituições de ensino parecem assombrar-se com a palavra inclusão, entende-se que os professores das classes regulares não tenham estudado ou visto adequadamente a  inclusão e o que ela propõem, e assim assustam-se , por terem que dar conta de 30 alunos dentro de uma sala de aula, mais os inclusos, que demandam segundo eles, um tempo maior para realizar as atividades.

Segundo Meira (2006) a escola é um lugar de demanda social, um lugar onde se almeja o acesso a cultura distante de seus familiares, e ao mesmo tempo invade-se pelo social e pela subjetividade de cada individuo.

Sua integração à instituição escolar supõe que seu desejo de atravessar este processo esteja em jogo. Aprender, participar da vida social da escola, brincar com os colegas, atender aos pedidos dos professores, são demandas com as quais todas as crianças se defrontam. (Meira 2013, p.37 Escritos da criança)

A autora nos coloca que as criança são chamadas a separar-se do convívio da família, e desta forma defrontando-se com as diferenças sociais, os professores ou melhor dita pelas crianças, as “tias”, são colocadas no laço transferencial e nesta passagem, funde-se na via do deslocamento da menção parental, para o campo do social,  as crianças que são fragilizadas na sua constituição psíquica  não suportam esta passagem, o que surgem sintomas na qual viram preocupações dos professores.

Por vezes esses professores ou “tias”, não conseguem lidar com as crianças, muitas vezes por não haver um trabalho dentro da própria escola, o que acaba por dificultar mais o seu trabalho de ensino ou o que os professores acreditam ser ensinar.

“Viver com os outros é o que tece de modo estrutural a teia e o tecido de um sujeito. Se algo na história de uma criança a está impedindo de enodar com o outro, de fazer laço social, então buscar o reordenamento simbólico desse sujeito, tratar dele é, entre outras coisas levá-lo mais uma vez á trama social. Ao meio da rua, ás escolas.” (Kupfer 2013, p.71 Escritos da criança)

Frente a este laço social, o ato de brincar faz parte da constituição do sujeito. Pinho (2013) fala que a atividade lúdica possibilita um acesso ao simbólico que insere suas significações, e desta forma para a subjetividade da criança, assim o brincar inscreve-se no universo lúdico da criança.

Segundo Jerusalinsky (2007) a educação especial, ocupa um lugar intermediário entre o educativo e o terapêutico, o autor coloca que os pais esperam  que humanizem seus filhos, para que isso ocorre-se o educador teria que abandonar o ensinar, essa seria sua primeira tarefa necessária. Para que dessa forma trabalha-se com a educação especial e quando parassem de ensinar voar iam-se.

“Uma interrogação angustiosa a respeito do destino de seus filhos. Pergunta que, mais do que uma resposta, requer um jogo simbólico para além do drama e uma inscrição do sujeito para além da sua impossibilidade. Ou seja: uma operação que transcende o ensino das letras, hábitos e números.” (Jerusalinsky, 2007, p. 109)

O autor nos fala da liberdade, liberdade das coisas ocorrerem naturalmente, propondo atividades em que se liberte a criatividade, para que assim os fantasmas voltem a atuar em torno de um novo componente simbólico. Faz-se necessário que os elementos rígidos da educação não se faça presente quando se trata de deficiência.

Segundo Meira (2008) as crianças estão cada dia mais expostas, a ideias de perfeição, como a beleza, brinquedos caros, bonecas maquiadas e cheias de roupas, carros e casas. Tudo isso nos faz pensar como é para as crianças “especiais” nas instituições de ensino, não pertencer a estes ideias que são a cada dia mais colocados, ou obrigados por nossa sociedade. Os pais sentem-se esse ideal falhar, o ideal do filho perfeito, o que vai brincar, ir bem na escola, se relacionar com os outros.

 “A escola, espaço social no qual se produz educação formal, quando acompanhada da palavra “especial”, segue rumos diferentes do usual. A escola especial destina-se a possibilitar que pessoas deficientes mentais tenham acesso á educação e á cultura.” (Pinho, 2008, p. 77)

Algumas ideias são nos colocados o tempo todo, o ideal da turma perfeita, que fará tudo o que o professor deseja, e o próprio ideal da escola, frente a estes questionamentos, temos que repensar uma escola, a educação, e juntar as possibilidades que temos. Talvez uma equipe multidisciplinar, em que todos possam ser ouvidos e que entendam que o “diferente” também é ideal.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

 

Procurou-se aqui, compreender um pouco de como funciona a inclusão em nossas instituições escolares. Para tanto percebeu-se, que ainda temos um longo caminho a percorrer diante deste tema, estamos passando por mudanças em nossa sociedade e a inclusão vem para um melhor rearranjo do meio social, com um melhor acesso a cultura, educação, etc.

No decorrer dos anos começamos a ter um novo olhar para as pessoas com problema no desenvolvimento, que por vezes ficavam “escondidas” em sua casa, com a evolução e trabalho de muitos profissionais, crianças e jovens começaram a fazer parte de nossa sociedade.

Contudo, faz-se necessário repensar como nossas escolas e professores estão lidando com o assunto inclusão, precisando cada vez mais de suporte e entendimento sobre o assunto. Por fim, acredita-se que este artigo possa fornecer elementos que direcionem ações de apoio para uma melhor educação e inclusão.

 

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

JERUSALINSKY, A. Psicanálise e desenvolvimento infantil: um enfoque transdisciplinar. 4. ed. Porto Alegre: Artes e Ofícios, 2007.

 

JERUSALINKY, A, N. “Escritos da criança”, ed especial, vol n°6, Editora Centro Lydia Coriat, Porto Alegre, 2013.

 

KUPFER,M,C. “Escritos da criança” ,ed especial, vol n°6, Editora Centro Lydia Coriat, Porto Alegre, 2013.

 

MEIRA, A, M, G. “Escritos da criança”, ed especial, vol n°5, Editora Linus, Porto Alegre, 2006.

 

MEIRA, A, M,G. “Escritos da criança”, ed especial, vol n°4, Editora Centro Lydia Coriat, Porto Alegre, 2008.

 

MEIRA, A, M,G. “Escritos da criança”, ed especial, vol n°6, Editora Centro Lydia Coriat, Porto Alegre, 2013.

 

PÁEZ, S, M, C. “Escritos da criança”, ed especial, vol n°6, Editora Centro Lydia Coriat, Porto Alegre, 2013.

 

PINHO, G, S. “Escritos da criança”, ed especial, vol n°4, Editora Centro Lydia Coriat, Porto Alegre, 2008.