Tomada do Quartel-Gneral e o destino do Khadafi e sua família incerta
Por Lahcen EL MOUTAQI | 25/08/2011 | PolíticaEnquanto a queda do regime parecia selada, combatentes do líder líbio, cujo destino continua desconhecido deu a sensação de querer resistir "até o fim", depois de quase 42 anos passados no poder.
Jornalistas do mundo revelaram sobre os desdobramentos da situação entre as partes quando centenas de insurgentes armados penetraram no interior do Quartel-General de Bab al Aziziah num momento em que certos bolsões de resistência e atiradores isolados resistem.
Após várias horas de intensos combates, os rebeldes conseguiram entrar, dezenas de prédios foram saqueados e preendendo armas e veículos blindados. Eles, então, celebram a vitória, disparando pelo ar.
O Enviado dos rebeldes junto às Nações Unidas afirmou que QG está "totalmente nas mãos dos revolucionários" e previu que a cidade de Syrte, onde Gaddafi nasceu seria controlada totalmente nos próximos dois dias.
"Esperamos ver a Líbia libertada completamente e totalmente pacificada nas próximas 72 horas", afirmou Ibrahim Dabbachi o líder dos rebeldes.
Depois de lutas os Kadafistas abandonaram o importante porto petrolífero de Ras Lanouf, sem que nenhum dano ter relatado, preparando a saída para Syrte, rebateu o porta-voz.
No entanto, nenhum detalhe sobre o próprio Kadafi, membros de sua família e demais dirigentes foi informado, temendo prejudicar a estratégia dos rebeldes ou atrapalhar os trabalhos que vão levar ao esconderejo do colonel Mammar Khadafi e sua família, última étapa para declarar fim dos combates..
"Nós não acreditamos que ele deixou o país. Acreditamos que ele está ainda na Líbia, seja em Tripoli ou nos arredores da capital", declarou um porta-voz rebelde entrevistado pelo BBC.
O Presidente da Federação Internacional de Xadrez (FIDE) Kirsan Ilioumdjinov, disse ter recebido ontem à tarde um telefonema de Gaddafi. Ele "está em Tripoli, vivo e com sáude pronto para lutar até o fim", informou Ilioumdjinov, que encontrou o líder durante uma visita a Tripoli, em junho passado.
Para o enviado dos rebeldes em Roma, "parece claro que está escondido em seu "bunker"". Os adversários estão estudando a possibilidade de traduzir Gadhafi, seu filho Saif al Islam e o chefe dos serviços de inteligência para o Tribunal Penal Internacional (TPI), mas todo indica que o julgamento será na Líbia como criminosos de guerra.
Para NATO, que apoiou os rebeldes com ataques aéreos contra alvos militares e governamentais, o destino de Muammar Gaddafi já não é mais a questão prioritária de preocupação.
A Aliança Atlântica e, especialmente, Washington estão preocupados agora com a resistência oposta pelas forças leais. Os Estados Unidos monitoram os depósitos de armas químicas, temendo que issso passa nas mãos de organizações hostis ao Ocidente.
Os líderes ocidentais desejam uma parada rápida dos combates e o restabelecimento da ordem para que as exportações de petróleo pudessem retomar o seu curso.
Enquanto a situação está evoluindo rapidamente no terreno, as reações diplomáticas se multiplicam, nestes últimos dias a favor dos adversários do Conselho Nacional de Transição (CNT), cuja legitimidade tem sido reconhecida por mais de 30 países.
"O Reino do Marrocos confirma, definitivamente, o reconhecimento do Conselho Nacional de Transição como o único representante legítimo do povo líbio e responsável por suas aspirações para um futuro melhor baseado na igualdade, justiça, democracia e império da lei", declarou o ministro das Relações Exteriores do Marrocos, nesta terça feira,Taieb Fihri, nos canais da TV estatal.
O presidente do conselho italiano Silvio Berlusconi tem dito que iria encontrar Mahmoud Djibril, o primeiro-ministro dos rebeldes, quinta-feira em Milão.
Barack Obama falou no telefone com Nicolas Sarkozy da situação na Líbia e aos demais líderes de Estado, lembrando a NTC para que assegure que o governamento respeita os direitos do povo líbio, garantindo uma transição justa e equilibráda para a democracia.
Para o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-Moon, ele insistiu sobre a importância para o novo governo Líbio para assegurar a unidade nacional, obrando para a reconciliação e a segurança das missões diplomáticas.
Para ajudar os insurgentes neste período crucial, Washington pretende desbloquear entre um bilhão e um bilhão e meio de dólares dos ativos da Líbia congelados, anunciou, Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado.
No total, aproximadamente US $ 30 bilhões de dolares foram congelados pelos Estados Unidos este ano, incluindo cerca de um décimo em dinheiro líquido. A Suíça se prepara para tomar um medida similar, mas aguarda o sinal verde da ONU.
Além disso o presidente da Comissão da União Africana, Jean Ping, tem declarado que a crise líbia chama atenção da cúpula de Malabo, a posição da UA continua sendo a de que cabe aos líbios encontrar uma solução para os seus problemas, sem passar pela divisão do país, os 53 países da UA devem rever as medidas formulando um pedido formal à ONU pelo fim dos ataques da Otan à Líbia.
Ping é preocupado para encontrar uma voz única diante da situação " influentes extra-africanos (ingleses, norte-americanos e franceses)" aproveitam da confusão que reina na africana para intervir no continente, defendendo os interesses de outros países. O medo de que grupos marginais e extrimistas frente polisario e de Al Qaida se aproveitam da situação financeiramente e armamentos.
Como resultado dessa situação incerta do mundo árabe que reclam mais liberdade e democria, onde a juventude é no centro das atrações, cada vez mais consciente dos verdaeiros desafios e do custo da liberdade muito alto.
Lahcen EL MOUTAQI
Pesquisador-universidade Mohamed V- Rabat -Marrocos