Uma Nova Abordagem de Aprendizagem no Município de Itaara/RS

Por Idamara carvalho Siqueira | 21/05/2017 | Educação

 UMA NOVA ABORDAGEM DE APRENDIZAGEM NO MUNICÍPIO DE ITAARA

Autores: IdamaraCarvalhoSiqueira

Denise Medina Fidler

 marasiqueir@yahoo.com.br

denifidler@yahoo.com.br

Resumo

O município de Itaara vem buscando alternativas através de ações políticas, sociais e pedagógicas que venham possibilitar a qualidade de educação para todos. A proposta do Programa de Atendimento Educacional Especializado -PAEESP, é decorrente de inquietações, dificuldades e fragilidades enfrentadas pelo sistema de ensino em relação ao atendimento educacional especializado no município. A equipe de trabalho constituída, pelas áreas da Educação Especial, Psicopedagogia, Fonoaudiologia e Psicologia, realizam um trabalho interdisciplinar de atendimentos aos alunos com deficiências e necessidades educacionais especiais. O Programa possui como objetivo geral: Interceder prioritariamente no que concerne à caracterização, desenvolvimento de estratégias e acompanhamento aos alunos com deficiências e alunos com necessidades educacionais especiais, bem como articular com as estruturas de orientação educacional das escolas e outros serviços, Instituições, Órgãos e Entidades locais. Assim, acreditamos que a escola contemporânea necessite urgentemente de uma nova abordagem, com uma alternativa de mais compartilhamento de saberes entre os professores de ensino regular e professores da educação especial. É imprescindível um planejamento individualizado com adequações e articulações potentes que venham corroborar com o crescimento no processo desenvolvente da sua aprendizagem, de maneira coletiva, facilitando as trocas de conhecimentos entre seus pares.

Palavras-chave:Atendimento Educacional Especializado. Inclusão. Aprendizagem. 

Introdução 

            Conforme a Política Nacional de Educação Especial (2008), o município de Itaara, vem buscando alternativas através de ações políticas, sociais e pedagógicas que venham possibilitar a qualidade e a equidade de educação para todos.

A proposta do Programa de Atendimento Educacional Especializado- PAEESP, é decorrente de inquietações, dificuldades e fragilidades enfrentadas pelo sistema de ensino, em relação ao atendimento educacional especializado no município de Itaara.

            O trabalho do Atendimento Educacional Especializado (AEE) é possibilitar, através de recursos e materiais específicos, formas diferenciadas de construção e desenvolvimento da aprendizagem aos alunos com deficiências, alunos com transtornos globais do desenvolvimento e alunos com altas habilidades / superdotação, bem como, oferecer ao professor de ensino regular suporte em seu trabalho oportunizando sugestões de atividades, adequações e adaptações de materiais que serão utilizados no cotidiano das atividades durante o ensino e aprendizagem na sala de aula.

Assim sendo, através da parceria com a Secretaria de Educação do município de Itaara- RS propõe a reestruturação do serviço de educação especial na busca de atender os diferentes atores envolvidos no cenário educacional inclusivo. Nessa ótica, o serviço de educação especial passa a ser denominado de PAEESP – Programa de Atendimento Educacional Especializado, sendo a equipe de trabalho constituída, principalmente, pelas áreas da Educação Especial, Psicopedagogia, Fonoaudiologia e Psicologia, entre outras, as quais deverão realizar um trabalho interdisciplinar de atendimento aos alunos com deficiências e necessidades educacionais especiais, com assessoria pedagógica especializada junto as escolas do município de Itaara- RS.

Justifica-se que como projeto piloto, o PAEESP em toda a rede do município de Itaara, ano de 2016, pois a realidade evidencia uma carência escolar caracterizada, em sua grande maioria, pela pobreza, pela desestrutura familiar, muitas crianças em situação de vulnerabilidade social, defasagem em idade/ ano escolar e falta de perspectivas em atendimentos.

Consequência desse quadro, muitas crianças estão vulneráveis, pois passam grande parte do seu dia a todo tipo de violência. Essa é a situação mais recorrente de muitos alunos da nossa rede pública de ensino, o que culmina em agressividade, violência moral e física, falta de limites, dificuldades em entender e cumprir regras, desinteresse pelo que se ensina na escola, dificuldades de aprendizagem, infrequência e falta de perspectiva em relação à própria vida.

Outra realidade enfrentada diz respeito à defasagem idade/ano escolar, o que provoca desinteresse e revolta, pois convivem no mesmo espaço alunos em diferentes fases evolutivas, com interesses próprios e que apesar da idade avançada, manifestam problemas de aprendizagem elementares nas áreas da leitura, escrita e cálculos. 

 Objetivo

O Objetivo do artigo é apresentar prioritariamente no que concerne à caracterização, desenvolvimento de estratégias e acompanhamento aos alunos com deficiências e alunos com necessidades educacionais especiais. Desta maneira, fomos a busca de atendimentos com profissionais especializados bem como melhorar a qualidade de educação no município de Itaara- RS, dando início em 2016,o projeto piloto, o Programa de Atendimento Educacional Especializado- PAEESP. 

Métodologia

            O atendimento do aluno no PAEESP será condicionado à sua matrícula no ensino regular das escolas municipais do município de Itaara- RS.

            Assim, acreditamos que a escola contemporânea necessite urgentemente de uma nova abordagem, com uma alternativa de mais colaboração entre os professores de ensino regular e professores da educação especial. Construindo um planejamento colaborativo nas escolas e individualizado, com adequações que venham corroborar o crescimento do estudante no processo desenvolvente da sua aprendizagem, mas com uma abordagem coletiva, facilitando as trocas de saberes entre seus pares.

            As escolas ao encaminharem o aluno para o PAEESP deverão preencher a ficha de encaminhamento, na qual constam os dados pessoais do aluno, dados referentes à sua vida escolar e o(s) motivo(s) do encaminhamento para a avaliação. A escola deverá se comprometer em colaborar com a avaliação do aluno no sentido de: disponibilizar cópias de documentos referentes ao acompanhamento do aluno na escola (pareceres, registros, entre outros); fazer-se representar pelo professor ou membro da equipe diretiva, o qual for solicitado para entrevista com a equipe do PAEESP, sendo assim, as escolas deverão estar disponíveis para receber a visita e observação da equipe do PAEESP na sala de aula do aluno avaliado e demais espaços pedagógicos; responder aos instrumentos complementares de avaliação aos quais for solicitada a preencher, entre eles: avaliação de estilo de aprendizagem, avaliação de déficit de atenção/ hiperatividade, avaliação dos papéis dos alunos, avaliação das características do aluno com altas habilidades, ficha de itens para observação em sala de aula.

As avaliações com o aluno serão pré-agendadas, após o consentimento do familiar responsável. A partir da identificação das necessidades educacionais específicas dos alunos, será realizada a definição dos recursos necessários e das atividades a serem desenvolvidas, bem como o cronograma de atendimento dos alunos de acordo com a proposta de atendimento de cada área específica e, também, orientações à escola de origem, em especial ao professor responsável pelo aluno atendido no PAEESP.

O atendimento ao aluno só será efetivado mediante a assinatura do termo de autorização e compromisso dos responsáveis e da escola de origem. Os atendimentos serão definidos conforme a necessidade de cada aluno, sendo de responsabilidade da Secretaria de Educação, levar e buscar o aluno no atendimento, considerando que ocorrerá em turno inverso, realizado individualmente ou em pequenos grupos, sendo no mínimo um atendimento e no máximo dois atendimentos semanais, de aproximadamente uma hora cada encontro.

Quanto à frequência do aluno, cabe destacar que o aluno que faltar três vezes consecutivas ao atendimento sem justificativa será desligado do Programa.

Ressalta-se que o atendimento do aluno no PAEESP não isenta sua frequência em sala de aula, mas em caso de conflito de horários a escola de origem e o responsável pelo atendimento no PAEESP farão ajustes e adequações possíveis. 

Ações desenvolvidas nas áreas de atuação no PAEESP

Educação Especial

A educação especial

[...] é uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os serviços e recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns do ensino regular (BRASIL/MEC, 2008, p.16).

Nesse sentido, o atendimento educacional especializado realizado pela Educação Especial deve “[...] apoiar, complementar e suplementar os serviços educacionais comuns”, no entanto “[...] não pode ser confundido com atividades de mera repetição de conteúdos programáticos desenvolvidos na sala de aula, mas deve constituir um conjunto de procedimentos específicos mediadores de apropriação e produção de conhecimento” (ALVES, 2006, p.15).

            Desta maneira o Atendimento Educacional Especializado, surge através das Políticas Públicas para fortalecer o movimento mundial pela inclusão educacional, apresentando uma ação política, cultural, social e pedagógica, desencadeada em defesa do direito de todos os alunos estarem juntos, compartilhando conhecimentos, participando de atividades em conjunto com acesso e permanência na escola, com o objetivo de uma aprendizagem significativa.

Concomitantemente junto ao trabalho desenvolvido nos atendimentos de educação especial, é também oferecido o projeto de Cinoterapia, ou seja, Educação Mediada por Animais-EMA. Realizado uma vez por semana, em torno de 1 hora, para todos os alunos que frequentam o atendimento de educação especial.

            A cinoterapia utilizada através da Educação Mediada por Animais é desenvolvida como possibilidade da criação de vínculos que poderão potencializar as relações interpessoais e as funções cognitivas dos estudantes no processo de aprendizagem. Ou seja, a cinoterapia como possibilidade de mediação para o processo de aprendizagem, as possibilidades das relações produtivas que podemos vivenciar por meio de construções, mediações e processos de aprendizagem como uma fonte de recursos para estimular e potencializar os processos mentais do estudante.

Desta feita, o cão é extremamente significativo devido a sua  afetividade por participar e compartilhar com os alunos sua infinita docilidade, sendo um recurso catalisador de emoções, sensações, experiências cognitivas, enfim uma nova maneira de oferecer oportunidades de aprendizagem para os estudantes que frequentam o programa.

Becker afirma,

Crianças do mundo inteiro recorrem a seus bichos de estimação em momentos de tensão emocional. Quando se sentiam tristes, crianças alemãs da quarta série pesquisadas recorriam a seus animais, dizendo-lhes que os preferiam à companhia de qualquer outra criança. Uma pesquisa de 1985, com crianças de Michigan entre 10 e 14 anos, constatou que 75 por cento voltavam-se para seus bichos de estimação quando estavam perturbadas. As crianças destacavam a capacidade do animal de escutar, tranquilizar, demonstrar aprovação e proporcionar companheirismo (2003, p. 54).

Psicopedagogia

A Psicopedagogia

[...] é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio – família, escola e sociedade – no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da Psicopedagogia. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOPEDAGOGIA capítulo I, artigo 1º)

O enfoque da psicopedagogia institucional escolar está centrada na prevenção do fracasso e das dificuldades escolares, não só do aluno como também dos educadores e dos demais envolvidos no processo (PORTO, 2006). Ela tem como objetivo trabalhar as questões pertinentes às relações vinculares entre sujeitos em situação de aprendizagem e a construção desse processo, considerando os diferentes níveis de  implicações que decorrem da interação permanente do estudante com o meio que o cerca, mais especificamente, com figuras significativas que se fazem mediadores dessa relação sujeito e aprendizagem.

Já na psicopedagogia clínica, se faz o diagnóstico que é uma investigação que vai além do sujeito, advém do esclarecimento de uma queixa do próprio sujeito, da família ou da escola. Com o diagnóstico pretende-se obter uma compreensão da sua forma de aprender e dos desvios que estão ocorrendo nesse processo, para então proceder à intervenção, que é o tratamento psicopedagógico ou encaminhamento para outros profissionais.

Conforme Bossa (2007, p. 32) “[...] o trabalho clinico não deixa de ser preventivo, uma vez que, ao tratar alguns transtornos de aprendizagem, pode evitar o aparecimento de outros”. Da mesma forma, o trabalho preventivo, “[...] numa abordagem psicopedagógica, é sempre clínico, levando em conta a singularidade de cada processo”. Importante salientar que “[...] tanto na clínica quanto na instituição, o psicopedagogo atua intervindo como mediador entre o sujeito e sua história traumática, ou seja, a história que lhe causou a dificuldade de aprender” (PORTO, 2006, p.109).

Ao lado de um pequeno grupo de alunos que apresenta Transtorno de Aprendizagem decorrente de imaturidade e/ou disfunção psiconeurológica, existem muitos outros que apresentam baixo rendimento escolar em consequência de diversos fatores isolados ou em interação. Sabe-se que qualquer aluno pode atrasar-se no desempenho escolar, em qualquer etapa, por falta de interesse, perturbação emocional, inadequação metodológica ou mudança no padrão de exigência da escola. Para esses o caso desses alunos a designação mais adequada é dificuldade de aprendizagem.

A indicação para tratamento psicopedagógico ocorre, prioritariamente, nos casos de transtornos de aprendizagem. Nos casos de dificuldades de aprendizagem, as indicações são variadas e podem ser planejadas com o professor da turma onde o aluno está frequentando ou estabelecidas uma ordem de prioridade, de acordo com as necessidades do aluno e da disponibilidade do atendimento psicopedagógico ofertado. Dentre as indicações, constam: orientação à escola; atendimento psicológico ao aluno, ou seja, terapia psicopedagógica.

 

Psicologia

A ação do profissional em psicologia tem em especial a visão do desenvolvimento estrutural do ser humano, compreendendo a influência de variáveis (internas e externas) que interferem nas relações interpessoais e intrapessoais, além dos aspectos relacionados à história de vida do paciente.

Compreende-se, no entanto, que no contexto de inclusão escolar de alunos com deficiência e alunos com necessidades educacionais especiais, a atuação do psicólogo deve ir além dessa visão clínica. É relevante oportunizar novas possibilidades de intervenções e interações com o mundo e consigo mesmo, no sentido de apontar para uma intervenção que não fique somente na resolução do problema já posto, mas que busque novas formas de promover saúde, reconstruindo novas relações interpessoais e novas maneiras de interpretar o mundo em que vive.

Ressalta-se, então, que o profissional na área da psicologia em vez de abordar os problemas escolares centrando seu olhar somente sobre os alunos, atua, também, sobre as relações que se estabelecem neste contexto, levando em consideração o meio social em que estas relações estão inseridas e o tipo de clientela que atende, assim como os grupos que a compõem.

Assim sendo, na proposta de atendimento no PAEESP, a Psicologia prioriza o enfoque ao “[...] crescimento e desenvolvimento da criança do que à ‘patologia’(REGER, 1989, p. 14) e, portanto, as atribuições do psicólogo não se limitam a uma perspectiva curativa (aspectos psicopatológicos), mas, também, se relaciona a prevenção, redução das situações de risco e orientação do processo educativo.

Cabe destacar que, para além da atuação clínica, o psicólogo deve intervir preventivamente e estimular a formação de redes de apoio junto aos professores, alunos e familiares como alternativas de consolidação do trabalho de uma escola que proporciona a aprendizagem significativa, a construção da autonomia como um direito de todos e ao respeito à diversidade.

 

Fonoaudiologia

Conforme o Conselho Federal de Fonoaudiologia

Atribuições e competências do profissional especialista em Fonoaudiologia Educacional.

- Atuar no âmbito educacional, compondo a equipe escolar a fim de realizar avaliação e diagnóstico institucional de situações de ensino-aprendizagem relacionadas à sua área de conhecimento;

-Participar do planejamento educacional;

Elaborar, acompanhar e executar projetos, programas e ações educacionais que contribuam para o desenvolvimento de habilidades e competências de educadores e educandos visando à otimização do processo ensino-aprendizagem;

- Promover ações de educação dirigidas à população escolar nos diferentes ciclos de vida.

Competências/Processo Produtivo: O domínio do especialista em Fonoaudiologia Educacional inclui aprofundamento em estudos específicos e atuação em situações que impliquem em:

-Participar do diagnóstico institucional a fim de identificar e caracterizar os problemas de aprendizagem tendo em vista a construção de estratégias pedagógicas para a superação e melhorias no processo de ensino–aprendizagem.

-Atuar de modo integrado à equipe escolar a fim de criar ambientes físicos favoráveis à comunicação humana e ao processo de ensino-aprendizagem.

-Desenvolver ações educativas, formativas e informativas com vistas à disseminação do conhecimento sobre a interface entre comunicação e aprendizagem para os diferentes atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem: gestores, equipes técnicas, professores, familiares e educandos, inclusive intermediando campanhas públicas ou programas intersetoriais que envolvam a otimização da comunicação e da aprendizagem no âmbito educacional;

-Desenvolver ações institucionais, que busquem a promoção, prevenção, diagnóstica e intervenção de forma integrada ao planejamento educacional, bem como realizar encaminhamentos extraescolares, a fim de criar condições favoráveis para o desenvolvimento e a aprendizagem;

-Participar das ações do Atendimento Educacional Especializado - AEE de acordo com as diretrizes específicas vigentes do Ministério da Educação;

-Orientar a equipe escolar para a identificação de fatores de riscos e alterações ocupacionais ligadas ao âmbito da fonoaudiologia;

-Participar da elaboração, execução e acompanhamento de projetos e propostas educacionais, contribuindo para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem, a partir da aplicação de conhecimentos do campo fonoaudiológico;

-Desenvolver ações voltadas à consultoria e assessoria fonoaudiológica no âmbito educacional;

-Participar de Conselhos de Educação nas diferentes esferas governamentais;

-Processos de formação continuada de profissionais da educação;

-Realizar e divulgar pesquisas científicas que contribuam para o crescimento da educação e para a consolidação da atuação fonoaudiológica no âmbito educacional;

 

Resultados

A proposta do Programa de Atendimento Educacional Especializado- PAEESP que ora finda objetivou compreender, analisar e ressignificar os atendimentos ocorridos no município, no intuito de procurar parcerias e redes colaborativas entre os professores da rede regular, escolas e instituições.

Nessa trajetória de trabalho nos atendimentos durante o ano letivo de 2016, observamos e constatamos que houve significativo progresso de aprendizagem escolar e envolvimento social entre os alunos e os professores.

            Nesse sentido, acredita-se que esse Programa de Atendimento Educacional Especializado revelou um crescimento contínuo e gradual na aprendizagem dos alunos, frente às novas abordagens que foram utilizadas no ambiente escolar do aluno e também nos atendimentos com profissionais especializados.

            O trabalho desenvolvido através do estímulo da Educação Mediada por Animais apresentou benefícios significativos, aos poucos os estudantes foram demonstrando sua autonomia por meio de suas atitudes e comportamentos diante de situações de aprendizagem no cotidiano escolar e familiar, bem como a possibilidade de decidirem e exercerem procedimentos e intervenções por si mesmos, trazendo e manifestando essa habilidade no contexto vivenciado.

Dessa maneira, ao fazer a análise dos atendimentos no término do ano letivo, podemos observar que houve notáveis avanços cognitivos e sociais em todos os sentidos  para os alunos. É também de grande relevância deixar registrado que tivemos a colaboração dos professores da sala regular, através da sua sensibilidade e a forma instigadora, acreditando que é possível aprender na diversidade através das trocas necessárias entre os pares de maneia colaborativa.

Percebemos que todas as intervenções realizadas durante o ano letivo de 2016, através de estratégias, adequações e acompanhamento aos alunos, foram articuladas de maneira que todos envolvidos cresceram em seu processo desenvolvente de aprendizagem. É incontestável a importância dessa articulação e intervenção do professor e ou profissionais especializados nos atendimentos com o professor da sala regular, haja vista o trabalho nos atendimentos especializados não ter um fim em si mesmo, ele busca desenvolver a autonomia e independência do aluno em todos os espaços e ambientes de sua vida.

            Para isso, se fez necessário à utilização de estratégias diferenciadas em sala de aula, transformando conteúdos em forma mais prática e lúdica, fazendo que todos os alunos vivenciassem os processos de ensino e aprendizagem em patamares de complexidade crescente dos conteúdos curriculares existentes. Por isso, a importância do professor e profissionais especializados, identificarem as possibilidades do aluno reconhecendo suas habilidades e competências.

            As limitações dos alunos com deficiência e ou necessidades educacionais especiais, estão diretamente relacionadas com suas vivências sociais, familiares, estímulos, genética para construção “saudável do conhecimento”, para isso é necessário muito comprometimento, diferentes estímulos e envolvimento de todos que estão junto ao aluno.

 

Considerações Finais          

 

Esta proposta de trabalho do Programa de Atendimento Educacional Especializado propiciou a abertura para análise e reflexões sobre os atendimentos com profissionais especializados para alunos com deficiência e necessidades educacionais especiais nas escolas da rede pública do município.

Por acreditarmos que esse projeto piloto foi uma proposição de atendimentos necessários colaborando na educação de qualidade e também no acesso e permanência de todos os alunos na escola.

Desta maneira, o PAEESP assim como, a educação inclusiva implica o desenvolvimento de estratégias e ações estruturadas para atender as especificidades conforme a singularidade dos alunos, possibilitando diferentes vivências e experiências escolares e sociais.

Vale ressaltar que os atendimentos no PAEESP nos remetem a pensar as questões de acesso e permanência com qualidade em todos os ambientes da escola, principalmente no que concerne na qualidade da aprendizagem com significado para o aluno em todos os níveis de ensino.

Dessa forma, compreendemos através dos resultados obtidos a necessidade que esse Programa de Atendimento Educacional Especializado- PAEESP, se torne efetivo dentro do município de Itaara-RS, visto a demanda de alunos com deficiência e necessidades educacionais especiais.

Diante disso, observamos e contatamos que o trabalho desenvolvido pelo programa foi essencial no desenvolvimento do aluno, assim como nas novas aquisições de conhecimento e aprendizagem.

Nesse sentido, acreditamos que esse trabalho desenvolvido no projeto piloto do PAEESP, revelou avanços a patamares de maior complexidade na aprendizagem dos alunos, através da perspectiva de novas abordagens a serem utilizadas e otimizadas de forma singular conforme as peculiaridades dos estudantes pelos profissionais especializados do programa assim como, os professores da sala regular da rede municipal de ensino.

 

REFERÊNCIAS 

ABPp. Associação Brasileira de Psicopedagogia. Código de Ética. 95/96.

ALVES, D. de O. Sala de Recursos Multifuncionais:espaços para atendimento educacional especializado.  Brasília: MEC, 2008.

BECKER, M. O poder curativo dos bichos. Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

 

BRASIL, DECRETO Nº 6.571, DE 17 DE SETEMBRO DE 2008. Brasília, Setembro de 2008.

BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da educação inclusiva. Brasília: MEC, 2008.

BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil. Contribuições a partir da prática. 3. Porto Alegre: Artmed, 2007.

Conselho Federal de Fonoaudiologia.

PORTO, Olívia. Psicopedagogia Institucional: teoria, prática e assessoramento psicoepdagógico. Rio de Janeiro: Wak Ed; 2006.

REGER, R. Psicólogo escolar: educador ou clínico?  Em: M. H. Souza Patto (Org.). Introdução à Psicologia Escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1989. p. 9-16.