Trabalho de Teoria - Natureza Viva, Trabalho, Razão, Homo Economicus

Por Thiago Luis | 08/05/2009 | Arte

O pensamento ocidental quase sempre prega a idéia da supremacia dos humanos sobre outras formas de vida. Ao encarar a natureza como um cenário que deve ser adaptado à existência humana, este pensamento ignora o modo de vida dos outros povos, onde prevalece o respeito aos sequerem caçados e às plantas recolhidas.

O que, sob a nossa ótica, pode parecer uma sociedade que não evolui, é na verdade uma opção cultural. É que estes povos apresentam outras concepções sobre bem-estar, felicidade e plenitude. Seus integrantes concebem o terreno onde vivem como uma espécie de mãe, estabelecendo sagrados vínculos afetivos.

Trabalho

Sociedades como estas possuem uma relação diferente com o trabalho: o fruto da labuta seria apenas para a alimentação da família, realização de festas e também para presentear. Mais do que isso, o trabalho não possui hora ou local específico, não se opondo nem ao lazer nem se desvinculando das demais atividades sociais. O sentido desta atividade não é o acúmulo, como convencionamos. Esta diferença, ao invés de ser respeita, é comumente usada para acusar os índios de indolência. Aqui cabe uma reflexão se não seria, ao contrário, uma inveja da nossa parte a respeito deste comportamento.

De qualquer forma, estes povos nos ensinam algo elementar: em toda sociedade o trabalho objetiva viabilizar situações culturalmente privilegiadas e a maximização de seus valores culturais.

Razões. Razão?

De forma semelhante, a adoção da tecnologia ocidental nem sempre faz sentido. Em muitos casos a adoção das ferramentas abalou não só as tradições, mas a cultura como um todo.

Nenhum terreno é mais propício para o exame dos preconceitos nutridos em relação aos "primitivos" que a ênfase dada à ferramenta e à tecnologia como distintivo da humanidade. Tornando absoluta a idéia de "funcionalidade", arqueólogos e especialistas em pré-história se limitaram por muito tempo ao estudo dos utensílios. Foi, aliás, esta lógica que levou muitos a menosprezarem os povos caçadores, ignorando o complexo sistema intelectual do processo de caça.

Homo Economicus

Quando se trata do sistema de trocas é comum, em várias sociedades, que os bens sejam considerados qualitativamente diferentes, limitando as permutas. Entretanto, a nossa razão que valoriza a acumulação de bens não pode ser generalizada. Uma quantidade grande de bens não faz sentido em culturas nômades ou em lugares onde as riquezas são presenteadas.

Na bse destes costumes poderemos encontrar a convicção de que dar, receber e retribuir são comunitariamente a mesma coisa. É esta idéia que justifica a troca de uma coisa por outra idêntica, pois a razão dessas práticas é outra reside na maximização dos valores de sociedade que a permuta possibilita.

Pode-se concluir que o racional de uma sociedade pode ser o irracional de outra, não havendo portanto razão absoluta. Nossas práticas econômicas de acumulação e progresso, assim, só parecem superiores se colocadas sob um critério etnocêntrico.