TREMA...HÍFEN...QUE RAIVA!!
Por Oliveiros Coelho Neto | 11/06/2010 | CrônicasÉ começo de madrugada e acabo de chegar de um show do Milton Nascimento, com seus antigos companheiros do Clube da Esquina – Flávio Venturini e Lô Borges. Está rolando aqui na Califórnia Brasileira, a 10ª Feira Nacional do Livro, e hoje foi a abertura.
Califórnia Brasileira é o apelido que arranjaram para Ribeirão Preto, algum tempo atrás. Calcularam estatisticamente a renda per-capita de seus habitantes e chegaram à brilhante conclusão de que a mesma atingia valores próximos àqueles dos californianos do Obama! Esqueceram-se de que, na estatística, se você comer dois frangos e eu nenhum, equivale a dizer que cada um comeu um frango; e por aqui existem usineiros que comem uma granja inteira e os bóias frias que levam a culpa! Mas deixa isso pra lá, senão vou desviar-me do foco desta crônica.
Depois da Canção da América, ele começou... " Quero falar de uma coisa...Adivinha onde ela anda...Deve estar dentro do peito...Ou caminha pelo ar..." O coro de cerca de vinte e cinco mil pessoas (acabo de conferir no Google) continuou... "Coração de estudante, há que se cuidar da vida..." E foi então que minha cabeça começou a ferver de raiva!
Lembrei-me de meu tempo de estudante e da "maledetta" professora de português – Ana Francisca – mais conhecida como Ana Chica.
Era o terror dos outros alunos do colégio! Sim, digo dos outros porque eu tirava de letra a matéria. As notas, àquela época, iam de zero a cem. Que eu me lembre, nunca tive uma inferior a oitenta e cinco. Eu competia com um colega – Fortunato – que era o queridinho dela. Num mês eu ganhava, noutro ele me batia. E sempre a nota maior era noventa e cinco.
Pois bem, certa vez a Ana Chica tirou-me meio ponto numa redação, corrigindo a palavra paisagem, (que eu grafei assim) e ela alegava que havia trema no i. Fiquei com noventa e cinco. Como a palavra dela era lei, e eu muito jovem e cordato, deixei ficar. Meus pais deveriam ter patrocinado minha defesa, e solicitado revisão da prova, porém não o fizeram, e não entendo até hoje o porquê!
Sucedeu que no mês seguinte o Fortunato conseguiu a nota máxima e foi aquele auê pelo colégio, pois havia oito anos que a famigerada professora não concedia a nota cem a um aluno! O falatório foi geral.
Nessa estória eu me comparo ao Brasil na copa de 1978, que se considerou "campeão moral", graças à marmelada que foi a goleada de 6X0 da Argentina sobre o Peru, excluindo o Brasil e tornando a anfitriã campeã daquela copa
Indubitavelmente, fui eu o primeiro a conseguir a nota máxima, decorridos os oito anos.
Devo concordar que o português é uma língua complexa e cheia de truques! Gostaria de ouvir do meu amigo filólogo, o "minerim" Uaiss Sô, a explicação do porquê de bem-vindo possuir hífen e bendito não! Não poderia ser benvindo?! Qual o problema?!
Soriévilo 11/06/10