TRÁFICO DE PESSOAS
Por Eduardo Veronese da Silva | 21/05/2013 | SociedadeTRÁFICO DE PESSOAS
Entre várias novelas exibidas pela Rede Globo no horário nobre, destaca-se a escrita por Glória Perez no ano de 2001, O Clone. Ela abordava tema polêmico sobre o uso abusivo de drogas psicoativas, em que seus atores souberam fazer ótima interpretação sobre o drama vivido pelo dependente químico e por sua família.
Nesse início de ano, ela emplaca uma novela com tema de grande importância – o tráfico de pessoas, em Salve Jorge. Geralmente, esse crime costuma envolver pessoas ingênuas e inocentes, com a promessa de que irão trabalhar no exterior e ganhar muito dinheiro.
Esse crime remonta um passado nefasto de nossa história, onde negros africanos foram tirados a força de sua pátria e vendidos como escravos. Muito tempo se passou, mas a história se repete e o número de pessoas escravizadas em outros países, tem aumentado significativamente.
O tráfico de pessoas é considerado para o agenciador e o traficante, uma atividade de baixo custo e risco e com alta lucratividade. Segundo estudiosos, é a terceira maior fonte de lucro do crime organizado, perdendo somente para o tráfico de drogas e tráfico de armas. Devido a uma série de fatores adversos enfrentado pelas pessoas, como a pobreza, o desemprego, a desagregação familiar e o uso de drogas, torna-se mais fácil atrair pessoas com falsas promessas de emprego no exterior.
E, ao mesmo tempo, configura-se num crime difícil de ser combatido, haja vista envolver muito dinheiro e pessoas muito influentes da sociedade. É de vital importância a informação, divulgação, integração e articulação de todas as instituições públicas e sociais para o enfrentamento desse crime.
Pode-se definir o tráfico de pessoas como: “quem recruta, transporta, hospeda e acolhe pessoas, recorrendo à ameaça, à força, à coação, à fraude, ao engano ou outras formas de violência, com o objetivo de obter lucro”. Importa destacar que o tráfico acontece em todas as partes do mundo, podendo ocorrer dentro de um mesmo país, entre países vizinhos e até entre continentes.
Frise-se que nesse comércio ilegal há preferência étnica. No caso do tráfico de mulheres, buscam-se as originárias do Leste Europeu (Rússia, Ucrânia, Polônia) o Sudeste Asiático e a África (Gana, Nigéria e Marrocos). Elas são facilmente encontradas em prostíbulos da Europa Ocidental. No caso brasileiro, a preferência é por mulheres de cidades litorâneas, como Rio de Janeiro, Vitória, Salvador, Recife e Fortaleza. No entanto, há registros consideráveis de casos no Estado de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Pará.
Estima-se que a cada ano, entre 600 a 800 mil pessoas são tiradas de suas comunidades para serem exploradas em outros países. Destas, 80% são mulheres e 70% acabam na indústria do sexo. Em 2005, matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, registrou que cerca de 75.000 mulheres brasileiras estavam se prostituindo em países da Europa.
As vítimas são levadas para a Espanha, Itália e Portugal, mas também para países da América Latina, como Paraguai, Suriname, Venezuela e República Dominicana. A idade das mulheres recrutadas varia entre 15 e 25 anos. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) registrou que o lucro anual total produzido pelo tráfico humano gira em torno de 31,6 bilhões de dólares.
Estima-se que, para cada pessoa transportada ilegalmente de um país para outro, o lucro chegue a 13 mil dólares ao ano. Nota-se que por envolver muito dinheiro e pessoas influentes, torna-se difícil combater esse tipo criminal.
Sendo assim, toda à sociedade deve estar envolvida no enfrentamento desta brutalidade contra os seres humanos, devendo denunciar às autoridades públicas e policiais, para tentar minimizar o sofrimento das vítimas e de suas famílias, como também coibir a atuação desta rede criminosa.
EDUARDO VERONESE DA SILVA
Professor de Educação Física.
Bacharel em Direito
Especialista em Direito Militar
Tenente da PMES.
Contato: proerdveronese@gmail.com