UM MILHEIRO DE ZÉ
Por Jose Wilamy Carneiro Vasconcelos | 18/02/2021 | Poesias
UM MILHEIRO DE ZÉ
No batizado da igrejinha
Lá onde o vento fez a curva
Um fato me aconteceu
Com tanto Zé na Escritura
Parecendo receita e nomenclatura
Um muído medonho na sacristia
Parecia guerrilha e infantaria
Autenticada com sua certidão futura
No Ceará é Terra de Zé
Tem um Zé de Alencar
Foi para Olinda se formar
Na região de muito Zé
Só num é doutor quem não quer
O apelido não é ficção
Um homem de eterna oração
Até São José “Padroeiro do Ceará" por cá é Zé.
O Zé Bode que me alembro
É um leão em trabaiá
Pega a foice e a enxada
Começa a lida antes do sol raiá
Sai da rede ao ouvir o galo cantarolá
Com o facão limpa tudo
Leva o carrinho de mão com entulho
Não reclama seu labutar.
Aqui aparece Zé de Montão
Tem Zé Doidim, Zé Matuto.
Zé Cueca e Zé Oião
No buteco, o dono é Zé Quartinha
O picolezeiro é Zé Porquinha
O padeiro na entrega é Zé Molenga
Apelidaram o bebum de Zé Foenga
Na sacristia tem dois Zés: Padre Zé é o Zé Miltão
O entregador de pizza é Zé Boquinha
O vendedor de fruta é Zé Mancão.
Se não tiver outro nome de Zé
Pode chamar de cidadão
De longe grita “Vem cá Zé”
Não dando ouvidos vira Zé Mané
Tem o Zé na buleia do camnihão
Pronunciando direitinho é José.
Um ricaço comerciante
De alcunha virou Zé Bubu
O prefeito eleito da cidade
Este não tinha vaidade
Nos bairros eleito foi Zé dos Pobres
Levado no tutum por Zeca Tatu
No assobio irava o Zé da Macaca
O orador da turma foi Zé Matraca
Era tanto Zé igualzinho no céu o urubu.
Tinha o Zé Maria que bulia no som
O do baião de dois que virou Zé da Cantina
Uma boa mentira inventava o Zé Madeira
O ajeitador de carro: Zé Diomar da oficina
Açougueiro com sua venda na esquina
De epíteto famoso de Zé Carcará
Zé Luiz inventou o Del Rio guaraná
E o Zé Ricardo Neves na Medicina
Lá pras tantas apareceu mais Zé na cidade
O rei de móveis em fabricação
Zé Gerardo com guarda-roupa e cama
Trabalhava a madeira com sua imaginação
Na igreja se entupiu de Zé
Padre Ibiapina é Ze, Zé Linhares e o Bispo é Dom José
Uns coroneis de nome: Zé Inácio e outro Zé Silvestre
E o Zé Júlio Albuquerque como Barão.
Perdoem-me a minha prosa
Muitos “ZÉS” que não citei
Se não mencionei mais Zé
Dito isto, eu não pequei
Muitos aqui improvisei
Isto fiz pra não alongar a história
Pois guardo todos na memória
Aguardem que um dia citarei vocês.
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Wilamy Carneiro é professor, poeta, escritor e cordelista. Colaborador e autor do Projeto Cordelteca e Livraria dos Sobralense. Diário de um Professor - é uma de suas poesias. É cronista e hiistoriador com seu livro Os Estados Unidos de Sobral. Einstien e Sobral - A Cidade Luz.