Um olhar sobre a Canção Nova
Por Daniel Leite da Silva Justino | 10/12/2015 | SociedadeHistórico[1]
A TV Canção Nova, emissora da Fundação João Paulo II, começou a operar como retransmissora da TVE do Rio de Janeiro, em 8 dezembro de 1989, às 10h. Eram duas horas e quarenta minutos diários de programação própria para Cachoeira Paulista (SP) e cidades vizinhas.
Anos depois, essa programação também foi divulgada por outros canais, até começar a ser exibida via satélite pela TV Executiva Embratel. No entanto, era uma programação inconstante, com diferentes horários em diferentes dias e até em diferentes canais.
Os primeiros programas foram: “Prepare o seu coração”, “Vale vida”, “Som e Canção” e “Estou no meio de vós”, apresentado pelo monsenhor Jonas Abib.
Alguns missionários e colaboradores assumiram esse desafio, entre eles: Luzia Santiago, Elzinha Yoshie, Nice de Godoy, Carla Astuti. Alguns funcionários também faziam parte da equipe, entre eles: Newton Lorena, Marcos Bala, Danilo D’Angelo, Carlos Mariotto, André Gulla.
Em 1997, formou-se a Rede Canção Nova de Televisão com a compra da TV Jornal em Aracaju (SE). A partir daí, a TVCN pôde gerar a programação para todo o país por meio de repetidoras. Foi quando nasceu o Projeto ‘Dai-me Almas’.
Em 2007, com apenas dez anos de formação da rede, a TV Canção Nova estabeleceu-se como a maior emissora de televisão católica do Brasil.
ANÁLISE
A TV Canção Nova é sem dúvida a maior emissora Católica do nosso país, contudo, se comparada com Globo e Recorde, possui pouca audiência. Talvez isso se dê por causa da sua especificidade: ser uma emissora cuja grade de programação se reduz em sua maioria a programas de teor religioso, centradas única e exclusivamente a linha carismática.
É sabido que a emissora Canção Nova está vinculada à comunidade Canção Nova. E que está tem como linhas norteadoras a espiritualidade carismática. Logo, é fato que sua programação está impregnada de teor carismático. No entanto, aqui se encontra um dos entraves que dificulta a expansão de audiência da emissora. O fato de ela reduzir seu público alvo apenas aos cristãos Católicos de vertente carismática.
Ora, a Igreja é heterogênea, ou seja, constituída de diversas tendências e de vários rostos. Não podemos identificá-la a uma única tendência: seja libertadora, carismática, tradicionalista, ou progressista. Em seu interior convivem estas várias tendências, ora em conflito, ora em harmonia. É claro que por vivermos em um mundo subjetivista, a tendência libertadora vem se enfraquecendo e dando lugar ao espiritualismo carismático, contudo, esta não é a tendência exclusiva na Igreja. Por assumir uma única tendência, a Canção Nova exclui de seu público alvo as outras tendências.
Outro fator que dificulta a Ascensão do ibope da emissora é a falta de patrocinadores empresariais, visto que, a emissora se mantêm por doações dos fieis. Sabe-se hoje que a manutenção de uma emissora dar-se graça aos seus patrocinadores. Quanto maior o patrocínio maior o capital para ser investido. É claro que pelo fato de não ter patrocinadores e propagandas comerciais, isso é contributo para um maior espaço de propagação do seu conteúdo evangelizador, contudo, perde-se em financiamento.
A Canção Nova diz ser uma emissora que pauta pela evangelização, contudo, não oferece atrativo para àqueles que não são tão adeptos a religião. Evangelizar implica em ir ao encontro do outro, daqueles que estão fora da nossa grei. A Canção Nova opta por uma postura de manutenção dos fieis que já se encontram no seio da Igreja. Até mesmo aquilo que deveria ser imparcial, como o jornal, é marcado por teor excessivamente religioso. É claro que a Canção Nova tem sua identidade e deve conservá-la, contudo, falta-lhe inovação em sua grade de programação que permita maior abertura para o mundo.
A Canção Nova é uma emissora fechada em si mesmo, diferente, por exemplo, da Tv Aparecida que não se fechou para o mundo, mas incorporou a si a cultura do seu povo, a cultura sertaneja.
REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
Histórico da Canção Nova. Disponível em: http://tv.cancaonova.com/nossa-historia/ Acesso em: 19/10 de 2015