Um alerta ao cristão evangélico
Por João Placoná | 16/07/2010 | ReligiãoNum passado não muito distante, o crente era conhecido pelo seu vocabulário, pela forma de se vestir e pela sua ética. Hoje, o que vemos é um grande número de pessoas dizendo-se cristãs, mas vivendo sem nenhum compromisso com Deus, interessadas apenas em seu bem estar, correndo atrás de propriedades, não para abençoar outros irmãos, mas porque está pensando apenas em si mesmas.
Escândalos após escândalo relacionados com o dinheiro e sua gestão no ambiente da chamada Fé, aumenta o buraco da indiferença, do cinismo, da mornidão espiritual, do deboche, do escárnio, da irreverência e muitas vezes traz a morte da esperança.
Na maioria das Igrejas Evangélicas está cheio de um povo sem fidelidade a Deus, um povo sem Bíblia, sem compromisso com a verdade. O que muitos levam para a igreja são roupas, fotos e outros amuletos para alguém benzer.
Conseqüentemente a igreja formada por este tipo de pessoas torna-se uma instituição sem doutrina, sem raízes, caracterizada pela rotatividade dos membros. A porta dos fundos acaba sendo maior que da frente.
Vemos pessoas que pregam e vivem um evangelho sem conversão, um evangelho sem cruz, sem transformação de vida, sem santificação, enfim, um evangelho banalizado. E a responsabilidade é a própria igreja, que baixa o preço da mercadoria. Para encher seus templos, muitos lideres não receiam em baixar o padrão, abrindo mão da ética, da sã doutrina e do compromisso com a verdade, pregando apenas prosperidade e curas divinas.
O resultado só pode ser um evangelho totalmente incipiente, desmoralizado, desacreditado.
O que vemos são empresários cristãos , dignos, evitando contratar seus irmãos em Cristo, em razão do mau testemunho que estes apresentam. Esses funcionários confundem o fato de que seu chefe, antes de ser seu irmão, é autoridade sobre eles e, ao invés, de chegar para o trabalho e trabalhar de verdade, passam o dia andando de um lado para o outro, com o pretexto de evangelizar seus colegas. Ficam evangelizando, lendo a Bíblia o dia todo e não produzem nada para o qual foram contratados.
Jesus disse que o joio cresceria no meio do trigo. Tem joio demais na igreja de hoje.
A liderança precisa tomar uma posição, voltar a refletir o temor de DEUS. A liderança precisa voltar a profetizar “Assim diz o Senhor” e não o que temos ouvido de muitos “Assim dizem os senhores”.
A Igreja brasileira precisa resgatar com urgência a importância de sua voz profética. E essa voz começa com a palavra de arrependimento. Foi a primeira palavra que saiu da boca de Jesus, João Batista e Pedro, só para citar alguns exemplos. Também precisamos resgatar a ética. Deixar de se vender em troca de promessas de riquezas terrenas.
Ser pastor popular hoje dá Ibope. Eles compram rádios, emissoras de TV, jornais, gravam discos, tornam-se cantores e a igreja se transforma em fonte de renda, de riqueza.
Observe atentamente, pois, não se justifica uma Igreja onde o Pastor anda de carro último tipo, roupas de grife e os membros a pé, sem o que comer ou vestir. Alguma coisa está errada, ou o nosso Deus faz acepção de pessoas? A prosperidade tem que ser para todos, ou não?
Jesus disse em João 10.10b “...eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. O “tenham” quer dizer VOCÊS tenham! Não apenas o Pastor.
Jesus anteviu que seriamos odiados de todos por nossa atuação irrepreensível num mundo corrupto, ma não é o que vemos hoje.
Ser crente hoje é moda. Nós aprendemos desde cedo que a graça é favor imerecido. É algo que está além das posses de nossas virtudes.
Justamente por essa razão a graça é de graça, enquadram-se apenas as felizes, fáceis saborosas e carismáticas manifestações das bênçãos de Deus sobre nós.
Nunca pensamos em graça como privilégio de sofrer. Todavia, também esta dimensão está presente na teologia do conceito de graça “POR QUE VOS FOI CONCEDIDA A GRAÇA DE PADECERDES POR CRISTO, E NÄO SOMENTE CRERDES NELE ....” (Fp 1:29).
Sem dúvida tal conceito não tem nada de convidativo e empolgante em si mesmo. Nosso mundo é a cada dia mais, patrocinador da idéia do não sofrimento. Somos a sociedade do analgésico. A anestesia psicológica, existencial e social é a nossa maior medicina.
Boa parte da liderança e crentes de hoje, estão trocando seu direito de primogenitura por um prato de lentilha. São os vendilhões do templo, trocam o eterno pelo passageiro.
A igreja está adoecida, em razão de sua própria promiscuidade. Precisamos devolver o lugar da Bíblia na Igreja. Mas Bíblia pura!
Precisamos voltar à PALAVRA, precisamos de lideres que tenham coragem de dizer: Isto é pecado! A igreja precisa ser una igreja pura, para que reflita o amor de Deus, formada por verdadeiros redimidos, por gente comprometida com Deus, que ama mais a Cristo que a própria vida e não mais a própria vida que Cristo.
Que a indiferença em relação ao pecado, seja extirpada do meio do corpo de Cristo através da busca da santidade, tanto do homem, como da mulher de Deus.
“Pois mudaram a verdade de Deus, em mentira e honraram e serviram mais criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém! (Rm 1:25)
Fonte: Pr. Araripe – Igreja Cristã da Trindade
João Placoná - Presbítero - Professor de Teologia - Palestrante Evangélico - Articulista