Um papo com o pato
Por Maristane Freire Jardim de Paula | 06/12/2011 | CrônicasResolvera bater um papo com o pato.Desculpe-me o trocadilho, mas foi isso mesmo.Ficou viajando, pensando na vida.Do pato e na sua.O pato parecia solitário, carente, à procura de alguém.Ela também parecia; solitária, carente, mas não estava à procura de ninguém.Ela se sentia bem sozinha.Tinha seu canto, seu jeito, suas coisas, suas manias.Como é que alguém assim, já estabelecida na vida, poderia estar à procura de alguém?Como dividir seu espaço?Quando muito por uma noite; uma semana...Já é demais!Vai abrir mão de seus tiques, suas nove-horas?Mania até que é bom quando é boa.Tem gente, por exemplo, que tem mania de limpeza; a casa parece estar sempre cheirosa.Só não dá é pra ir atrás da visita com um pano limpando os rastros ou as digitais.Outros tem mania de perfeição; sendo assim tudo o que fazem fica bem feito.Porém, há a tentação de achar que ninguém fará tão bem quanto eles e acabam se cansando demais.Mania de dormir com a luz acesa, só com a luz apagada, de comer só comida quente; de querer agradar a todo mundo, de não querer agradar a ninguém.Certo mesmo é que todo extremo é ruim.Exagero!!Isso é ruim.Mas, no seu caso, agora ficou difícil; não há disposição para dividir nada.Mas, ela está bem.Ou pelo menos é o que parece.E quanto ao pato...Ele também está bem.Na borda da banheira desde que o colocaram lá.Ou você pensou que era pato de verdade?Não dá.Como é que ela iria dividir sua solidão com alguém?