Terrorismo social
Por Edson Terto da Silva | 13/11/2012 | CrônicasA onda de boatos de que haveria ataques de uma facção criminosa e por isso estava “decretado” toque de recolher no comércio e prédios públicos atingiu em cheio, dia 12 de novembro, pelo menos quatro cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Houve ênfase na Área Cura, em Sumaré, local, onde segundo a Polícia Militar, foi epicentro do boato, que teria sido espalhado por um morador de rua, viciado em drogas, e replicado, sabe-se lá quantas centenas de milhares de vezes, nas redes sociais, as principais delas o Facebook e o Twitter, para em seguida se disseminar como rastilho de pólvora nas rádios, televisões, sites em geral e jornais do dia seguinte.
Nós, que temos a informação como ferramenta de profissão, temos responsabilidade de trabalhar com fatos e não com boatos, mas temos sensibilidade de entender que numa situação como esta, com a “guerra” declarada entre policiais e o crime organizado, como a que está ocorrendo na Capital, o medo está presente na população e mesmo que seja boato, ninguém quer ser tolo a ponto de arriscar ser vítima de ataque a seu comércio ou a qualquer ramo de atividade, sabe-se lá com qual conseqüência.
Mas o que nos entristece é a capacidade de alguns usuários das redes sociais de aproveitarem das situações para fazer o chamado “por lenha na fogueira” e tornar o boato verdadeiro ato de terrorismo, aumentando o pânico social. Em relação aos fatos da RMC, só pra citar algumas barbaridades acrescentadas sobre supostos ataques, proliferaram falsas informações de policiais mortos, igrejas e ônibus incendiados, entre outras, causando caos ainda maior e afetando físico e psicologicamente milhões de pessoas.
Há 74 anos, a rádio norte-americana CBS, provocou histeria social ao transmitir peça que narrava invasão de “marcianos”. A obra era baseada na “Guerra dos Mundos”, do escritor inglês George Wells. Imaginem situação dessas hoje, com a infinidade de aparelhos de recepção de meios de comunicação em massa ( celulares, tabletes e etc) ? A diferença é que “marcianos”, se existirem, estão bem longe daqui, enquanto que coisas de boatos atuais, espalhados cada vez com mais rapidez, estão a poucos passos de todos nós. Se não tiver toque de recolher, acho que vou abrir loja de Discos Voadores, afinal Marte não é tão longe assim...