TRAMAS POLÍTICAS E PROMESSAS VAZIAS
Por Antonio Anicete de Lima | 07/02/2025 | Política
TRAMAS POLÍTICAS E PROMESSAS VAZIAS
Eleições de 1958 em Várzea Alegre
ANTONIO FERREIRA LIMA
ANTONIO ANICETE DE LIMA
SOUZA NUNES
Brasília
2024
Manipulação Política e Resistência Moral no Nordeste de 1958
Uma Análise Crítica
O artigo de Antonio Anicete de Lima é um relato autobiográfico que aborda a política no Nordeste brasileiro na década de 1950, expondo a manipulação promovida pela "indústria da seca". Nesse cenário, a seca não é apenas um fenômeno natural, mas um instrumento político para perpetuar a dependência e a pobreza, consolidando o "voto de cabresto" e obrigações nunca honradas.
O autor utiliza um estilo marcado pela oralidade, resgatando a fala do sertanejo e conferindo autenticidade ao texto. Assim, ele aproxima sua narrativa da tradição literária, do testemunho social e do realismo crítico, semelhante a autores como Graciliano Ramos e Raquel de Queiroz.
O relato também reflete uma crítica à desigualdade estrutural e à corrupção política, destacando a desilusão do narrador diante da traição de políticos como Lourival e José Carvalho. Contudo, há um momento de redenção com a atitude honesta de José Carlos, que simboliza a possibilidade de integridade no meio político.
Por fim, a obra transcende o registro pessoal, transformando-se em um documento histórico e literário que denuncia as estruturas de poder opressivas da época, ao mesmo tempo que oferece reflexões atemporais sobre política e sociedade no Brasil.
Fortaleza, 16 de dezembro de 2024.
Sousa Nunes
Professor de Português, Inglês, Literatura e Redação
Sócio efetivo da Associação Brasileira de Bibliófilos.
Membro efetivo da Academia Cearense da Língua Portuguesa.
INTRODUÇÃO
Nesta história, quero compartilhar as consequências que enfrentei ao me envolver em um cenário político turbulento durante as eleições de 1958 em Várzea Alegre, Ceará. Naquele ano, o nosso estado sofria com a devastadora seca, e eu, como um simples comerciante, acreditava que poderia fazer a diferença ajudando as frentes de trabalho emergenciais. No entanto, o que eu não sabia era que minha generosidade seria usada como moeda de troca na indústria da seca, manipulada por políticos em busca de votos.
Quando José Carvalho e Lourival Frutuoso de Oliveira se candidataram à Prefeitura Municipal de Várzea Alegre, vi a oportunidade de colaborar com Cícero esbraveja a comunidade e fazer a diferença. Inocentemente, acabei me envolvendo em uma armadilha política, fornecendo mercadorias acreditando estar contribuindo para o bem-estar do povo. No entanto, o que parecia ser uma ajuda altruísta acabou se mostrando uma trama de enganações e promessas vazias.
Ao longo desta história, vou expor como a indústria da seca foi utilizada como instrumento eleitoral, revelar as artimanhas políticas que presenciei e expor as promessas não cumpridas que levaram ao prejuízo de fornecedores como eu. O jogo eleitoral revelou-se como um cenário de falsas esperanças e manipulação da necessidade do povo em troca de votos de cabresto, estratégia essa utilizada, tanto pelo partido da União Democrática Nacional (UDN), quanto pelo Partido Social Democrático (PSD).
As consequências de minhas escolhas políticas extrapolaram as urnas e afetaram minha vida pessoal e profissional. Enfrentei estradas bloqueadas, relações familiares abaladas e dificuldades no pagamento de dívidas. Acreditar na palavra de políticos trouxe desilusões e arrependimentos que ainda ecoam em minhas memórias.
Através desta história, quero expor as tramas políticas e as promessas vazias que presenciei, bem como a influência nefasta da indústria da seca no cenário eleitoral. É um relato sobre como a política pode afetar vidas e como nossas escolhas podem ter consequências muito além das urnas. É um testemunho sincero e pessoal que revela uma realidade que ainda pode ecoar até hoje.
ELEIÇÕES E A INDÚSTRIA DA SECA
Quando eu e Gino tínhamos um comércio na Chapada, tudo ia às mil maravilhas, até que um dia nós entramos numa fria. Isso aconteceu quando José Carvalho e Lourival Frutuoso de Oliveira se candidataram à Prefeitura Municipal de Várzea Alegre. Lourival era o nosso maior amigo, um político muito habilidoso, e ‘por sinal’ filho do meu grande amigo Cícero Frutuoso, casado com Maria Alcântara, minha prima legítima. Os dois vieram à minha mercearia, felizes e sorridentes, e foram logo direto ao ponto:
“Antonio, nós agora vamos ganhar a eleição e precisamos muito da sua ajuda.” Porque esse povo que está trabalhando nas frentes de serviços, criadas pelo presidente Juscelino, está sendo muito explorado aqui na região. Eles estão pagando o dia de serviço a Cr$ 40,00 e vendendo um litro de legume pelo mesmo valor.
E acrescentaram:
“Os políticos responsáveis pelas frentes emergenciais estão matando o povo de fome”.
Nessa época, para se ter uma ideia, o valor do salário mínimo vigente no país, conforme o decreto no 39.604, de janeiro de 1956, era de Cr$ 3.800,00. O valor pago a um trabalhador nas frentes de trabalho emergencial representava, naquela época, menos de 1/3 do valor do salário mínimo.
Então, José Carvalho falou de forma persuasiva:
“Antonio, nós viemos aqui para que você forneça mercadoria ao povo da Vacaria, pois temos certeza de que dessa vez vamos ganhar as eleições.” Pode começar o fornecimento amanhã e no próximo sábado você já poderá ir à cidade receber o dinheiro.
Era o ano da grande seca de 1958, somente no Nordeste o Governo Federal teve que atender com obras emergenciais a mais de 500 mil pessoas flageladas. Como em todos os anos secos, os políticos aproveitavam a ocasião para fomentar a indústria da seca e manter o voto de cabresto, especialmente em troca de uma bolsa nas frentes de trabalho. Eu era tão ingênuo na época, que não sabia que isso era um crime eleitoral, mas essa era a maneira que os políticos usavam para comprar votos. Aí eu caí na besteira de fornecer ao povo, comprei logo duas carradas de legumes e choveu gente lá em casa.
Virou aquela muvuca de gente, às vezes tinha até cinquenta pessoas de uma só vez na minha bodega. Alguns até tinham legumes para comer durante o período da seca, mas diziam:
“Antonio, anote o meu fornecimento aí no livro, pois não vou levar nenhuma mercadoria, porque quero receber depois em dinheiro vivo”.
No tempo aprazado para receber o primeiro pagamento, fui a Várzea Alegre para falar com Lourival, o responsável pelo pagamento. Ele veio ao meu encontro sorridente e foi logo se desculpando:
“Oh, Antonio!” Hoje, você não vai receber o pagamento. Você é o mais abastado dos nossos fornecedores, e como estamos atendendo em todo o município, os outros vieram primeiro e fiz o pagamento, então o seu fica para o próximo sábado.
A única coisa que falei em tom melancólico foi:
“Tá bem!” Volto na próxima semana”.
Uma semana depois eu estava de volta, porém já estava começando a ficar preocupado com tanta mercadoria fornecida em apenas duas semanas. Quando lá cheguei, fui atendido por José Carvalho. Imediatamente, ele foi me despachando e dizendo:
“Antonio, o dinheiro que recebi não deu para pagar a todo mundo, mas enviei, por intermédio de Cícero Frutuoso, sete mil cruzeiros para ir aliviando a sua situação”.
Baixei a cabeça, já meio ressabiado, e disse:
“Tá bem!” Volto depois.
O movimento na bodega dava gosto de ver. Cícero Frutuoso, pai de Lourival, vinha espiar de vez em quando, então ele se punha de pé numa das portas de entrada da mercearia, estendendo os seus longos braços sobre os portais e imaginando:
“Lourival, meu filho e José Carvalho dessa vez ganham as eleições”.
Cícero ficou ali observando até eu terminar de despachar a todo mundo, então falou:
“Antonio, vá até minha casa que tenho um negócio para você”. Nesse momento, me animei e me dirigi à casa de Cícero. Quando cheguei à sua residência, estavam sentados à mesa Cícero Frutuoso e Celso, seu irmão. Então, Cícero foi logo falando de forma persuasiva:
“Eu mandei chamar você aqui, porque José Carvalho mandou lhe entregar sete mil cruzeiros.” Mas tem um, “porém”, Celso Frutuoso (Neném) tem 14 eleitores, fora os moradores, e ele me disse que, se não lhe desse dinheiro, não votaria em Lourival.
E prosseguiu arrazoando:
‘Eu queria lhe pedir três mil cruzeiros para dar ao compadre Neném, meu irmão’.
Então, foi como receber um duro golpe, mas, naquele momento, não queria desagradar ao meu amigo, porém, em tom desanimador, me pronunciei:
“Pois é”! Pode passar o dinheiro para o Neném, só assim tenho certeza de que votará no seu querido sobrinho.
Mas Cícero Frutuoso não parou por aí e continuou argumentando:
“Mas também, quero lhe dizer que o Senhor Flor falou que, se lhe dessem quinhentos cruzeiros, ele votaria em Lourival”.
Mas uma vez me senti constrangido, pois Senhor Flor era meu cunhado, não podia negar-lhe ao seu pedido, então, mesmo insatisfeito, murmurei: “Pois, é”!
E Cícero continuou repartindo o meu dinheiro para a compra de mais alguns votos, e acrescentou:
“Mas quero lhe dizer também que Francelino disse que iria votar nos Correias, mas se nós lhe déssemos quinhentos cruzeiros para ele comprar uma cabra leiteira, votaria conosco”.
Nesse momento, senti tremenda amargura, porém, mais uma vez, baixei a cabeça e sussurrei: “Pois, é”! Então, Cícero percebeu que eu estava ficando nervoso e tentou me animar:
“Mas, não fique com medo, Antonio, porque no próximo sábado está chegando dinheiro de monte. Pode ir à Várzea Alegre que você vai receber tudo que lhe devem.
Sai daquele encontro, constrangido e meio ressabiado diante daquela situação, mas ainda havia um certo ar de esperança de que eles iriam me pagar, caso ganhassem as eleições.
No sábado seguinte, coloquei a cela no meu cavalinho, Raio da Bexiga, e fui novamente à cidade receber o dinheiro do fornecimento. Já na presença de Lourival, fui direto ao assunto:
“Pronto, Lourival, vim receber o pagamento pelo fornecimento das mercadorias”.
Lourival, muito astuto, foi logo tentando me dissuadir:
“Oh, Antonio!” Tu sabes que aqui em Várzea Alegre não tem banco, portanto não posso te pagar hoje, pois o dinheiro está no Banco do Brasil em Crato. Mas, fique tranquilo, domingo eu vou para a feira em Crato, segunda-feira saco o dinheiro e à tardinha estarei de volta para efetuar o pagamento.
Quando foi logo na segunda-feira, à tardinha, fiz novamente a mesma peregrinação de sempre. Porém, nesse dia, resolvi dormir na casa de Chico Martins, meu grande amigo e primo carnal. Então, Chico Martins me convidou para ir até o quintal da sua casa e foi logo dizendo baixinho que tinha um segredo para me contar e que não deveria falar para ninguém.
Foi então que ele me alertou:
“Antonio, Neném Frutuoso andou por aqui e falou que, se esse negócio de fornecimento fosse bom, Lourival não teria dado para ti, teria dado para ele, pois tu sabes que ele é seu sobrinho”.
E me disse mais o seguinte:
“Esse negócio de fornecimento para político é sem pé e sem cabeça, ninguém sabe se eles têm dinheiro para pagar.” E digo mais, se Lourival e José Carvalho perderem a política, você não vai receber nenhum tostão. Eles não terão nenhum dinheiro para pagar as suas dívidas, a não ser que ganhem as eleições e tirem da prefeitura, após tomarem posse.
Nesse momento, perguntei:
“Então, o que devo fazer, meu primo”?
Chico me aconselhou:
“Quando você chegar lá na Vacaria, pegue a chave de seu armazém, dê duas voltas, amarre-a no cós da calça e diga com firmeza: aqui ninguém despacha mais nada, pois já estou certo de que não vou receber o que forneci até agora”.
Já era quase uma hora da tarde, mas não parava de chegar homens, mulheres e crianças com sacos nas mãos para receberem mercadoria na minha bodega. Eu continuava firme na minha decisão, não despachava mais nada.
Nesse momento, apareceu meu irmão Gino, que vinha da roça, tinha passado na casa de Cícero e estava muito otimista, depois de um longo bate-papo. Quando ele viu o povo parado em frente da minha casa, foi logo me dizendo animadamente no meio da multidão, ali parada:
“Antonio, conversei com o compadre Cícero, as eleições estão ganhas! Compadre Lourival vai ser o vice e José Carvalho, o prefeito, portanto, não votem de maneira nenhuma nos Correias.
Ele, então, olhou firme para mim, meio desconfiado, e falou:
“Por que não está despachando, hoje”?
Eu, já totalmente desiludido, falei grosseiramente:
“Gino, esses políticos são uns sem-vergonha e velhacos. Eles estão me enganando! Nunca pagam, de jeito nenhum. Toda semana vou falar com o Lourival, e ele, na maior cara de pau, sempre diz: ‘Venha na próxima semana.”
Gino estava muito esperançoso com a política e me falou: “Antonio, posso ir à cidade falar pessoalmente com Lourival e receber o dinheiro atrasado”?
“Sim, pode tentar, Gino, mas é perda de tempo”.
O pessoal do outro partido, sabendo da paralisação no meu fornecimento, mandou-me 14 cadernetas para eu despachar, equivalente a mais de 16 mil cruzeiros mensais, e acrescentaram: ‘diga a Antonio que pode ir buscar o dinheiro, como sem falta, todos os sábados’, mas eu recusei a oferta, pois já estava comprometido com José Carvalho.
Gino foi até Várzea Alegre falar com Lourival para lhe dizer que tinha parado o fornecimento, porque não estava recebendo o devido pagamento. Lourival, muito sagaz, após ouvir a minha reclamação por intermédio de Gino, foi logo se adiantando:
“Meu querido Gino, o dinheiro para pagar Antonio está lá no cofre do José Carvalho, mas veja só o movimento de pessoas aqui no nosso diretório, nesse momento é tão grande que não tenho tempo para lhe atender hoje. Diga a Antonio que tenha um pouquinho de paciência, o dinheiro está guardado, venha depois para receber”.
Gino se deu por satisfeito, saiu feliz, certo de que o dinheiro estava bem guardado. Voltou muito animado e me deu a notícia. Nesse momento, fiquei enfurecido e disse:
“Gino, esse povo é mentiroso, eles não têm dinheiro guardado em lugar nenhum para pagar a ninguém”.
Gino insistiu comigo:
“Não diga isso, meu irmão, os homens são os melhores do mundo.” Lembre-se de que Lourival é filho da nossa prima carnal, Maria de Cícero.
Durante o pleito eleitoral de 1958, concorrem para o cargo eletivo à Prefeitura Municipal de Várzea Alegre, pelo PSD, Partido Social Democrático, o Dr. Dário Batista Moreno, advogado, promotor público e ex-procurador de Justiça do Estado do Ceará, contra o candidato José Gonçalves Carvalho, do partido UDN, União Democrática Nacional, partido conservador e opositor das políticas de Getúlio Vargas.
Já próximo da votação, Gino passou na minha mercearia e estava muito otimista com o provável resultado das eleições, que segundo suas expectativas favoreceriam José Carvalho, e falou:
“Antonio, acabei de vir de uma reunião do diretório da UDN. Vou ser presidente mesário, e tenho certeza de que compadre Lourival e José Carvalho vão ganhar as eleições e vai ser ótimo para nosso distrito.
E acrescentou com muita segurança:
“Pode ficar tranquilo, eles me garantiram que vão pagar a todos os fornecedores”.
Nesse momento, eu apenas falei:
“Gino, pode ter certeza, eles vão perder e dificilmente me pagarão a dívida”
A disputa eleitoral foi muito acirrada do início até o fim da campanha. Finalmente chegou o dia mais esperado, o da votação. Os candidatos da UDN tinham um grande problema pela frente: os eleitores do Distrito de Canindezinho, quase na sua totalidade, apoiavam os ‘Correias’ de Várzea Alegre. Então, uma das pessoas envolvidas no pleito eleitoral bolou uma astuta estratégia de que ele mesmo se gabava, mesmo depois do ato perpetrado: ‘roubar a ata da urna de Canindezinho e impugnar a votação, pelo menos daquele distrito’. O ato ilícito deu certo, porém, quando as urnas foram abertas, os resultados apareceram, infelizmente, cumpriram-se as minhas previsões, José Carvalho perdeu as eleições por uma pequena margem de votos para o seu oponente, o doutor Dário Batista Moreno, apoiado por Francisco Correia Lima (Hamilton Correia). O Dr. Dário e o vice-prefeito, José Alves de Lima, obtiveram 2.542 e 2.482 votos respectivamente.
A partir desse momento, José Carvalho e seu astuto vice iniciam o processo de judicialização das eleições, alegaram uma possível fraude nas urnas no distrito de Canindezinho, declarando que a ata da urna tinha sumido. Essa contestação foi aceita pela justiça eleitoral local, pois o fato foi devidamente comprovado. Houve contestação e protestos dos dois partidos. Então, o candidato vencido apelou para o Tribunal Eleitoral Estadual, sendo o seu pedido deferido, para haver uma contagem da urna na cidade de Fortaleza. Também foi nomeada uma comissão constituída por representantes dos dois partidos que acompanharia o transporte da urna até Fortaleza, a fim de manter a sua integridade.
Na noite anterior à viagem, foi elaborado um plano secreto para a troca da urna contestada, durante o trajeto até Fortaleza. Coube ao Loureiro a consecução dessa difícil tarefa. Antes da viagem, ele manipulou todas as cédulas de votação, garantindo a maioria para José Carvalho. Depois, lavrou a ata e falsificou as assinaturas, possivelmente com a conivência de alguém ligado à justiça eleitoral.
A votação das cédulas seguiu o estilo da música de Luiz Gonzaga:
‘Uma para mim, uma para mim. Uma para tu, outra para mim’.
O passo seguinte foi colocar as cédulas numa urna igualzinha à que fora impugnada, e esperar uma oportunidade para trocá-las durante a viagem. O plano estava funcionando muito bem, agora era só esperar a hora do almoço ou do lanche para executar a tarefa.
O momento oportuno surge quando a comitiva chegou à cidade de Russas. Eles pararam em frente a um restaurante para o lanche da tarde. Naquele momento todos descem apressados do carro e saem sem muita atenção, dirigindo-se ao restaurante. Loureiro, muito esperto, sai por último do carro, recua até a traseira do veículo, troca a urna falsa pela verdadeira, colocando-a no seu sacolão. A troca foi realizada de forma rápida e o plano funcionou perfeitamente. Depois, Loureiro se junta aos demais companheiros à mesa para o lanche, como se nada tivesse acontecido.
Cícero foi o primeiro a saber que a trapaça foi executada com sucesso, por meio de telegrama enviado à cidade, então ele veio me comunicar com muito regalo:
“Antonio, pode se animar, ganhamos a eleição”
E acrescentou:
“Compramos todos os eleitores de Canindezinho e eles votaram em José Carvalho”.
À tardinha, antes do pôr do sol, ouvimos um burburinho ensurdecedor e gritos histéricos, vindos da direção do Gabriel. Olhando-se, ao longe, via-se um grupo grande de pessoas descendo a ladeira de Juvenal em direção à Chapada, onde morava Cícero. De repente, a turba irrompeu em gritos eufóricos:
“José Carvalho ganhou, meu povo! Lourival ganhou! Viva José Carvalho, viva Lourival”!
Cícero já tinha preparado a festa de comemoração da vitória de seu filho, tinha comprado bacalhau, queijo de manteiga, carne, cerveja a rodo e muitos fogos de artifício. Nesse momento, as pessoas vindas do Gabriel e dos arredores do sítio Vacaria chegam à sua residência, o terreiro e o alpendre de sua casa ficam apinhados de gente.
Naquele momento, Cícero correu até o fogão, pegou um tição de catingueira fumegante e um fogo de artifício para dar as boas novas, mas Maria segurou-lhe firme na sua mão para impedi-lo de dar um alarme falso, pois ainda não tinham certeza da vitória. Mesmo assim, ela não conteve o ímpeto de seu esposo. Então, fogos são disparados, cervejas são abertas, copos tilintam em comemoração.
Nesse momento, saio apressadamente da bodega em direção à casa de Cícero, que ficava a uma distância de aproximadamente 200 metros, conduzindo no colo o meu filhinho Nicodemos, que, nesse tempo, ainda era um bebê de 7 a 8 meses. De repente, ocorreu algo inesperado. Aproximou-se de mim, José de Raimundo Teófilo, e gritou de forma estridente, com todas as forças de seus pulmões:
“Lourival ganhou, Antonio”!
Esse grito foi tão estarrecedor que a criança se assustou, sofreu um ataque nervoso, revirou os olhos, o corpo amoleceu, parecia moribunda, mas, felizmente, minutos depois, se recuperou.
Logo em seguida, chegou Joaquim de Diniz, tocando um violão e cantando a paródia da música Cabecinha no Ombro de Alcides Gerardi:
“Encosta o teu votinho no meu número e marca. E conta logo a vitória toda para mim.”
Quem vota em José Carvalho, eu juro que não vai mudar. Que não vai mudar, que não vai mudar.
“Encosta o teu votinho no meu número e marca. E conta logo a vitória toda para mim.”
Quem vota em José Carvalho, eu juro que não vai mudar. Que não vai mudar, porque confia em mim.
As pessoas conversavam alegremente, enquanto isso, Celso anunciava a todos a sua primeira desforra política:
“Mais tarde, nós vamos para Fortuna dizer a Estevão que ele agora perdeu o leite da vaca-preta”!
E repetia em voz alta:
“Perdeu o leite da vaca-preta, Estêvão”!
E todos gritavam, juntamente com Celso, em voz alta:
“Estevão, você agora perdeu o leite da vaca-preta!” Estevão, perdeu o leite da vaca-preta! Estevão, perdeu o leite da vaca-preta”!
Isso porque Estevão era um dos beneficiados com as bolsas emergências de trabalho do Governo Federal, Juscelino Kubitschek. Aí rolou a festa, a música bradou, o povo rimbombou fortemente, fogos explodiram e foi aquele trovejo.
Depois, formaram um bando e rumaram em direção à Fortuna, a fim de debochar dos eleitores de Dr. Dário, uma retaliação desnecessária aos que não votaram em Lourival e José Carvalho.
Logo depois que a euforia da comemoração passou, veio a ressaca, pois o partido do PSD contestou veementemente o resultado esdrúxulo da votação, referente ao distrito de Canindezinho, porquanto mais de 70% dos eleitores tinham declarado a sua fidelidade ao candidato dos ‘Correias’. Porém, tudo começou a mudar quando o deputado Joaquim de Figueiredo Correia e Francisco Correia Lima (Hamilton) impugnaram na Justiça Eleitoral os votos da urna do Distrito de Canindezinho. Então, a justiça eleitoral do Estado do Ceará determinou a convocação de novas eleições para o referido Distrito, porém, diante dessa decisão judicial, nem José Carvalho e nem Lourival ousaram aparecer por lá para pedir voto.
Realizadas as eleições do distrito de Canindezinho, o resultado ficou evidente: José Gonçalves Carvalho, do partido UDN, foi derrotado por uma diferença de apenas 198 votos. Desiludido e humilhado, José Carvalho foi para Fortaleza, indo trabalhar como funcionário do INSS, terminando assim a sua carreira política em Várzea Alegre, enquanto isso Lourival continuou trabalhando e morando no mesmo local. Ele foi persistente quanto ao seu objetivo e, quinze anos mais tarde, conseguiu ser eleito, tornando-se 21o Prefeito de Várzea Alegre para o mandato de 1973 a 1977, se destacando como um político muito habilidoso e bem-sucedido como administrador público, superando assim os erros do passado e ganhando a confiança do povo varzealegrense.
Passados dois anos de toda essa celeuma política, eu tive que ir à Várzea Alegre para fazer o recadastramento da minha mercearia junto à Secretaria de Fazenda do Estado. Foi nessa ocasião que encontrei José Carvalho, então ele me falou:
“Eu resolvi acertar as minhas contas da seguinte maneira: vou pagar a cada uma parte da dívida, e o resto vocês perdem”.
“Vou lhe dar agora trinta mil cruzeiros e o restante você perde, agora é pegar ou largar”.
Quando ele colocou o dinheiro na minha mão, eu me levantei muito contrariado e, com voz trêmula, pronunciei:
“José Carvalho, eu estou recebendo, mas enquanto o mundo for mundo, vou cobrar o dinheiro e o juro do que vocês ficaram me devendo, pois eu vendi sem ganhar quase nada, porque vocês me pediram para ajudá-los. Vocês me enganaram”.
Naquele momento, alguém já correu no fiscal da Secretaria de Fazenda e falou que estava recebendo uma dívida de José Carvalho, após dois anos. Logo, o fiscal me abordou e foi logo cobrando:
“Ei, Antonio Ferreira Lima! Disseram que você recebeu trinta mil cruzeiros de José Carvalho, então você vai pagar agora na coletoria, três mil de imposto.
Então, falei muito injuriado:
“Não quer receber quatro mil cruzeiros, não”!
“Não, Antonio, eu só quero receber três mil cruzeiros”. “Pois, se quiser, tome quatro mil cruzeiros”.
Ele retrucou: “Não, são somente três mil cruzeiros”.
Quatro anos depois, eu ainda não tinha me esquecido da dívida e da raiva que passei por acreditar em políticos. Era o início de uma nova corrida eleitoral para a Prefeitura Municipal de Várzea Alegre, para o mandato eletivo de 1963 a 1967, tendo como protagonista dessa disputa eleitoral à prefeitura o meu grande amigo, o Cel. José Alves Diniz, meu parceiro comercial na compra de algodão, também fazia parte do seu partido, José Carlos de Alencar, candidato a vereador, enteado da minha querida irmã Higina Ferreira (Ginu).
No dia 15 de setembro de 1962, antes do entardecer, tive uma grata surpresa: chegaram à minha bodega seis homens a cavalo bem vestidos e humorados. Nesse grupo estava presente José Carlos de Alencar. De repente, a comitiva parou, e um a um foi arriando do cavalo e amarrando os animais na cerca, ao lado da minha casa.
José Carlos entrou na minha mercearia, temperou a garganta e falou calmamente:
“Sabe, Antonio, nós estamos passando aqui, não queremos falar em política, pois sabemos que você é do lado de José Carvalho e de Josué, e não vamos nos meter nisso, não”.
E continuou: “Nós ouvimos contar uma história e achamos que era mentira, e gostaríamos de saber se é verdade, mesmo”. Disseram que Lourival e José Carvalho ficaram lhe devendo quarenta mil cruzeiros da eleição passada e nunca lhe pagaram”?
“Sim, José Carlos, é verdade e até hoje não deram nenhuma satisfação.” Está perdido, nem posso mais cobrar porque José Carvalho agora está morando em Fortaleza.
José Carlos sorriu e disse:
“Pois é, Antonio, nós ficamos sabendo do fato ocorrido e tomamos as suas dores, pois você além de ser nosso amigo, é gente da gente.” Então, resolvemos passar aqui para pagarmos a sua conta, não para pedir o seu voto. Você vota em quem quiser”
Imediatamente, José Carlos meteu a mão no bolso, puxou quarenta mil cruzeiros de notas novinhas e as colocou em minhas mãos. Então, eu suspirei de alegria pelo ato de generosidade e altruísmo desses verdadeiros amigos.
José Carlos enfatizou mais uma vez:
“Eu estou pagando, mas não estou chamando você para votar com ninguém.” Você é livre para escolher o seu candidato.
Naquele momento, eu disse:
“Podem ficar tranquilos que eu e minha mulher vamos votar em vocês, pois deram provas de que são pessoas honestas”.
Poucas horas depois, Cícero Frutuoso, pai de Lourival, soube do pagamento da dívida de seu filho, veio apressadamente à minha bodega e, embravecido, foi logo me confrontando:
“Antonio, é verdade que José Carlos veio até aqui e pagou uma conta de meu filho? É verdade ou não?
Eu respondi calmamente: “Sim, Cícero, é verdade”.
Então, Cícero esbraveja rancorosamente:
“Pois é um sujeito muito sem vergonha, pagar conta de um homem! Quem deve sou eu e não ele. A conta não é de quarenta mil cruzeiros”?
“Sim, Cícero, é exatamente esse valor, sem os juros”.
Então, imediatamente, ele meteu a mão no bolso, puxou um pacote de dinheiro, contou nota por nota e entregou nas minhas mãos.
Após efetuar o pagamento, Cícero, feito a gota-serena, acrescentou:
“Agora vá e entregue esse dinheiro que você recebeu a José Carlos, e diga-lhe que deixe de ser sem-vergonha ao ponto de querer pagar conta de um homem”!
Naquele momento, o sangue ferveu, mas eu me contive e disse:
“Cícero, esse dinheiro que recebi foi de graça, eles não me pediram nada em troca.” Mas esse que recebi de você foi pagando os juros, pois faz quatro anos. Naquela época, uma vaca custava quinhentos cruzeiros e quanto não vale hoje? Você sabe muito bem disso, hoje vale mais de oitocentos cruzeiros.
Essa história se espalhou pelas redondezas e chegou aos ouvidos de Antonio Rosa, lá da comunidade de Piripiri. Ele era muito brincalhão e dizia na frente de todo mundo, com sua voz bem pausada:
“Antonio de Anicete da Vacaria recebeu uma conta duas vezes depois de quatro anos”.
Nesse tempo, Carlos Jereissati era candidato a senador. Então, quando eu soube dos boatos de Antonio Rosa, eu dizia brincando:
“Digam lá para Antonio Rosa que ainda vou receber um ‘jurozinho’ de Carlos Jereissati”.
Passados alguns dias, José Carlos passou de novo na minha bodega e me disse em tom de brincadeira:
“Antonio, estou passando em frente à sua casa. Posso entrar? “Claro, José Carlos, pode entrar”.
“O que você deseja, José Carlos”?
“Já recebeu o ‘jurozinho’ de Carlos Jereissati, Antonio”. “Ainda não, José Carlos”.
“Está precisando de alguma coisa”?
“Não, meu amigo, o que vocês fizeram por mim não tem dinheiro que pague”.
Aquela brincadeira deu origem a uma grande amizade entre nós, e desde então, nunca mais deixei de votar em José Carlos e nos seus candidatos de seu partido.
E assim, a paz voltou a reinar na Vacaria, e a minha vida seguiu adiante, aprendendo que a política pode ser traiçoeira, mas também pode nos trazer grandes lições e ensinamentos sobre honestidade e amizade verdadeira.
CONSEQUÊNCIAS DA MINHA ESCOLHA POLÍTICA
A campanha política de 1958 teve impactos que se estenderam muito além das urnas, afetando nossa vida pessoal e profissional na Vacaria. Tio Antonio Gino, conhecido por sua importância na região, ficou profundamente desapontado com nosso não alinhamento político aos ‘Correias’ de Várzea Alegre. Ele tentou persuadir-nos a mudar de lado, tanto eu como o seu filho Gino, chegando a pedir em nome de Deus para dividirmos os votos e não nos esquecermos de Hamilton, mas nossa decisão foi irredutível, estávamos muito comprometidos com Lourival e José Carvalho.
Essa divergência política com tio Antonio Gino acarretou consequências drásticas para nós. Ele, movido por sua decepção e senso de lealdade familiar, bloqueou a passagem de qualquer rodagem através de suas terras, incluindo a de seus filhos, genros e noras. O resultado disso foi que nos vimos praticamente isolados na Vacaria, incapazes de trazer nosso caminhão até a Chapada, onde estava a nossa mercearia.
Por esse motivo, toda vez que precisávamos transportar nossas mercadorias ou o algodão colhido, enfrentávamos uma árdua jornada. A única opção era recorrer ao transporte em lombos de burros, percorrendo quase três quilômetros de distância até a casa de Chico Camilo, onde passava a estrada que vinha de Várzea Alegre, rumo a Cariutaba, Farias Brito, Dom Quintino, até chegar aos importantes centros comerciais de Crato e Juazeiro do Norte.
As adversidades enfrentadas por nós não se limitaram apenas ao aspecto físico, mas também afetaram nossos negócios e as relações com os familiares.
Raimundo de Freitas, nosso vizinho e grande amigo, tentou nos ajudar apresentando uma solução alternativa. Ele propôs a construção de uma estrada que passasse por suas terras e, posteriormente, cruzasse o terreno de Gino de Antonio Gino até os Barrocões, ligando-se à estrada que ia para Várzea Alegre e demais regiões do Centro-Sul do Ceará. Isso encurtaria significativamente a distância e facilitaria o escoamento de nossa produção.
Com grande entusiasmo, começamos o trabalho com o auxílio de trabalhadores disponibilizados por Raimundo de Freitas, que tinha interesse no escoamento de sua produção de algodão e cereais. Começamos a construção da estrada, tudo parecia caminhar muito bem até que, subitamente, tio Antonio Gino apareceu para interromper a obra. Ele chegou e se pronunciou com firmeza diante de todos os trabalhadores.
"Nas terras de meus filhos, ninguém constrói estrada alguma enquanto eu estiver vivo!" Parem o trabalho imediatamente!"
Gino, meu sócio, era conhecido por sua obediência aos pais e, diante da autoridade de tio Antonio, não hesitou, falando calmamente:
"Está bem, papai!" Vamos parar a obra agora mesmo".
Um silêncio pesado tomou conta do ambiente, enquanto todos recolhiam suas ferramentas e retornavam para suas casas, desapontados e magoados.
Meses depois, esquecendo as dificuldades enfrentadas, alguns de nossos vizinhos, como Celso Frutuoso e Benedito, nos animaram com uma nova ideia. Eles sugeriram a construção de uma estrada que atravessasse suas propriedades até chegar ao sítio Gabriel, onde passava a rodagem que ia para Várzea Alegre. Contudo, esquecemos de um obstáculo adicional: as cinquenta braças de terra de Benjamin Carlos, meu querido sobrinho e genro de tio Antonio Gino.
Certo dia, enquanto eu visitava meu sítiozinho de laranja, deparei-me com Benjamin tomando banho no riacho, com a água chegando à altura do peito. Ele estava jogando água no rosto quando me viu. Assim que me avistou, abordou-me com um sorriso irônico:
"Você é meu tio Antonio?" Não é? Irmão de Ginu, minha mãe? Não é?
Filho de Anicete, meu avô, e de Joana, minha avó? Não é”?
Cada frase era pronunciada de forma pausada e fui confirmando cada uma das suas interrogações, sem ter ainda a certeza clara do seu objetivo final, então ele foi direto ao ponto, mudou o timbre de sua voz e, amargurado, regurgitou do fundo do seu coração:
"Disseram que Titônio quer construir uma estradinha passando pelo meu terreno. É verdade?
“Sim, Benjamim, pensamos nessa possibilidade”!
Então ele ironizou, mais uma vez, antes do golpe fatal, e repetiu:
“Você é Titônio, irmão de minha querida mãezinha, querendo construir uma estradinha, passado na minha terrinha?
“Pois, Titônio, pode ‘tirar o cavalinho da chuva’, que ninguém passa com rodagem nenhuma por dentro da minha propriedade."
Eu saí dali com um nó bem apertado na garganta, cabisbaixo e refletindo sobre a dura sentença pronunciada por Benjamim em retaliação ao nosso posicionamento político. Apesar de magoado, compreendi que aquilo era um desagravo pela nossa desobediência ao tio Antonio Gino, um homem honesto e virtuoso. Benjamin agiu com Benjamin, com sinceridade e lealdade familiar, demonstrando seu apoio incondicional ao seu sogro.
A desobediência ao patriarca teve custos elevados para a nossa sociedade comercial. Além de termos nossas estradas bloqueadas, nossas relações com vizinhos e amigos, como Lourival e Cícero Frutuoso, também ficaram abaladas por muito tempo. Até mesmo a cobrança das dívidas decorrentes das eleições se tornou uma verdadeira dor de cabeça.
No final das contas, aprendemos valiosas lições sobre a importância da família e das escolhas políticas. O impacto de nossas decisões ultrapassou os limites das urnas e se refletiu também nas relações interpessoais.
Algum tempo depois, surgiu uma solução para a construção de uma estrada até a nossa mercearia, na Chapada. Isso foi possível através dos meus sobrinhos, Alexandre Carlos e Agostinho. Os irmãos nos ofereceram uma passagem através de suas terras, em direção ao planalto da Bonita, atravessando as terras de Chico Camilo até a rodagem de Cariutaba. Só assim, o caminhão podia chegar até a nossa mercearia para puxar o algodão e cereais produzidos na região.
O tempo passou, tudo voltou à normalidade, as diferenças foram deixadas para trás, e finalmente, já depois de alguns anos, quando já tínhamos saído da Vacaria para tocarmos a nossa atividade comercial no Quixará, tio Antonio Gino permitiu que a estrada passe nas suas terras, inclusive na frente de sua casa. Ficou uma grande lição para mim e Gino, ouvir o patriarca da família é muito importante, isso teria poupado tempo, dinheiro e conflitos familiares. Ainda hoje me arrependo de ter acreditado em políticos e ter cometido esse erro que me trouxe tantos dissabores.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORDEIRO, Jaqueline Aragão. Coisa de cearense: História, cultura, turismo, curiosidades e os costumes de nossa gente. 6 de julho de 2012. Disponível em: http://coisadecearense.com.br/a-seca-no-ceara/. Acesso em: 30 de julho de 2023.
GIRÃO, Raimundo. História política do Ceará (1824-1986). Fortaleza: Imprensa Universitária, 1993.
MEMÓRIA VARZEALEGRENSE. Prefeitos de Várzea Alegre. Disponível em: http://memoriavarzealegrense.blogspot.com/2013
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TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO CEARÁ. Eleições 1958:Resultado. Fortaleza, 2001. Disponível em: https://apps.tre-ce.jus.br/tre/download/Eleicoes%201958.pdf. Acesso em: Acesso em: 30 de julho de 2023.