Uma dialética relacional com temáticas de educação, cidadania e experiências de dirigentes da ong - Capacit.
Por Emanuel Alisson Damasceno | 21/11/2011 | EducaçãoA problemática época em que vivemos, onde milhões de pessoas reivindicam soluções urgentes, não se dissocia de todo o contexto socioeconômico, político e jurídico em que se insere a questão dos direitos humanos e da cidadania no Brasil. Com a perpetuação de uma cultura ideológica dominante, que serve à manutenção e reprodução do status quo, formando uma barreira intransponível no que seria a conscientização do indivíduo no contexto dos direitos humanos, torna-se difícil a construção de uma cidadania com dignidade.
Em países periféricos como o Brasil o cotidiano vivido pela ampla maioria de sua população demonstra claramente a caótica situação de miserabilidade crescente, desempregos, subempregos, fome e aumento da violência, ao mesmo tempo em que se cria um senso comum de violência, autoritarismo e conformidade com as atuais circunstâncias, incapazes de distinguir representação de realidade. Resulta numa crise moral, ética e política onde corrupção e clientelismo afetam o cerne do Estado que é visto como provedor de bem-estar social. Basta observarmos a violação dos direitos humanos e a exclusão de minorias ¾ que, somadas, formam maioria frente aos direitos fundamentais ¾ e da própria possibilidade de lutar por tais direitos.
Agora de forma específica foram criadas em determinados lugares instituições que usam de um bom hábito e fazem um trabalho benevolente voluntário para amenizar e tentar resgatar a auto-estima, as condições socioeconômica e também cultural daqueles que necessitam de orientações sobre seus direitos. Vamos falar de forma bem mais centrada de uma ONG que está instalada na cidade de Sobral-CE e desenvolve esse trabalho.
CAPACIT
A CAPACIT - Centro de Capacitação e Assessoria Técnica – Essa ONG presta serviço a produtores da agricultura familiar, o seu tema principal é rumo ao Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário.
A CAPACIT é uma ONG, sem fins lucrativos , cujo foco de apoio ao desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário.
Missão da CAPACIT é promover a melhoria da qualidade de vida dos produtores e produtoras familiares, através de metodologias participativas de capacitação e assessoria técnica, em busca da construção de uma nova proposta de gestão social.
O estudo de suas concepções de direitos humanos e cidadania são de fundamental importância para uma posterior elaboração de proposta de educação em direitos humanos e cidadania. A luta pela efetivação dos direitos humanos e o exercício da cidadania passam pelo resgate de raízes culturais, bem como pela articulação dos interessados em se constituírem cidadãos plenos, de modo a que se chegue ao desenvolvimento político desta população. Dessa forma, o conhecimento de suas concepções é o meio que poderá possibilitar, posteriormente, a estruturação de uma proposta de educação em direitos humanos. (ALISSON, 2011)
De acordo com o que colocamos na passagem acima, é através dessa proposta da ONG- CAPACIT, que podemos de certa forma ver a questão como eles trabalham para sensibilizar e assessorar os produtores familiares rurais através da participação, onde é fundamental que se tenha uma interação amigável e que seja exposto todos os direitos que o individuo do campo pode usufruir, assim exercendo de forma pacífica sua cidadania de forma democrática.
Através da participação é que as pessoas tem a oportunidade de controlar seus próprio trabalho, sentirem-se autoras e responsáveis pelos seus resultados, construindo, portanto, sua autonomia. Ao mesmo tempo, sentem parte orgânica da realidade e não apenas um simples instrumento para realizar objetivos institucionais.
Uns dos pontos positivos que gostaríamos de destacar da CAPACIT, é que eles sensibilizam e mobilizam os grupos para ocupar os espaços políticos sociais e reivindicam as políticas públicas. E também convidam e motivam a comunidade rural a participar das capacitações e assessoria em relação a produção rural e urbana, buscando o desenvolvimento sustentável.
A participação, em seu sentido pleno, caracteriza-se por uma força de atuação consciente pela qual os membros de uma unidade social reconhecem e assumem seu poder de exercer influencia na determinação da dinâmica dessa unidade, de sua cultura e seus resultados. Podemos analisar de forma mensurável que a CAPACIT, fomenta a questão da organização das massas populares através da vontade geral desenvolvendo práticas democráticas, no sentido de sociabilizar os grupos rurais para intervenção transformadora, de forma bem direta com o fortalecimento das práticas participativas, como forma de democratizar as próprias organizações mais expressivas das lutas sócias no campo.
Mas será de fato com todas essas políticas orgânicas dentro meio rural é possível viver a cidadania?
A cidadania pode ser definida simplesmente como o gozo de direitos civis e o cumprimento de deveres de acordo com as leis de determinadas sociedade. É um conceito que pode deixar certas pessoas confusas não só pela sua complexidade, como também em relação ao seu uso, principalmente em sociedades onde as necessidades básicas, como alimento, nem sempre são satisfeitas.
O autor aborda um ponto muito utópico, que podemos analisar se de fato é favorável legitimar se realmente essas pessoas doa campo usufruem de seus direitos civis e se fazem cumprir de maneira progressiva e abrangente, pois sabemos que a realidade das pessoas do campo não é igual as da cidade, isso em relação ao conhecimento de direitos e deveres, muitas vezes esses atores sendo agentes passivos e tratados de forma de opressão por não terem consciência isagórica.
É muito prodigioso as leis nos papéis, mas de fato elas dão abertura para que a população usufruam delas, ou podemos fazer uma metáfora: só sobrevive os mais fortes, ou seja os que tem o conhecimento, como diz Darwin em sua teoria.
Mas como dizia Freire (1994), torna mais rica a reflexão e investigação em relação a educação, pois está ligada a uma teoria e prática relacionadas a formação do cidadão incluindo a construção de uma visão política necessária para uma democracia autentica.
Nunca estivemos tão sujeitos á palavra cidadania como nos tempos atuais: em palanques, rádios e emissoras de televisão, discursos inflamados prometem ações que garantirão aos comuns o que essa palavra veicula. Jornais, revistas e livros estampam, em seus editoriais e títulos, chamadas que prometem esclarecer o que vem a ser isso, que modo todo mundo fala, poucos efetivamente sabem o que significa e a grande maioria almeja.
( ZANELLA, 1998.p.84)
O importante destacar nessas considerações da autora é que muitos tem acesso a cidadania e outros ainda almejam, ou seja buscam com a sonhada democracia, onde todos tem que participar de uma sociedades mais justa e solidaria. Democracia, por sua vez, relaciona-se com a noção de direitos, tantos civis, políticos e sociais, e tantos outros que de tão distantes nem lembramos mais.
Considerações Finais
Enfim esse estudo ao longo da disciplina foi muito salutar, pois proporcionou uma discussão muito opulente. Podemos através da teoria e da prática perceber a realidade em que se encontra a população brasileira, tanto no sentido urbanístico e rural, e de forma mais ecumênica como a questão da cidadania, que é hoje uma prática tão sonhada, mas também quase utópica e enigmática pela sociedade contemporânea. ( ALISSON, Emanuel, 2011)
Através de indivíduos de bom coração que se mobilizam para amparar, solucionar aos problemas de pessoas é que é criadas as Instituições Não Governamentais, para dar esse apoio, erguer a bandeira da solidariedade, e isso é importante para que todos nós possamos participar dessa busca continua pela cidadania, onde todos busquem a felicidade, como algo prioritário, e também façamos pessoas satisfeitas, sem ganância, sem pensar em fazer algo em troca de algo, mas sim com ética, justiça e educação para construção de uma sociedade justa e igualitária, que busca o bem comum.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BONIN, L. F.R. A teoria histórico-cultural e condições biológicas. Tese de
Doutorado. PUC-São Paulo. 1996.
BONIN, L. F.R. 1998. Indivíduo, cultura e sociedade. In: Jacques, M. G. C
et alli: Psicologia social contemporânea. Petrópolis: Ed Vozes. 1998.
FREIRE, P. Conscientização. 3ª edição, São Paulo: Ed. Novaes Ltda., 1980.
NUERNBERG, A. H. & ZANELLA, A. V. “Cidadania no contexto da
escolarização formal: contribuições ao debate”. Psicologia &
Sociedade. Vol.10, nº1, jan/jun. de 1998.
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Prof Emanuel Alisson Damasceno