Toda implantação de uma estrutura de cargos e salários requer toc

Por José Francisco D´Annibale | 15/02/2012 | Adm

Calma, não entenda que o sucesso da implantação de uma estrutura de cargos e salários requeira que o responsável sofra de TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo, mas, sim, de 3 importantes exigências:

T  -  TRANSPARÊNCIA  na condução do processo

O  -  OBJETIVIDADE para o alcance dos resultados

C  -  COERÊNCIA das etapas do projeto

Em primeiro lugar, a TRANSPARÊNCIA é fundamental para o sucesso e aceitação do projeto. Tenha o nome que tenha, a simples menção da palavra salário (Plano, Estrutura ou Estudo de Cargos e Salários, por exemplo) já detona um sem número de idéias mirabolantes que nem sempre vão ao encontro dos objetivos desse trabalho. Some-se a isso a ansiedade natural dos funcionários em saber dos resultados que os afetam diretamente: qual o valor do meu cargo, qual a minha faixa salarial, qual a minha classificação na tabela ?

Um bom Plano de Cargos e Salários, desenvolvido com técnica, fornece todos os elementos “comunicáveis” aos funcionários que os conduzem com segurança ao entendimento da sua posição na estrutura da empresa. Não é necessário que se aprofunde na tecnicidade adotada (cálculos de correlação, desvio-padrão, ajuste exponencial e outros), mas o simples fato de se saber a origem dos resultados já imprime ao trabalho o seu devido valor e isso é mais do que meio caminho andado para a transparência que o plano requer - não há necessidade de contorcionismos na comunicação !

Se sua empresa não convive bem com transparência você já tem uma primeira pedra no caminho.

Em segundo lugar, não há como desenvolvermos um Plano de Cargos e Salários sem OBJETIVIDADE. Um bom Plano requer (desculpem alguns) domínio de conceitos matemáticos, como os citados acima – não há espaço para “achismos” – daí a triste realidade que encontramos de Planos que não atendem às necessidades da empresa, causam confusão entre os funcionários e uma dor de cabeça para os Gestores.

É simples: a posição de um cargo na tabela advém do seu valor relativo (peso, pontos, graus, etc.) comparado com os demais, esse valor depende de cálculos que traduzem sua importância ou perfil (preparo profissional, responsabilidades, habilidades, etc.) em números e esses números dependem dos conceitos matemáticos que você vai aplicar.

Nos meus cursos de Remuneração, ao mencionar a necessidade desse recurso, vejo alguns dos alunos torcerem o nariz justificando que “optaram por Humanas exatamente para escaparem do fantasma da matemática”. Mas o nariz logo volta à posição normal ao constatarem de que não falo de “matemática pura”, mas de conceitos aplicáveis no dia-a-dia, apenas que definidos por uma fórmula ou equação (embora grande parte desses conceitos já esteja disponível em simples calculadoras e acessíveis com o aperto de uma tecla).

Portanto, não há como separar OBJETIVIDADE de matemática, por mais eclética que seja sua expressão verbal, e não há TRANSPARÊNCIA  sem OBJETIVIDADE – não nessa área !

Por último, COERÊNCIA. A implantação de uma estrutura de remuneração baseia-se num fluxo, com etapas intermediárias que devem ser cumpridas antes do passo seguinte e justificá-lo.

Tudo começa com a descrição do cargo, a qual deve justificar o perfil do cargo e, este, o seu valor relativo. O perfil do cargo baseia-se em competências, algumas mais ou menos importantes do que outras, e isso deve ser retratado por um peso, o qual deve pontuar diferentemente os graus de intensidade dessas competências. Esta pontuação depende da tendência salarial do mercado no qual a empresa se insere (linear, curvilíneo, exponencial, parabólico) e essa tendência determina a projeção das faixas para a empresa. As faixas, finalmente, refletem o “nicho” salarial no qual a empresa pretende atuar (médio do mercado, 1º. ou 3º. Quartil ?).

Em resumo, não há casuísmo. O projeto tem que ser coerente !

Portanto, não entre em pânico, não fique ansioso....... Como viram, o TOC ao qual me refiro é mais sadio.

 

São Paulo, Fevereiro/2012

José Francisco D´Annibale

Sócio-Diretor da R$EMUNERA Consultoria em RH Ltda.

Visite o site: www.remunera.com.br

Professor universitário INPG – Módulo de Cargos e Salários – MBA em Gestão de Pessoas