UMA DOSE DE POLÍTICA NÃO POSSUI CONTRA INDICAÇÕES

Por GEANNE CARVALHO | 18/11/2016 | Política

Eu já ouvi muitas vezes e ainda escuto diariamente a seguinte frase: “política não se discute”, confesso que sempre fico me pisando ao ouvi-la. Este conceito é mal vistos pela turbulência gerada dos seus diversos significados. Alguns vão abster-se por terem uma concepção errônea do sentido da palavra e acabam interpretando política como sendo um sinônimo de corrupção, de lavagem de dinheiro, atos ilícitos mas é aí que surge o equívoco. A denominação para todas essas falcatruas que diariamente somos bombardeados pelos meios de comunicação, com grandes escândalos, chama-se POLITICAGEM, que em síntese é o ato de servir-se de artifícios egoístas para beneficiar somente uma pessoa ou pequenos grupos politiqueiros de pessoas interligadas.Enquanto outros não costumam discutir por ser um assunto bem controverso e polêmico e classificam política juntamente com religião e futebol no rol dos assuntos indiscutíveis para que não se crie ou gere uma situação de atrito e de confronto e acabam abstendo-se de dar alguma opinião. A segunda idéia desconecta a política da razão inicial de existência.Pois é justamente por causa dessa divergência de idéias que existe política, nesse sentido política seria a arte do contraditório.Isso significa dizer que a política só se aplica para seres vivos capazes de se comunicar simbolicamente e consequentemente fazer declarações, evocar princípios, argumentar e discordar. Debater alude na discordância, nas contestações e nos questionamentos. O que seria a política senão o empate de idéias? Se não houver esse duelo de opinião, essa tentativa de colocar a discordância em um determinado assunto em busca do convencimento do outro lado , pode se estar fazendo seja lá o que for, menos política.

Já dizia o pensador Bertold Brecht: “o pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas...” Tudo que se possa imaginar diariamente tem um elo com a política, portanto não passa de uma mera ignorância se dizer que “odeia política” e que a mesma não é um assunto discutível.

O grande filósofo grego Aristóteles utiliza a expressão Zoon Politikon, pois para ele todo homem é um animal político. Todos os homens participam na política como atividade prática em geral. Somos nós que elegemos quem vai está apto a nos representar, e por essa razão, temos a obrigação de conversar sobre o assunto com qualquer pessoa. Até porque no momento que elegemos alguém para ser representante não podemos deixar que essa pessoa faça tudo sozinha, pois vivemos em uma democracia. Somente nos regimes totalitários as pessoas são obrigadas a aceitarem tudo que lhes é imposto sem ter o direito de discordar ou concordar. Vivemos em uma democracia, devemos analisar  e refletir sobre o que eles, os eleitos, estão fazendo com o voto de confiança que lhes é confiado por cada cidadão.

Com a definição aristotélica e com a ideia de que existem certos assuntos que afetam a todos podemos melhor ter uma conceituação do que realmente é a política e procurar se engajar mais em debates relacionados a mesma. Assim sendo partimos da concepção de que tudo hoje é discutível, levando em consideração o respeito da contradição dos pensamentos, pois já dizia o filósofo: "Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”, a compreensão de discordar não se trata de uma agressão pessoal, mas apenas de uma forma diferente de visão de mundo,  muitas amizades serão poupadas e muito se pode aprender com essas novas experiências e trocas de  aprendizado ou seja  procurar ouvir, refletir e analisar sem prejulgamentos infundados permite discussões saudáveis e produtivas que promovem o crescimento, o amadurecimento e uma convivência mais agradável, nesta sociedade tão necessitada de boas ações e paz.