"Tudo o que é sólido desmancha no ar: A aventura da Modernidade" de Marshall Berman
Por Daiana S. Moura | 13/08/2011 | EducaçãoModernidade: ontem, hoje e amanhã
A modernidade pode ser designada como um conjunto de experiências presentes no dia-a-dia, unindo a espécie humana. Uma unidade de desunidade, em constante mudança, em busca do novo. Ser moderno é fazer parte de um universo no qual, como disse Marx, "tudo o que é sólido desmancha no ar".
Há anos, muitas pessoas têm encarado a modernidade como uma ameaça radical a toda a sua história e tradições. A modernização manipula e dirige todas as pessoas e instituições, em um conceito amplo, universal. A vida urbana, corrida, com tanto o que fazer e pouco tempo para realizar. Há sempre algo novo, uma ideia nova, um sistema novo, as descobertas vem cada vez mais rápidas a todo o momento.
A história da modernidade pode ser dividida em três fases. A primeira fase ocorre no inicio do século XVI, em que a modernidade não é tão notada, não é valorizada e não possui um grande público. Na segunda fase, no século XIX, a modernidade ganha vida e público. Esse público está em busca de algo mais, mas sem deixar a vida de antes. É viver uma experiência nova e ao mesmo tempo estar preso ao passado, trazendo à tona a ideia de modernismo e modernização. No século XX, nossa terceira última fase, a expansão da modernidade é universal, linguagens variadas, uma multidão de fragmentos, um tudo em um todo.
Jean Jacques Rosseau foi o primeiro a usar a palavra moderniste, chamando de redemoinho, esse turbilhão social. É a agitação e turbulência, tantas novidades que o próprio indivíduo esquece quem ele é. A modernidade do século XIX é marcada por um ambiente tecnológico voltada para a vida urbana. No manifesto escrito por Marx, percebemos a visão definitiva do ambiente moderno, pelos meios de produção, pelo consumismo atual. Em tempos como esses, "o indivíduo ousa individualizar-se", deixar de viver é a solução para a confusão da vida moderna. O homem nesse turbilhão social é apenas mais um, apenas mais uma peça. O homem acredita na modernidade, como uma possibilidade de melhorias para o futuro, é o pensar de o que passamos hoje pode ser solucionado amanhã. A modernização era desejada pelos futuristas italianos. Percebemos no manifesto futurista a exaltação pelo trabalho, pelas máquinas e a criação de uma espécie não - humana, ou seja, robótica, que para eles seria perfeita por não possuir sentimentos característicos de humanos. Os futuristas viam a fábrica como um ser humano exemplar, um modelos a ser seguido por todos.
Herbert Marcuse no seu ensaio, O homem unidimensional, cita que tanto Marx como Freud são obsoletos. O conforto é o verdadeiro interesse pelas massas, uma vida controlada e administrada por máquinas. O homem se confunde com a máquina, é uma invasão descontrolada pela tecnologia, mas aceita com naturalidade por todos, por ser o que nos movimenta, o que nos iguala perante a sociedade. O modernismo nos anos 60 pode ser grosseiramente dividido em três tendências. A primeira tendência aparece como uma grande tentativa de libertar os artistas modernos das impurezas e vulgaridades da vida moderna. A segunda tendência do modernismo, busca a violenta destruição de todos os nossos valores e se preocupa muito pouco em reconstruir os mundos que põe abaixo. A terceira, implica em um modelo ideal de sociedade moderna isenta de perturbações, extinguindo aquela agitação, turbulência social da vida moderna.
Michel Foucault foi o único escritor da década passada que se referiu sobre a modernidade de maneira significativa. A liberdade em meio à vida moderna é praticamente impossível para ele. A vida é como um objeto, de fácil manuseio, sem controle de si próprio, mas controlável pelas modernas tecnologias. É um sentimento de passividade e desesperança nessa cadeia a que estamos presos, sem enxergar a futilidade que também representa. Não percebemos que o crescimento econômico, mudanças e mais mudanças, destrói as paisagens físicas e sociais do nosso passado. A nossa identidade é internacionalizada, somos e vivemos como os outros. Não existem diferenças, se compartilharmos as mesmas experiências modernas. É através do conhecimento do modernismo, desde as suas raízes do passado, junto com o modernismo atual, que estaremos preparados para as aventuras e perigos que virão, já que essa evolução tecnológica se dá todos os dias, mudando universalmente num piscar de olhos.
Bibliografia
BERMAN, Marshall. Modernidade ontem, hoje e amanhã. In: ___________. Tudo que é sólido desmancha no ar: A aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986. p.15-35