Trovoadas

Por Luiz Carlos da Costa | 27/12/2010 | Poesias

Trovoadas

Ontem caiu uma trovoada.
Tão intensa que parecia,
Que o próprio céu caia.
Os trovões intensos e a negritude
Às vezes iluminada por relâmpagos,
Que antecipavam raios ferozes.
Aterrorizavam minha alma vazia,
Das coisas costumeiras do dia a dia.

Parecia que Deus dava porradas
Por sobre a mesa do universo.
Zangado com as igrejas comerciais.
Que se proliferam com o capitalismo.
Perdendo aos poucos a essência divina.

Cheguei a julgar que as estrelas cairiam.
Como mangas maduras das mangueiras,
Sacudidas pelo vendaval
Que mais parecia o assovio de algum Santo Cristão.

Indiferente a zanga do Todo Poderoso,
Já cansado das mesquinharias
Da humanidade, próximo ao dia de natal.

Pensei que a negritude fosse eterna.
E que não haveria mais esperança...
Mas sempre há esperança.
Por que Deus é amoroso
E tem piedade, mesmo que pequena.
Pois não resiste o olhar terno de Maria,
E a fala mansa de Cristo argumentando,
Por nós humanos mortais, os seus semelhantes.

E assim a trovoada tornou-se calmaria,
Graças ao apelo do Filho e de Maria.
Porem o assovio indiferente do Santo,
Ficou até limpar toda à tarde.
Deixando o sol aquecer as flores
Tímidas do meu jardim, que tímido o é.
Enquanto eu, esta criatura insignificante,
Acabei por dormir seguro na minha fé.