Um olhar do brinquedo numa perspectiva vigotskiana

Por Eliene Barros Andrade de Lima | 27/03/2018 | Educação

AUTORAS:

ELIENE BARROS ANDRADE

SOLANGE CALDEIRA

RESUMO

Este artigo traz uma visão do brinquedo na perspectiva vigotskiana na tentativa de facilitar a compreensão de educadores sobre a importância do brincar para o desenvolvimento infantil, já que ela desenvolve as funções psicológicas superiores e é uma atividade que possibilita a criação da zona do desenvolvimento proximal permitindo que a criança construa novos saberes estabelecidos pela aprendizagem escolar.

PALAVRAS – CHAVE: Vygotsky, brinquedo, zona de desenvolvimento proximal.

Conhecendo Vygotsky

Este artigo visa demonstrar a importância que Vygotsky atribuiu ao brinquedo, mas para isso precisamos conhecer um pouco sobre sua biografia para esclarecer algumas das suas idéias e pensamentos. Vygotsky demonstra como o brincar pode ser uma prática eficaz na sala de aula, pois ela é uma atividade que possibilita criação da zona de desenvolvimento proximal da criança provendo uma aprendizagem mais espontânea.
Ainda hoje as teorias de Vygotsky causam suntuoso impacto nos pontos latentes e polêmicos no campo cientifico. Ele viveu apenas 37 anos e seus escritos foram elaborados há aproximadamente sessenta e cinco anos. Chegou a elaborar cerca de 200 estudos científicos abordando diversos assuntos, tornando-se um estudioso interdisciplinar, porém o seu enfoque comum era dado ao individuo na situação cultural em que se desenvolve. “Assim seu percurso acadêmico foi marcado pela interdisciplinaridade já que transitou por diversos assuntos, desde artes, literatura, lingüística, antropologia, cultura, ciências sociais, psicologia, filosofia e posteriormente, até medicina” (REGO, 1995, p.22.).
Vygotsky morreu muito cedo de tuberculose, sua doença o deixou bastante debilitado e por este motivo algumas de suas idéias foram ditadas por ele e transcritas por outra pessoa. Muitas de suas idéias também foram transcritas de suas palestras e aulas e até mesmo de algumas redações não muito claras.
Vygotsky começou a se interessar pela psicologia acadêmica a partir do seu contato no trabalho de formação de professores e com crianças com deficientes. Ele procurava identificar mudanças no comportamento humano durante o seu desenvolvimento relacionado a um contexto cultural. Geralmente recorria à infância para poder explicar o comportamento humano, pois segundo ele, a criança reside no fato de ela estar no centro da pré-história do desenvolvimento cultural. “Ele foi o primeiro psicólogo moderno a sugerir os mecanismos pelos quais a cultura torna-se parte da natureza de cada pessoa” (COLE & SCRIBNER, 1984, p.7). Sua ousadia era imensurável para sua época, ele ambicionava construir uma nova psicologia que sintetizasse as teorias da ciências natural e a ciências mental, ou seja, tentou unir a filosofia empirista a filosofia idealista. Segundo (COLE & SCRIBNER, 1984, p.6), essa nova abordagem deveria incluir:
(...) a identificação dos mecanismos cerebrais subjacentes a uma determinada função: a explicação detalhada da sua história ao longo do desenvolvimento, com o objetivo de estabelecer as relações entre formas simples e complexas daquilo que apresentava ser o mesmo comportamento; e, de forma importante, deveria incluir a especificação do contexto social em que se deu o desenvolvimento e comportamento.

Mas não era apenas Vygotsky que continha toda esta ousadia, pois para esta tarefa ele contou com alguns colaboradores como: Alexander Ramanovich Luria (1902-1977) e Alexei Nikolaievich Leontiev (1904-1979) que aprofundavam suas propostas. Ele foi também contemporâneo do suíço Jean Piaget, chegou até mesmo a escrever o prefácio para edição russa de dois livros de Piaget. Nesta mesma época fez críticas às teses defendidas por Piaget.

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