Trajetória de vida

Por Veronica Gomes Moreno | 21/07/2014 | Educação

Verônica Gomes Moreno nascida em 28/05/1968, na cidade de Araguaína , antes estado de Goiás, hoje estado do Tocantins; filha de Aldenora  Gomes Moreno.  Minha mãe era muito parecida com índio, pois não era alta, tinha cabelos compridos  bem pretos e lisos e sua cor morena. Já o meu pai,  sei que se chamava Delfino,  pois não o conheci  pessoalmente, apenas por uma fotografia que meus avós guardavam; mas dava muito bem para perceber que meu pai era descendente  de africano, pois na foto já um pouco apagada dava para ver, sua cor e alguns traços físicos, alto magro e o seu cabelo que era bem enroladinho, pois na foto, estava entre outras pessoas que tinham cabelos soltos e tinham a pele mais clara.  

Fui criada com meus avós por parte de mãe, e nós morávamos no interior onde cuidávamos das plantações e de alguns animais que meus avós tinham. Enquanto criança lembro que ajudava minha avó nas colheitas de arroz  e  também fazer farinha, não era aquela ajuda de gente grande ,mas minha avó ficava satisfeita, pois me tinha sempre perto dos seus olhos.Um certo dia, meus avós conversando, pude ouvir que iriam arrumar umas pessoas para me batizar, ou seja uns padrinhos, pois já tinha oito anos e não era batizada; não poderia ficar assim,  porque eu não tinha nome e sim me chamavam de Violeta, esse era o nome que eu sabia que tinha e  que antes  não sabia o que seria, mas hoje sei que é nome de uma flor, mas acho que por eu ter a cor um pouco marrom eles confundia com roxa. Por sorte me arrumaram uma madrinha que já tinha sido professora mas,  já estava aposentada, por nome de Amância e meu padrinho se chamava Raimundo patrício, então fui logo dizendo para minha madrinha que eu queria estudar, e ela perguntou para minha avó porque  eu não estudava, e minha avó respondeu que eu morava com ela, e que minha mãe não cuidava de mim direito, na cidade de Araguaína que era onde ela morava, então lembro me que um certo dia minha madrinha foi para a cidade e me trousse um caderno pequeno uma cartilha de abc e lápis ,e quase todos os dias eu ia estudar na casa da minha madrinha, pois sua casa era próxima da casa da  minha avó, e graças a essa  madrinha eu consegui conhecer as letras do alfabeto e formar  algumas palavras, mas eu me lembro muito bem que o método que ela usava: pegava uma folha de papel daqueles que enrolava as coisas na quitanda quando a gente comprava alguma coisa,  e fazia um buraquinho no meio da folha e passava por cima das letras do abc e eu tinha que dizer que letra era a aquela que aparecia no buraco da folha; levei muito tempo mas aprendi. Isso levou muitos dias até que comecei a juntar letras para formar palavras, e com minha madrinha consegui aprender a escrever meu nome e já conhecia varias letras do alfabeto. Foi quando minha madrinha falou para minha avó que já estava passando da hora de me por para estudar, e não demorou muito minha avó ficou doente e teve que vir para a cidade onde minha mãe morava, e veio a falecer então tive que morar com minha mãe, foi então que minha madrinha veio morar na cidade de  araguaina também  e foi então que me  batizaram com o nome de verônica, então minha madrinha  me levou para morar com ela, e me  matriculou já aos nove anos de idade na 1ª serie do fundamental na escola por nome de Modelo. Mas tudo isso só durou um ano, pois minha mãe foi me buscar para ir embora com ela para onde minha avó morava antigamente.

Após se passar muitos anos, já na cidade de Itaituba, a construir família  ter filhos volto a estudar, mas para isso precisava de documentação que provasse  que já tinha estudado ,foi no ano de 1997  tive que estudar a 1ª serie, e no ano de 1998 estudei a 2ª serie,  para ter uma documentação  e consegui, na escola O  Mundo da Criança, e passando esses dois anos em 1999  já estava na escola Magalhães   Barata, e na mesma continuei a te 2002, mas teve algumas  coisas que ocorreram La que ficou na memória,  porque foi  no tempo do apagão  e quando faltava energia  os professores se encostava na parede pois os alunos passavam a mão no bumbum dos professores, e também  jogavam xixi pelos buracos das  paredes nos alunos que estavam dentro das salas de aula, mas com tudo isso que ocorreu, pude concluir todo o ensino fundamental na mesma,terminando fui  á  escola mais perto da minha casa que era a Escola RC de Ensino Básico  Maranata, no ano de 2003 onde consegui ganhar uma bolsa, pois nessa época não era do governo e sim particular, de dona Maria Alves, e nesta escola no ano de 2005, conclui todo o ensino médio .

No ano de 2006, só com a vontade de estudar mas não tinha condição, pois estava com três meses que tinha separado do meu esposo  e vendia churrasquinho na porta de casa para ter algum trocado, foi quando veio uma amiga de muito tempo, por nome de Mônica e me disse: - Verônica você quer trabalhar lá onde eu trabalho, pois estão precisando de uma pessoa, mas é na limpeza, e eu não demorei nada para  responder; -  quero sim, então ela disse olha amanhã quando eu passar você vai comigo, para conversar com a mulher. E, assim fiz e tudo deu certo, fui contratada pela FAI no dia 21 de março de 2006 como zeladora, mas como eu já tinha filhos terminando o Ensino Médio, pensei, vou arrumar  uma vaga para os meus filhos, mas se passaram três anos e nada deles mostrar que tinham vocação para com  os estudos, foi então que eu um dia falando pelos corredores da faculdade  que queria estudar, e a Profª Reuma ouviu e veio logo lá onde eu e mais duas colegas de trabalho estávamos conversando e disse: - você quer estudar  e eu  rápido  respondi: - sim, e ela saiu me puxando pelo braço  ate o financeiro, e tudo deu certo.  Em 2010, dei início ao Curso Superior  de Letras, graças a Deus e a família  FAI, por ter me dado esta bolsa de estudos. Hoje, em 2014, estou na Pós –Graduação, e com muito orgulho hoje digo, tenho um filho por nome de Fagner Gomes  Dias, que está no 3º período de Letras na Faculdade de Itaituba, bolsista por esta instituição também, e  por isso não canso de dizer, obrigada  família de SÁ Almeida, obrigada, que DEUS nunca as  desamparem, obrigada por tudo, sem mais palavras.