Um Nada
Por Bruno Azevedo | 14/12/2010 | Filosofia"Martin Heidegger, grande filósofo alemão do séxulo XX, dizia que a angústia é a sensação do nada. E ela é positiva num ponto, pois o nada é a possibilidade plena. Quando se pode sentir o 'nada', todas as opções se apresentam e todos os horizontes são possíveis."(CORTELLA, 2008:14)
Cortella expõe a sentença heideggeriana, demonstrando a manifestação do "nada", que é a grande absolutização em um sentindo dual, pois ao mesmo tempo, que afirmo sentir o nada, em contraposição, afirmo também negar o tudo, que seria a contraparte do nada-ser, ou seja, afirmo também conhecer a falta do tudo, admitindo a existência do mesmo. Mais, sentindo o nada, eu faço-o deixar de ser, tornando-o algo, não mais nada sendo, pois cada nada que se concretiza, é um algo que se torna, um sentido, talvez por isso, tenhamos na cultura oriental uma representação que também é a manifestação do nada, que poderia ser o motivo de estar na esfera mais alta, denominada Brahma.
Por mais criticados que tenham sido, talvez os niilistas tenham conseguido identificar algo característico de nossa concepção de ser, o reconhecimento de nada-ser, retirando o preconceito vulgar acerca do suposto pessismo niilista, aprofundando-se em uma metafísica que não passa de uma falta, concepções baseadas na suposição de ser, ou naquilo pretenso a ser, ficando a dúvida do sentido que é ou não pode ser, pois o duvidar faz ser a dúvida ou a dúvida-ser, mas deixa aberta a sugestão ao ato duvidante, uma lacuna emergente que se torna anátema das suposições que são um supor em-si, mas objetivando um advindo ou ter sido, uma fração deste nada absoluto.
O processo cíclico manifesto é complexo, dentro de sua simplicidade, pois o nada se torna algo, o nada-ser, entretanto, quando passa a ser, ele perde a condição de outrora ou simplesmente a falta de condição, mas como perder o que supostamente não se possuía? Daí a profundidade do nada, está presente em tudo que há, sem precisar ser, como um hiato embrionário que aguarda a percepção sobre o mesmo, para manifestar-se em uma racionalização estruturalizante, sendo, deixando de sê-lo, tornando-se outro, é algo que escapa a nossa compreensão, foge a lógica, desmorona as estruturas, um aparte que se perpetua em um em-si transcendental.
Referência Bibliográfica:
CORTELLA, Mário Sérgio. Qual é a Tua Obra?: inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. 4. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.