Um breve historico do conhecimento

Por Carlos Rossi | 07/03/2012 | Educação

Um Breve Histórico do Conhecimento

Introdução

            Quando abrimos um livro de história e lá vemos grandes monumentos da antiguidade, não é raro que as pessoas se perguntem – Como será que eles fizeram tais construções? - Porém embora não saibamos ao certo como as pirâmides foram erguidas ou qual sua real função, elas foram projetadas e construídas por homens e mulheres iguais a nos.

O que não sabemos ao certo é o porquê de tais construções. E isto se deve a uma historia sem registros. Sem escritas ou sem o interesse de se repassar o conhecimento a outrem.

            Embora possa parecer um tanto individualista e primitiva esta situação puramente egoísta, se manifesta até os dias de hoje nos ambientes de trabalho.  È comum ainda ver funcionários de empresas simplesmente sonegarem informações a respeito de seus afazeres somente por temerem a concorrência, a perda do emprego, e assim gerarem um enorme transtorno no ato de seu afastamento, mesmo que este afastamento venha a ser momentâneo devido a uma leve doença.

            A falta de registros dos afazeres diários de uma determinada tarefa por mais simples que ela por ventura venha parecer, simplesmente fará com que tal tarefa não exista, não seja contabilizada, ou ainda não possa ser reproduzida.

            Reprodução ou ainda poder repetir um feito e assim conferir resultados, é o que hoje chamamos de conhecimento cientifico. O qual somente podemos conferir a partir da antiga Grécia. 

            Não que o ser humano nada tenha realizado antes dos tempos Helênicos, pelo contrário houve séculos suficientes para construir e destruir várias civilizações, iguais ou ainda superiores a nossa.

            Ocorre porem que sem um simples registro, seja este escrito, por estudo de ruínas, ou datação de fósseis via carbono 14, nada podemos saber, podemos apenas especular e pesquisar. Não há conhecimento na especulação, somente uma projeção do que poderia ser, e especulações embora nada tenham de cientifico, são, no entanto, o primeiro passo para realizar uma pesquisa. 

O Pensamento Pré Helênico

            Mesmo com o conhecimento filosófico começando na antiga Grécia, as duas grandes civilizações anteriores - Egípcia e Mesopotâmica - levaram ate os gregos alguns milênios depois, fortes conhecimentos que por eles foram aproveitados.

  Tanto o Egito como a Babilônia, legaram certos conhecimentos mais tarde aproveitados pelos Gregos, Más nenhum desenvolveu ciência nem filosofia, Não cabe aqui questionarmos se isso se deveu à falta de gênio nativo, ou às condições sociais, ainda que esses fatores tenham contribuído. O significativo é que a função da religião não conduziu ao exercício da aventura intelectual – (Bertran Russel 2001 pg 13) [1]

            Se por um lado os antigos Egípcios somente se preocupavam com a vida após a morte, por outro  na Mesopotâmia uma civilização se formou e deu origem a um pensamento mais elaborado, sendo de lá a primeira escrita que se tem noticia – a suméria –

  A antiga crença na Deusa-Mãe, que no período Neolítico personificava a fertilidade da terra, desdobra-se em inúmeros cultos a entidades ou entes sobrenaturais que correspondem às forças da natureza (...) .

  O complexo sistema de deuses e crenças é depurado no sec. VII AC por Zoroastro ou Zaratrustra, que numa nação ao sul da pérsia (atual Irã) ensina existir um único deus, princípio do bem: Ahura Mazda. Presente na mente de cada homem, ele luta contra Arimã, princípio do Mal. Cabe a cada um agir corretamente para a vitória final do bem.   (Bernardette Siqueira Abrão (org) 1999 – pg. 11[2])

            Há, porém uma diferença entre filosofia e religião, muito bem descrita por Felicien Challaye  e citada a seguir:

  A filosofia difere, sem dúvidas, da religião, em muitos aspectos. Uma Obra filosófica é, quase sempre, criação de um individuo, ao passo que a religião, no mais das vezes, é um fato social: as crenças e as práticas unem certo numero de fieis em uma comunidade chamada igreja -  (Fêlicien Challaye – 1970 – pg. 7 [3])

            Não podemos deixar de perceber, que somente com a separação da filosofia da religião, o pensamento humano se torna menos direcionado às realizações divinas e passa a questionar seu meio, seu ser, ou seja, começa a explicação da Physis – do grego- natureza, realidade em movimento – e é sobre a Physis- que os primeiros filósofos farão seus estudos.

Os Pré Socráticos

          No começo do pensamento humano homens houve que esperaram chegar pela ciência total, à sabedoria e pela sabedoria, à felicidade – Eram chamados amigos da sabedoria, filósofos  - (Felicien Challaye – 1970. pg. 1) 3

            Tales de Mileto  (sec. VII AC). Nascido em Mileto è considerado o primeiro filosofo; Tales acreditava que tudo era água, que todas as coisas eram oriundas da água. Esta afirmação nada tem de infantil, quando percebemos que a água é feita de Hidrogênio – o átomo mais simples e conseqüentemente de maior incidência no universo.

            Também soube utilizar o conhecimento para prosperar, monopolizando o mercado de Azeite de Oliva e demonstrando que o conhecimento prévio poderia gerar lucros.

Anaximandro –( contemporâneo de Tales) – para ele  o princípio da Physis é indeterminado, e está em constante movimento. Anaximandro também criou a tória da evolução humana, baseada no fato do longo tempo que uma criança precisa de cuidados, afirmando assim que o homem não sobreviveria em tempos remotos, portanto o ser humano deveria ser outro tipo de animal anteriormente.

Anaximenes – sec VI AC – meio termo entre Tales e Anaximandro, acreditava ser o ar o elemento que comandava o mundo, a terra e o mar são formas condensadas de ar.

            Embora nos pareçam um tanto primitivas, estas teorias dos pré-socráticos são a base para o nosso conhecimento quando pensamos em átomos e partículas subatômicas, ou ainda quando pensamos na evolução proposta por Darwin séculos depois. E foram os pré-socráticos que pela primeira vez retiraram o pensamento religioso da filosofia,  porém, não retiraram a filosofia da ciência, fato este que ocorrerá muitos séculos depois.

            Com a invasão Persa em 494 AC, acaba a vida cultural na cidade de Mileto, deslocando-se o eixo do pensamento Helênico para a Magna Grécia no sul da Itália, e é na cidade de Crotona que se desenvolve o pensamento de Pitágoras e seus seguidores.

Os números se tornam o centro

            Para Pitágoras - sec. VI AC. – tudo estava nos números:

  Grande matemático, Pitágoras proclamou que tudo é número. O número, no qual se harmonizam unidade e multiplicidade, é a essência das coisas - (Felicien Challaye – 1970. pg. 17) 3

            Descobre a harmonia musical, e o famoso teorema de Pitágoras, onde a hipotenusa de um triangulo retângulo elevada ao quadrado, é igual a soma dos quadrados dos catetos do mesmo triangulo.      

            Hoje sabemos que os Egípcios já utilizavam tal técnica em suas construções, mas Pitágoras leva o mérito por demonstrá-la através de meios racionais.

Nasce o conceito do átomo

            Demócrito, (470 a 370 AC), cria o conceito do indivisível, o imutável - (átomo em grego) – e entre um átomo e outro existe um vazio, e é em este vazio que os átomos se movem.

            Alem do conceito do átomo, Demócrito é adepto do conceito positivista, bem especificado nas seguintes reflexões:

          O melhor, para o homem, é passar a vida num estado tão contente quão possível e atormentar-se o menos que possa; o que acontecerá se não puser seus desejos nos bens perecíveis...

          Os homens alcançam a alegria pela moderação no gózo e pela vida sábia...

          Sábio é quem não se aflige pelo que não tem, mas se alegra pelo que tem. (Felicien Challaye – 1970. pg. 24) 3

            Não é de se estranhar que quando lemos um pouco a respeito deste filósofo, não somente nos admiramos pelo conhecimento do átomo, mas também pelo nascimento dos livros de auto-ajuda.

Sócrates e os Socráticos

  Entendem-se, de ordinário por Socráticos, seu grande discípulo Platão e o discípulo deste, Aristóteles; (Felicien Challaye – 1970. pg. 29) 3

            Sócrates (470 – 399 AC) é considerado o primeiro grande filósofo. Era porem na realidade um grande questionador, ao invés de ensinar ele perguntava, indagava, questionava; e quando não havia ensinamento propunha algo.

             Portanto nada escreveu, toda a obra de Sócrates se deve a outros dois personagens posteriores. Platão seu maior discípulo e Xenofonte; cujos relatos não coincidem.

            Enquanto Xenofonte era historiador, Platão se dedicou aos diálogos.

            Quando o Oráculo de delfos declarou ser Sócrates o homem mais sábio, o próprio Sócrates tentou desmenti-lo. Assim procurou os homens considerados sábios e os questionou; como ninguém estava à altura de suas perguntas, acabaram estes ditos “sábios homens” não parecendo tão sábios assim, e conseqüentemente Sócrates se fez de um grande número de inimigos.

            Condenado a morte, toma cicuta no ano de 399 AC. Não sem antes  deixar uma grande reflexão para os moradores do sec. XXI.  

            Quando estamos em nosso ambiente, seja este de trabalho, escolar, ou de lazer, o que realmente fazemos com as pessoas mais inteligentes que nos. Aquelas perante as quais nos sentimos humilhados?

            Não dá para mandar tomar cicuta, porém nada como uma demissão, ou ainda um bom assédio moral para equilibrar as coisas.

            Dois milênios e meio após Sócrates ainda fazemos e agimos da mesma maneira que seus perseguidores.

Platão

  “A verdade filosófica, proclamada por Platão, recusa a solução dos sofistas, para os quais justiça e injustiça não passam de convenções” (Bernardette Siqueira Abrão (org) 1999 – pg. 48)     

            Platão (428 – 347 AC) continuador da obra se Sócrates, sintetiza a filosofia, passando por todo o conhecimento que até ele chegou.

  A força desta síntese é tal, que em pleno século XX, o filosofo inglês Alfred N. Whitehead dirá que a história da filosofia não passa de uma sucessão de notas de rodapé da obra de Platão.  .   (Bernardette Siqueira Abrão (org) 1999 – pg. 46)

Platão via o mundo em duas essenciais, o mundo sensível, e o supra-sensível. No mundo sensível, ou visível que nos cerca, há diferentes maneiras de ver as coisas, há vários tipos de livros, carros, tons de azuis, tons verdes, e línguas, porem no mundo supra-sensível, isto se reduz a uma única coisa, carro, livro, azul, verde, Inglês, português.

Não da para deixar de admirar tamanha dedução, porque neste âmbito Platão seria o descobridor da Semiótica, e não Saussere – no final do Sec. XIX.

Porem a grande obra de Platão pode ser considerada “A República”, que no começo do livro VII, nos traz a alegoria da caverna.

            Segundo esta alegoria, o mundo sensível é como uma caverna em que os homens se encontram acorrentados de tal modo que só podem olhar para as paredes escuras. Atrás deles há uma fogueira que projeta sobre as paredes sombras obscuras – a única realidade, para esse homens. Mas um deles consegue escapar. Fora da caverna, a intensa luz do sol ofusca-lhe a visão. Os olhos, porem, acostumam-se à realidade. Maravilhado, não deixa de voltar à caverna, a fim de comunicar aos companheiros sua descoberta, Mas eles não o compreendem. Riem e depois o matam.   (Bernardette Siqueira Abrão (org) 1999 – pg. 52)

                      Outra grande contribuição de Platão é a divisão da cidade. Para ele, uma cidade deve ser  organizada segundo o conhecimento e aptidões de seus moradores,  e não segundo as opiniões de seus governantes .

                     Uma cidade Platoniana deve ter a população dividida em três funções: as necessidades básicas, a defesa, e a administração, e cada cidadão deve assumir uma destas funções, segundo suas próprias aptidões.

            Platão, portanto nos traz as bases do mundo atual, podemos comparar o mito da caverna à televisão recheada de sofismo, ou ainda aos ambientes de trabalho, quando somente vemos o que nos é permitido. E coitado daquele que consiga visualizar uma nova realidade, neste caso sofrerá as conseqüências iradas daqueles que somente vêem àquilo que o mundo deseja que vejam.

 Aristóteles  

            Discípulo de Platão e mestre de Alexandre o Grande, Aristóteles (384 – 322 AC.) pode ser considerado o descobridor da lógica (organon) em grego que denominou de silogismo.

            Atuou também no campo da gramática. Como as palavras são utilizadas para transmitir conhecimento, as palavras, portanto devem ser estudadas para assegurarem que este conhecimento seja devidamente transmitido. Cria assim grupos de palavras, e descobre o que hoje chamamos de sujeito e predicado em termos gramaticais.

            Dentro do plano da lógica e ainda combatendo o sofismo, desenvolve o principio da não-contradição, segundo o qual uma afirmação não pode contradizer a si mesma.

     Todo homem é mortal, Sócrates é homem, portanto Sócrates è mortal (Bernardette Siqueira Abrão (org) 1999 – pg. 52)

            Este tipo de lógica chamada de silogismo apresenta falhas, como relato no exemplo abaixo.

  Todo centauro tem quatro patas, Quiron é um centauro, portanto Quiron tem quatro patas (Bernardette Siqueira Abrão (org) 1999 – pg. 52)

            Acontece que centauros não existem. 

            Aristóteles já sabia que o silogismo poderia apresentar este tipo de distorção, e para tanto dizia que as duas primeiras sentenças devem sempre representar o conhecimento daquilo que realmente existe, fazendo da lógica apenas um instrumento e não o conhecimento em si.

            Aristóteles também descreve as formas do poder do estado, monarquia, oligarquia e democracia, atua no campo da zoologia e funda o Liceu (ir e vir em grego), que recebeu este nome devido à forma como ele ensinava – caminhando pelo pátio.

As ciências se desenvolvem

            Como o desenvolvimento das cidades, e o aumento do Império devido às conquistas de Alexandre o Grande - a filosofia deixa de ser uma coisa isolada pelo mero pensamento e passa a fornecer conhecimentos mais práticos e tecnológicos.

Teofrasto (372-388 AC)  sucessor de Aristóteles no Liceu desenvolve o terreno da botânica e mineralogia.

Euclides (sec. III AC) desenvolve toda a geometria

Apolônio (sec. III AC) estuda as seções cônicas e descreve as elipses parábola e hipérboles.

Ptolomeu (sec. III AC) descreve o sistema Geocêntrico – que coloca a Terra no centro do Universo – erro este que seria mantido pela Igreja  Católica Romana e desmentido por Copérnico no sec XVI a custas de grandes perdas pessoais.

Erastotenes de Cirene (284-192 AC) mede com pequeno erro e extrema destreza a circunferência da terra.

Arquimedes (282- 217 AC) formula a lei da flutuação universal e cria uma serie de artefatos bélicos, ferramentas e utensílios como o parafuso de Arquimedes utilizado hoje em larga escala para o transporte de materiais granulados.

Galeno (130 -212AC) sucessor de Hipócrates no campo da medicina, não acrescenta muito aos ensinamentos do mestre, porem permanecerá como grande autoridade no assunto até o renascimento.

Heron de Alexandria (sec. I AC) desenvolve máquinas a vapor e a energia eólica.

O fim da filosofia Antiga

Nutrida embora da filosofia antiga, a Igreja Cristã, proclama ser sua doutrina a única verdadeira, a única revelada por Deus, não pode tolerar que se continue a procurar, fora de seus dogmas outras verdades, Persegue como  Pagãos os Filósofos (Felicien Challaye – 1970. pg. 74) 3

            Acaba assim o período de filosofia antiga com poucos filósofos restantes sendo perseguidos e executados com enorme crueldade; até o fechamento da escola de Atenas pelo imperador Justiniano em 529 da era Cristã. 

A Antiga Roma

            Com a decadência da hegemonia grega, ocasionada após a morte de Alexandre, em 323 Ac, surge um novo Império na Europa,

            Aliviada das Guerras Púnicas com a derrota final de Cartago em  146 AC, Roma se lança à conquista de território, assimilando para si parte da Ásia, norte da África, e todo o continente Europeu.

            Roma consegue fazer aquilo que os gregos não conseguiram – administrar unificadamente um  extenso território – Os Gregos somente administravam as cidades estados –

            Porem os romanos eram práticos demais para ficarem a vida inteira pensando a respeito de um assunto, portanto absorvem todo o conhecimento que outras culturas já haviam adquirido, adaptando-o as suas necessidades. 

            Portanto a cultura grega foi crucial no desenvolvimento do Império Romano

            Dos Gregos saem a construção da republica e também o direito romano, talvez as maiores contribuições que os romanos deixaram para o futuro.

            Dentro das artes, os romanos tomam para si as três ordens arquitetônica Gregas – Dórica, Jônica e Coríntia, não sem antes modificá-las, tornando sua construção mais rápida e fácil.

            Desenvolvem, no entanto a ordem arquitetônica denominada Compósita, que soma o esplendor da ordem Coríntia aliado ao requinte da ordem Jônica.

            Ainda desenvolvem o arco romano, construção auto-sustentável, que permite a construção rápida de pontes e aquedutos, e quando unidos formam a abóboda, tornando possível a construção de grandes palácios.

            Porém era através de seu  exercito profissional que Roma se mantinha; portanto coube a ele dar grandes contribuição – O salário, pagamento em sal, que os soldados recebiam,  - a milha, primeira medida de grandes distâncias contada a partir de mil passo que os soldados davam marchando, e os armamentos, que deveriam ser cada vez mais sofisticados e fáceis de confeccionar nos campos de batalha.  Arcos, lanças, melhorias do aço, meios de transporte e catapultas fazem parte dos estratagemas bélicos desenvolvidos pelos romanos.

            A vida em Roma fervilhava, a qualidade de vida de seus cidadãos melhorava; qualidade esta que somente foi retomada no sec XIX; e no mesmo ritmo as intrigas se multiplicavam nos bastidores do poder.

            Governantes são colocados e retirados pelo exercito, e uma nova religião oriunda do mundo Judaico e embasada pelos gregos, modificam a estrutura do poder romano até que no ano de 313 Dc quando Constantino adotou a fé Cristã e mudou o antigo símbolo do cristianismo – o peixe -  pela cruz.  O poder se divide definitivamente.

            Por um lado o imperador cuidava dos assuntos do estado e por outro sacerdotes cuidam das coisas divinas.

            Esta situação não durou muito; em 410 Dc Roma cai perante os Visigodos e o império do Ocidente desmorona.

            O império do Oriente continuará até a queda da Constantinopla em 1453 para os Turcos.

  A voz fica-me na garganta e soluços interrompem-me ao ditar estas palavras. Foi conquistada a cidade que conquistou o universo. Assim São Jerônimo (347 – 420) anuncia a invasão e pilhagem de Roma  (Bernardette Siqueira Abrão (org) 1999 – pg. 103).

            Acaba aqui a idade antiga, o mundo se divide a Europa passa a ser domina pela Igreja, com dogmas tão pesados que praticamente nada permita. Torna-se, a Europa, Prisioneira de um Deus Branco.[4]

A idade Média

  A verdade é revelada por Deus; não se encontra senão na doutrina da Igreja “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém virá ao Pai senão por mim” – Evangelho segundo João –

  Não deve haver liberdade de erro. A verdade proclamada pela Igreja tem o direito de suprimir o erro, pela força se preciso.

  Assim, nessa religião de amor fraterno, introduz-se um perigoso fator de intolerância.  (Felicien Challaye – 1970. pg. 81) 3

            Embora tendo o pensamento Greco-Romano tenha sido banido da sociedade em geral, dentro dos mosteiros os monges se dedicam a tradução, organização e compilação de tudo o que encontravam.

            É durante este período, que ocorrem grandes epidemias, guerras intermináveis, retrocesso das ciências da tecnologia da qualidade de vida urbana, alem de um profundo sentimento generalizado de medo: e não era da morte, medo da heresia, do apocalipse, do fim do mundo (este chega até os dias atuais) – do inferno e do purgatório.        

            Esta tirania do isolamento se entendeu até 1096 quando o Papa Urbano II resolveu expor a tirania cultural da Europa perante o conhecimento emergente do mundo Árabe, numa campanha desastrosa  por nos conhecida por Cruzadas,

            Antes, porém descrevo um pouco do conhecimento que os cristãos tiveram que enfrentar.

O Mundo Árabe

            Motivados pela conquista, após a morte de Maomé – o profeta – em 632 DC  chegando a ocupar parte da península Ibérica, e o norte da África, os Árabes, também dedicaram grande parte de suas vidas para as ciências e o conhecimento. Impulsionados principalmente pelos conhecimentos de Aristóteles, e das traduções ao árabe dos pensamentos gregos e helenístico.

            Não conformados apenas em ler as obras, logo começaram a adaptá-las e melhorá-las.

            Na matemática,  introduziram os números (algarismos arábicos), criando a álgebra - superando assim os gregos que não conseguiram fazer esta representação. Alem disso, desenvolveram a trigonometria, o algoritmo, o número zero, a medicina, a geografia, a biologia, e a historia.

  Não houve área do conhecimento que os Árabes não tivessem investigado, antecipando muitas descobertas que o Ocidente, séculos depois iria reivindicar para si (Bernardette Siqueira Abrão (org) 1999 – pg. 110).

            Avicena – Ibn Sina (980 – 1037) obteve extraordinários resultados no campo da medicina.

            Descreveu o funcionamento do olho, e das válvulas do coração, analisou doenças como a varíola e o sarampo chegando à surpreendente  conclusão que eram causadas por pequenos organismos existentes na água e no ar.

            No final do sec. IX ocorre à desagregação do Império Árabe, não sem antes dominarem os Turcos e criarem em Córdoba – situada hoje na Espanha - um grande centro cultural, contendo uma universidade e várias bibliotecas,

            È por este centro que séculos depois, o conhecimento Árabe entra na Europa.

            E foi contra este conhecimento que os Cruzados foram lutar na Cidade Santa, dominada pelos Turcos.

            O acumulo de derrotas e os choques culturais iniciariam na Europa um novo ciclo que acabaria por dividir os cristãos a partir de 1500 na reforma Luterana.

Inglaterra um passo a frente

            Histórica e geograficamente afastada das discussões que ocorriam no continente Europeu, tornou a Inglaterra - mais precisamente a Universidade de Oxford -  local de ousadas decisões.

Robert Grosseteste (1170-1253)  Franciscano, leva ao pé da letra a expressão da luz divina e faz os primeiros estudos da ótica, utilizando números ao invés de  deduções lógicas pré concebidas

Roger Bacon (1214-1294) Também franciscano, e discípulo de Grosseteste, cria a expressão - scientia experimentalis – Ciência experimental – onde as provas da experiência constituem a melhor formula de conhecimento. Atua nos campos da física, astronomia e geografia. Acaba condenado à prisão por suas práticas.

Duns Scot (1266-1308) o “Doutor sutil” também franciscano, afirma ser impossível demonstrar racionalmente a maior parte das teses Cristãs.

Guilherme de Occam (1300-1349) chega também as mesmas conclusões que Scot – colocando a razão a serviço do desvendamento do Divino.

            Neste cenário que agora se apresenta à escolástica e o pensamento medieval, não mais tem respostas para o mundo. A razão volta a caminhar por sua própria conta e risco. 

A contribuição da China  

            Das terras Orientais, chegam talvez às quatro maiores contribuições para o desenvolvimento Europeu, a pólvora, o papel, a impressão e a bússola. Contribuições estas tão fantásticas, que ainda hoje são à base de nosso mundo.

            Shen Kuo (1031–1095), foi o grande nome deste processo, desenvolveu a bússola, o dique seco para conserto de barcos,  descreveu as mudanças climáticas, e a morfologia da terra.

            São também contribuições chinesas: o alto forno para produção de aço, a hidráulica, detectores sísmicos, os foguetes, a hélice, o gás natural como combustível, o ferro fundido, o paquímetro deslizante, o ventilador.

            No entanto os chineses desenvolveram os produtos e não as ciências. O que ocorreu talvez devido a imposições religiosas.

Marco Polo (1254-1324). Mercador Veneziano foi um dos primeiros Europeus a percorrer a rota da seda.

            Sua viagem  duraria 24 anos pelo território chinês e foi através de suas publicações que o Ocidente toma conhecimento pela primeira vez das realizações orientais.

O Renascimento

  Havia algo novo no ar, Um desejo, talvez, Ou uma necessidade. Um movimento sutil em direção à mudança.  Uma vontade coletiva de experimentar, descobrir, transformar. (Bernardette Siqueira Abrão (org) 1999 – pg. 129).

Nicolau Copérnico (1473-1543) descreve que a terra não mais é o centro do universo e que gira em torno do sol.

Galileu (1564-1642) Confirma a teoria de Copérnico, utilizando-se de uma luneta, que ele inventou.

Johannes Kepler (1571-1630) cria com ajuda das tabuas logarítmicas as leis da mecânica celeste.

            No campo das artes, a descoberta das perspectivas exatas, traz uma nova visão do mundo, tanto na pintura, como também na arquitetura. Com esta técnica, novos tipos de construções puderam ser projetados.

            Há um pequeno porem, este tipo de representação gráfica, no começo foi considerada heresia, isso porque o resultado era tão perfeito, que a Igreja achou ser este o método com o qual Deus criou o mundo.

            Uma nova ordem social torna-se mais forte e começa a ruir a visão do mundo dominado por Deus.

            O fim da Guerra dos 100 anos (1337- 1353), o fortalecimento das monarquias internas na Espanha, Portugal, França e Inglaterra, o surgimento dos Burgos e das Comunas a partir do Sec. X fazem os homens correrem agora atrás da riqueza gerada pela produção e comercio; até o aparecimento da burguesia, que passa a viver dos serviços prestados pelos trabalhadores.

            Mas nem tudo era inovação e prosperidade. No ano de Nosso Senhor de 1486, dois inquisitores:  Heinrich Kramer e Jacob Sprenger, escreveram o livro intitulado Malleus Maleficarum (Martelo das Bruxas em latim), o maior tratado de caça as bruxas já escrito.

            Mesmo condenado oficialmente pela Santa Igreja, foi o segundo livro mais editado na Europa, perdendo somente para a Bíblia, e teve seus ensinamentos difundidos por mais de 200 anos; não somente pelos católicos como também pelos protestantes.

            Dotado de uma brutal crueldade, condenava a femina (mulher)  através da falsa afirmação  de ser  Fe + minus (sem fé).

            Baseado no pecado da carne ou na sensualidade fazia de qualquer mulher mesmo por simples inveja, vítima de suas condenações.

Tortura extrema, mentir afirmando que a confissão levaria a absolvição, e condenações brutais na fogueira, eram à base de seus métodos.

            Mas nem tudo foi em vão; após dois séculos de repressões e perseguições, a sociedade ficou pronta para entrar na era industrial como meros serviçais; gerou trabalhadores sem perspectivas e ambições, o que levaria a mais de 400 anos de lutas sociais, e até ao sufragismo no começo do século XX.

            Interessante perceber que mesmo no sec. XXI, muito dos temores causados pela bruxaria e tão bem relatados pelos inquisitores, ainda ocupam quase toda a madrugada da televisão aberta no Brasil.  

            Mesmo com tanta brutalidade, ouve excelentes pensadores nesta época:

  Os maiores pensadores, dessa época são dois Italianos: Leonardo da Vince no começo e no fim Giordano Bruno; e dois franceses: Rebelais e Montaigne. (Felicien Challaye – 1970. pg. 93) 3

 

Leonardo da Vince (1452-1519)  pode ser considerado o homem mais completo que existiu. Obteve resultado em todas as áreas da ciência sempre através da experimentação e a experiência. Entre suas conquistas estão o detalhamento do corpo humano, máquinas bélicas, como tanques helicópteros, catapultas. Também foi pintor, matemático e filosofo

            Curiosamente escrevia da direita para a esquerda, por mera precaução.

Giordano Bruno (1548-1600) considerado, o precursor da filosofia moderna, e seguidor de Aristóteles, porem utilizando-se da metodologia de Platão para a escrita (diálogos) , sempre enfrentou a Igreja Católica. Afirmando que Deus estava na Natureza. foi julgado e condenado pela inquisição em 1600

Michel de Montaigne (1533-1592) escritor e ensaísta Frances, dedicou-se a indagar o que é certo ou errado na conduta humana.

François Rebelais (1494-1553) Frances, médico acreditava que era pela educação que se encaminhariam as crianças e os adolescentes a uma vida digna e honesta.

 Surgem novas tecnologias. 

            Porem nem só de filosofia e pintura vivia o renascimento, a explosão cerebral da época foi completa. As grandes navegações, com a construção de caravelas, bussolas, astrolábios e mapas,  cada vez mais sofisticados.

            O aparecimento da metalurgia, com a construção de altos fornos, fez com que os produtos de aço se tornassem mais comuns: assim aparecem os garfos, as chaves, e é claro, novas e melhores armas. Desenvolvendo novos métodos de guerra.

            O aparecimento da Imprensa Atribuída a Gutenberg (1394-1486), pelo sistema de impressão por caracteres sobre papel, leva conhecimento a muito mais pessoas pela Europa e suas novas colônias.

            Como vimos anteriormente  estas conquistas científicas, não passam de melhorias das já mencionadas anteriormente na China e no mundo Árabe.

A Europa se Reorganiza

            Começa um ciclo de protestações, no território Europeu, Martinho Lutero (1483-1546), desafia a Igreja, traduz a bíblia ao alemão, e inicia uma reforma geral no estado dominado pela religião. Ele mesmo casa-se com uma freira, e dá os primeiros passos para escola moderna.

João Calvino (1509-1564) teólogo Frances propõe reformas que se espalham pelo continente Europeu, África do Sul e Estados Unidos da América.

            È atribuído a Calvino pelo Filosofo Max Weber no livro “A Ética Protestante e Espírito do Capitalismo”, a origem do Capitalismo.            

  De um lado a riqueza acumulada, que só pode ser empregada como capital produtivo; de outro, o trabalhador dócil e resignado com sua condição. A união destes dois elementos, além da exigência da organização metódica e racional do trabalho, acaba por levar ao capitalismo, que já se insinuava nas entrelinhas do calvinismo e de outras doutrinas protestantes (Bernardette Siqueira Abrão (org) 1999 – pg. 181).

            Surge um novo equilíbrio Europeu, a Holanda torna-se uma poderosa republica comerciante. Na Inglaterra, são lançadas as bases da Indústria moderna, Uma nova classe social entre em cena – A Burguesia -.

            Na França a coroa se alia aos Burgueses para formarem um estado independente e soberano que leva ao absolutismo.

            Na Inglaterra, aristocratas dedicam-se a funções burguesas de produção. Nasce o racionalismo, colocando a razão acima de tudo.

            Ocorre o declínio Espanhol, que segundo Eduardo Galeano em “Las venas Abiertas de America Latina” se deve ao fato da Coroa proibir qualquer movimentação a respeito da implantação da indústria. Condenado à da perda da carta de fidalguia aquele que por ventura não obedeça tal lei.

            Torna assim a Espanha dependente dos produtos fabricados na Inglaterra, e a America Espanhola fornecedora de recursos financeiros da coroa Espanhola.     

            Neste novo panorama Três outros grandes pensadores se destacam: Thomas Hobbes e Isaac  Newton e  Charles Darwin

Charles Darwin (1809-1882) simplesmente acaba com a teoria da criação espontânea e divina, através do conceito de evolução e seleção natural, apresentado no livro “A Origem das Espécies” editada em 1859. 

            Darwin sofre perseguições e humilhações e é atribuía a ele a frase – O homem descende do macaco – o que é uma interpretação distorcida de seu pensamento – O macaco e o homem têm o mesmo ancestral. 

Isaac Newton (1643-1727)  astrônomo, alquimista, filósofo natural e teólogo, faz um, verdadeira revolução nas ciências ao publicar em 1687 o livro , “Philosophiae Naturalis Principia Mathematica”, explicando as leis da mecânica universal.

            A partir de Newton, o mundo é explicado de forma sistemática e universal, dentro dos padrões da física.

Thomas Hobbes (1588-1679) estuda as leis da natureza e descreve o ser humano como sendo o maior predador que o ser humano tem, numa guerra constante de todos contra todos.

            Para Hobbes, o mais fraco vence o mais forte através da inteligência, e a paz somente é firmada por um pacto. Pacto este que tem o medo como catalisador.

            Portanto Hobbes escreve que o homem deve temer alguma coisa maior que o próprio homem, um monstro tão forte e poderoso que ele o compara ao Leviatã, e o chama de Estado de Direito.

            O estado Civil cuida dos interesses dos homens e cobra o preço da liberdade individual. Cada homem ao nascer já faz parte de um estado, e mesmo sem consciência própria tem roubada uma parte de si. Preço pago pela manutenção da paz.

            O Leviatã reina por mais de 500 anos, poderoso e na maioria das  vezes injusto, como no caso da Alemanha Nazista ou na África do Sul com o  apartheid, outras vezes aparece como o grande pacificador .

            Não importa como apareça, sempre esteve presente, apertando a sociedade com seus tentáculos  com força superior à que a própria sociedade faz para libertar-se de seu racional e forte abraço.

            Pelo menos até a segunda metade do século XX, quando finalmente o setor da Biotecnologia descobre uma maneira de derrotá-lo.

A derrota do Leviatã

            Jose Esteves Pardo  em seu livro,  “El Desconcierto Del Leviatán. Política Y Derecho Ante Las Incertidumbres De La Ciencia”  relata como o setor de Biotecnologia, derrota o Estado Civil e conseqüentemente o Direito através de um simples manobra.

            Cabe ao Direito decidir – com total certeza - sobre as questões legais, portanto o Juiz deve entender sobre as leis e suas aplicações. Ocorre porem que o Juiz nada entende de Ciências, por esta não ser sua função.

            O juiz então consulta um perito, alguém que tenha conhecimento cientifico suficiente para orientá-lo. E assim enquadra legalmente o assunto que está em estudo.

            Esta metodologia funcionou muito bem no começo, quando um cientista tinha a idéia do estudo, montava seu laboratório, criava se necessário suas ferramentas, executava a experiência e relatava os resultados.

            Hoje, no entanto todo o conhecimento está dentro de grandes empresas, e os cientistas são seus empregados, o que por si só, gera um conflito de interesses.

            Ocorre também que as empresas dividem todas as experiências em micro setores e somente duas ou três pessoas sabem a real finalidade dos estudos. Pessoas estas que detém algumas ações da empresa, impossibilitando assim qualquer depoimento

            Sobram, portanto os funcionários, que não têm uma visão geral da experiência que estão realizando, impedindo assim que se tornem peritos no assunto.

            Esta manobra simples derrota o Direito. Que nada pode fazer para decidir, por mera falta de conhecimento específico a respeito do assunto. Ou ainda decide dentro de um cenário de total incerteza o que pode ser desastroso.

             Como no caso dos Estados Unidos em que as decisões são tomadas somente pelo depoimento oficial da empresa fabricante.

             Se a Empresa diz que o produto não faz mal ao meio ambiente nem ao homem, então fica decidido que não faz mal e pronto.

            Ou ainda se diz que nada foi confirmado, assim será.

A revolução dos anônimos

            A partir de 1780, na Inglaterra, a industrialização começa a tomar conta da economia, e junto com a indústria, a ciência e as tecnologias mudam de rumo.

            As empresas precisam de produtos, máquinas e equipamentos para produzirem melhor e mais rápido.

            Surgem, os cientistas anônimos, funcionários contratados para fornecerem este tipo de suporte técnico.

            Uma nova classe de operários que colocam seus conhecimentos a disposição do capital, que por sua vez protege e se apodera deste conhecimento com as leis de proteção intelectual.

            Todo o que nos cerca, foi produzido dentro de uma empresa, mesmo aquilo que consideramos natural como, a grama, as arvores e as flores que eventualmente compramos. Sem nada sabermos a respeito de seus idealizadores. Quem desenvolveu o computador no qual trabalho? Ou toda a tecnologia que há dentro de um carro? Ou ainda a formula do remédio que estou tomando? Não sabemos, A única informação que temos é a marca e o fabricante de tal produto.

            O Homem moderno está inserido dentro deste contexto como mero coadjuvante, tendo valor somente quando for útil, podendo ser facilmente substituído ao primeiro sinal de desgaste.

            A ciência volta a ser escondida, torna-se caso de segurança. Seja esta segurança considerada nacional “do estado” ou empresarial, e “seus donos” somente revelam os resultados quando for estritamente necessário.   

            Mas a ciência não acabou, pelo contrario ela amadurece e entra no século XX com uma força que nunca teve anteriormente, porque agora está definitivamente afastada da religião; e os problemas éticos que por ventura venha a enfrentar, são facilmente contornáveis devido à derrota do leviatã.

Níveis de Conhecimento

             Para  A. L. Cervo et  al, em Metodologia Científica[5]  páginas 7 a 13 o conhecimento humano se divide nos seguinte níveis:

 

  - Conhecimento empírico

-  Conhecimento cientifico

-  Conhecimento filosófico

-  Conhecimento teológico

             Estes quatro níveis os apresento aqui de maneira resumida:

 

O conhecimento Empírico

 

            Conhecimento empírico também chamado vulgar é conhecimento do povo, obtido após inúmeras tentativas. È ametódico e assistemático.

            Pelo conhecimento empírico, o homem simples, conhece o fato e sua ordem aparente, tem explicações concernentes à razão de ser das coisas e dos homens e tudo isso obtido das experiências feitas ao acaso, sem método, e de investigações pessoais feitas ao sabor das circunstâncias da vida ou então sorvido de saber dos outros e das tradições da coletividade ou, ainda tirando da doutrina de uma religião positiva.

 O conhecimento cientifico.

 

O conhecimento científico vai alem do empírico, procurando conhecer além do fenômeno, suas causas e leis.

Para Aristóteles o conhecimento só se dá, de maneira absoluta, quando sabemos qual a causa que o produziu o fenômeno e o motivo, porque não pode ser de outro modo; é o saber através da experimentação.

 

 O conhecimento científico era caracterizado como:

 

             - certo, porque sabe explicar os motivos de sua certeza, o que não acontece com o empírico.

 - geral, no sentido de conhecer no real o que há de mais universal e  válido para todos os casos da mesma espécie.

 - metódico e sistemático, o cientista não ignora que os seres e os fatos estão ligados entre si por certas relações. O seu objetivo é encontrar e reproduzir este encadeamento. Alcança-o por meio do conhecimento ordenado das leis e princípios.

A ciência assim entendida é o resultado da demonstração e da experimentação, só aceitando o que pode ser provado.

Hoje a concepção de ciência é outra.

Atualmente, a ciência é entendida como uma busca constante de explicações e soluções, de revisão e reavaliação de seus resultados e tem a consciência clara de sua faliabilidade e seus limites.

A ciência é um processo de construção

 

 

O conhecimento filosófico

 

O conhecimento filosófico distingue-se do cientifico pelo objeto de investigação e pelo método. O Objeto da filosofia é constituído de realidades mediatas, não perceptíveis pelos sentidos e que, por serem de ordem supra-sensível, ultrapassam a experiência (modo racional)

Filosofar é interrogar. A interrogação parte da curiosidade. Esta é inata. Ela é constantemente renovada, pois surge quando um fenômeno nos revela alguma coisa de um objeto e ao mesmo tempo nos sugere o oculto, o mistério. Este impulsiona o homem a buscar o desvelamento do mistério.

A filosofia busca compreender a realidade em seu contexto mais universal, Não há soluções definitivas para grande número das questões. Entretanto habilita o homem a fazer uso de suas faculdades para ver melhor a vida concreta.

 

O conhecimento Teológico

 

O conhecimento revelado – relativo a deus – aceito pela fé teológica constitui o conhecimento teológico. È aquele conjunto de verdades a que os homens chegaram, não com o auxilio de sua inteligência, mas mediante a aceitação dos dados da revelação divina. Vale-se de modo especial de argumento e autoridade. São os conhecimentos adquiridos nos livros sagrados e aceitos racionalmente pelos homens. O conteúdo da revelação, feita e crítica dos fatos ai narrados e comprovados pelos sinais que os acompanham, reveste-se de autenticidade e verdade. Passam tais verdades a ser consideradas como fidedignas, e por isso são aceitas. Isso é feito com base na lei suprema da inteligência: aceitar a verdade venha donde vier, contanto que seja legitimamente adquirida.

 

A revolução das comunicações

 

            A velocidade com que são transmitidos os dados, as experiências, e o conhecimento, seja este empírico, filosófico, teológico ou cientifico, tem a incrível função de gerar mais conhecimento.

            A curiosidade de um cientista ao saber de uma pequena e recente descoberta poderá fazer com que este pensador se interesse e tente avançar ainda mais dentro do campo da recente descoberta.

            Porem de nada adiantaria ao tal cientista saber dessa descoberta muito tempo após sua divulgação.

            Gutenberg ao adaptar a impressão chinesa e receber o titulo “inventor da imprensa”, deu o primeiro passo para massificação do conhecimento, ao editar a famosa Bíblia de Gutenberg em 1450.

            O sistema de impressão por tipos removíeis, se espalha pelo mundo, levando conhecimento a um numero cada vez maior de pessoas.

            Havia outra dificuldade: o transporte destes materiais.

            Uma viagem intercontinental América-Europa, levava no mínimo seis meses, portanto uma pergunta oriunda de um destes continentes demoraria um ano para ser respondida. Isso caso não houvesse contratempos durante a viagem.

            O transporte realizado a tração animal e energia eólica que outrora já fora tão útil, estava com os dias contados.

             A ciência começa a pesquisar maneiras mais rápidas de transmissão de mensagens.

            O sistema de mensageiros, largamente utilizado pelos Incas  nas Américas, posteriormente  Implantado nos Estados Unidos sob o nome de Pony Express em 1860, atravessava o pais em 10 dias, mas em 1861 foi desativado ao ser substituído pelas linhas telegráficas.

            As caravelas movidas a vento tiveram seu fim decretado quando Robert Fulton (1765-1815) em 1804 desenvolve o primeiro barco comercial a vapor.

            A tração animal declina quando Richard Trevithick (17771 – 1833) em 1804 fez sua primeira viagem através de ferrovias na minas de ferro.

            Se as linhas telegráficas mandavam impulsos elétricos, poderiam também mandar a voz humana e foi ai que apareceu o telefone.

            Há varias autorias para o telefone, o mais conhecido é  Alexander Graham Bell (1847-1922) porem em 2002 o congresso Norte Americano reconhece que foi o Italiano Antonio Meucci (1808 – 1889) o verdadeiro inventor do aparelho.

            As coisas estavam “a todo vapor” e as comunicações atingiram um nível nuca antes conhecido, más ainda havia um empecilho, tudo era feito atreves de fios, o que era muito incomodo e dispendioso.

            Neste novo contexto surgem dois grandes nomes, Nikola Tesla (1856-1943), que estudou as bobinas, e os campos eletromagnéticos gerados por elas, desenvolvendo assim a bobina indutora. E Guglielmo Marconi (1874-1937), que se utiliza desta bobina e de outros inventos para transmitir dados sem o suporte dos fios.

            Em 1906 Lee de Forest faz a primeira transmissão experimental de rádio

            Se agora as palavras eram transmitidas, faltavam as imagens. Em 1935 na Alemanha é feita a primeira transmissão de uma televisão, apenas para 22 salas.

            Ainda havia espaço para mais duas invenções no campo da telecomunicação, a primeira ocorreu durante a segunda guerra mundial e foi chamado de Eniac – nascia, portanto o primeiro grande computador eletrônico. A segunda grande invenção foi fazer os computadores conversarem entre si, e na década de 60, se desenvolveram as primeiras tentativas de comunicação entre máquinas, o que levou ao que hoje chamamos de Internet.

            Estava formada, portanto a maior rede de comunicação que já existira no planeta, informação fácil de tudo e sobre tudo, não é mais necessário correr até uma biblioteca para se obter um conhecimento.

            Posso participar de uma reunião em qualquer parte do mundo, ou pesquisar qualquer assunto sem sair de casa. 

            Parecia que finalmente o mundo iria ter uma enorme transformação. Até que o Leviatã mostrou novamente seus tentáculos.

            Não é de hoje que os Estados Civis discutem o que seus cidadãos devem ou não ficar sabendo.

            Vimos isso na idade média, no renascimento, e por toda a história da humanidade. O século XX talvez tenha sido o mais censurado da história.[6] O XXI é aquele que censura a Internet, não importa o pretexto, sempre aparece um “especialista”, falando dos males desta ferramenta, do fim da família, dos golpes e trotes, dos vírus dos perigos das redes sociais.

            O medo toma conta dos menos informados, e medo era o que Thomas Hobbes defendia para a criação do Estado de Direito.

            A censura não passa de uma manipulação para que as pessoas restrinjam seus conhecimentos, baseada nos velhos sofismos que tanto Platão criticou.

Medicina, saúde escondida

            Quando Thomas Hobbes disse ser o homem o maior predador que o homem tinha, não estava ao todo correto.

            Nosso maior predador é por demais pequeno para ser visto, rápido demais para poder ser alcançado e impiedoso demais para ser controlado.

            Fungos, vírus, bactérias, parasitas entre outros, nos atacam diariamente são causadores de inúmeras doenças.

            Na Idade Média a Peste Negra, aniquilou um terço da população européia – aproximadamente 75 milhões de pessoas. A varíola foi somente dominada na segunda metade do século XX, A Tuberculose ainda faz vítimas e atualmente a AIDS e a gripe conhecida como influenza, são exemplos desta luta constante contra seres invisíveis, porém devastadores.

            Nas Américas, o contato entre colonizadores Espanhóis sem Hábitos de Higiene – tomar banho era coisa de impuros: Judeus e Muçulmanos – e sendo os Espanhóis portadores de um sem número de vírus, ocorreu da devastação dos Incas e Astecas.

            Não foi o diferencial bélico que derrotou estes impérios, e nem poderia ser, uns meros duzentos homens fracos e doentes após a longa viagem oceânica não derrotariam uma civilização inteira.

            Armas não fizeram isso. Mas a varicela sim. E foi este vírus que dizimou em poucas semanas o Império Asteca.

            A Situação chegou a ser tão critica que até na ficção, grande autores dedicaram parte de sua obra a esta nova forma de guerra - a Biológica.

            H. G. Wells em “A guerra dos mundos” destrói a frota invasora com bactérias, após a derrota bélica humana.

            Ray Douglas Bradbury em “As Crônicas Marcianas” livro de ficção que faz um correlato entre uma colonização do Planeta Marte e a colonização Americana, destrói os Marcianos com a varicela,

            Avicena, Hipocrates e posteriormente Galeno, atuaram no ramo da medicina, em tempos antigos. Más a condição das religiões colocando tudo em mãos divinas fez com que nada acontecesse até o renascimento.

            Com a queda das fronteiras, grande parte da população viaja diariamente de um ponto a outro do planeta, carregando consigo um sem número de microorganismos.

            Coube, portanto à ciência tentar resolver o problema.

Edward Jenner (1749-1823) cria em 1796 a vacina da varíola, imunizando seu filho com vírus mortos.

Louis Pasteur (1822-1895) faz notáveis descobertas no ramo da microbiologia, desenvolvendo o processo que leva seu nome “Pasteurização”, e criando a vacina contra a raiva.

Robert Koch (1842-1910) descobre o bacilo de Kock – responsável pela tuberculose.

Alexander Fleming (1881-1955) descobre em 1928 a penicilina, primeiro antibiótico utilizado com sucesso, e comercializado longamente a partir de 1941.

            Infelizmente nos dias de hoje toda a pesquisa médica encontra-se em mãos da iniciativa privada, ou o que é pior, de laboratórios à procura da arma perfeita.

            E como vimos anteriormente, as agencias reguladoras, e os tribunais enfrentam grandes dificuldades para extrair as verdadeiras intenções destes setores.     

A ciência moderna  suas novas definições e conceitos

             Finalizo este trabalho, com algumas das modernas definições que foram apresentadas para a ciência e o experimentalismo.

           

Charles S. Peirce (1839-1914) Norte Americano, descobridor da semiótica, e do pragmatismo descreve assim os fenômenos experimentais:

        

1 – Fenômenos experimentais são os únicos capazes de afetar a conduta humana

2 – A soma dos fenômenos experimentais implicados numa proposição constitui o alcance desta proposição sobre a conduta humana

3 – o significado desta proposição, é exatamente a soma dos fenômenos experimentais (Neto, J. Teixeira Coelho – 1980 pg. 55)[7]

 

Conceito de Ander-Egg  -

 

  A ciência é um conjunto de  conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza. (Lakatos, Eva Maria  - 1992 pg 19)[8]

 

 

 

Conceito de Trujilho –

 

  A Ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitador, capaz de ser submetido a verificação. (Lakatos, Eva Maria - 1992 pg 19)6

 

 Karl Rudolf Popper –

 

 Segundo –José Esteve Pardo - Karl Popper nos adverte que as ciências, deixaram seu antigo objetivo da eterna busca pelas verdades, para tornarem-se as principais geradoras de incertezas.      Um dos primeiros a perceber esta modificação foi Werner Karl Weisenberg, quando anuncia os princípios da mecânica quântica.

 

             Segundo este princípio, a posição e a velocidade de um objeto quântico não podem ser medidos com exatidão – Portanto, as possibilidades e não as certezas são hoje as principais referencias das atividades cientificas.

 

            “... Sugeri que toda discussão cientifica partisse de uma espécie de um problema, ao qual se oferece uma solução provisória, uma teoria tentativa, passando-se depois a criticar a solução, com vistas a eliminar o erro, e tal como no caso da dialética, esse processo se renovaria a si mesmo, dando surgimento a novos problemas...”(Köche, Carlos José 1997 pg 71) [9]

 

            Deixei esta definição por último, simplesmente porque relata em perfeitas palavras o dia a dia de qualquer departamento de engenharia e desenvolvimento de produto. Em primeiro lugar chegamos a uma conclusão – ante projeto - que é inúmeras vezes corrigido e arrumado até que esteja em pleno acordo com as necessidades dos clientes.

 

Considerações Finais

 

                Desde o começo deste trabalho, vimos que o conhecimento, sempre andou de mãos dadas com a filosofia e a religião.

 

            O ser humano tenta descobrir o mundo que o cerca, e em um primeiro impulso atribui tudo aos Deuses, depois pára pensa e consegue chegar a soluções cada vez mais precisas.

 

            Porem somente conseguirá a resposta quando outras pessoas repetirem a experiências e obtiverem os mesmos resultados.

 

            Finalizo divagando um pouco sobre Thomas Hobbes. Para ele, o conhecimento torna os fracos tão poderosos que conseguem alterar a ordem natural – sobrevivência do mais forte -               portanto conhecimento é poder, e poder é medo que se infringe aos que menos conhecimento tem - e utilizando o silogismo Aristotélico chego a terrível conclusão que quanto menor for o conhecimento divulgado, menor será a chance de aparecer algo de novo sob o sol.

 

 

 

Bibliografia Utilizada

 

 


 

Köche Jose Carlos – Fundamentos de Metodologia Cientifica 14ª edição – Editora Vozes 1997

 

Lakatos, Eva Maria et AL, Metodlogia Cientifica 2ª edição – Editora Atlas 1992

 

Cervo, Armando Luiz – Metodologia Cientifica 4ª edição – editora Makorn Books 1996

 

Kneller F. George – Introdução à Filosofia da educação – editora Zahar 1966

 

Challeye, Felicien – Pequena Historia das grandes Filosofias – Editora Nacional, 1970

 

Moles, Abraham, O Kitrch – editora Perspectiva 1972

 

Rudio, Victor Franz – Introdução ao projeto de Pesquisa Cientifica – 12 edição – editora Vozes 1988

 

Netto, J. Teixeira Coelho, Semiótica Informação e Comunicação. Editora Perspectiva, 1980

 

Abrão, Bernardette Siqueira (Org) – Coleção Os Pensadores – História da filosofia – Editora Nova Cultural 1999

 

Pardo, José Esteves - El Desconcierto Del Leviatán. Política Y Derecho Ante Las Incertidumbres De La Ciencia – Editora Marcial Pons 2009

 

Galeano, Eduardo – Las Venas Abiertas de América Latina. Editora Siglo – 2006

 

Russel, Bertrand - História do pensamento Ocidental 4ª Ed - Ediouro 2001

 

Gombrich E. H. – A História da Arte – 4ª edição – Editora Guanabara – 1988

 

 

 

 

 

 

 

 



[1]  Russel, Bertrand -  História do pensamento Ocidental  - Ediouro 2001 4ª Ed

[2]  Abrão, B. Siqueira (org) – História da Filosofia – coleção os pensadores-  Ed Abril 1999

[3] Challaye, Felicien-Robert  - Pequena História das grandes filosofias  - Ed Nacional  1970

[4] Prisioneiros de um Deus Branco é originalmente o nome do documentário produzido   Steve L. Lichtag, , o filme mostra o povo indígena Akha que vive nas montanhas do Laos e da Tailândia, na Ásia.

Os Akha enfrentam o grande desafio de preservar sua cultura, perante a exploração de crianças e famílias por missionários religiosos. O caso, que acabou repercutindo nas Nações Unidas, é retratado de forma chocante.

 

[5] Cervo. A. L. et AL – Metodologia Científica –4ª Ed -  MCGraw Hill – 1996

[6] Considerando que foi negado o conhecimento às pessoas que realmente desejavam obté-lo, criando lacunas culturais. E não como nas eras medievais que o conhecimento simplesmente era condenado, e a população obedecia cegamente. 

[7] Neto, J. Teixeira Coelho – semiótica informação e comunicação, Ed perspectiva - 1980

[8]  Lakatos, Eva Maria – metodologia cientifica, 2ª Ed. Editora Atlas 1992

[9] Köche, Carlos José – Fundamentos de metodologia cientifica – 14ª Ed – Editora Vozes 1997