UMA IGREJA VIZINHA DE SATANÁS

Por Paulo de Aragão Lins | 31/08/2009 | Bíblia

UMA IGREJA VIZINHA DE SATANÁS

 

by Dr. Paulo de Aragão Lins

 

Não existe lugar pior para viver do que viver onde está o trono de Satanás. Por um lado. Mas, por outro lado, talvez não existe lugar melhor para se viver.

 

O maior problema dos irmãos de Pérgamo não era este.

 

Ser vizinho de Satanás é campo para desafio. Como dizia meu irmão Renato: o Senhor me deu a coragem de enfrentar o diabo de frente. Foi um abençoado presbítero que morreu deixando um testemunho brilhante.

 

Era grande o desafio da igreja de Pérgamo, mas como já disse, este não era o maior problema deles. Eles tinham dois quistos dentro da igreja que eram sumamente perigosos – os que seguiam a doutrina de Balaão e os que seguiam a doutrina dos nicolaítas.

 

A doutrina de Balaão é descrita na própria carta. Ele ensinava os israelitas a comerem dos sacrifícios da idolatria e a se prostituirem.

 

Naquele tempo isto era literal. Referia-se a comidas sacrificadas aos ídolos. Comer daquela comida caracterizava infidelidade contra Deus, prostituição espiritual.

 

Mas também havia a prostituição propriamente dita.

 

Na Antiguidade, em várias civilizações do Oriente Médio também era comum a prática da prostituição sagrada, pela qual os homens visitavam templos, onde tinham relações sexuais com o objetivo de comungar com uma deusa em particular. Por esta concepção a prostituta sagrada encarnava a deusa.

 

Como a prostituição era “sagrada”, a consciência do pecador era cauterizada.

 

Não é isto que está acontecendo hoje? Até famosos pregadores estão usando vários eufemismos e rodeios para mascararem o verdadeiro sintoma. Já existem até doutrinas para justificar a prostituição.

 

Não me canso de citar aquele pastor-presidente de uma igreja em Goiânia, Goiás, que me pediu textos bíblicos que justificassem o hábito de fumar. Isto porque a presidente do Círculo de Oração não conseguia largar o maldito vício.

 

Será que era amor? Não! Era ganância, cobiça e simonia. Aquela mulher era a maior dizimista da igreja.

 

A doutrina dos nicolaítas, que existia em Pérgamo, sustentam alguns pesquisadores que era a mania de instituir uma hierarquia entre os irmãos, com o pretexto de domínio.

 

Será que você reconhece os nicolaítas em nossos dias?

 

Mas os irmãos de Pérgamo tinham a virtude de não terem negado o nome do Senhor e de não terem negado a fé.

 

É grande a quantidade de pessoas em nossos dias que aparentemente não negam a fé, mas dizem coisas que parecem grandes afirmações intelectuais, quando é apostasia mesmo.

 

Dizem que a Bíblia contém verdades, mas não é a verdade absoluta. Que os milagres são, na realidade, parábolas.

 

Dizem que Jesus foi um grande profeta, um paladino da fé, mas não tinha qualquer prerrogativa de Salvador e Senhor.

 

Eu estava numa festa de aniversário de um rico pastor do Recife na qual muitas pessoas da “alta” estavam ali. Algumas eram crentes nominais, outras eram descrentes mesmo. Na hora das apresentações ele apresentou algumas pessoas assim:

 

- Este é meu médico, esta é minha advogada, estes são meus companheiros de tênis, estes são sócios do meu clube, estes são meus construtores, este é meu teólogo...

 

Estava se referindo à minha pessoa.

 

Naquele momento a esposa do médico dele que estiveram em uma festa antes daquela e tomara uns três ou quatro martinis, decidiu aparecer. Voltando-se para mim, foi encetado o seguinte diálogo:

 

- Então, o Senhor é teólogo?

 

- Sim, senhora, pela graça de Deus.

 

- E qual é a Teologia que o Senhor defende?

 

- A Teologia cristã, respondi.

 

- Ah, meu senhor, mas esta já está superada!

 

- É mesmo? Repliquei. E qual foi a Teologia ou Filosofia que superou a Teologia cristã?

 

- Ora, a Yoga.

 

Os convidados estavam todos em silêncio, acompanhando o desenrolar do desafio. Quando ela disse que a Yoga havia superado a Teologia cristã, perguntei-lhe:

 

- Qual Yoga?

 

- Como qual Yoga? Ora, a Yoga e, pronto!

 

- Sim, minha senhora, mas a senhora talvez já foi informada que existem várias linhas filosófico-religiosas da Yoga. Eu fiz questão de conhecê-las todas. Eu estudei a Yoga Védica, a Yoga Sânscrita, a Yoga Kármica, a Yoga Prânica, a Yoga Bhakti, a Yoga Tântrica, a Yoga Mantra, a Yoga Varuna, a Hatha Yoga e a Haja Yoga e não encontrei em nenhuma delas algo que superasse a Teologia cristã. Qual delas a senhora defende?

 

- Ora, aquela que a gente faz exercícios de respiração e meditação.

 

- Ah, a senhora se refere ao lado pragmático da Hatha Yoga, que é o aspecto mais elementar de toda a Filosofia oriental.

 

Alguém ouviu quando o marido da mulher disse:

 

- Por que você não ficou calada!

 

E, em seguida:

 

- Pastor Roberto, obrigado pela festa e queira, por favor nos dar licença.

 

O casal descobriu a primeira porta e desapareceu na noite recifense.

 

Todos que me conhecem dizem que sou um homem simples. Prego e ensino de maneira simples, mas naquele dia tive que pedir emprestado um pouquinho do pacote de quase cinqüenta anos de pesquisas sobre Ciência das Religiões, para defender nossa fé.

 

Em Brasília, em uma escola dominical, quando se falava sobre o filho de Salomão que morreu por ordem de Deus, um dos alunos, formado em Filosofia disse:

 

- Acho que foram os sacerdotes que mataram a criança por uma questão política.

 

Um velho pastor que estava ao meu lado, dirigiu-se à classe com estas palavras irônicas:

 

- É, irmãos, se pode complicar, prá que facilitar?

 

A igreja de Pérgamo foi talvez a que enfrentou o maior desafio da vida primitiva do povo cristão, mas saiu vitoriosa e com uma promessa altamente relevante:

 

“Ao que vencer darei eu a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe”.

 

(Refs.: Ap 2.12-17.)