TURISMO E HOSPITALIDADE EM TEMPOS DE CRISE NA GRÉCIA

Por Eduarda Cereta | 25/01/2017 | Sociedade

Ao fazer citações deste artigo, utilize esta referência bibliográfica:
CERETA, Eduarda. Turismo e hospitalidade em tempos de crise na Grécia. Canela , Castelli Escola Superior de Hotelaria: 2016.

RESUMO

Com uma vasta contribuição para o mundo ocidental, verificamos que a denominada civilização clássica da Grécia deixou fortemente seu legado nas artes, filosofia, democracia, turismo e princípios éticos. Com isso, a questão da hospitalidade acompanha o homem nos seus deslocamentos desde a antiguidade, considerando-a nos mitos e vivências, um dever sagrado de acolhimento, sendo assim, base da sociedade. Apesar de a Grécia estar em um cenário de crise econômica atual, procurou e procura através desta situação transparecer o bem receber e incentivar cada vez mais o turismo local, proporcionando momentos únicos e agregando história e cultura.

Palavras-chave: hospitalidade; Grécia; civilização grega; história; turismo; cultura, crise econômica.

2 INTRODUÇÃO

O presente artigo busca expressar de forma abrangente uma área de vasta exploração para o estudo do turismo e hospitalidade: a Grécia, berço das civilizações que ainda nos dias de hoje dá grande contribuição ao mundo contempôneo, agregando valor em aspectos éticos, arquitetônicos, culturais, esportivos, turísticos e políticos. A hospitalidade na Antiga Grécia era a obrigação de receber bem todo e qualquer estrangeiro, auxiliar nos cuidados e alimentação, era como um código de paz para agradar aos deuses, principalmente Zeus, este que também era chamado de Xênios, que significa hospitaleiro, aquele que guarda a hospitalidade. Zeus é então, o protetor dos deveres da hospitalidade. Nos dias atuais, a hospitalidade está intimamente ligada ao turismo e à receptividade aos estrangeiros, algo claramente genuíno da cultura do país, que carrega consigo um peso histórico imenso e paisagens exuberantes, além da necessidade de agradar os viajantes pela questão da crise econômica-financeira que afeta o país.

Nesta pesquisa bibliográfica, tem-se por objetivo desenvolver a importância da hospitalidade e turismo aliados à história da civilização e território, buscando compreender o passado e sua influência para o mundo atual. Outra meta visada é mostrar a razão pela qual a maior parte da economia da Grécia é o turismo, oriundo de tempos passados pela diversidade de povos que migrou para esta região e as riquezas culturais e naturais preservadas, atraindo anualmente mais de 20 milhões de turistas para as ilhas Balcãs. O turismo se tornou uma via de escape para a crise econômica que afeta o país desde 2008, significando para os gregos, receber turistas, uma ajuda direta na economia local do país e uma atitude de solidariedade. Elena Kountora, ministra do Turismo da Grécia diz: "O turismo é a nossa indústria pesada. Hoje nossa principal fonte de receitas e também a principal fonte de emprego para muitos".

HISTÓRICO DA HOSPITALIDADE

A hospitalidade é o resultado de relações em sociedade onde são influenciadas a todo o momento pelo contexto histórico e ideológico em que acontecem, dependendo de época e local. Sendo assim, Castelli¹ (2006) cita que a história da  3 hospitalidade está diretamente ligada à história dos homens, seus encontros e reencontros, diálogos e tudo que eles criaram ao passar dos séculos e que facilitassem suas relações sociais. Conforme Castelli² (2010), hospitalidade é caracterizada pelos atos de receber, abrigar, alimentar e cuidar do viajante. Para Grinover1 (2002), a palavra hospitalidade se refere à qualidade de um indivíduo em ser hospitaleiro ou o ato de hospedar, consistindo na aproximação de culturas e pessoas diferentes.

Acompanhando o homem nos seus deslocamentos desde a antiguidade, a hospitalidade possui um histórico de significados, mitos e vivências, onde era e ainda é, a base da sociedade. Em um contexto de civilização grega, onde seu surgimento foi de aproximadamente 2000 a.C, a hospitalidade possuía uma relevância instigada pelos mitos que a colocavam como uma forma de acolhimento, dever sagrado e onde Lashley2 (2004) refere-se que "o dever de ser não só generoso em relação ao forasteiro, mas também protetor é um importante aspecto de hospitalidade".

Hospitium, em grego, se refere ao ato de receber todos os hóspedes como um direto divino, possuindo assim, uma origem mítica. Castelli3 (2010) afirma que a antiga civilização grega reservava um lugar especial para a hospitalidade, materializando-se nos banquetes e festas, e, além disso, existiam pessoas encarregadas de fazer a sociedade respeitar este dever, conhecidos como proxènos.

Seydoux4 (1983) descreve que os viajantes estrangeiros, ao chegar em cidades gregas, eram recebidos com comes e bebes e passavam a ser protegidos pelo hospedeiro contra qualquer agressão ou mal que pudessem causar. Essa proteção tinha um motivo, na mitologia grega, acreditava-se que os estrangeiros que ali passavam poderiam ser deuses disfarçados e assim, deveriam receber todas as honras. (Hall do Turismo Magazine5 , 2015).

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