Toninho do PT: A força bruta não apaga sonho!
Por Edson Terto da Silva | 30/08/2010 | PolíticaEdson Silva
"Oh! Nem o tempo amigo/ Nem a força bruta/Pode um sonho apagar..." Começo este texto com um trecho da "Canção do Novo Mundo", de Beto Guedes e Ronaldo Bastos, numa tentativa de manter viva a chama de esperança de que seja feita a justiça em relação ao assassinato(10/09/2001) do nosso Toninho do PT, então prefeito legitimamente eleito de Campinas. Ao mesmo tempo em que é bela, trata-se de uma música que se relaciona com momentos de comoção mundial e ganhou conotação dramática para a maioria de todos brasileiros.
Na realidade, a música fala do assassinato de John Lennon (ex-Beatles), vítima de um fanático, crime ocorrido em 1980. Em 1985, embora não tenha realizado ainda o sonho de eleger diretamente um presidente, após 21 anos de Ditadura Militar, boa parte dos brasileiros vivia a euforia de enfim ter um civil para governar o país, o mineiro Tancredo Neves. No entanto, o presidente eleito pelo Colégio Eleitoral seria internado na véspera da posse, marcada para 15 de março e ficaria hospitalizado até sua morte em 21 de abril. Na época, a "Canção do Novo Mundo" virou hino da comoção nacional.
Frustrado em 84, o sonho das eleições diretas se tornaria real em 1989 para todos brasileiros. Não foi exatamente uma eleição democrática, já que os interesses de mídia e econômicos privilegiaram candidatos e prejudicaram alguns, tal e qual já tinha ocorrido em eleições estaduais de 82. De qualquer forma, era um país reaprendendo a votar, a tentar andar com as próprias pernas, sob o slogan: "Sem patrões, nem generais", enfim a busca dos novos ares da democracia.
Em 2000, passados 20 anos da morte de Lennon e 15 da de Tancredo, a "Canção do Novo Mundo" talvez só persistisse na memória de alguns pela mensagem de que não se deve ser omisso diante das mudanças históricas. Campinas tinha eleito governo petista em 1989 e voltaria colocar o PT no poder, elegendo Antonio da Costa Santos, o "Toninho do PT", um arquiteto paulistano, de vida dedicada aos mais humildes e de profundo amor ao seu Estado e a cidade escolhida para estudar, morar e formar família: Campinas.
Nada menos que 290.132 eleitores campineiros, 59,78% dos votos válidos, colocaram Toninho da Prefeitura. Era o prefeito militante, com jeito menino e sonhos de moço que finalmente governava a cidade que tanto amava. Foram apenas nove meses, uma gestação que se transformou em trágico abordo, uma vida interrompida por um tiro que acertou o peito de Toninho e de quase todos os campineiros. Uma morte estúpida, uma vítima da insegurança pública que só se agrava em nosso Estado e que nos faz novamente pensar na "Canção do Novo Mundo" e nos alertar que não devemos perder o trem da história. "Oh! Minha estrela amiga/Porque você não fez a bala parar..."
Edson Silva, 48 anos, jornalista, nasceu em Campinas e trabalha como assessor de imprensa em Sumaré
edsonsilvajornalista@yahoo.com.br