Um breve histórico da dominação cultural
Por Gustavo Uchôas Guimarães | 01/12/2014 | HistóriaUm breve histórico da dominação cultural
Gustavo Uchôas Guimarães
Resumo
Invasão cultural caracteriza-se como a entrada forçada de um grupo que na cultura de outro, impondo-lhe seus costumes, tradições e conhecimentos. Temos vários tipos de invasão cultural, destacando-se os que ocorrem através da posse da terra, da imposição religiosa, do domínio linguístico e da ideologia, sendo estes tipos de invasão praticados por diversos povos, desde que o ser humano começou a organizar-se em civilizações com estrutura política, econômica, social e religiosa.
Palavras-chave: Cultura. Terra. Religião. Língua. Ideologia.
Introdução
A História é farta em exemplos de como o ser humano organizou-se em sociedades cada vez mais complexas e como a cultura evoluiu na medida em que estas sociedades evidenciavam e distinguiam-se pela maneira de falar, vestir, rezar, trabalhar e relacionar-se com o mundo ao redor. Ao longo da História, no entanto, vemos também que grupos humanos tentam dominar outros grupos e impor sua cultura como instrumento de sedimentação deste domínio, anulando ou manipulando a cultura do grupo dominado em nome de interesses imperialistas.
Tudo começou quando, em algum lugar e em épocas perdidas nas brumas da História, uma tribo ou povo tentou, pela força, impor seus costumes a um grupo inimigo. Daí para frente, toda a História foi marcada não só por conquistas territoriais, mas também por invasões culturais e fenômenos avassaladores de perda da identidade cultural em nome de imposições da parte de quem coloniza.
Para entendermos o que é invasão cultural, temos de entender o conceito de cultura. Edward Tylor, criador do termo “cultura” em 1871, definiu-a como “um todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade” (1). Baseados nesta definição, entendemos “invasão cultural” como uma imposição forçada de conhecimentos, tradições e hábitos da parte de um grupo supostamente “vencedor”, em detrimento e com consequente desfiguração ou extinção dos conhecimentos, tradições e hábitos do grupo supostamente “vencido”.
O processo histórico de invasões será aqui visto e analisado através de explanações e comparações, para um melhor entendimento sobre como a cultura tornou-se instrumento de domínio ao longo da História. De alguma forma, vemos invasões culturais na história de muitos povos antigos e modernos, como babilônios, assírios, gregos, romanos, árabes, astecas, incas, portugueses, espanhóis, franceses, ingleses e, mais recentemente, norte-americanos.
As invasões culturais no decorrer dos séculos serão tratadas em diversos temas, dos quais alguns podemos exemplificar a seguir: a terra como identidade cultural e suas violações; a imposição religiosa; a invasão dos “idiomas mundiais”; entre outros. Em todos os temas, será feita uma viagem pela História do homem e de seus interesses ao usar a cultura como afirmação de seu poder. A partir desta viagem, poderemos refletir a respeito da cultura que nos influencia e da nossa postura frente a ela.
1 – A questão da terra como identidade de um povo
A televisão brasileira, nos últimos anos, vem trazendo um tipo de “caridade” que gera grande possibilidade de reflexões. Trata-se dos quadros em que, ajudadas pelo programa televisivo na figura do apresentador, pessoas voltam a morar em sua terra natal, saindo da miséria em que estavam na metrópole. Normalmente, a maioria dos quadros mostra pessoas que saem de São Paulo e recebem ajuda para voltarem a alguma cidade do Nordeste. Este espetáculo que emociona os telespectadores carrega em si um grande valor que o ser humano jamais perdeu: a terra ainda é sinônimo de dignidade humana e identidade cultural.
Note que os apresentadores não levam para sua terra natal o indivíduo que se deu bem na metrópole, mas aquele que, com sua família, foi enganado pela ilusão de riqueza na “cidade grande” e acabou na miséria, sem dignidade e sem a possibilidade de voltar às origens, onde encontra-se a cultura na qual foi moldado o indivíduo. Na hora em que a pessoa se vê na miséria em meio a grande “selva de pedra”, eis que surge o bom moço da TV, realizando o sonho da volta à dignidade e à identidade humana e cultural, onde o cidadão reencontrará o aconchego das pessoas e do meio que antes ele deixara para tentar uma vida melhor na ilusão que o atraía.
Este valor inerente ao homem, o da terra como sinônimo de identidade cultural, é tão antigo quanto a noção de civilização e território. E até hoje, populações são esvaziadas de sua dignidade cultural justamente quando lhes é negada, forçadamente, a posse sobre a terra em que vivem. Um grande exemplo é o do povo judeu.
Segundo a tradição judaico-cristã, Deus disse a Abraão, quando este encontrava-se em Canaã (atual Israel) (2):
“Toda esta terra que estás vendo, eu a darei a ti e a tua descendência, para sempre” (Gênesis 13,15).
A partir daí, vemos como a descendência de Abraão (no caso, os judeus) lutam para possuir a “Terra Prometida”. Diversas vezes, os judeus foram ameaçados por invasões de povos vizinhos, mas mantinham-se firmes na convicção de que a terra em que pisavam era santa, e por isto deveriam defendê-la com suas vidas e nela habitar eternamente.
Porém, a despeito desta ligação dos hebreus (3) com sua “terra santa”, vieram invasores poderosos, oriundos da Mesopotâmia, e os arrancaram de sua identidade. Primeiro, os assírios levaram os hebreus do norte de Israel, em 722 a.C. (4), e no lugar instalaram colonos vindos da Pérsia e da Média (atual Irã; conforme 2Reis 17,1-41). Depois, os babilônios, sob o rei Nabucodonosor, levaram para Babilônia os hebreus do sul de Israel, em 597 a.C. (2Reis 24,8-25,7). Estes tiveram a sorte de voltar para Israel, com a permissão de Ciro, imperador persa (2Crônicas 36,23; Esdras 1,1-11). Séculos depois, no entanto, os romanos expulsaram os judeus de Israel, após as Guerras Judaicas (66-70 d.C.; 115-117; 132-135). O povo judeu só voltou a ter posse do território de Israel em 1948, com ajuda inglesa.
Os períodos em que os judeus estiveram afastados de sua terra podem ser sintetizados no grande lamento que um escritor bíblico fez (2):
“Na beira dos rios de Babilônia,
Nós nos sentamos a chorar,
Com saudades de Sião [Israel].
Como cantar os cânticos do Senhor
Em terra estrangeira?
Se eu te esquecer, Jerusalém,
Fique paralisada a minha mão direita”.
(Salmo 137 [136], 1.4-5)
Pelos versos do escritor, percebemos como o povo judeu identifica-se ardentemente com sua terra, que tornou-se a essência da cultura judaica, principalmente em sua religiosidade.
Outro exemplo de como a terra tornou-se essencial na cultura de um povo é o dos indígenas brasileiros. A invasão portuguesa fez com que muitas tribos tivessem de se deslocar, a fim de não serem extintas. Desligadas violentamente de suas terras (5), estas tribos tiveram de se adaptar a novos lugares, muitas vezes perdendo o restante que lhes sobrara de identidade cultural. Podemos ilustrar este deslocamento territorial vendo a tribo dos xucuru-cariris (6), que originalmente habitava o que hoje é o estado de Alagoas e depois de séculos de domínio europeu acabou parando em Caldas, sul de Minas Gerais.
Várias outras tribos perderam-se no processo de deslocamento territorial, incorporando-se aos costumes portugueses e deixando para trás uma inestimável riqueza de tradições que compunham sua cultura original. Também podemos citar o caso da tribo dos carijós (7), que, entre um ataque e outro vindo de portugueses e tribos inimigas, vagou pelos estados de Goiás e Minas Gerais, perdendo seus traços culturais de outrora. Sobre a terra e seu valor para os indígenas, declarou o líder indígena Aké Panará, quando viu sua aldeia destruída pelo “homem branco” (8):
“Esta terra, aqui, era nossa. E agora eles comeram. Agora está tudo feio. Aqui, era uma terra boa. Eu não gosto do trabalho dos garimpeiros. Vocês mataram a floresta. O rio acabou. Acabaram os peixes. Eles comeram o lugar onde eu nasci. Tudo acabou”.
Mais um caso a ser destacado é o dos africanos que, arrancados de sua terra natal, vieram trabalhar como escravos nas fazendas brasileiras. Chegando aqui, tentaram manter viva a cultura que lhes norteava a vida em solo africano (9), conseguindo manter até hoje traços culturais em conformidade com seus antepassados de além-oceano.
Os três casos expostos (judeus, indígenas e africanos) são exemplos claros de como a negação do direito à posse da terra pode caracterizar-se como invasão cultural.
Os invasores mencionados (assírios, babilônios, romanos e portugueses) impuseram sua cultura (língua, religião, costumes, etc.) ao tirarem os “derrotados” de suas origens territoriais, a fim de que estes assimilassem melhor o modo de vida dos dominadores. No caso dos judeus, o artifício funcionou, pois eles voltaram a Israel, no século VI a.C., carregando na “bagagem cultural” conceitos mesopotâmicos que depois influenciariam o cristianismo e o islamismo, tais como a existência de anjos e demônios, as histórias do dilúvio e dos primeiros homens, entre outros. No caso dos indígenas brasileiros, a invasão cultural portuguesa acarretou na inserção forçada de muitas tribos à sociedade que fala português e segue o catolicismo. Porém, este contato não resultou, como talvez pensemos, em uma influência unilateral, pois os indígenas, ao serem inseridos na sociedade dominada pelos europeus, incutiram nesta sociedade várias influências de cunhos religioso, linguístico e culinário, só para citar alguns pontos de influência. E no caso dos africanos, tal invasão gerou também uma grande “miscigenação cultural” (como no caso indígena), donde provém, por exemplo, o candomblé.
É importante afirmar que a influência cultural não ocorre apenas de um dos lados, como foi dito anteriormente. Os “derrotados” também exercem influência sobre os supostos “vencedores”. Basta ver as palavras indígenas e africanas incorporadas ao vocabulário português (10), ou o crescimento do cristianismo (nascido em seio judaico), ao ponto de “conquistar” o Império Romano.
A sociedade brasileira, especificamente, deve refletir mais sobre as políticas que podem manter o cidadão ligado às suas origens culturais com qualidade de vida, educação, saúde, segurança e emprego, que lhe confiram mais dignidade como agente da própria história.
2 – Invasão cultural pela imposição religiosa
A colonização da América, principalmente pelos portugueses e espanhóis, foi fortemente marcada pela imposição do catolicismo aos povos nativos, em detrimento das crenças que estes tinham há séculos. Na carta ao rei D. Manuel de Portugal, escrita quando Cabral aportou no Brasil (22 de abril de 1500), Pero Vaz de Caminha observa que, além de não serem judeus (pois não apresentavam a circuncisão), os indígenas brasileiros facilmente se tornariam cristãos, a julgar pela maneira amistosa com que dirigiram-se aos “visitantes” europeus (11). Depois, vemos uma violenta colonização feita em nome da fé católica e da Coroa portuguesa, muitas vezes com o apoio de padres (12), embora o papa Paulo III tenha declarado, em 1537 (Bula Veritas Ipsa), que os nativos tinham alma e portanto eram seres humanos, como podemos ver no trecho a seguir (13):
“Conhecendo que aqueles mesmos índios, como verdadeiros homens, não somente são capazes da Fé de Cristo, mas que acodem a ela, correndo com grandíssima prontidão segundo nos consta, e querendo prover nestas cousas de remédio conveniente, com autoridade apostólica, pelo teor das presentes, determinamos e declaramos que os ditos índios e todas as demais gentes que daqui em diante vierem à noticia dos cristãos, ainda que estejam fora da Fé de Cristo, não estão privados, nem devem sê-lo, de sua liberdade, nem do dominio de seus bens, e não devem ser reduzidos à servidão; declarando que os ditos índios e as demais gentes hão de ser atraídas e convidadas à dita Fé de Cristo, com a pregação da Palavra divina e com o exemplo de boa vida”. (grifo do autor deste artigo).
O exemplo da colonização europeia na América mostra como a religião também pode ser instrumento de invasão cultural. Um indivíduo tem a convicção de que sua “verdade” tem origem divina e resolve impô-la aos outros, mesmo que seja pela força e coação. É o que acontece em todas as épocas, desde que o ser humano começou a organizar sua espiritualidade em forma de religiões.
Na Antiguidade, temos o caso dos dominadores macedônios e romanos, que tentaram impor suas religiões em seus impérios. A Bíblia, por exemplo, traz a história da resistência judaica quando o rei Antíoco IV Epífanes da Síria (uma das divisões do Império Macedônio) dedicou o Templo de Jerusalém a Júpiter Olímpico (conforme 2Macabeus 6,2), no ano 167 a.C. Quase 210 anos depois, o imperador romano Calígula ordenou que se erguesse uma estátua em sua homenagem no mesmo Templo, mas a ordem não foi cumprida, por revolta dos judeus (antes de reprimi-los, Calígula foi assassinado em Roma).
Ainda no mundo antigo, percebemos a invasão cultural através da religião quando os povos guerreavam entre si. Ao fim das guerras, o povo vencido tinha de adorar o deus (ou deuses) do povo vencedor. Assim, vemos as vitórias dos assírios atribuídas ao deus Assur; as dos babilônios ao deus Marduk; e as dos hebreus atribuídas a Jeová, o Senhor dos Exércitos (conforme Êxodo 14,24-25 e Isaías 44,6). Enfim, a vitória de um povo era a de seu deus (ou seus deuses), pois os povos da Antiguidade atribuíam caráter divino a seus chefes: no Egito, o faraó era o próprio deus; na Mesopotâmia, os reis eram representantes incontestáveis (ou quase) dos deuses; em Roma, o imperador também era considerado um deus.
Esta modalidade de invasão cultural muitas vezes mostra-se eficaz, pois a religião é característica importantíssima (até mesmo essencial) na cultura de muitos povos. Os judeus, por exemplo, mesmo dispersos pelo mundo há quase 2 mil anos, ainda são unidos pelas crenças religiosas; a religião islâmica consegue integrar mais de um bilhão de pessoas de dezenas de países ao redor do mundo, que seguem as mesmas crenças, apesar de algumas apresentarem traços culturais diferentes.
O cristianismo, em sua expansão pela Europa, África e América, apresentou uma forte invasão cultural. Missionários católicos impunham a fé aos que eles consideravam “pagãos”, ora usando a guerra, ora usando alianças políticas, ora usando a simples pregação do Evangelho. Em alguns momentos, chegou-se a usar manifestações artísticas para a catequese, como as peças teatrais que o padre José de Anchieta escrevia em tupi-guarani, no início da ocupação portuguesa no Brasil.
Além dos católicos, a partir do século XVI os missionários protestantes começaram a pregar o Evangelho, também imposto pela força em algumas ocasiões, como na Alemanha (onde Martinho Lutero, atendendo aos nobres que o ajudavam na Reforma, apoiou-os no combate sangrento a rebeldes camponeses (14)) e em Genebra (onde João Calvino instalara um tribunal para julgar “hereges” (15)). Depois, nos séculos XVII a XIX, missionários protestantes foram cristianizar a América do Norte, as ilhas da Oceania e o interior da África.
Com a invasão cultural promovida na América, muitos povos nativos perderam a religião como parte de sua identidade, sendo tal fenômeno repetido em vários lugares do mundo, em diversas épocas.
Para finalizar este capítulo, é importante mencionar a expansão islâmica. Baseados no princípio da jihad (guerra santa), os primeiros muçulmanos (16), a partir do século VII d.C., iniciaram uma grande conquista do mundo por eles conhecido, na ânsia de converter os que eles consideravam “infiéis”. O islamismo, pela pregação e pela espada, expandiu-se da Espanha até a Indonésia, passando pela África Saariana, pelos Bálcãs e pela Índia, assumindo em muitos destes lugares o posto que era de antigas religiões.
É preciso refletir, hoje, a respeito da importância da religião na sociedade, mas sem que haja proselitismos e imposições que façam da religião um mero instrumento de invasão e domínio, e para que haja verdadeiramente a defesa de todos os direitos do ser humano, inclusive o direito a liberdade religiosa (17).
3 – Dominação linguística
Começaremos este capítulo diferenciando idioma e dialeto. Idioma é toda língua falada (pode ser também escrita) por uma nação; dialeto é a variação regional de uma língua (18). Para ilustrar esta diferença: o Brasil fala a língua portuguesa, mas no interior do país temos uma variante do português, o dialeto caipira (19). Em todo o mundo, são falados quase 3 mil idiomas, além de 7 a 8 mil dialetos (20). Todos estes idiomas e dialetos passam por evoluções e estão em constante influência entre si, de modo que alguns deles desaparecem e outros novos surgem.
Ao longo da História, vemos o idioma ser usado como instrumento de dominação sobre povos taxados de “inferiores” e “bárbaros”. Temos dois grandes exemplos, um na Idade Antiga e outro na Contemporânea.
Os antigos romanos impuseram o latim como a língua a ser ensinada em todo o Império, que ia desde Portugal até o rio Eufrates (antiga Mesopotâmia). O ensino do latim era uma forma de sedimentar o domínio romano nas províncias, mesmo nas mais distantes, como a Judeia (Israel) e a Britânia (Inglaterra). No entanto, como foi dito anteriormente, as línguas evoluem e se influenciam.
O latim, ao entrar em contato com os idiomas das províncias, com o decorrer dos séculos deu origem a 12 idiomas modernos (21):
- Português (22): falado em Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau e Timor Leste, além das cidades de Goa, Damão, Diu (as três na Índia) e Macau (China);
- Espanhol (23): falado na Espanha, em quase toda a América Latina, Filipinas e Guiné Equatorial;
- Italiano (24): falado na Itália e em áreas da Suíça e da França;
- Francês (25): falado na França, Bélgica, Suíça, Guiana Francesa, Quebec (Canadá), Haiti, Madagascar, regiões do Sudeste Asiático e vários países da África Ocidental;
- Romeno (26): falado na Romênia, Moldávia e na região da Vojvodina (Sérvia);
- Galego (27): falado na Galiza (Espanha) e regiões vizinhas, além de algumas regiões da América Latina;
- Catalão (28): falado na Catalunha e ilhas Baleares (Espanha), além de regiões da França, ilha da Sardenha (Itália) e de Andorra (principado independente entre a Espanha e a França);
- Provençal (29): ou língua occitana, é falado no sul da França e algumas regiões da Espanha e do norte da Itália;
- Franco-provençal (30): ou idioma arpitano, é falado na Saboia (França), no Vale D’Aosta (Itália) e no oeste da Suíça;
- Rético (31): ou romanche, é falado em regiões da Suíça, Áustria e nordeste da Itália;
- Sardo (32): falado unicamente na ilha de Sardenha (Itália);
- Dálmata (33): era falado na região da Dalmácia (Croácia, Bósnia e Montenegro), mas foi extinto em 10 de junho de 1898, com a morte de seu último falante, Antonio Udina Burbur.
Atualmente, a invasão cultural no quesito linguístico vem do idioma inglês, mais exatamente a forma falada nos Estados Unidos. Em meio a avalanche que nos fez “engolir” o american way of life (modo de vida americano) em meados do século XX, através de produtos industrializados, filmes, músicas, etc., incorporamos o vocabulário inglês ao nosso, sem questionar sua necessidade, sua importância e seus efeitos (34). Assim, vamos ao show, cantamos rock, dançamos country, vimos Star Wars e Harry Potter e falamos ok.
Não pretende-se aqui criticar pura e simplesmente a influência do inglês em nossa vida, mas refletir acerca da forma passiva como aceitamos o que vem de fora, sem questionar ou até mesmo recriar. Se por um lado é impossível bloquear a entrada do inglês em nosso vocabulário (afinal os idiomas têm a “virtude” da evolução), por outro é preciso refrear o que diminui nossa cultura, como por exemplo a entrada maciça de músicas estrangeiras em ambientes de baixo conhecimento da língua vernácula ou de nenhum entendimento da língua em que a música se apresenta. Aí está um caso de invasão cultural moderna, pois a cultura estrangeira só se infiltra de maneira saudável onde os “nativos” conhecem e valorizam a cultura local, além de entenderem o sentido daquilo que recebem de fora.
Com todas estas considerações sobre a entrada do inglês em nossa cultura, é preciso discutir e definir os limites entre a influência e a invasão, para que até mesmo o ensino da língua inglesa em nossas escolas assuma verdadeiramente um papel contextualizado na reflexão sobre nossa identidade cultural e valorização da influência (não da invasão).
4 – Invasão ideológica na cultura alheia
Entrar em uma cultura ideologicamente e manipulá-la é a forma mais sutil de invasão cultural, sendo também a mais avassaladora. No entanto, se faz importante definir “ideologia”, a fim de entendermos melhor a invasão a que diversos grupos foram submetidos ao longo da História.
Para Karl Marx (1818-1883), ideologia é o conjunto de valores, ideias e normas que tentam explicar as diferenças dentro da sociedade como coisas normais, o que na verdade intenciona esconder a origem destas diferenças, que para Marx seria a divisão de classes (35). Assim, a ideologia levaria os “dominados” a se conformarem com as ideias e sentimentos que partem dos “dominadores”. Destutt de Tracy (1754-1836), criador do termo “ideologia” em 1801, definiu como simplesmente a ciência das ideias. Vários pensadores após Marx (Gramsci, por exemplo) definiram ideologia como uma “visão de mundo”, uma ideia sobre as coisas ao redor (36). Émile Durkheim (1858-1917) vê a ideologia de modo negativo, como uma noção pré-científica que faz parte do ser humano, e portanto sem importância no estudo das realidades sociais (37). Para Karl Mannheim (1893-1947), a ideologia é um conjunto de ideias que transcendem a situação e nunca conseguem realizar o que apregoam (38).
Para falarmos de invasão ideológica, temos de escolher uma definição principal para nortear a explanação. Como Gramsci fala de ideologia como “visão de mundo”, poderíamos nela incluir muitas possibilidades, entre elas a religião, da qual falamos há pouco. Tracy definiu ideologia de maneira muito simples, abarcando diversas oportunidades de discussões. Durkheim coloca a ideologia como anterior à “consciência científica” do homem, mas vemos hoje que a ideologia, no sentido marxista, consegue andar junto com a ciência, usando-a até mesmo como forma de legitimação, como, por exemplo, quando as doutrinas políticas tentam se explicar e fundamentar em pesquisadores das áreas de sociologia, história e filosofia (caso do socialismo, “pautado” na maneira como Marx e Engels definiram a sociedade e suas transformações ao longo do tempo). Portanto, pela sua importância como “gerador de ideologia” e “cientista social”, vamos falar de invasão pela ideologia conforme a definição dada por Karl Marx. Assim, vamos nos centralizar nas invasões culturais promovidas pelo capitalismo e pelo socialismo, sistemas contemporâneos de Karl Marx (o primeiro, criticado por ele como forma de opressão sobre os trabalhadores; o segundo, aperfeiçoado por Marx e Engels com ideias que influenciaram os maiores líderes socialistas do século XX).
4.1 - Capitalismo
O capitalismo surge a partir da dissolução do feudalismo europeu e do fortalecimento dos Estados modernos, nos séculos XI a XVI (39), e logo se impõe como sistema econômico predominante nas relações de trabalho e produção, primeiro na Europa ocidental, depois no restante do mundo. O sistema capitalista caracteriza-se principalmente pela propriedade privada e pelo assalariamento dos trabalhadores, visando lucros e promovendo a competitividade dos produtos. A Inglaterra, no século XVIII, veio a tornar-se a primeira potência capitalista, a partir da Revolução Industrial. Desde então, o capitalismo se evidencia em todas as partes do planeta, suplantando modos de produção antigos e relações de trabalho milenares, tendo como exemplo os povos da América, África e Ásia, colonizados pelos europeus e que tiveram de adotar o modo capitalista de organizar a política e a economia, abandonando tradições de trabalho e propriedade coletivos. Não podemos, é claro, criar aqui um maniqueísmo, colocando o capitalismo como simples opressor e os povos colonizados como simples vítimas e meros aceitadores do que lhes foi imposto. Por isto, é preciso fazer algumas considerações a respeito do capitalismo e dos povos “invadidos” por este sistema.
Em primeiro lugar, o capitalismo é um sistema criado dentro de um contexto de transformações históricas, sociais, econômicas, políticas e culturais. A invasão cultural ocorreu, portanto, na maneira como este sistema foi imposto em lugares de contextos totalmente diferentes. No processo de colonização, os povos “vencidos” foram levados a deixarem o trabalho manual e coletivo para se adaptarem primeiro a um sistema mercantilista, onde tudo podia ser trocado e comercializado (inclusive pessoas), e depois a um sistema que apregoa a livre concorrência, a troca da força de trabalho por um salário e a economia girando em torno do capital. Esta “submissão” ao sistema econômico do invasor foi eficaz por causa dos eficientes meios repressivos usados durante a colonização.
Em segundo lugar, porém, os povos invadidos não foram passivos diante da chegada do colonizador, e não se submeteram facilmente ao novo sistema econômico trazido pelos estrangeiros. Vemos ao longo da História da América várias lutas entre nativos e colonizadores, a partir do momento em que estes mostram suas reais intenções em solo americano (40). Mesmo assim, estes povos se mostraram ineficientes ante as armas e as doenças trazidas da Europa, e por isto foram dizimados aos milhões. Outro ponto a ser considerado é a generalização feita em relação ao modo de vida indígena. Muitas fontes de pesquisa mostram costumes dos nativos como se fossem de todas as tribos brasileiras (41), sem prestarem atenção à diversidade de tribos, idiomas, mitologias e tradições que caracterizam os povos indígenas do Brasil. Assim, parece que todos os povos indígenas brasileiros adoram Tupã, acreditam em Caipora e sabem da lenda do Boitatá.
Voltando à invasão do capitalismo, hoje é perceptível a influência inquestionável que este sistema exerce sobre as pessoas, determinando o que elas precisam, o que vão comprar, qual moda vão seguir e como podem investir seu salário. A invasão cultural, neste caso, é extremamente sutil, pois o indivíduo assimila facilmente os conceitos inerentes ao capitalismo, sem questioná-los ou refletir acerca de sua relevância e de seus impactos positivos e negativos.
4.2 – Socialismo
Modelo político e econômico idealizado por pensadores europeus como Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837), Robert Owen (1771-1858), Karl Marx e Friedrich Engels, entre outros (42), com tentativas de realização ao longo dos séculos XIX e XX, quando assumiu várias faces por onde foi implantado. O socialismo baseia-se nos conceitos de propriedade coletiva e distribuição igualitária dos bens, estando os trabalhadores no poder. O desenvolvimento do socialismo em um país o faria chegar a seu último estágio, o comunismo, quando a propriedade privada seria extinta e todas as instituições seriam controladas pelo Estado (43).
As formas de socialismo mais conhecidas são as que foram implantadas na antiga União Soviética (1917-1991), em Cuba (desde 1959), na China (desde 1949) e na Coreia do Norte (desde 1948). Em tais países, percebemos uma gradual invasão cultural, na medida em que o Estado passou a controlar a vida das pessoas, seu pensamento e suas liberdades individuais. Em relação a isto, a Igreja Católica pronunciou-se no documento Gaudium et Spes, em 1965 (44):
“Devem ser arguidos de erro não só as teorias que, sob a forma de falsa liberdade, dificultam as reformas necessárias (crítica ao capitalismo), mas também as que sacrificam os direitos fundamentais das pessoas particulares e dos grupos à organização coletiva da produção (crítica ao socialismo)”. (parênteses do autor deste artigo)
Ao falar em sacrifício dos direitos individuais, o texto denuncia as perseguições promovidas pelos líderes socialistas, eliminando opositores e impondo sanções ao povo, como o racionamento de gêneros alimentícios (45). Ao contrário do capitalismo, que muitas vezes promove a liberdade às custas da igualdade, temos um socialismo que promove uma suposta igualdade às custas da liberdade.
No caso socialista, a invasão cultural é mais evidente quando o Estado interfere no acesso do indivíduo a informações e manifestações culturais consideradas “subversivas” pelo poder dominante, como nas perseguições contra jornais de oposição ou na proibição de manifestações religiosas antes enraizadas no meio popular (por exemplo, a repressão contra os cristãos ortodoxos na União Soviética (46)).
Temos, ainda neste século, regimes políticos herdeiros do ideal socialista, como os governos cubano, chinês e norte-coreano. Analisando o processo de controle das liberdades individuais por parte do Estado e do consequente domínio sobre a cultura do povo, devemos pensar e discutir maneiras que tornem o lugar em que vivemos um ambiente propício ao florescimento de atitudes que promovam, ao mesmo tempo, a igualdade entre todos, em termos de acesso aos direitos básicos, e a liberdade de expressão e manifestação cultural.
5 – Considerações finais
Ao longo do texto, observamos que o processo de invasão cultural tornou-se inerente à própria cultura do ser humano, no sentido de ter virado um hábito o fato de grupos se evidenciarem sobre outros, dominando-os. Todos os povos, em várias épocas e diversos lugares, de algum modo promoveram ou sofreram uma invasão cultural, que é diferente da influência, da qual nenhum povo é isento. Retomando o que já foi falado anteriormente, mas desta vez com mais objetividade, a diferença entre influência e invasão está no contato entre duas ou mais culturas, de forma pacífica e recriadora (influência) ou unilateral e opressora (invasão).
Seja através da posse da terra, da religião, do idioma, da ideologia ou de qualquer outra maneira, a invasão cultural afeta negativamente e corrói a identidade de quem é considerado “mais fraco”, embora o “mais fraco”, mesmo que modesta e paulatinamente, por vezes reage (caso do Império Romano, quando invadiu o espaço cultural judeu e depois foi envolvido pelo cristianismo, nascido na cultura judaica). A invasão de uma cultura como que apaga da História uma página que ainda seria lida, ou até mesmo escrita.
Este trabalho poderia citar outros exemplos de invasão cultural, como a que foi feita pelos incas através da imposição de tradições, hábitos e religião aos povos conquistados na Cordilheira dos Andes, mas isto não foi executado para não se transmitir a falsa pretensão de esgotar o assunto. Pelo contrário, a partir daqui podemos ter uma maior e melhor reflexão sobre nossa própria cultura e a de outros grupos, seus agentes, suas transformações e seu impacto na vida das pessoas que a tem como referencial de vida.
Notas e referências bibliográficas
(1) HONÓRIO, Ricardo. Concepções de cultura. Disponível em: <http://www.antropologia.com.br/divu/colab/d12-rhonorio.pdf> Acesso em: 10 de junho de 2011.
(2) CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Bíblia Sagrada. Brasília e São Paulo: Edições CNBB e Canção Nova, 2007. 6ª edição.
(3) Hebreus e judeus são termos referentes ao mesmo povo.
(4) MELANI, Maria Raquel Apolinário et al. Projeto Araribá – História. São Paulo: Moderna, 2006. 5ª série. Páginas 81, 132 e 133.
(5) AZEVEDO, Gislaine Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História. São Paulo: Ática, 2007. Página 178.
(6) Xucuru-kariri. Disponível em: <http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=399&eid=288> Acesso em: 08 de junho de 2011.
(7) BARBOSA, Waldemar de Almeida. História de Minas. Belo Horizonte: Comunicação, 1979. Volume 2.
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(9) CAMPOS, Flávio de; MIRANDA, Renan Garcia. Oficina de História. São Paulo: Moderna, 2004. Página 108.
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(42) CAMPOS, Flávio de; MIRANDA, Renan Garcia. Op. cit. Página 160.
(43) Apesar dos conceitos parecerem iguais, os regimes são diferentes. Disponível em: <http://www.portaldiario.info/caratinga/verconteudos.php?idnoticiasgeral=6510> Acesso em: 10 de junho de 2011.
(44) VIER, Frei Frederico (org.). Op. cit. Página 220.
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