UMA ADVERTÊNCIA AOS MESTRES NA PALAVRA

Por Paulo de Aragão Lins | 21/08/2009 | Bíblia

UMA ADVERTÊNCIA AOS

MESTRES NA PALAVRA

 

Não existe ministério mais controvertido do que o de Mestre. O próprio Senhor Jesus advertiu aos seus discípulos: “Nem vos chameis mestres, porque um só é o vosso Mestre, que é o Cristo”. Mt 23.10.

 

Este é um mandamento direto, sem atalhos. Foi isto mesmo que o Senhor falou. Mas, como é que, mais tarde, ele mesmo dá “uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, outros para pastores e mestres”? Ef 4.11. existe, por acaso, uma contradição nisto? Não! A Bíblia tem contradições aparentes, mas ela mesma não se contradiz.

 

Quem dá o ministério é o próprio Senhor Jesus. O que ele disse foi “nem vos chameis mestres”. Ou seja, não fiquem atrás de títulos, simplesmente façam o que tem que ser feito. Eu sou o único Mestre. Você não tem revelação própria. Você tem que falar as mesmas palavras que eu falo, porque as minhas palavras são espírito e vida.

 

O grande problema de todos os tempos é que muitos se arrogam a prerrogativa de mestres, mas em lugar de falar a pura Palavra de Deus, aventuram-se em sombrios labirintos de uma ciência oculta, falsa, perigosa e, por que não dizer, diabólica. O apóstolo Tiago também advertiu sobre tal perigo, quando disse “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo”. Tg 3.1.

 

É justo que o mestre receba mais duro juízo, porque não é brincadeira transmitir as verdades que conduzem os eleitos. Temos sempre repetido que em nossos dias muitos sonham e clamam para serem operadores de milagres, mas este ministério vem em quarto lugar, depois do de apóstolo, do de profeta e do de mestre. Confira:

 

“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas”. 1 Co 12.28. 

 

Mas, repetimos, é preciso muito cuidado para não usurpar o ministério de alguém. Infelizmente isto é o que mais acontece em nossos dias. “Querendo ser mestres da lei, e não entendendo nem o que dizem nem o que afirmam”. 1 Tm 1.7.

 

O escritor de Hebreus adverte seriamente os irmãos, chamando-os de infantis, porque não se aprofundaram na Palavra. Hoje temos igrejas enormes, cheias de crentes-crianças. “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento”. Hb 5.12.

 

Antioquia foi um centro missionário importante. Dali vieram os mais importantes originais bíblicos. Aquela igreja era bem suprida de homens capacitados: “Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres, a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes o tetrarca, e Saulo”. At 13.1.

 

Outro grande problema dos nossos dias, desta última década, é de muitos se autodenominarem “apóstolos” ou “profetas”, sem os sinais característicos destes dois importantes ministérios.

 

Como eu gosto de Paulo, quando ele diz coisas como estas: “Porventura são todos apóstolos? são todos profetas? são todos mestres? são todos operadores de milagres?” 1 Co 12.29. 

 

Se você  visitar algumas igrejas hoje, os irmãos vão dizer: nós temos ótimos mestres em nossa denominação. Mas, que tipo de mestres? Seriam, por acaso, mestres assim?

 

Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos. 2 Tm 4.3. 

 

Ou assim?

 

“Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição”. 2 Pe 2.1.

 

 

O verdadeiro mestre está imbuído da verdadeira sabedoria que vem do céu. Tiago deixa isto muito claro, quando esclarece:

 

“Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom trato as suas obras em mansidão de sabedoria. Mas, se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica. Porque onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa. Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia. Tg 3.13-17.

 

Quando um grande da televisão afirma hoje “eu sou O profeta que Deus mandou para o Brasil”. Ele está obedecendo o que o apóstolo Tiago falou “não vos glorieis”? Por acaso ele não está mentindo contra a verdade?

 

O que temos visto hoje, pela Internet, pelos periódicos, pelos programas televisivos? Homens cada vez mais famosos se digladiando, falando mal uns dos outros para qualquer incrédulo ver e ficar falando mal do Evangelho. Quando eu era jovem isto não acontecia. O que está acontecendo é uma falta de vergonha. Esqueceram do que Jesus falou: “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”. Mt 7.5.

 

A sabedoria que vem do alto é...

 

1º) PURA - Não está misturada com idéias humanas, políticas, psicológicas, filosóficas, mentirosas, sensuais. Não se contamina com doutrinas falsas, pagãs, romanas. “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios”. 1 Tm 4.1. Cuidado, irmãos, cuidado, senhores mestres! Isto infelizmente está acontecendo demais.

 

 2º) PACÍFICA – É assim que tem sido ministrados os estudos?   Como já dissemos, hoje é um quebra-quebra, um rasga-rasga, uns perseguindo os outros, homens arrogantes, atrevidos, audaciosos, aguerridos, altivos, inchados, orgulhosos, presunçosos, donos da verdade, muito soberbos, vaidosos, autoritários, até violentos. Pasmem, senhores, já existem até notícias de ministros mandando matar ministros!

 

3º) MODERADA  - Um verdadeiro mestre na Palavra é cuidadoso com aquilo que ensina. É possível ele receber revelações que não pode soltar diante de qualquer grupo. Paulo era um mestre moderado. Veja o que ele disse aos coríntios: “E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não podíeis, nem tampouco ainda agora podeis, porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?” 1 Co 3.1-3. Ele também adverte: “E pela tua ciência perecerá o irmão fraco, pelo qual Cristo morreu”. 1 Co 8.11.

 

4º) TRATÁVEL -  A sabedoria divina é transmitida de maneira comunicativa e acessível. Não é ditatorial, não é definitiva, não é forçada. O mestre espiritual informa, mas não impõe.

 

5º) CHEIA DE MISERICÓRDIA – O mestre espiritual tem um coração misericordioso e compassivo. Ele é clemente com os que não conseguem entender direito as verdades divinas. Veja o que diz Tiago: “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom procedimento as suas obras em mansidão de sabedoria”. Tg 3.13. Pedro corrobora isto, dizendo: “Antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. 1 Pe 3:15.

 

6º) CHEIA DE BONS FRUTOS – O verdadeiro ensino da Palavra dá resultados positivos e santos. Alguma coisa excelente acontece. Do bom ensino nascem comunidades fortes, poderosas, bem sucedidas.

 

7º) SEM PARCIALIDADE – O verdadeiro ensino da Palavra não toma partidos. Ele é o que é. Fala a verdade, doa em quem doer. Não é injusto, nem mal intencionado. Requer coragem para colocar-se em uma posição destemida, sem ligar para as facções, as ideologias e as políticas eclesiásticas.

 

8º) SEM HIPOCRISIA – Este aspecto do ensino é o mais esquecido em nossos dias. Existem muito que desavergonhadamente e descaradamente, inventam histórias, idéias, doutrinas, pensamentos e mitos que nada tem a ver com a Palavra de Deus. Era o caso dos escribas e fariseus. Ensinavam muito bonito, mas não praticavam o que ensinavam. Isto se repete demasiadamente em nossos dias.

 

O apóstolo Judas mostrou como é o íntimo dos falsos mestres: “Contudo, semelhantemente também estes falsos mestres, sonhando, contaminam a sua carne, rejeitam toda autoridade e blasfemam das dignidades”. Jd 8.

Que o Pai das luzes, em quem não há variação nem sombra de mudança, ajude a todos os amados irmãos, em seu afã de transmitirem as verdades eternas, àqueles que delas necessitam.

 

Paz sobre Israel!