UMA (NOVA) ÉTICA

Por Alexandre Gazetta Simões | 25/06/2019 | Filosofia

Hans Jonas frente aos perigos da revolução tecnológica, e o grande poder de destruição da tecnologia, concebe uma ética da responsabilidade.

Tal ética tem como parâmetro fundar o homem na amplitude do ser. Portanto, o homem não deve ser isolado do resto da natureza.

Como em Ismael de Daniel Quinn, a sobrevivência da espécie se dá pela sustentabilidade do mundo em que vive.

Portanto, Jonas funda uma nova ética. A ética da responsabilidade.

A ética tradicional é individualista. No sentido da ação individual. A técnica como a sua funcionalidade e eficiência, alcança o progresso utilitarista.

Hans Jonas propõe a superação do imperativo Kantiano, em uma relação de reciprocidade utilitarista, propondo em seu lugar, uma conduta baseada na responsabilidade prévia e com cuidado para com o outro. Mal explicando, defende a atribuição de uma motivação voltada ao dever de zelar pela existência e integridade do objeto/alter.

Uma ética fundada na ausência de reciprocidade. Não há um benefício, no sentido da conservação de um pacto social interessado. Ao revés, como a responsabilidade parental. Em síntese, uma ética que reflita um dever à posteridade.

Uma ética que tem como premissa maior a sustentabilidade da vida na Terra.

O cuidado prévio em detalhes com a ação futura, notando que os fatos do passado são relevantes para condicionar as nossas ações nesse provir. Como explica Hans Jonas, aquilo que já foi iniciado rouba de nossas mãos as rédeas da ação. Os fatos consumados, que tiveram origem por aquela ação inicial se acumulam, tornando-se a lei da sua continuação.

Finalmente, tal qual imaginar que com sua ação presente, condiciona o nascimento do seu futuro descendente, que poderá ou não nascer, dependendo inteiramente do seu caráter.

Essa, portanto, é a justificativa da urgência de se pactuar e compreender, entre nós, uma nova ética, que garanta o futuro da (de alguma) vida, pela ação da humanidade presente.

Há um limite entre as relações humanas. Sempre e hoje com mais propriedade, a existência de uma ética que viceje em benefício do todo e não só do eu, é muito bem vinda.

A ação humana voltada não à felicidade a qualquer preço, mas, ao compartilhar, como a significação maior do amor. Uma Ética amorosa que devolva a nós, pela paixão à vida e ao próximo, a ressignificação da vida. Vida essa pautada pelo sentido maior de todo e do porvir, e menos do eu do agora.