UMA ESCOLA AINDA NO SÉCULO XIX

Por josé raimundo alves | 07/03/2025 | Educação

UMA ESCOLA AINDA NO SÉCULO XIX:

UMA ESCOLA MODERNA NO SÉCULO XX


José Raimundo Alves[1]

RESUMO

 

Este artigo examina a persistência de modelos educacionais dos séculos XIX e XX nas escolas do século XXI, destacando como práticas pedagógicas arcaicas e estruturas físicas resistem às inovações tecnológicas e às demandas da sociedade contemporânea. Por meio de uma revisão bibliográfica e estudos de caso, o estudo explora os desafios enfrentados por instituições que mantêm salas de aula baseadas na lógica da primeira fase da Revolução Industrial, enquanto o mundo avança em direção a uma era de conectividade e digitalização. A análise revela que, apesar das tentativas de modernização no século XX, como a introdução de tecnologias básicas e a expansão do acesso à escolarização, a essência do modelo educacional permanece inalterada. As salas de aula continuam rigidamente organizadas, com fileiras de carteiras e aulas centradas no professor, refletindo uma lógica industrial que não atende às necessidades de uma sociedade digital e interconectada. Essa desconexão entre o modelo educacional atual e as demandas contemporâneas compromete a preparação dos estudantes para os desafios do século XXI, que exigem habilidades como pensamento crítico, criatividade, colaboração e resiliência. O artigo argumenta que a modernização da educação é urgente e necessária, enfatizando a importância de investir em infraestrutura, capacitar professores em novas tecnologias e repensar as práticas pedagógicas. Conclui-se que a escola do século XXI deve ser um espaço de conexão, onde os alunos possam desenvolver as habilidades necessárias para navegar em um mundo em rápida transformação, promovendo uma sociedade mais justa, inclusiva e equitativa.

Palavras-chave: Modelos Educacionais, Educação do Século XXI, Inovação Tecnológica, Modernização, Conectividade.

RESUMEN

 

 

Este artículo examina la persistencia de modelos educativos de los siglos XIX y XX en las escuelas del siglo XXI, destacando cómo las prácticas pedagógicas arcaicas y las estructuras físicas resisten a las innovaciones tecnológicas y a las demandas de la sociedad contemporánea. A través de una revisión bibliográfica y estudios de caso, el estudio explora los desafíos enfrentados por instituciones que mantienen aulas basadas en la lógica de la primera fase de la Revolución Industrial, mientras el mundo avanza hacia una era de conectividad y digitalización. El análisis revela que, a pesar de los intentos de modernización en el siglo XX, como la introducción de tecnologías básicas y la expansión del acceso a la escolarización, la esencia del modelo educativo permanece inalterada. Las aulas continúan organizadas de manera rígida, con filas de pupitres y clases centradas en el profesor, reflejando una lógica industrial que no satisface las necesidades de una sociedad digital e interconectada. Esta desconexión entre el modelo educativo actual y las demandas contemporáneas compromete la preparación de los estudiantes para los desafíos del siglo XXI, que requieren habilidades como el pensamiento crítico, la creatividad, la colaboración y la resiliencia. El artículo argumenta que la modernización de la educación es urgente y necesaria, enfatizando la importancia de invertir en infraestructura, capacitar a los docentes en nuevas tecnologías y repensar las prácticas pedagógicas. Se concluye que la escuela del siglo XXI debe ser un espacio de conexión, donde los estudiantes puedan desarrollar las habilidades necesarias para navegar en un mundo en rápida transformación, promoviendo una sociedad más justa, inclusiva y equitativa.

 

Palabras clave: Modelos Educativos, Educación del Siglo XXI, Innovación Tecnológica, Modernización, Conectividad.

 

ABSTRACT

 

 

This article examines the persistence of 19th and 20th-century educational models in 21st-century schools, highlighting how archaic pedagogical practices and physical structures resist technological innovations and the demands of contemporary society. Through a bibliographic review and case studies, the study explores the challenges faced by institutions that maintain classrooms based on the logic of the first phase of the Industrial Revolution, while the world advances toward an era of connectivity and digitalization. The analysis reveals that, despite attempts at modernization in the 20th century, such as the introduction of basic technologies and the expansion of access to schooling, the essence of the educational model remains unchanged. Classrooms continue to be rigidly organized, with rows of desks and teacher-centered lectures, reflecting an industrial logic that fails to meet the needs of a digital and interconnected society. This disconnect between the current educational model and contemporary demands compromises students' preparation for the challenges of the 21st century, which require skills such as critical thinking, creativity, collaboration, and resilience. The article argues that modernizing education is urgent and necessary, emphasizing the importance of investing in infrastructure, training teachers in new technologies, and rethinking pedagogical practices. It concludes that the school of the 21st century must be a space of connection, where students can develop the skills needed to navigate a rapidly changing world, fostering a more just, inclusive, and equitable society.

 

Keywords: Educational Models21st Century EducationTechnological InnovationModernizationConnectivity.


 

Introdução

 

A educação é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento de qualquer sociedade, mas, paradoxalmente, muitas escolas no século XXI continuam operando sob paradigmas do século XIX, mantendo práticas e estruturas que refletem os princípios da primeira fase da Revolução Industrial. Esses espaços são caracterizados por fileiras de carteiras enfileiradas, aulas expositivas e uma hierarquia rígida entre professor e aluno, modelos que se mostram cada vez mais inadequados para atender às demandas de um mundo em constante transformação. Apesar de algumas tentativas de modernização no século XX, como a introdução de retroprojetores e televisões, muitas instituições permaneceram resistentes às inovações que conectam a realidade do século XXI, como a internet, a inteligência artificial e a aprendizagem colaborativa. Essa desconexão entre o modelo educacional vigente e as necessidades contemporâneas levanta questões urgentes sobre o futuro da educação.

Este artigo busca refletir sobre essa dicotomia entre o antigo e o moderno, questionando por que muitas instituições educacionais ainda estão presas a modelos ultrapassados e como isso impacta a formação dos estudantes em um mundo cada vez mais digital e interconectado. A partir de uma revisão bibliográfica e de estudos de caso, discutimos os desafios enfrentados por escolas que mantêm práticas pedagógicas e estruturas físicas arcaicas, enquanto o mundo avança em direção a uma era de conectividade e digitalização. A análise proposta visa destacar a urgência de modernizar a educação, preparando os estudantes para os desafios do século XXI, que exigem habilidades como pensamento crítico, criatividade, colaboração e resiliência.

A persistência de modelos educacionais do século XIX e XX em pleno século XXI não é apenas uma questão de resistência à mudança, mas também um reflexo de uma desconexão histórica entre a escola e as necessidades da sociedade. Como aponta Antonia de Jesus Sales (2025), a origem da escola remonta à Grécia Antiga, onde o termo scholé significava "lazer" ou "tempo livre", associado à formação intelectual das elites. No entanto, com a Revolução Industrial, a escola assumiu um caráter mais utilitário, voltado para a formação de mão de obra disciplinada e padronizada. Essa dualidade entre a educação como formação humana e como instrumento de controle social revela como os objetivos da escola foram se transformando ao longo da história, mas também como ela permaneceu distante das necessidades das maiorias. No século XXI, essa desconexão se torna ainda mais evidente, exigindo uma revisão profunda do papel da educação.

Além disso, a resistência à inovação tornou-se um traço marcante de muitas instituições educacionais. Enquanto o mundo avançava em direção à globalização e à digitalização, as escolas permaneceram enclausuradas em seus muros, distantes das transformações que ocorriam fora delas. Essa estagnação resultou em uma educação que não prepara os estudantes para os desafios do século XXI, como a integração de tecnologias, a personalização do ensino e a construção de habilidades socioemocionais. Para superar esses desafios, é fundamental repensar não apenas as metodologias de ensino, mas também os espaços físicos e a formação dos professores, criando ambientes que favoreçam a experimentação, a criatividade e a colaboração.

Este artigo propõe uma reflexão crítica sobre a necessidade de modernizar a educação, conciliando a tradição com a inovação. A escola do século XXI deve ser um espaço de conexão, onde os estudantes possam desenvolver as habilidades necessárias para enfrentar os desafios do futuro. Para isso, é essencial investir em infraestrutura, formar professores para o uso de novas tecnologias e envolver toda a comunidade escolar em um processo de transformação. Só assim a educação poderá cumprir seu papel de transformar vidas e construir uma sociedade mais justa, inclusiva e preparada para os desafios de um mundo em constante evolução.


 

1. A Escola do Século XIX: A Herança da Revolução Industrial

 

A Revolução Industrial, iniciada no final do século XVIII, trouxe profundas transformações sociais, econômicas e culturais. No campo da educação, a necessidade de formar mão de obra para as fábricas influenciou a organização das escolas. As salas de aula foram projetadas para disciplinar os corpos e mentes dos estudantes, com horários rígidos, divisão por séries e uma abordagem pedagógica centrada na transmissão de conhecimentos.

Essa estrutura, que priorizava a padronização e a eficiência, foi eficaz para o contexto da época. No entanto, no século XXI, ela se mostra inadequada para atender às demandas de uma sociedade que valoriza a criatividade, a colaboração e a resolução de problemas complexos. A persistência desse modelo em muitas escolas reflete uma resistência à mudança e uma desconexão com as necessidades atuais.

Antonia de Jesus Sales (2025) complementa a discussão sobre a evolução histórica da educação ao remontar às origens da escola na Grécia Antiga, onde o termo *scholé* significava "lazer" ou "tempo livre". Essa concepção grega de educação contrasta diretamente com o modelo surgido após a Revolução Industrial, que priorizava a formação de mão de obra para atender às demandas do sistema fabril. Enquanto a escola grega era voltada para a formação intelectual e política das elites, com foco em disciplinas como artes, aritmética e filosofia, a escola industrializada do século XIX adotou uma estrutura rígida e padronizada, centrada na transmissão de conhecimentos e na disciplina dos corpos e mentes dos estudantes. Essa dualidade entre a educação como formação humana e como instrumento de controle social revela como os objetivos da escola foram se transformando ao longo da história, refletindo as necessidades e valores de cada época. Veja o fragmento a seguir:

 

“O termo escola vem do grego scholé significando “lazer, tempo livre”. Esse termo era utilizado para nomear os estabelecimentos de ensino pelo fato de a tradição greco-romana não valorizar a formação profissional e o trabalho manual. Formar o homem das classes dirigentes era o ideal da educação grega. O professor não deveria ensinar de acordo com suas concepções, mas de acordo com a exigência da sociedade, devendo formar os futuros governantes e ocupantes dos altos cargos. O mestre filósofo era o responsável pela educação dos seus discípulos, em geral cinco e geralmente ensinava política, artes, aritmética e filosofia. (SALES, 2025)”

 

Tanto o modelo grego quanto o industrializado, embora distantes no tempo, compartilham uma característica comum: a desconexão com as necessidades das maiorias. A escola grega era elitista, restrita às classes dirigentes, enquanto a escola industrializada, embora ampliasse o acesso, mantinha uma estrutura hierárquica e disciplinar, reforçando as desigualdades sociais. No século XXI, a persistência desses modelos arcaicos, como destacado no texto inicial, reflete uma resistência à mudança que impede a escola de atender às demandas contemporâneas, como a valorização da criatividade, da colaboração e da resolução de problemas complexos. A reflexão de Sales sobre as origens da escola e sua função social ao longo da história reforça a necessidade de repensar o papel da educação hoje, conciliando a formação intelectual com as habilidades necessárias para enfrentar os desafios de um mundo em constante transformação.


 

2. A Escola do Século XX: Modernização Limitada

 

No século XX, a educação passou por algumas transformações, como a expansão do acesso à escolarização e a introdução de novas tecnologias. No entanto, muitas dessas mudanças foram superficiais. A incorporação de equipamentos como retroprojetores, televisões e computadores não alterou a essência do modelo educacional. As práticas pedagógicas continuaram centradas no professor, com pouca participação ativa dos estudantes.

A escola do século XX foi marcada por profundas transformações ideológicas e pedagógicas, impulsionadas por movimentos como a Escola Nova, que propunha uma educação mais centrada no aluno, valorizando a criatividade, a autonomia e a experiência individual. Além disso, a globalização e o contexto bipolar da Guerra Fria trouxeram novas demandas para a educação, como a formação de cidadãos críticos e capazes de lidar com um mundo em constante transformação. No entanto, apesar dessas mudanças no campo das ideias e das práticas educativas, a estrutura física da escola e o modelo tradicional de sala de aula permaneceram praticamente inalterados desde os séculos XVIII e XIX. A organização espacial, com carteiras enfileiradas, um professor à frente e um grande grupo de alunos recebendo aulas expositivas, continuou a predominar, mesmo diante das novas necessidades pedagógicas e sociais.

Esse modelo de sala de aula, herdado de séculos passados, mostra-se cada vez mais inadequado para atender às demandas do século XXI. Enquanto o mundo contemporâneo exige flexibilidade, colaboração, personalização do ensino e integração de tecnologias, a estrutura física da escola permanece rígida e pouco adaptável. A realidade atual, marcada por rápidas transformações tecnológicas, sociais e culturais, demanda espaços educativos que promovam a interação, a experimentação e a criatividade. A manutenção de um modelo de ensino expositivo e centralizado no professor, em um ambiente físico imutável, cria um descompasso entre a escola e as necessidades da sociedade moderna. Para superar esse desafio, é fundamental repensar não apenas as metodologias de ensino, mas também os espaços físicos, tornando-os mais dinâmicos, inclusivos e alinhados com as demandas de uma educação inovadora e transformadora. Para entender melhor esse vínculo da escola do século XX com a educação do século XIX leia o fragmento a seguir:

 

“Pode-se dizer que a formação dos Grupos Escolares foi determinante para a história do ensino primário e a transformação dessas instituições educativas em escolas de 1º grau a partir de 1970. Quanto ao currículo presente nas escolas até pelo menos a metade do século XX, predominou o programa de natureza enciclopédica, adotado no final do séc. XIX. (DARIUS, 2025)”

 

Essa estagnação no modelo educacional contrasta fortemente com as profundas transformações ideológicas e pedagógicas propostas por movimentos como a Escola Nova, que defendia uma educação centrada no aluno, valorizando a criatividade, a autonomia e a experiência individual. Além disso, o contexto da globalização e da Guerra Fria trouxe novas exigências, como a formação de cidadãos críticos e adaptáveis a um mundo em constante mudança. No entanto, como aponta Darius (2025), a estrutura física da escola e a organização das salas de aula permaneceram praticamente inalteradas desde os séculos XVIII e XIX, com carteiras enfileiradas e um professor à frente. Essa falta de evolução no espaço físico e no modelo de ensino tornou-se um obstáculo para atender às demandas do século XXI, que exigem flexibilidade, colaboração e integração de tecnologias. Para superar esse desafio, é urgente repensar não apenas as metodologias, mas também os espaços educativos, tornando-os mais dinâmicos e alinhados com as necessidades de uma sociedade em rápida transformação.

A resistência à inovação tornou-se um traço marcante de muitas instituições. Enquanto o mundo avançava em direção à globalização e à digitalização, as escolas permaneceram enclausuradas em seus muros, distantes das transformações que ocorriam fora delas. Essa desconexão resultou em uma educação que não prepara os estudantes para os desafios do século XXI.

 


 

3. A Escola no Século XXI: Desafios e Oportunidades

 

No século XXI, a conectividade e a tecnologia transformaram profundamente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. No entanto, muitas escolas ainda não conseguiram se adaptar a essa nova realidade. A falta de infraestrutura adequada, a formação insuficiente dos professores e a resistência à mudança são alguns dos principais obstáculos que impedem a modernização da educação. Esses desafios resultam em um descompasso entre o que a sociedade exige e o que as instituições de ensino oferecem, deixando os estudantes despreparados para os desafios de um mundo cada vez mais digital e interconectado.

Por outro lado, há alguns exemplos inspiradores de escolas que abraçaram as inovações e estão preparando os estudantes para o futuro. Essas instituições utilizam ferramentas digitais de forma integrada ao currículo, promovem a aprendizagem colaborativa e incentivam o desenvolvimento de habilidades essenciais, como pensamento crítico, criatividade e resiliência. Esses casos demonstram que é possível conciliar a tradição com a inovação, criando uma educação que seja ao mesmo tempo relevante e transformadora. Essas práticas mostram que, quando bem implementadas, as tecnologias podem potencializar o processo de ensino e aprendizagem, tornando-o mais dinâmico e alinhado às necessidades do século XXI.

A escola do século XXI representa uma abordagem inovadora do processo de aprendizagem, caracterizada por maior interatividade, colaboração e conexão. Entre suas principais características estão a personalização do ensino, o uso de tecnologias em sala de aula, a adoção de novos métodos de avaliação e a construção coletiva e dinâmica do conhecimento. Além disso, métodos de ensino ativos, como a aprendizagem baseada em projetos e a gamificação, ganham destaque, assim como o uso de ambientes digitais e suas ferramentas. Essas mudanças buscam atender às necessidades dos alunos contemporâneos, que aprendem de maneira diferente e estão imersos em um mundo digital.

No entanto, a implementação dessa nova abordagem enfrenta desafios significativos. Um dos principais é formar jovens com pensamento crítico e responsabilidade coletiva, preparando-os para lidar com as complexidades do mundo atual. Além disso, as escolas precisam atender às novas exigências do mercado de trabalho, que demanda profissionais com habilidades técnicas e socioemocionais. Outro desafio é atender às expectativas da nova geração de pais, que esperam uma educação mais alinhada com as transformações tecnológicas e sociais. Esses fatores exigem que as instituições de ensino repensem não apenas suas práticas pedagógicas, mas também sua estrutura física e organizacional.

As tendências tecnológicas apontam para um futuro em que objetos tradicionais, como cadernos de espiral, quadros negros e relógios, serão substituídos por telas touchscreen, dispositivos interativos e plataformas digitais. Essas mudanças não apenas modernizam o ambiente escolar, mas também abrem novas possibilidades para a educação, como a personalização do aprendizado e a integração de recursos multimídia. No entanto, para que essas inovações sejam efetivas, é essencial que as escolas superem os desafios estruturais e culturais, investindo na formação de professores e na criação de ambientes que favoreçam a experimentação e a criatividade. Dessa forma, a escola do século XXI poderá cumprir seu papel de preparar os estudantes para um futuro cada vez mais dinâmico e imprevisível.


 

4. Conclusão

 

A persistência de modelos educacionais do século XIX e XX em escolas do século XXI é um desafio que precisa ser enfrentado com urgência. A educação não pode continuar presa a paradigmas ultrapassados, distante das demandas de um mundo em constante transformação. A análise apresentada neste artigo evidenciou que, apesar das tentativas de modernização no século XX, como a introdução de tecnologias básicas e a expansão do acesso à escolarização, a essência do modelo educacional permaneceu inalterada. As salas de aula continuam organizadas de maneira rígida, com carteiras enfileiradas e aulas expositivas, refletindo uma lógica industrial que não atende às necessidades de uma sociedade digital e interconectada. Essa desconexão entre o modelo educacional vigente e as demandas contemporâneas compromete a formação dos estudantes, deixando-os despreparados para os desafios do século XXI.

Para superar essa estagnação, é fundamental investir em infraestrutura adequada, formar professores para o uso de novas tecnologias e repensar as práticas pedagógicas. A modernização da educação não se limita à incorporação de ferramentas digitais, mas exige uma transformação profunda na maneira como o conhecimento é construído e compartilhado. Métodos de ensino ativos, como a aprendizagem baseada em projetos, a gamificação e a personalização do ensino, devem ser priorizados, criando ambientes que favoreçam a interação, a experimentação e a criatividade. Além disso, é essencial envolver toda a comunidade escolar nesse processo, promovendo um ambiente de colaboração e inovação que incentive a participação ativa dos estudantes.

A escola do século XXI deve ser um espaço de conexão, onde os estudantes possam desenvolver as habilidades necessárias para enfrentar os desafios do futuro. Isso inclui não apenas competências técnicas, mas também habilidades socioemocionais, como pensamento crítico, criatividade, resiliência e colaboração. Essas habilidades são essenciais para que os jovens possam navegar em um mundo cada vez mais complexo e imprevisível, marcado por rápidas transformações tecnológicas, sociais e culturais. A educação, portanto, deve ser entendida como um processo dinâmico e contínuo, que prepara os indivíduos não apenas para o mercado de trabalho, mas para a vida em sociedade.

No entanto, a implementação dessa nova abordagem enfrenta desafios significativos, como a resistência à mudança, a falta de recursos e a necessidade de capacitação dos professores. Para superar esses obstáculos, é necessário um compromisso coletivo, envolvendo governos, instituições de ensino, educadores, famílias e a sociedade como um todo. A modernização da educação não é apenas uma questão de atualização tecnológica, mas de transformação cultural, que exige a revisão de valores, práticas e estruturas que perpetuam modelos ultrapassados. Só assim será possível construir uma educação que seja ao mesmo tempo relevante e transformadora.

Por fim, este artigo reforça a urgência de repensar o papel da escola no século XXI, conciliando a tradição com a inovação. A educação deve ser um espaço de formação integral, que prepare os estudantes para os desafios do futuro, promovendo a justiça social, a inclusão e a equidade. A modernização da educação não é apenas uma necessidade, mas um imperativo ético e social, que exige ação imediata e comprometida. Só assim poderemos garantir que a educação cumpra seu papel de transformar vidas e construir uma sociedade mais justa, inclusiva e preparada para os desafios de um mundo em constante evolução.


 

Referências

 

DARIUS, Rebeca Pizza Pancotte; DARIUS, Fábio Augusto. A educação pública no Brasil no século XX: considerações à luz da formação dos grupos escolares e do manifesto dos pioneiros da educação nova. Doxa: Revista Brasileira de Psicologia e Educação, Araraquara, v. 20, n. 1, p. 32-41, jan./jun. 2018. e-ISSN: 2594-8385. DOI: 10.30715/rbpe.v20.n1.2018.11248. Disponível em:

https://periodicos.fclar.unesp.br/doxa/article/download/11248/7385/32663. Acesso em: 03 mar. 2025.

 

 

SALES, Antonia de Jesus. A Escola Através dos Tempos: Análise do processo histórico brasileiro de educação. Publicado em: Meu Artigo. Brasil Escola, [s.d.]. Disponível em:

https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/educacao/a-escola-atraves-dos-tempos.htm. Acesso em: 02 mar. 2025.


 


[1] Professor de Ensino Médio

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