Uma análise da eficiência do Projeto Centro de Referência...

Por Andreza Santos Pereira | 01/04/2017 | Economia


PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Programa de Graduação em Ciências Econômicas

Andreza Santos Pereira

QUEBRANDO O CICLO DA CARÊNCIA

Uma análise da eficiência do Projeto Centro de Referência Cristã sobre a renda atual das crianças e adolescentes assistidas entre 1998-2008

Belo Horizonte

2016

LISTA DE TABELAS

 

TABELA 1 – Teste de Multicolinearidade.............................................................................11

 
TABELA 2 - Regress ões estimadas quanto à renda em função do tempo de permanência no projeto e o grau de escolaridad e……………………………………………………………..11
 

 

TABELA  3 Heteroscedasticidade……………………………………………..……… ……. 12  

LISTA DE SIGLAS  

 

 

CEA - Centro Estudantil Alternativo

 

CRC - Centro de Referência Cristã

 

FEA - Fundação Educacional de Andradina

 

IDIS - Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social

 

MQO - Mínimos quadrados ordinários

 

ONG - Organização Não Governamental

 

SROI - Social Return on Investiment

 

VIM - Valorizando um Infância Melhor

 

 

 

 

SUM Á RIO

 

 

1 INTRODUÇÃ O...........................................................................................................5

2 METODOLOGIA........................................................................................................9
2.1 Fonte de dados e variáveis....................................................................................... .9


3 RESULTADOS........................................................................................................... 11


4 CONCLUSÃ O............................................................................................................14


REFERÊ NCIAS............................................................................................................15

APÊ NDICE A................................................................................................................ 17

1 INTRODUÇÃO

A resili ê ncia pode vencer a vulnerabilidade? Em primeiro lugar  é necessário  entender o conceito dessas palavras para depois relacion á-las a esse trabalho, medindo a influ ê ncia de  um  Projeto Socia l  na vida de crianças e adolescentes em situação de risco.  

Segundo Rutter citado por Rosane Janczura (2012), o conceito de resiliência se caracteriza pela capacidade de encontrar uma estratégia apropriada com o fim de atingir um objetivo específico. Ou seja, a resiliência é uma atitude positiva frente a situações de risco e/ou dificuldades. De acordo com o autor, essa atitude pode ser própria de uma pessoa (ela a desenvolve sozinha) ou, como na maioria das vezes, pode ser ensinada e desenvolvida a partir de projetos sociais.  

O conceito de vulnerabilidade completa-se, de modo recíproco, no conceito de resiliência. Ele faz parte da situação de risco e/ou dificuldades enfrentadas. Janczura (2012) cita Carneiro e Veiga em seu artigo:  

Pessoas, famílias e comunidades são vulneráveis quando não dispõem de recursos materiais e imateriais para enfrentar com sucesso os riscos a que são ou estão submetidas, nem de capacidades para adotar cursos de ações/estratégias que lhes possibilitem alcançar patamares razoáveis de segurança pessoal/coletiva” (CARNEIRO E VEIGA, 2004, p. 23)  

A situação de risco também é parte integrante dessa discussão e seu conceito é essencial para a compreensão geral. De acordo com o autor Castel (2005), citado por Janczura (2012), temos a seguinte definição:  

Um risco no sentido próprio da palavra é um acontecimento previsível, cujas chances de que ele possa acontecer e o custo dos prejuízos que trará pode ser previamente avaliado.” (CASTEL, 2005, p.61)  

Relacionando os três conceitos acima discutidos pode-se  analisar que uma pessoa/comunidade que está em situação de perigo iminente ou de perda de qualidade de vida num futuro próximo (risco), potencializa os efeitos dos estressadores e impede uma resposta satisfatória ao estresse (vulnerabilidade), portanto é necessário que seja desenvolvido um conjunto de fatores que localize e fortaleça os elementos sociais capazes de promover a superação da situação atual (resiliência).  

É nesse ponto que os Projetos Sociais fundam sua missão e estabelecem suas metas para minorar as diferenças sociais e proporcionar aos atendidos uma projeção de melhora no futuro, ou seja, entender as causas das desigualdades, e o que essas desigualdades produzem, na sociedade e na subjetividade dos atendidos culminando, ao final, na quebra do ciclo da carência .  

O crescimento de Projetos Sociais e ONGs vêm atrelados não só com as mudanças sociais decorrentes da pobreza, violência, desemprego e educac ̧ão de base deficiente, como também da alteração nas políticas sociais que permitem a participação da iniciativa privada dentro da responsabilidade social. Para tanto se torna necessário um desenvolvimento das competências humanas em paralelo e em conjunto fundamentalmente com as instituições edu cacionais. Os projetos sociais têm como finalidade contribuir com o desenvolvimento das competências d as crianças uma vez que não são devidamente trabalhadas nas famílias e escolas. (Marcelo & Nelson, 2009)  

As mudanças subjetivas da comunidade a serem realizadas no âmbito da estrutura escolar são lentas e lentos são os resultados para crianças e para a sociedade. Os projetos sociais causam impacto maior e suas mudanças são visi ́veis com relação a ̀ criança, família e sociedade. Sendo que essas mudanças devem ser acompanhadas, avaliadas e os resultados, tanto positivos quanto negativos, devem ser estudados e abordados com propostas de melhorias nos projetos. (Fundação Educacional de Andradina (FEA))  

No Brasil temos muitas instituições sem fins lucrativos, do seguimento privado com parceria pública ou não, que auxiliam sociedades carentes em seus déficits. Exemplos de  alguns Projetos  e suas respectivas missões:  

  1. Instituto Neymar JR. - Contribuir na formação e na educação de famílias, promovendo a prática de atividades e oferecendo acesso à  cultura para a comunidade da Praia Grande.

  2. Fundação Xuxa Meneghel - atuar para garanti r e promo ver os direitos de crianças e adolescentes de todo o Brasil atravé s da participação em redes de mobilização social, campanhas, alé m de desenvolver um forte trabalho de incidê ncia pol ítica para influenciar na formulação de políticas públicas que garantam à  infância e à  juventude seus direitos. Desenvolver um trabalho integrado de educação, cidadania e participação infantojuvenil com apoio às fam ílias. Investir no aumento de escolaridade e na geração de renda atravé s da qualificação e capacita ção profissional, com diversos cursos para jovens e famílias da comunidade.

  3. Instituto Ayrton Senna - levar educa ção de qualidade para as redes públicas de ensino no Brasil. Atuar  em parceria com gestores públicos, educadores, pesquisadores e outras organizações para construir soluções concretas para os problemas da educação básica.

     Além do aspecto psico-social, é importante ressaltar o impacto econômico que os Projetos Sociais imprimem na comunidade atendida. Quando uma empresa apóia e investe em uma Instituição ela não espera um retorno financeiro como em outros investimentos lucrativos. O retorno esperado é que haja benefícios para o público-alvo. No Brasil, o primeiro programa a ser testado nessa área foi o SROI (Social Return on Investment - Retorno Social de Investimento), que é um indicador que calcula o retorno do investimento em projetos sociais, e destina-se, sobretudo, a organizações do setor social da economia.  

O IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) aplicou o SROI na Fundação Lúcia e Pelerson Penido. O resultado final demonstrou que a cada R$1,00 (um real) investido no programa da fundação (VIM - Valorizando uma Infância Melhor), foram gerados R$4,08 (quatro reais e oito centavos) em benefícios sociais.  

Paula Fabiani, presidente-diretora do IDIS, explica:  

O VIM foi o primeiro caso no Brasil e conseguimos entender e medir o impacto que a ação causou para todo o grupo envolvido. O SROI mostrou-se uma ferramenta estratégica, que combina aspectos quantitativos e qualitativos e pode ser usada para avaliar ou rever resultados. Ele dialoga com os atores e investidores sociais.”

 

O que se espera de retorno do investimento em uma Instituição (Projeto Social) é o “lucro social”, ou seja, o ser humano mudado. Para identificar estes resultados é necessário compreender as externalidades positivas utilizando alguns indicadores sobre os quais pode-se atribuir uma mensuração financeira. Alguns exemplos de indicadores que podem ser classificados como lucro social:  

  1. Taxa de redução da necessidade de investimentos públicos em determinada política pública, como a redução do número de famílias dependentes dos programas assistenciais dos governos e a economia resultante ao erário público.

  2. Taxa de aumento da escolaridade e do potencial de empregabilidade, aumento de renda a partir da inserção em atividade econômica ou no mercado de trabalho.

  3. Taxa de criação de empreendimentos de economia solidária e redes sócio produtivas que resultem em geração de negócios e na geração de renda para os beneficiários.

     Além de projetos com reconhecimento nacional também existem centenas de projetos com abrangência estadual e municipal que fazem a diferença na comunidade onde estão estabelecidas (III SINGEP, 2014).  

O presente trabalho tem como objetivo específico compreender se as diversas atividades oferecidas às crianças e adolescentes em situação de risco,  seja por meio do esporte, educação, musicalização, dentre outros,  afetam de forma positiva os atendidos. Para tanto, iniciar-se-á com um breve histórico.  

A instituição estudada chamava-se Centro Estudantil Alternativo (CEA),  localizada no bairro Fonte Grande; era uma organização não governamental, sem fins lucrativos, fundada no ano 1957 como orfanato. Na década de 1990, tornou-se uma instituição de assistência social.  

Em 1992 , houve um deslizamento de terra que soterrou a Vila Barraginha em Contagem,  atingindo 500 famí lias, com 37 mortos. A Prefeitura de Contagem transferiu os desabrigados para um bairro emergencial na região do bairro Fonte Grande, perto do Centro de Contagem (O Tempo, 2011) . As famí lias desabrigadas foram instaladas nessa região em casas de 4 cômodos (com banheiro, sala, cozinha e quarto) com piso de chão batido  e telhado simples, sem laje. Não havia muros ou separação entre as casas. Também foram doados móveis como fogão, geladeira e camas.  

A diretoria da instituição CEA, localizada na divisa do bairro Fonte Grande e da Vila Itália, entendeu que as crianças e adolescentes, recém alojados, estavam em situação de risco e reformulou a sua forma de atuação. Cumpriram todos os passos legais necessários para o encaminhamento dos internos e tornou-se uma instituição de caráter de assistência social, inclusive auxiliando a Prefeitura do município. F oi montada uma força tarefa emergencial conjunta entre a instituição (CEA), a  Compassion  (uma organização  internacional sem fins lucrativos), a Prefeitura de Contagem e a 1ª Igreja Presbiteriana de Belo Horizonte, localizada na Av. Afonso Pena (mantenedora da instituição). Essa ação contou com a participação de várias profissionais das áreas da saúde, jurídica, pedagógica, educacional, psicológica para montar um plano de atendimento às crianças e adolescentes. Inicialmente, e ra oferecidos merenda, reforço escolar, esporte e atendimento médico-odontológico básico no contra-horário da escola, ou seja, quem estudava no período da manhã frequentava a instituição no período da tarde.  

Em 1998, David Resende dos Santos foi convidado para trabalhar na Instituição e criou um novo programa curricular que focava no desenvolvimento humano e atuava nas áreas socio-emocional, cognitiva, física e comportamental, proporcionando às crianças e aos adolescentes oportunidades reais para quebrarem o ciclo vicioso da carência.  

Suas ideias, de que seria possível mudar a realidade daquela comunidade, inspiraram as diretorias da instituição, da Igreja mantenedora e da Compassion. Com o novo programa os atendidos recebiam orientações através de palestras e todas as atividades eram voltadas para o desenvolvimento individual. O novo programa era baseado em desafios e metas para ensinar aos atendidos a necessidade de desenvolver o conhecimento crítico e vencer os obstáculos apresentados. Por isso, será analisado, apenas, o reflexo atual das atividades realizadas no período de 1998 a 2008.  

As oportunidades oferecidas para uma criança e/ou adolescente podem mudar para sempre o destino de sua vida.  

Portanto, a hipótese levantada antes da realização da estimação do modelo é a de que as atividades desenvolvidas na instituição como trabalho em grupo (por meio do esporte e da música), as palestras ministradas e experiências vividas influenciaram os conceitos básicos da maioria dos atendidos.  

A divulgação desses resultados pode influenciar outras pessoas (e/ou instituições) a realizarem atitudes semelhantes, buscando o desenvolvimento individual de pessoas em situação de risco  e, consequentemente, de toda a comunidade . A cooperação entre as áreas pública e privada ajuda a desenvolver a função social das empresas, que possuem incentivos fiscais para investir no crescimento das comunidades em situação de risco, atuando de forma mais específica no problema daquela região. Oportunizando, assim, a quebra do ciclo da carência.

2 METODOLOGIA  

O modelo econométrico escolhido para mensurar a influência no Projeto Social (CRC) na vida dos atendidos foi o  modelo linear cl ássico de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO). É um método largamente utilizado, pois gera estimativas não-viesados (em que na média, a estimativa coicide com o valor dos parâmetros populacionais, tudo isso quando as hipoteses de não ocorrência de autocorrelação, heteroscedasticidade e multicolinearidade forem satisfeitas). Consiste em determinar a estimativa dos parâmetros populacionais, de modo a minimizar a soma dos resíduos ao quadrado. (Gujarati, 2011)  

Os pressupostos que garantem os melhores estimadores para este modelo sã o: (1) linealidades nos par â metros; (2) valores de  fixos ou independentes do termo de erro; (3) valor médio do termo de erro igual a zero; (4) homocedasticidade ou variâ ncia constante de ; (5) aus ência de autocorrelação entre os termos de erro; (6) zero covariâ ncia entre o erro  e as variá veis X; (7) número de observações n deve ser maior que o nú mero de par âmetros a serem estimados; (8) variabilidade dos valores de x; (9) o modelo da regressão deve ser especificado corretamente; e, (10) não existir multicolinearidade perfeita. Estes pressupostos foram testados ao longo do trabalho, e alguns resultados serão apresentados ao decorrer dos resultados. (Gujarati, 2011)  

Foram realizadas pesquisas, por meio do questionário (anexado no apêndice A) elaborado especificamente para este trabalho, com pessoas atendidas no Projeto em sua infância/adolescência, com o objetivo de saber qual o grau de influência que as atividades prestadas têm sobre sua renda hoje.  

Os dados utilizados referem-se as três variações no período correspondente entre 1998 e 2008, o foco deste estudo é mostrar se o grau de escolaridade e o tempo de permanência nas instituições sociais, explicam a renda atual.  

No estudo, utilizaremos a seguinte equac ̧ão:  

Renda = β 1 +β 2 escolaridade +β 3 temp. permanência + £i  

2.1 Fontes de dados e variáveis  

Os dados estatísticos utilizados nesse trabalho foram retirados do questionário socioeconômico presente no apêndice A. Dessa forma, existe uma maior confiabilidade, considerando que as respostas contidas no questionário são realmente das pessoas que participaram da instituição durante a infância/adolescência.  

Variável Renda  

Total das importâncias recebidas periodicamente, por pessoa física ou jurídica, como remuneração de trabalho ou de prestação de serviço.  

Variável Grau de Escolaridade  

O grau de escolaridade é uma classificação usada para identificar quanto uma pessoa estudou ou para determinar a escolaridade.

Variável Tempo de Permanencia na Instituição Social  

O tempo de permanencia na instiuição social, é utilizado para medir o tempo que a criança/adolencente participou do projeto avaliado  

3 RESULTADOS  

TABELA 1 – Teste de Multicolinearidade  

Para identificar se há ou não multicolinearidade na regressão utilizamos uma matriz de correlação onde é possível verificar se as variavéis se correlacionam entre si. A correlação entre os parâmetros ocorre quando existe uma relação perfeita ou exata, ou seja, alta correlação, entre algumas ou todas as variáveis explicativas do modelo. Neste caso, a ausência de viés é preservado, mas a variância é alterada, sendo inflacionada, e os parâmetros não são mais minimizados, tornando-se ineficientes

 

Antes de rodar o modelo foi verificado se a correlação entre as variavéis escolhidas. Foi feito o teste de correlação com as variáveis e foi provado que a correlação entre as variavéis é positiva porém baixa, viabilizando rodar o modelo.

 

 

Renda

Tempo

Escolaridade

Renda

1.000000

0.520010

0.550735

Tempo

0.520010

1.000000

0.275291

Escolaridade

0.550735

0.275291

1.000000

Fonte: dados da pesquisa

 

TABELA 2 - Regress ões estimadas quanto à renda em função do tempo de permanência no Projeto e o grau de escolaridad e

 

Estes foram os resultados obtidos na regressão antes de aplicar o método de heterocedasticidade

 

Dependent Variable: RENDA

 

 

Method: Least Squares

 

 

Date: 05/25/16 Time: 10:09

 

 

Sample: 1 80

 

 

 

Included observations: 80

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Variable

Coefficient

Std. Error

t-Statistic

Prob.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

C

-2250.859

645.9665

-3.484483

0.0008

TEMPO

155.9445

34.38865

4.534767

0.0000

ESCOLARIDADE

215.6090

42.97478

5.017106

0.0000

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

R-squared

0.450155

    Mean dependent var

2733.500

Adjusted R-squared

0.435873

    S.D. dependent var

775.4706

S.E. of regression

582.4434

    Akaike info criterion

15.60912

Sum squared resid

26121508

    Schwarz criterion

15.69845

Log likelihood

-621.3648

    Hannan-Quinn criter.

15.64493

F-statistic

31.51970

    Durbin-Watson stat

1.511965

Prob(F-statistic)

0.000000

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: dados da pesquisa

Interpretação dos Resultados  

Com a realização da regressão os resultados obtidos foram muito satisfatórios. Uma vez que é possivel perceber que as variaveis escolhidas possuem significância estatística para o modelo estimado. Foi obtido a seguinte equação:  

renda = -2250.859 + 155.9445TPI + 215.6090Escolaridade  

Dessa forma ao passo que acontece uma variação positiva de 1 unidade no tempo de permanência na instituição social, mantendo-se escolaridade constante, aumente em média R$155.9445 na renda do individuo. É possível perceber que está variável é muito significativa, pois quanto mais tempo a criança/adolecente passa no projeto social, sendo incentivada a se desenvolver maior será o impacto na sua renda.  

Já ao passo que acontece uma variação positiva de 1 unidade sob a escolaridade, mantendo-se o tempo de permanencia na instiuição constante, espera-se que, em média, gere uma variação na renda de R$215.6090. Ou seja, quando maior o incentivo as crianças/adolecentes tem para estuda, para adquirir conhecimento melhor serão suas rendas.  

Se os 2 regressores forem nulos, ou seja, se o tempo de permanência na instituição for igual a zero e o a escolaridade também for igual a zero, então espera-se que a renda do indivíduo seja, em média, de – R$2250.859. O que na verdade significaria que, uma pessoa que participou do Projeto, se não havia o feito, ganharia hoje, em média, R$2250.86 a menos que seu salário atual. Assim é possível perceber que o tempo de permanência nessa instuição social e o grau de escolaridade mostram determinada influência no modelo estimado, ou seja, elas são variavéis influenciadoras do nível de renda das pessoas que foram atendidas pelo projeto.  

Verificando as estatísticas obtidas com a regressão é possivel afirmar que:

 Obtivemos um coeficiente de determinação R2 igual a 0.450155, o que significa que 45.01% da variação da renda pode ser explicada pelas variavéis da regressão estimada, ou seja, pelos parâmetros tempo de permanência na instituição e escolaridade. Mostrando que estas variáveis explicam quase 50% da renda das pessoas que participaram do Projeto.

 Através da análise do valor da probabilidade (F-statistic) geral, verificamos que as variáveis são conjuntamente significativas pois o seu valor ficou abaixo do nível de significância do teste (5%). Portanto, verifica-se, também, que o modelo é estatisticamente significantivo.  

Através da analise do valor da probabilidade (F-statistic) individual, verificamos que cada uma das variáveis é significativa pois cada um de seus valores ficaram abaixo do nível de significância do teste (5%).  

TABELA  3  –  Heteroscedasticidade  

A variância do modelo de regressão não é constante e a premissa de homocedasticidade é violoda. Essa ocorrência não elimina as propriedades de não-tendenciosidade dos betas, ou seja eles continuam consistentes, mas deixam de ser eficientes já que não são mais de variância mínima. É possível corrigir este tipo de erro dividindo todo o modelo pela variância da regressão e calculando-o novamente. (Gujarati, 2011)

 

Com o teste é possível verificar que não há heterocedasticidade, pois Prob.F (5,74) é menor que 0,05.

 

Heteroskedasticity Test: White

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

F-statistic

3.566948

    Prob. F(5,74)

0.0061

Obs*R-squared

15.53638

    Prob. Chi-Square(5)

0.0083

Scaled explained SS

16.34034

    Prob. Chi-Square(5)

0.0059

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Test Equation:

 

 

 

Dependent Variable: RESID^2

 

 

Method: Least Squares

 

 

Date: 05/23/16 Time: 21:21

 

 

Sample: 1 80

 

 

 

Included observations: 80

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Variable

Coefficient

Std. Error

t-Statistic

Prob.  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

C

-4221041.

5218320.

-0.808889

0.4212

TEMPO

770465.7

336879.2

2.287068

0.0251

TEMPO^2

18327.31

12101.10

1.514516

0.1342

TEMPO*ESCOLARIDADE

-82371.31

20260.52

-4.065607

0.0001

ESCOLARIDADE

-69954.67

634656.2

-0.110225

0.9125

ESCOLARIDADE^2

37653.79

22706.97

1.658248

0.1015

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

R-squared

0.194205

    Mean dependent var

326518.8

Adjusted R-squared

0.139759

    S.D. dependent var

495119.0

S.E. of regression

459218.8

    Akaike info criterion

28.98448

Sum squared resid

1.56E+13

    Schwarz criterion

29.16313

Log likelihood

-1153.379

    Hannan-Quinn criter.

29.05611

F-statistic

3.566948

    Durbin-Watson stat

2.233188

Prob(F-statistic)

0.006053

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: dados da pesquisa

 

 

4 CONCLUSÃ O  

O trabalho realizado analisou a influência do Projeto CRC na vida das crianças e dos adolescentes atendidos no período de 1998 a 2008, com base no programa curricular de desenvolvimento humano criado por David Resende dos Santos. O modelo de regressão linear foi utilizado para medir se o tempo de permanência no Projeto alterou a escolaridade e a renda atual dos atendidos.  

A partir dos resultados obtidos na regre ssão podemos concluir que de fato as  crian ças e os  adoles centes que participaram do Projeto, no período analisado,  tiveram um influê ncia positiva em sua renda atual, que foi impactada pelo tempo de permanência nesse projeto e pelo grau de escolaridade. Foi de grande significâ ncia a influência direta das experiências vividas enquanto participavam do Projeto. O incentivo ao desen volvimento humano de crianças e adolescentes tem o potencial de gerar efeitos positivos em suas vidas individuais e, também, na sociedade, de forma reflexa. Essa experiência do projeto e os resultados desse estudo comprovam a eficácia de um modelo nesse formato e com essa finalidade.  

Conforme os resultados obtidos, esse trabalho, demonstra a relêvancia da intervenção da instiuição CRC no desenvolvimento socioeconômico das crianças/adolescentes específicamente na contribuição da construção humanista, desenvolvimento de capital humano bem como a geração de renda.  

Apartir, desses resultados pode-se encontrar incentivos para que as instituições dêm continuidade às ações junto aos assistidos. Portanto, a resili ê ncia pode vencer a vulnerabilidade, pois o resultado do trabalho comprovou que pessoas que desenvolvem uma estratégia correta, aplicada com a finalidade de se alcançar um objetivo específico, podem vencer as dificuldades existentes e ir além, superando os défictis sociais.  

REFERÊNCIAS

 

ACIOLI, Andréa.  “A Explosão das ONGS no Mundo e no Brasil e seus Reflexos no Espaço Rural Fluminense”  4º Encontro Nacional de Grupos de Pesquisa - ENGRUP, São Paulo, pp. 8-25, 2008. Disponível em:  http://w3.ufsm.br/gpet/engrup/ivengrup/pdf/acioli_a.pdf Acesso em :30/03/2016.  

ARAÚJO, Cláudio Márcio de. Significações sobre adolescência e desenvolvimento humano em um projeto social educativo. 2008. Dissertação (Mestrado) - Universidade de Brasília- Instituto de Psicologia - Programa de Processos de Desenvolvimento Humano e Saúde. Recuperado a partir de: http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/5715/1/2008_ClaudioMarcioAraujo.pdf. Acesso em: 30/03/2016.  

BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL - BNDES.  Terceiro Setor e Desenvolvimento Social.  Relato Setorial nº 3, AS/GESET. Disponível em:  http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/relato/tsetor.pdf . Acesso em: 26/04/2016.  

CARVALHO, Antonio Oliveira de; HOURNEAUX, Flavio Júnior; RIBEIRO, Ivano; CINTRA, Renato Fabiano.  Indicadores de Desempenho em Projetos Sociais: Uma Reflexão sobre o uso de Indicadores Financeiros.  In: III Simpósio Internacional de Gestão de Projetos. Disponível em:  http://www.singep.org.br/3singep/resultado/301.pdf Acesso em: 12/04/2016.  

CUNHA , Beatriz Zacchi da. " A INCLUSÃO DA CRIANÇA EM PROJETOS SOCIAIS DE EDUCAÇÃO PELO ESPORTE ".  2007. Dissertação (Licenciatura) - Universidade Federal de Santa Catarina F lorianópolis . Recuperado a partir de: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/123456789/39/monografia%20beatriz%20cunha.pdf?sequence=3. Acesso em :04/04/2016.  

ENTENDA o PIB: Conheça como funcionam os métodos para medir a atividade econômica do Brasil.  G1.  Economia. Disponível em:  http://g1.globo.com/economia/pib-o-que-e/platb/ Acesso em: 02/05/2016.  

Fundação Educacional de Andradina (FEA)  Projetos Sociais -  Escrito por Administrador

Sex, 14 de Maio de 2010 12:27 - Última atualização Qua, 30 de Março de 2016 17:06. Disponível em:  http://www.fea.br/index.php/projetos-sociais?format=pdf Acesso em: 26/04/2016.

Fundação Xuxa Meneghel.  Quem somos.  Disponível em: http://www.fundacaoxuxameneghel.org.br/quem-somos/.  Acesso em: 27/04/2016.  

HUTZ, Cláudio S.; KOLLER, Sílvia H.; BANDEIRA, Denise R.  “Resiliência e Vulnerabilidade em Crianças em Situação de Risco”  Projeto de Pesquisa - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instuto de Psicologia, 2006. Disponível em: http://www.infocien.org/Interface/Colets/v1n12a06.pdf.  Acesso em: 30/03/2016.  

IDIS, Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. “ Uma nova régua para medir o impacto social” . Postado em 27 de maio de 2015. Disponível em:  http://idis.org.br/uma-nova-regua-para-medir-o-impacto-social/ Acesso em: 12/04/2016.  

Instituto Ayrton Senna.  Quem somos.  Disponível em:  http://www.institutoayrtonsenna.org.br/quem-somos/ Acesso em: 27/04/2016. Instituto Projeto Neymar Jr..  Objetivos.  Disponível em:  http://www.institutoneymarjr.org.br/instituto/#objetivos Acesso em: 27/04/2016.

 

JANCZURA, Rosane.  “Risco ou Vulnerabilidade Social?”  Revista da PUCRS - Textos & Contextos (Porto Alegre), v. 11, n. 2, p. 301 - 308, ago./dez. 2012. Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=Textos+%26+Contextos+(Porto+Alegre)%2C+v.+11%2C+n.+2%2C+p.+301+-+308%2C+ago.%2Fdez.+2012+%7C&oq=Textos+%26+Contextos+(Porto+Alegre)%2C+v.+11%2C+n.+2%2C+p.+301+-+308%2C+ago.%2Fdez.+2012+%7C&aqs=chrome..69i57.379j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8.  Acesso em: 30/03/2016.

 

Marcelo Gustavo Aguilar Calegare, Nelson Silva Junior  “A “construção” do terceiro setor no Brasil: da questão social à organizacional” -  Revista Psicologia Política, Rev. psicol. polít. vol.9 no.17 São Paulo jun. 2009. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-549X2009000100009.  Acesso em: 02/05/2016.  

SÁ, Robison.  “Bernardo Toro e as Sete Competências da Escola Contemporânea”.  Pensamentos de Toro foram usados para traças as diretrizes do programa curricular do CRC. Disponível em:  http://www.infoescola.com/pedagogia/bernardo-toro-e-as-sete-competencias-da-escola-contemporanea/ Acesso em: 30/03/2016.

 

SIMPÓSIO INTERNACIONAL  DE GESTÃO DE PROJETOS (III SINGEP) . São Paulo SP . Anais  do III SINGEP - São Paulo SP - Brasil , 201 4 . 7p.

 

TRAGÉDIA que deixou 37 mortos na Vila Barraginha completa 19 anos hoje.  O Tempo,  Contagem,  18/03/11 - 17h04. Disponível em:  http://www.otempo.com.br/cidades/trag%C3%A9dia-que-deixou-37-mortos-na-vila-barraginha-completa-19-anos-hoje-1.428940] . Acesso em: 30/03/2016.

VIANNA,  Nathalia B.; CAMPOS,  Carlos A. A. APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIOS SOCIOECONÔMICOS: uma importante ferramenta para entender o contexto da escola participante do  PIBID.. 2014. Dissertação (Bolsa de Iniciação à Docência) - Universidade Federal do Triângulo Mineiro - Recuperado a partir de: http://enalic2014.com.br/anais/anexos/3644.pdf Acesso em: 02/05/2016.

 

 

 

 

 

 

 

 

APÊNDICE A -  Questionário Socioeconômico

 

A veracidade das respostas são necessárias e indispensáveis para sua participação na pesquisa. Todas as respostas contidas neste questionário serão mantidas sob sigilo e os dados serão apenas quantitativos.

Todas as questões visam à coleta de informac ̧ões para a obtenção do resultado da pesquisa desenvolvida pelo trabalho proposto na matéria de Econometria do curso de Ciências Econômicas da Puc Minas, campos Coração Eucarístico. Agradeço desde já sua sinceridade e participação.

Andreza Santos Pereira aluna do 5º Período

 

 

1. Você é do sexo:

  1. ( ) Masculino

  2. ( ) Feminino

 

2. Você se considera:

a) ( ) Branco

b) ( ) Negro

c) ( ) Pardo

d) ( ) Amarelo

e) ( ) Indígena

f) ( ) Não declaro

 

3. Qual é a sua Idade?

 

_____________________

 

4. Seu grupo familiar atual é composto por quantas pessoas?

 

_____________________

5. Qual o seu grau  de escolaridade?

  1. ( ) Não alfabetizado

  2. ( ) Ensino fundamental

  3. ( ) Ensino Médio incompleto

  4. ( ) Ensino Médio

  5. ( ) Ensino Técnico

  6. ( ) Ensino Superior incompleto

  7. ( ) Ensino Superior completo

 

6. Em qual bairro você mora?

 

___________________________

 

 

7. Com quantos anos você entrou para o Projeto CRC? ( Centro de Referê ncia Cristã)

 

_________________________

 

 

8. Por quanto tempo você participou do CRC ?

 

____________________________

 

9. Atribua uma nota de 0 a 5 ( onde 0 indica o nível mais baixo e 5 o maior nível sobre o grau de influência do projeto CRC na sua vida.

a) zero

b) um

c) dois

d) três

e) quatro

f) cinco

 

 

10. Em qual área as atividades do CRC te desenvolveram mais?

  1. ( ) Emocional

  1. ( ) Físico (esportes, saúde)

  2. ( ) Cognitivo (aprendizagem)

  3. ( ) Profissional

 

11. Qual atividade proposta pelo CRC que você mais gostou?

  1. ( ) Esporte

  1. ( ) Mú sica

  2. ( ) Informática

  3. ( ) atividades extras como: acampamento, sábado jovem

 

12. Você acredita que as atividades do CRC despertaram em você o desejo para:

  1. ( ) conhecer outros lugares e pessoas

  1. ( ) Conhecer outras culturas e línguas

  2. ( ) Trabalhar e aumentar sua renda

  3. ( ) Estudar e aperfeiçoar suas habilidades

 

13. Atribua uma nota de 0 a 5 sobre a importância de Projetos Sociais (o nde 0 indica o nível mais baixo e 5 indica o maior nível).

a) zero

b) um

c) dois

d) três

e) quatro

f) cinco

 

14. Atribua uma nota de 0 a 5 ( onde 0 indica o nível mais baixo e 5 indica o maior nível) c om relação a sua situação socioeconômica atual. Você acredita que o CRC  teve alguma contribuição?

a) zero

b) um

c) dois

d) três

e) quatro

f) cinco

 

15. Mediante os padrões abaixo, em qual deles  você classifica sua renda atual?

  1. ( ) abaixo de 1salário mínimo

  1. ( ) 1 salário mínimo

c) ( ) 2 salários mínimos

d) ( ) 3 salários mínimos

e) ( ) acima de 4 salários mínimos

 

16. Baseado nas suas experiências no CRC, a tribua uma nota de 0 a 5 (o nde 0 indica o nível mais baixo e 5 indica o maior nível)  sobre seu desejo em ajudar alguma Instituição Social.

a) zero

b) um

c) dois

d) três

e) quatro

f) cinco

 

17. Diante da sua situação familiar na época em que você ingressou no CRC , você acredita que era necessário a intervenção de uma I nstituição Social?

 

a) ( ) Sim b) ( ) Não

 

 

18. Atribua uma nota de 0 a 5 ( onde 0 indica o nível mais baixo e 5 indica o maior nível) . Diante da sua situação atual, você acredita que ainda precisa de algum tipo de intervenção s ocial?

a) zero

b) um

c) dois

d) três

e) quatro

f) cinco