Um Reveillon inesquecível

Por Enrique Andres Kun Segade | 09/01/2018 | Contos

Estava tudo pronto para a Festa de Réveillon.

James, nosso mordomo aprimorou os detalhes.

No sítio da tia Hemera só faltava chegar alguns convidados.

O caviar russo no ponto de consumo, as lagostas prontas para deglutir, as caixas de Champanhe Louis Roederer Cristal Brut pedindo para serem abertas.

Eu sei que às vezes a vaidade humana ultrapassa os limites da razão, mas é uma vez por ano e será que veremos o  próximo?

Falei para meu tio Tofel, não quero perder um detalhe, quero todo filmado e fotografado para mostrar à galera do face.

Nisso a tia Hemera foi puxar o seu longo vestido preso num dos cavaletes da mesa, puxou e derrubou a mesa toda, e lá veio o caviar acima dela, as trufas da sobremesa acima da lagosta, as garrafas explodindo uma a uma.  A outra minha tia, a Hilária decidiu acender um cigarro, até ai tudo bem, mas essa anta jogou o fósforo aceso acima da caixa de roxões. Explodiram todos de uma vez, foi um caos total, parecia a terceira guerra mundial, o apocalipses, o Inferno de Dante.

Quando meu tio todo afoito foi socorrê-la, tropeçou no cavalete da mesa e caiu de cara no bolo de chantilly e sua filmadora foi parar na piscina. Ele de smoking preto e a cara branca de creme parecia um pinguim fantasiado de palhaço, pois a cereja do bolo grudou em seu nariz.

Eu me desparafusava de rir até que vi o Satã lambendo seu rosto, o nosso pit-bull.

 Então corri para socorrê-los, atravessei a piscina e esqueci a máquina de fotos no pescoço.

Resumo, não guardei nenhuma imagem do réveillon que no fim não aconteceu.

Liguei para o Pablo Vitar não comparecer, ele ia descer de helicóptero cantando “Vai passar mal”.

Quem passou mal fomos nós.  Os sobreviventes acabaram indo para o Mc Donald comer hambúrguer.

Sem fotos, sinto muito.