Uma palavra aos Levitas

Por Geraldo Gerraro Goulart | 31/08/2013 | Religião

Uma Palavra aos Levitas

 

Texto: I Samuel 17.31,39

 

O coração do Levita.

 

O ministério levita não é carreira, muitos podem pensar, viver e até mesmo exercer o ministério levita pensando que ele é uma carreira profissional, mas não é. Entre o chamado, o cumprimento do chamado e o exercício do ministério existem um longo tempo de preparo e de tratamento por parte de Deus na vida do levita.

É preciso que Deus trate o caráter do levita e o leve primeiramente a um amadurecimento da vocação e do chamado para torná-lo pronto para o exercício do ministério. Sem este tratamento de Deus, o levita pensará, se achará e se tornará “estrela”.

Falamos mal dos católicos, mas também fazemos ídolos para nós, o primeiro ídolo criado somos nós mesmos por pensamos que somos insubstituíveis no ministério levita, no ministério da Palavra, da cura, de missões, de aconselhamento e tantos outros ministérios existentes biblicamente ou aqueles que nós mesmos criamos para suprir as nossas vaidades religiosas.

Deus com certeza mandou Davi enfrentar Golias. Se não ele não iria, pois todos os homens corajosos e guerreiros daquelas duas nações tinham medo do gigante. Por que Davi não teria? Ele só não teve medo porque a confiança dele estava em Deus.

Davi não se achava o “bom da boca” o “rei da cocada preta” o “supra sumo”. Davi não tinha ídolos e nem era ídolo de si mesmo, mas Davi tinha algo incomum, ele não fugia da luta ele estava sempre pronto para uma boa briga. Ele não recuava, não desanimava, nem passava a “bola para frente” Davi sempre assumia sua obrigação e responsabilidade diante das circunstancias.

Devemos estar disponíveis para as batalhas. Na Igreja, em qualquer ministério que seja, nunca vimos ninguém brigar para limpar o banheiro ou para varrer ou lavar o piso do templo, não vemos ninguém brigando para ficar na porta para servir as pessoas ou visitar os enfermos. Mas sempre presenciamos um ou outro brigando para estar numa posição de evidencia dentro dos ministérios. Davi tinha a arte dentro de si, mas acima de tudo Davi tinha Deus em seu coração. Davi antes de ser rei e durante a vida que foi rei sempre foi servo.

Devemos ter nossa experiência particular com Deus, assim como Jacó teve, Elias teve, Davi teve, Moisés teve e outros grandes lideres tiveram. Ter experiência com Deus, na Igreja de forma coletiva é muito bom e traz crescimento espiritual, mas ter experiência individual só entre nós e Deus é o que confirma nossa maturidade e solidifica nosso relacionamento com ele. Bem antes de Davi lutar contra o gigante ele já havia lutado contra um leão e um urso. A experiência de luta dele foi uma experiência solitária entre ele Deus e o urso e o leão, ninguém viu, ninguém aplaudiu, ninguém comemorou, ninguém cantou o “hino de vitória” para ele, entretanto Davi lutou e venceu porque era um homem que não fugia da luta.

Davi tinha identidade própria não copiada de outro, não fazia porque outro fez, seria uma honra para qualquer homem de Israel lutar com o gigante, pois vestiria a “roupa do rei” e casaria com a “filha do rei”. Deus nos deu nossas próprias armas e armaduras.

A permissão do louvor foi dada á Igreja por Deus, o que é para Deus deve ser feito com excelência. O levita precisa pensar que é observado tanto pela Igreja quanto pelo mundo, por isto, seu comportamento espiritual é muito importante, ele deve ter o maior cuidado com o exemplo de vida que transmite.

O levita precisa saber quem ele é, conhecer seu temperamento, o temperamento da arte é o temperamento melancólico. O melancólico tem como qualidades o ser habilidoso, meticuloso, sensível, estético, idealista, sonhador , leal, sincero e dedicado. Por esta razão é que o levita cujo temperamento é melancólico se dá melhor com as artes.

Porém, como defeitos o melancólico traz em si o egoísmo, é muito melindroso, pessimista, vingativo confuso, anti-social, crítico, inflexível e indiferente. Diante disto o levita precisa de muita unção de Deus para ser um levita equilibrado, reconhecendo que se Deus não operar em sua vida, ele não conseguirá ir adiante em seu ministério levita.

Nosso temperamento, qualquer que seja ele, deve estar nas mãos de Deus. Deus é quem pode mudar nosso temperamento ou torná-lo equilibrado. O nosso compromisso com Deus deve sempre ser a adoração, adoração é o reflexo da intimidade com Deus.

Por adoração o levita precisa entender que deve aprender algumas regras espirituais para se tornar um verdadeiro adorador.

 

1ª regra espiritual – Orar e consagrar sua vida a Deus (Filipenses 4.6)

2ª regra espiritual – Praticar a solidão com Deus, ter seu momento só com Deus (Mateus 14.23;Mateus 6.6)

3ª regra espiritual – Jejuar (Mateus 6.16,18)

4ª regra espiritual – Alimentar-se da Palavra de Deus (II Timóteo 2.15; 3.16.17)

5ª regra espiritual – Ter comunhão com os irmãos no corpo de Cristo (I João 1.7)

6ª regra espiritual – Ser obediente e submisso (Romanos 13. 1,5)

7ª regra espiritual – Ser discipulado (Eclesiastes 4.9,12)

8ª regra espiritual – Buscar a santidade (I Pedro 1.16)

9ª regra espiritual – Praticar o amor cristão (I Corintios 13.4,7)

 

O Líder Levita.

 

Líder é aquele que influencia outros para fazer algo, esta é a síntese da concepção de liderança. Mas para ser um líder levita, há de se exigir outras qualificações, não enquadradas propriamente dentro da concepção normal de liderança, ainda que elas contribuam efetivamente para uma boa liderança em todas as áreas. Estas qualificações, entretanto, estão mais próximas da área espiritual que da área organizacional.

 

I – Ser um adorador com o coração rendido á Deus.

II – Ter comprovada caminhada espiritual, vida com Deus e conhecer a Igreja na qual é membro.

III – Moldar-se á Igreja na qual é membro.

IV – Ter musicalidade adequada e aceitável.

V – Ter bom testemunho dos de fora e dos de dentro da Igreja, possuir boa reputação.

VI – Ter atitudes corretas com as doutrinas da Igreja e com o Pastor

VII – Saber trabalhar em equipe

VIII – Ter compromisso com a posição que ocupa no ministério

VIX – Ter uma personalidade amigável

X – Ser uma pessoa autêntica, ser você mesmo

 

A experiência do levita

 

Apesar de muitos usarem o ministério levita para se destacar e se projetar como “artista gospel” o levita precisa saber que o ministério não é carreira artística. Não fomos chamados para sermos artistas e sim servos. Entre o chamado e o cumprimento efetivo dele há um período para tratamento de caráter e amadurecimento espiritual, se o chamado levita não cumpre este período não deixando Deus tratar com ele, certamente pensará e agirá como artista e não servo, agindo como se o ministério levita fosse um trampolim para o “sucesso”.

O levita gosta muito de citar o rei Davi como exemplo de seu ministério, ao mesmo tempo não permite que Deus aja em sua vida como agiu na vida de Davi. O rei permitia que Deus falasse com ele todos os dias, se Deus com certeza não falasse com Davi, ele não teria enfrentado Golias, pois todo homem tinha medo do gigante. Davi tinha Deus em seu coração, não era ídolo de si mesmo como muitos levitas o são. Falamos muito dos católicos, mas também fazemos ídolos para nós.

Precisamos estar sempre prontos e disponíveis para ouvir e obedecer a voz de Deus como Davi, Deus manda ser servo primeiro, servir primeiro e quem serve será servido. Não vejo nenhum levita brigando para limpar o banheiro da Igreja, visitar os enfermos, ficar a portaria da Igreja, não vejo ninguém brigando para ficar depois do término do culto para fechar a Igreja ou para chegar mais cedo para abri-la, mas brigamos para cantar, brigamos para estar no púlpito (ou palco?).

Davi tinha em seu coração o comprometimento de um servo, acima de tudo Davi tinha Deus em seu coração. Antes de se projetar matando um gigante, Davi já havia lutado batalhas solitárias longe dos olhos dos homens, antes de derrotar o gigante Davi já havia matando leão e urso. Antes de sua experiência a frente do exercito de Israel Davi já havia travado e vencido sua batalha particular. O levita muito antes de querer vencer na frente de um público, precisa travar e vencer suas próprias batalhas, a experiência particular e menor do levita o deixará mais preparado para experiências maiores.

 

A identidade levita

 

O levita precisa ter identidade de levita, possuir suas próprias experiências e armas adquiridas em sua lutas particular sob a obediência de Deus. Seria uma honra e um orgulho para qualquer homem ir á batalha com as “roupas do rei” mas Davi tinha sua própria roupa e arma. O levita precisa compreender que Deus lhe deu sua próprias armas e armadura, portanto, ele não precisa da roupa (dom, trejeito, técnica,) de nenhum outro levita, basta confiar no dom que Deus lhe deu.

A preparação do líder de louvor acontece basicamente em três níveis que são: Longo prazo, curto prazo e naturalmente. É necessário que o líder ou ministro de louvor ou mesmo o levita evite o “aborto espiritual” se adoração é levar a Igreja ao altar o “aborto espiritual” é não conseguir cumprir o propósito de Deus para a Igreja na adoração, e “abortar” a vontade de Deus. O “aborto espiritual” acontece quando o ministro de louvor não consegue seguir um tema, canta mais canções do que deveria, começa uma musica e passa para outra sem terminar aquela que começou, ou termina a canção antes do tempo atropelando o ritmo, o compasso.

O levita não consegue cumprir o propósito do louvor quando não escolhe canções apropriadas ao público ou quando mantém as pessoas muito tempo em pé sem um direcionamento definido, ou ainda, quando pede as pessoas que se sentem e logo após que se levantem ou vice-versa.

No ministério de louvor é preciso que o levita possua aptidões musicais mínimas necessárias ao desempenho de suas funções tais como saber tocar o instrumento do qual é responsável, saber cantar ou desenvolver o canto, ter “ouvido musical” saber comunicar, ter boa afinação no canto.

O ministro de louvor deve saber liderar e não controlar o louvor, quem deve controlar o louvor é Deus o levita deve assumir o púlpito e entregar o controle para Deus, sendo sensível ao Espírito Santo. O levita deve ainda afastar o microfone da boca dando oportunidade a Igreja de cantar e adorar, deve entender que quando se ajoelha é sinal de rendição ao Espírito Santo.

É necessário que o levita saiba deixar que Deus fale através do louvor e recusar sempre escolher uma canção por vontade própria permitindo que Deus através da unção ministre ao coração dele as canções separadas pelo Espírito Santo para que possa, junto com a Igreja, adorar ao Deus único e soberano.

O levita precisa descobrir seu ministério (Efésios 4, 4,13) deve unir seu talento com a espiritualidade alcançada no relacionamento diário com Deus. (Êxodo 35, 30.35) deve deixar que o Espírito Santo tenha controle para mover-se profeticamente no louvor e adoração para isto, o levita deve ter intimidade com Deus, estudar a bíblia diariamente viver em santidade controlar-se para não fazer só canto espiritual e quando o fizer, usar seu próprio vocabulário.

Muitos levitas imaginam que para demonstrar santidade precisam ministrar somente “cantos espirituais” o que para muitos crentes na Igreja, acaba por parecer monótono e cansativo sem nenhum atrativo já que a maioria dos membros da Igreja gosta dos corinhos e dos hinos, hinos avivados ou não, mas preferem os hinos que são cantados com toda a Igreja

Se o levita sente a necessidade de canto espiritual que o pratique a sós com Deus inclusive orando em línguas também, como o apóstolo Paulo disse “Aquele que ora em línguas edifica a si mesmo” (I Coríntios 14 9.19). É necessário que o levita libere o Espírito Santo que está em seu coração e o deixe fluir no louvor (Efésios 5.19.20).

 

A Restauração (Salmos 74.4. 23)

 

O levita precisa viver uma vida restaurada. Para tanto, ele deve saber que independente do que somos Deus continua bom, Deus é sempre bom. Nosso coração pode muitas vezes não estar bem, nossa mente pode muitas vezes estar confusa e quando não estamos bem Deus parecerá ruim.

Falando em ser bom, uma das coisas que mais atrapalha o ministério do levita e seu relacionamento com Deus é a idéia de ser bom demais. Muitos ministros de louvor se acham raros, caros, bons demais e tem a idéia fixa de que a Igreja precisa muito deles e que por isto eles são insubstituíveis.

Quando o ministério de louvor da Igreja é tímido, está começando, é pequenino, ninguém sente atração por ele, mas alguns pagam o preço em oração, jejum e dedicação então o ministério começa crescer a ficar importante e outros vão entrando nele se qualificando e o ministério de louvor vira um grupo de louvor muito requisitado, logo alguns levitas começam a vislumbrar oportunidades de exposição na mídia interna e externa do mundo gospel e através disto permite que satanás entre no ministério levita porque começam a se sentir orgulhosos de seu desempenho.

O orgulho no coração e na vida do levita é um dos principais problemas no ministério levita, o levita orgulhoso de sua condição e fama causa transtorno e até mesmo ameaça ao grupo pois se acha bom demais para ser usado na obra da Igreja e tudo que faz no ministério de louvor da Igreja começa a ser feito para demonstrar que é bom.

É nocivo para a Igreja e para o ministério levita o ministro de louvor que se acha muito bom e se torna estrela, pensando que é uma estrela consequentemente pensa em brilhar, porque estrela nasceu para brilhar. Logo, se é uma grande estrela sai da Igreja ou do ministério e vai brilhar lá fora seguindo a chamada “carreira solo” as outras “estrelas pequenas” ficam brilhando dentro da Igreja e querem brilhar mais forte do que os outros levitas.

Eu lembro-me que durante o ministério de Jesus ele sempre teve a oportunidade de se achar bom e ninguém além dele teve este direito porque na verdade Jesus é Bom ele é Deus e Deus é bom. Só que Jesus nunca aceitou que as pessoas o chamassem de bom e sempre transferiu a ideia de bondade para Deus o Pai, basta conferir o texto do Jovem rico e confirmaremos esta afirmação.

Pessoas com síndrome de Narciso desenvolvem a imagem do pavão o pavão vive todo “inchado” em suas cores e penas para desviar os olhares dos próprios pés e também porque se notarmos bem, as cores bonitas nas asas do pavão são na verdade, a incidência da luz do sol refletidas em pequenas gotas de água em suas penas o que o torna um fingido que pensa ter o que não possui e parece ser o que não é.

Se por um lado, pessoas com síndrome de Narciso atrapalham o ministério de louvor, o contrário também é verdade. Pessoas com síndrome do “patinho feio” também causam mal ao ministério levita porque estas pessoas, apesar de possuírem capacidade nunca se acham boas o suficiente e estão sempre a exigir de si e dos outros, algo mais. O que leva o grupo a um estado de alerta e desânimo com a própria performance.

A idéia de não ser bom de não ser capaz gera conflitos interior na vida do levita, enquanto o complexo de ser bom faz com que a pessoa se exiba, no complexo de não ser bom faz que pessoa se tranque dentro de si como uma ostra. Desta forma, o grupo precisa soprá-la como se fosse brasa, pois ela oscila entre alegria e tristeza, ânimo e desânimo. Qual brasa, ela apaga e acende, apaga e acende, tudo depende da intensidade com que os outros a soprem.

O ministério levita se parece, às vezes, com uma carroça na qual alguns puxam para frente, outros vão sentados comodamente em cima, outros vão timidamente atrás. Muitos membros do ministério assumem a síndrome do “patinho feio e da galinha de angola” precisam ser motivados sempre pelos outros membros, mas continuam pensando que ninguém gosta deles. É como se fossem uma caixa de água limpa e cheia de água tratada em cujo cano de saída possui uma enorme retenção.

 

As pressões.

 

As pessoas que possuem complexos não conseguem lidar com a pressão do cargo e todo cargo e toda função exige que se saiba lidar com a pressão. E quando nós somos pressionados se não estivermos bem conosco e com Deus não cumpriremos os propósitos determinados por Deus para o ministério.

Se eu não estou bem comigo certamente não estarei bem com Deus, com as pessoas, com minha família e com a Igreja. Se as pessoas estão parecendo incrivelmente chatas e irritantes, pode ser que chato e irritante seja na verdade eu. É necessário que eu consiga restaurar meu relacionamento com Deus para ser curado dos complexos interiores porque sabidamente, em todo ministério haverá pressões externas e internas como o apóstolo Paulo disse com bastante propriedade em II Corintios 7.5.

Alem disto, se tudo está chato devemos correr para os pés do Senhor porque a pressão precisa ser vencida dentro de nós, vinda ela de fora ou de dentro. A pressão é gerada pela cobrança da Igreja, da família, dos amigos, do nosso líder, e dos nossos liderados. Estas cobranças nos tornam vulneráveis e a pressão é muito pior quando não sabemos lidar com nossos dilemas.

Quando o assunto é ministério, qualquer que seja, a ingratidão é outro obstáculo. No ministério de louvor não é diferente, o ministro de louvor se sente frustrado quando faz muito e recebe-se pouco ou nada de gratidão. Ele pensa “que adianta fazer tudo que fiz”? O levita precisa estar preparado para lidar com a ingratidão, pois mesmo que haja ingratidão o levita não deve jogar “tudo para o alto” abandonar as pessoas ou “riscá-las de seu caderno”.

Satanás com certeza aproveita destas situações e nos prejudica, acaba com nosso ministério, adoece e arrasa com a Igreja. No lugar onde deveríamos encontrar com Deus, no lugar onde deveríamos louvar a Deus, na assembléia dos santos ele “levanta” a bandeira da confusão da tristeza, da desvalorização e da divisão.

Não é fácil você perceber, que em um mesmo ministério, o outro é valorizado e você não é. Não é fácil ver o outro se dando bem e você não. É muito fácil chorar com quem chora rir com quem está sorrindo, mas rir com alguém feliz quando você está triste não é fácil estar alegre quando alguém é promovido, elogiado e está subindo na carreira profissional ou ministerial, enquanto você não consegue sair do lugar comum é muito difícil. Nestas situações é que são definidas, aos olhos de Deus, o verdadeiro adorador.

 

A indiferença.

 

O desejo de que as coisas possam dar certas é importante e a expectativa de resultados também. Se nós não tivermos expectativa de acerto não trabalharemos com afinco. Mas se eu tenho expectativa e as pessoas que estão comigo não possuem a mesma expectativa que eu, se são indiferentes ao mesmo propósito que eu, isto prejudicará o ministério.

Normalmente se isto acontece pensamos o seguinte: “Não farei mais nada”. Quando o que mais quero não alcança o resultado esperado o desapontamento é muito grande e devastador.

Mas eu tenho que pensar que aquilo que às vezes é muito importante para mim, não possui nenhuma importância para o outro, devo aprender a trabalhar e a conviver com esta realidade. Claro que é muito frustrante quando minha dor ou minha alegria não está comovendo nenhum coração, o ser humano tem a tendência de pensar que a dor dele é a maior do mundo, ele se esquece que a intensidade da dor que sentimos cabe somente a nós e não ao outro, para sentir a dor do outro com igual intensidade só será possível se tivermos dor igual não cicatrizada.

Quando esta situação nos alcança, vem a inveja sobre nós e não conseguimos seguir o ritmo do outro, nos sentimos desvalorizados pela Igreja ainda que isto não ocorra, o inimigo nos alcança e nos aprisiona mesmo que estejamos no Lugar Santo. O sentimento de desvalorização tira o brilho do trabalho, pois começamos a desfazer e a desmerecer o trabalho dos outros, somos envolvidos em uma teia tecida por satanás e começamos a comparar os outros conosco, com o que sentimos, fazemos e vivemos.

Começamos a ver no outro aquilo que está em nós. Ou seja, começamos a ver no outro o ódio, a tristeza, a inveja, a calunia, o desânimo e pouco a pouco desistimos do nosso ministério dando vitória ao diabo.

O fato de sermos levitas ou ministros de louvor e de estarmos na Igreja não nos livra das perdas, precisamos estar cientes de que estamos sujeitos a elas como qualquer outra pessoa. É difícil lidar com a perda de pessoas queridas, perda de objetos importantes e posições importantes, mas não precisamos carregar a dor causada pelas perdas porque Jesus Cristo é Vida em nós. Basta abrirmos o nosso coração para a vontade soberana de Deus e ele vai restaurar as nossas almas e sarar a dor causada pela perda seja qual for.

 

As Perdas.

 

É comum perdermos espaço e a influencia que tínhamos no ministério e ficarmos amargurados. Estar em evidencia é ótimo, mas se a perdermos poderemos recuperar. Para isto se faz necessário trabalhar o nosso interior, refazer os passos perdidos, reajustar nossos sentimentos e ações e continuar a caminhada. Entretanto, se pararmos, desanimarmos e desistirmos jamais aprenderemos a lidar com as perdas e com os “altos e baixos” no ministério.

Às vezes perdemos uma oportunidade e ficamos chorando por ela a vida inteira, precisamos saber que oportunidades vêm e vão. É muito ruim perder a vida porque perdemos uma oportunidade.

Todos os dias, no mundo inteiro, pessoas tem perdas morais, financeiras, materiais e sentimentais. Tem pessoas que ficam presas pelo resto de suas vidas às perdas que tiveram e por isto pensam que suas perdas doem mais do que as perdas dos outros, que sua dor é sempre maior que a dor do outro mas isto não é verdade.

Quando nos prendemos às dores de nossas perdas, começamos a pensar que a vida não nos dará mais oportunidades e com isto, perdemos outras oportunidades que surgem. A Bíblia nos diz que: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus...” logo, devemos continuar vivendo e caminhando porque oportunidades virão todos os dias para nós.

 

A Culpa.

 

Muitas pessoas não se perdoam nunca pelo que disseram ou deixaram de dizer, pelo que fizeram ou deixaram de fazer. A culpa corrói o coração das pessoas de tal forma que as deixam acabrunhadas, azedas, distantes e sem viço. Tem pessoas que por ter errado uma vez passam o resto dos dias de sua vida remoendo o erro, ruminando a culpa e curvados debaixo de um peso invisível e insustentável. Quem não sabe lidar com o erro e a culpa se acha a pior pessoa do mundo, o mais culpado do mundo e que somente ele, no mundo inteiro, é culpado e merece sofrer.

Aquele que não sabe lidar com o erro e a culpa se sente culpado por qualquer coisa e pela coisa mais insignificante. Culpa-se por estar no lugar errado na hora errada e se culpa até pelo erro do outro, não foi dele o erro, mas ele se culpa por que não estava lá. Se estivesse lá para ajudar o outro não teria errado.

A Bíblia nos fala: “confessai as vossas culpas e sareis” o levita que não sabe lidar com o erro e culpa prejudica seu ministério e o dos outros, porque ele não encontra coragem para confessar com Deus e com as pessoas com as quais ele errou e isto é ruim. Se não errou é pior ainda pois carrega uma culpa invisível, um fardo desnecessário.

 

O Fracasso (Salmos 73.13,22)

 

Diariamente percebemos pessoas, dentro do ministério, que se esforçam, lutam, se dedicam muito, oram, jejuam, mas no final de tudo fracassam. Fracassam simplesmente por não conseguirem lidar com a possibilidade do fracasso. Pensam que são insubstituíveis, que são santas e intocáveis e que são imunes às leis da semeadura e da retribuição bíblica. Pensamos que estas leis não funcionam para nós.

Fracassamos por pensar que não precisamos dar a Deus aquilo que é de Deus, não ofertamos a Deus em santidade as nossas vidas, o nosso corpo, o nosso dinheiro, as nossas vozes, o nosso tempo, nossa adoração e tantas outras coisas que precisamos trazer como oferta e depositar aos pés dele.

Pensamos: “Deus não é suficientemente bom para mim, como é para os outros” Pois eles possuem isto e eu não, eles conseguiram isto ou aquilo e eu não. Logo, porque eu serei fiel a Deus? Contudo ao pensarmos e agirmos desta maneira, esquecemos que a Bíblia diz: “de Deus não se zomba, tudo que o homem semear isto colherá” e ainda “Tudo que te vier à mão para fazer, faça conforme suas forças” ou “Alguém ao ser tentado não diga: ‘de Deus sou tentado’ porque Deus a ninguém tenta...”

É ruim viver com aquela sensação de fracasso, é frustrante vivermos pensando que fazemos “tudo direito e nada dá certo” este pensamento traz uma grande amargura ao coração do levita e das pessoas em geral. Temos que pensar que o fracasso faz parte da vida do ser humano, o fracasso, querendo ou não, é parte integrante da caminhada do homem aqui na terra e em qualquer projeto no qual ele esteja. Por outro lado o fracasso deve servir de degrau para a subida e nunca para a descida. Porém, somente quem sabe lidar com o fracasso ou com a possibilidade deste é que conseguirá se erguer quando e quantas vezes cair.

É necessário ao levita saber lidar com fracassos em seu ministério, o levita não deve nunca desistir ou abaixar a cabeça quando fracassar. Ao contrário, deve levantar sua cabeça e continuar caminhando em fé e com fé, pois Deus é galardoador daqueles que o buscam. Não é fácil superar o fracasso, mas temos que fazê-lo por que se não o fizermos ficaremos reféns do inimigo.

É glorioso saber que quando eu entro no templo para cumprir o propósito de Deus colocado em meu coração e não apenas para cumprir uma rotina, não apenas para agradar a mim mesmo e aparecer, mas a fim de adorar e agradar ao Deus único, todas as mazelas, todas as deficiências de minha pobre alma são vencidas. Pois na verdade já estão vencidas na Cruz de Cristo.

Neste propósito, a luz de Deus vem sobre minha alma e meus sentimentos e me cura, me sara, me restaura de todas as fraquezas. Esta luz, ainda que me mostre as falhas me levará aos braços de Deus porque me mostrará o sangue de Cristo derramado por mim na cruz para minha restauração.

Cristo mediante seu sacrifício restaurará sempre minha alma, minha alegria, minha reputação, minha vida ministerial. Minha vitória depende única e exclusivamente em aceitar o Senhor Jesus Cristo como Senhor e Salvador meu.

Minha vitória depende da minha intimidade com Deus, ainda que a luz de Cristo me mostre o quanto sou insensato, irracional, bruto e necessitado ela me conduzirá sempre ao seu encontro, pois me apontará o caminho para ele. Eu preciso portanto saber que meu sustento físico, material, emocional financeiro e ministerial vem sempre de Deus e nunca das pessoas. Na comunhão com Deus é que descubro que não importa o lugar geográfico no qual me encontro seja púlpito, rua, casa, ou Igreja. Se eu o adorar em espírito e em verdade ele me guiará com seus conselhos e me receberá em honra.

Talento e dons nas mãos de quem não trabalha não serve para nada é preciso aprender a olhar a vida ministerial através dos olhos espirituais, pois é pelo Espírito Santo que temos total e pleno conhecimento de Deus e sua vontade. Não é a maneira ou a forma de adorar que cada um possui que o coloca em comunhão com Deus, mas é a obediência a Deus exercida e refletida no ato de adorar que nos permite tocar o coração do Pai.

Um abraço a todos! 

Em Cristo, 

Geraldo Gerraro Goulart

Artigo completo: